
Porto Alegre, 24 de fevereiro de 2025 Ano 19 - N° 4.334
Consumo de lácteos em transformação: o que esperar para o futuro?
No mercado, é o consumidor final quem realmente determina o ritmo do mercado, exercendo influência direta sobre os preços e impulsionando ou retraindo o crescimento do setor em volume. Mas como será o consumo em 2025?
No mercado, é o consumidor final quem realmente determina o ritmo do mercado, exercendo influência direta sobre os preços e impulsionando ou retraindo o crescimento do setor em volume. Seu comportamento de compra reflete mudanças de hábitos, preferências e poder aquisitivo, moldando toda a cadeia produtiva.
Nos últimos anos, o consumo de lácteos passou por uma transformação significativa. A volatilidade dos preços tem sido uma constante, afetando desde a produção até a comercialização, e o perfil dos produtos consumidos evoluiu consideravelmente. Enquanto itens tradicionais na cesta de compras dos brasileiros, como o leite fluido, enfrentam desafios para manter seu volume de vendas, outras categorias, como os queijos, vêm demonstrando uma demanda mais consistente e resiliente.
Além disso, observa-se o crescimento de novas categorias, que abrangem tanto produtos premium, voltados a um público exigente em busca de qualidade e diferenciação, quanto opções mais acessíveis, que atendem a consumidores com orçamento mais restrito. Curiosamente, essas categorias vêm expandindo sua participação no mercado de forma consistente, muitas vezes independentemente das oscilações macroeconômicas.
Diante desse cenário, surgem algumas questões para 2025: quais segmentos apresentarão maior potencial de crescimento? Como a dinâmica de preços influenciará a demanda? Quais tendências continuarão a redefinir o consumo de lácteos nos próximos meses?
A resposta a essas perguntas dependerá de fatores como renda da população, inovações no setor e mudanças no comportamento do consumidor. O mercado lácteo segue em constante evolução, e compreender essas dinâmicas será necessário para antecipar oportunidades e desafios.
Esses serão alguns dos pontos que André Penaril, CEO da BU Rock Conecta, irá explorar em sua palestra “Cenário do consumo de lácteos: como fechamos 2024 e como começamos 2025” no dia 18/03, durante o Fórum MilkPoint Mercado, em Campinas-SP. Não fique de fora! Garanta a sua vaga! Associados do Sindilat garantem desconto clicando aqui. (Milkpoint adaptado pelo Sindilat)
Suplementação de probióticos e performance desportiva
Probióticos podem otimizar a performance esportiva, melhorando a recuperação muscular e reduzindo inflamações. Saiba mais sobre essa tendência promissora!
A performance nos mais diversos esportes tem sido um grande foco da pesquisa atual. O interesse pelo desempenho esportivo cresce à medida que atletas, treinadores e cientistas buscam estratégias para otimizar a resistência, a força e a recuperação muscular, não apenas para alcançar melhores resultados, mas também para promover a saúde, prevenir lesões e prolongar a longevidade dentro do esporte.
Fatores como nutrição, treinamento e recuperação desempenham um papel essencial no rendimento esportivo. Nos últimos anos, a microbiota intestinal emergiu como um novo campo de estudo devido à sua influência no metabolismo energético, na resposta inflamatória e na imunidade em atletas. Um estudo publicado na revista Nature Medicine trouxe evidências de que a composição da microbiota pode impactar diretamente o desempenho de corredores, aumentando o interesse científico nessa área.
Pesquisas recentes analisaram os efeitos da suplementação de probióticos contendo cepas específicas de Lactobacillus, Bifidobacterium e Streptococcus em atletas e praticantes regulares de atividade física. Entre os benefícios observados, destacam-se a melhora na recuperação muscular pós-exercício, maior resposta à hipertrofia, melhor fornecimento de energia ao músculo e até o aumento da distância percorrida. No entanto, muitos desses estudos ainda estão em estágios iniciais, exigindo cautela na interpretação dos resultados.
O que são probióticos, como atuam no organismo e como podem se relacionar com a performance no esporte?
Os probióticos são microrganismos vivos que integram a microbiota intestinal e desempenham funções essenciais para a saúde. Eles auxiliam na digestão, fortalecem o sistema imunológico e contribuem para a produção de substâncias como os ácidos graxos de cadeia curta, que influenciam a produção de energia. Além disso, modulam a inflamação sistêmica e o metabolismo de glicose e lipídeos no músculo, impactando diretamente o desempenho esportivo.
A microbiota intestinal afeta a absorção de nutrientes, a resposta inflamatória e até a saúde mental, fatores que influenciam a performance de atletas. Seu equilíbrio pode otimizar a recuperação muscular e reduzir o risco de lesões, tornando-se um elemento relevante para o rendimento esportivo.
Estudos indicam que algumas cepas probióticas melhoram a performance física, especialmente em modelos animais. O Lactobacillus plantarum TKW10 (LP10), por exemplo, foi associado ao aumento da força muscular e à melhora da resistência física em camundongos. Em humanos, a suplementação com Bifidobacterium longum OLP-01 resultou em maior distância percorrida no teste de Cooper, indicador de capacidade aeróbica. Além disso, o uso de múltiplas cepas probióticas demonstrou reduzir sintomas gastrointestinais em ultramaratonistas e diminuir a intensidade e duração de infecções respiratórias em maratonistas.
Recuperação muscular e redução da inflamação
Quando pensamos em performance esportiva, muitas coisas são determinantes, entre elas o retardo da fadiga e recuperação muscular. Inúmeros técnicos e atletas tentam estratégias para “driblar” esses fatos que são inerentes ao exercício físico, e a suplementação com probióticos tem se mostrado uma abordagem promissora nesse contexto.
Estudos indicam que os probióticos podem auxiliar na recuperação muscular, reduzindo inflamações e prevenir lesões. Em experimentos com ratos, a suplementação probiótica de Lactobacillus plantarum TKW10 (LP-10) resultou na redução da fadiga muscular, evidenciada pela diminuição dos níveis sanguíneos de lactato, amônia e creatina quinase (CK), substâncias associadas ao cansaço e ao dano muscular após exercícios intensos. Além disso, observou-se uma alteração na composição das fibras musculares, com um aumento na proporção de fibras do tipo I, conhecidas por sua maior resistência à fadiga.
Em humanos saudáveis, a suplementação com as cepas Streptococcus thermophilus FP4 e Bifidobacterium breve BR03 demonstrou reduzir as concentrações plasmáticas de CK e interleucina-6 (IL-6) até 72 horas após um treino de força, marcadores diretamente relacionados ao dano muscular e ao nível de inflamação gerado pelo exercício, sugerindo que os probióticos podem acelerar a recuperação e minimizar os impactos do treinamento de força.
Outro aspecto relevante é a influência dos probióticos no sistema imunológico. Atletas submetidos a corridas extenuantes como por exemplo uma maratona, frequentemente apresentam uma queda na função imunológica, tornando-se mais suscetíveis a infecções respiratórias e processos inflamatórios crônicos. A suplementação probiótica pode fortalecer a imunidade, reduzindo esses riscos e permitindo maior regularidade nos treinos, o que é essencial para a progressão do desempenho no âmbito esportivo.
Figura 1. Hipóteses da melhora do desempenho esportivo através da suplementação de probióticos em atletas de endurance. SGI: sintomas gastrointestinais; URTIs: infecções de vias aeres superiores.

Fonte adaptada de Díaz-Jiménez et al (2021).
Embora os efeitos positivos dos probióticos sejam promissores (Figura 1), é fundamental que seu uso seja respaldado por uma robustez de estudos científicos conduzidos em humanos. De acordo com o documento IOC Consensus Statement: Dietary Supplements and the High-Performance Athlete (2018), o nível de evidência sobre a eficácia da suplementação de probióticos ainda é considerado moderado, o que indica a necessidade de mais pesquisas para confirmar seus benefícios em atletas profissionais e praticantes de exercício físico. No entanto, a manutenção do equilíbrio da microbiota intestinal pode ser uma peça-chave tanto para a performance esportiva quanto para a qualidade de vida dos atletas. A crescente atenção da ciência à relação entre microbiota intestinal e desempenho esportivo reforça a importância de considerar o intestino como um fator determinante no esporte. Atletas que desejam aprimorar sua performance podem se beneficiar de estratégias nutricionais que envolvam a modulação da microbiota, contribuindo para uma melhor recuperação, menores níveis de inflamação e, possivelmente, maior resistência física.
Desta forma, a indústria de laticínios pode focar neste nicho de mercado promissor e lucrativo, ao lançar novos produtos lácteos veiculadores de cepas probióticas; e/ou avaliar o potencial efeito ergogênico dos produtos já disponíveis no mercado.
Referências bibliográficas
MAUGHAN, Ronald J. et al. IOC consensus statement: dietary supplements and the high-performance athlete. International journal of sport nutrition and exercise metabolism, v. 28, n. 2, p. 104-125, 2018.
JÄGER, Ralf et al. Probiotic Streptococcus thermophilus FP4 and Bifidobacterium breve BR03 supplementation attenuates performance and range-of-motion decrements following muscle damaging exercise. Nutrients, v. 8, n. 10, p. 642, 2016.
HEIMER, Melina et al. Health Benefits of Probiotics in Sport and Exercise-Non-existent or a Matter of Heterogeneity? A Systematic Review. Frontiers in Nutrition, v. 9, p. 804046, 2022.
LIN, Che-Li et al. Bifidobacterium longum subsp. longum OLP-01 supplementation during endurance running training improves exercise performance in middle-and long-distance runners: A double-blind controlled trial. Nutrients, v. 12, n. 7, p. 1972, 2020.
DÍAZ-JIMÉNEZ, Jara et al. Impact of probiotics on the performance of endurance athletes: A systematic review. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 18, n. 21, p. 11576, 2021.
CHEN, Yi-Ming et al. Lactobacillus plantarum TWK10 supplementation improves exercise performance and increases muscle mass in mice. Nutrients, v. 8, n. 4, p. 205, 2016.
SCHEIMAN, Jonathan et al. Meta-omics analysis of elite athletes identifies a performance-enhancing microbe that functions via lactate metabolism. Nature Medicine, v. 25, n. 7, p. 1104-1109, 2019.
Governo lança MP para retomar crédito rural e espera orçamento para o Plano Safra
O governo federal prepara uma medida provisória para retomar contratações de crédito rural a taxas subvencionadas. Entenda!
O governo federal prepara uma medida provisória para retomar contratações de crédito rural a taxas subvencionadas. O texto deverá abrir crédito extraordinário de R$ 4,1 bilhões para concluir em "plenitude" o pagamento da equalização de juros do Plano Safra 2024/25.
Com isso, o governo espera ter uma "folga", disse uma fonte, até a aprovação do orçamento de 2025, que prevê outros R$ 14 bilhões para a subvenção federal. Esses recursos serão usados para bancar o subsídio de operações em estoque de anos anteriores e para o início do próximo Plano Safra 2025/26.Na prática, o crédito extraordinário funcionará como uma suplementação que alguns técnicos do governo já apontavam como necessária diante do aumento das despesas com a subvenção por conta da alta dos juros. Os cálculos preliminares na Esplanada apontavam para um déficit de R$ 5 bilhões no caixa para manter a normalidade das operações, em linha com o que foi anunciado para a nova MP.
A conta ficou mais cara devido ao avanço rápido da Selic, que passou de 10,5% na metade de 2024 para 13,25% em janeiro deste ano, com previsão de passar dos 15% até o fim de 2025. A MP deve ser publicada até hoje (24/2). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que apesar de ser um crédito extraordinário, os mais de R$ 4 bilhões serão incorporados aos limites do arcabouço fiscal.
Uma fonte explicou que o recurso extra será contabilizado como despesa "normal" da União. "Não foi burla à questão fiscal, mas uma necessidade de que o agro não pode parar", disse.
Haddad promete volta do crédito para essa semana
Em entrevista na sexta-feira, em São Paulo, Haddad disse que não há outra solução possível neste momento e que a medida foi alinhada com o Tribunal de Contas da União (TCU). "É como se tivesse sido aprovado dentro do orçamento", disse o ministro. "O TCU disse que, sem essa solução encontrada, não haveria possibilidade de execução do Plano Safra", completou.
A importância do crédito rural para a pecuária de leite
A pecuária (corte e leite) representa quase 50% das solicitações de crédito digital no agro. A região Sul do país lidera os financiamentos, impulsionada pela forte presença de criadores na região. O dado faz parte de um levantamento realizado pela Nagro Crédito Agro, uma fintech especializada em crédito 100% digital, que ouviu mais de 79 mil produtores rurais.
Segundo a fintech, a liderança da pecuária nos financiamentos está relacionada ao ciclo financeiro mais curto, em comparação com a agricultura. No caso das culturas, o financiamento destinado à soja, ao milho e ao café representa 26,1% dos pedidos.

A pesquisa foi realizada com base no cadastro Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), registrado no Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços, e teve como foco a principal atividade de cada produtor.
As informações são do Globo Rural e Agro Estadão, adaptadas pela equipe MilkPoint.
Milho apresenta produtividade satisfatória apesar das restrições hídricas
A colheita do milho prossegue e as produtividades estão muito satisfatórias, apesar das restrições hídricas em parte do ciclo. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (20/02) pela Emater-RS/Ascar, esse desempenho positivo deve-se ao fato de que grande parte das lavouras já havia ultrapassado as fases críticas para a definição dos componentes produtivos. Estima-se que 62% da área tenha sido colhida e 18% das lavouras encontram-se em maturação. As lavouras tardias, com 5% da área de cultivo ainda em desenvolvimento vegetativo, outros 5% em floração e 10% enchimento de grãos, foram beneficiadas pelas precipitações da última semana, que ocorreram em volumes superiores, contribuindo para a atenuação momentânea das perdas causadas pela estiagem. Além disso, a queda das temperaturas é um fator benéfico nesta fase, uma vez que o calor excessivo havia acelerado indevidamente o ciclo fenológico, gerando redução no acúmulo de fotoassimilados e no índice de área foliar. De modo geral, observa-se grande heterogeneidade no potencial produtivo da soja. Isso em decorrência do volume de precipitações ao longo do ciclo, da época de semeadura, da cultivar utilizada, além das limitações causadas pela topografia e pela compactação do solo, que impactam a infiltração e o armazenamento hídrico. O retorno da umidade no solo atenuou o estresse hídrico das plantas, que havia sido intensificado antes das chuvas pelas altas temperaturas, especialmente em áreas mais severamente afetadas pela estiagem. A recomposição da umidade proporcionou melhoria na turgescência foliar, favorecendo a retomada de processos fisiológicos essenciais nas lavouras de soja que estão em desenvolvimento vegetativo (6% da área cultivada) e em floração (32%). Porém, a manutenção de umidade em níveis adequados será determinante para a conclusão do enchimento de grãos (55%), mesmo em cenários de redução do potencial produtivo. Foi observada ainda a recuperação da coloração verde das plantas. Contudo, nas regiões mais afetadas, especialmente no Centro-Oeste do Estado, as lavouras semeadas no início do período recomendado estão na fase final de enchimento de grãos e de maturação (7%), com reduzido porte, desfolha acentuada e perdas produtivas irreversíveis. As lavouras de soja implantadas em dezembro estão em plena floração e início da formação das vagens. Nessas áreas, a emissão de folhas e ramos será limitada, mas variará conforme o hábito de crescimento das cultivares. A produtividade tende a ser insatisfatória, já que muitas lavouras possuem porte reduzido, de 20cm a 30 cm, e estão em plena fase reprodutiva. A ocorrência de chuvas permitiu a retomada de operações de controle fitossanitário, sendo priorizadas as aplicações de fungicidas em áreas de maior aptidão produtiva. A incidência de tripes, ácaros e percevejos nas lavouras, está elevada em determinados locais, mas o controle químico tem sido eficaz. Economicamente, persistem as preocupações quanto aos resultados da safra, agravadas pela baixa adesão aos seguros de proteção agrícola. Restrições legais ao Proagro (excedente de limite de sinistros) e custos elevados no seguro privado expõem produtores a riscos, especialmente em regiões onde as perdas são mais significativas. (Seapi)