Porto Alegre, 24 de abril de 2025 Ano 19 - N° 4.378
O processamento de soro do leite é crucial para o futuro da indústria de queijos
Inovações como a tecnologia de processamento de soro de leite desempenham um papel importante em manter a indústria de queijos ativa.
De acordo com números publicados pelo Departamento de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais (Defra) no ano passado, a renda caiu em quase todos os tipos de fazendas na Inglaterra em 2024 – o que resultou em margens de lucro cada vez mais apertadas. Posteriormente, os preços do leite na fazenda – o valor de mercado menos o custo de venda – aumentaram, com essa tendência definida para continuar.
Em meio a esses desafios, os produtores de queijo tiveram que encontrar maneiras inovadoras de ganhar dinheiro, além da coalhada. É aí que entra o soro, que era originalmente um subproduto da produção de queijo – ele se tornou um produto importante por si só.
Ao reduzir as emissões de carbono, o uso de água e os custos, o processamento do soro pode desempenhar um papel fundamental para permitir que os produtores de queijo britânicos naveguem por essas pressões nos próximos meses e anos.
A maioria dos tipos de queijo requer dez quilos de leite para produzir um quilo de queijo, deixando os produtores com aproximadamente nove quilos de soro. Anteriormente, ele era considerado um subproduto desnecessário, o que o levava a ser comumente deixado como resíduo ou usado como ração animal. No entanto, esse não é mais o caso.
O soro de leite provou ser um fluxo de valor significativo e continua a crescer em lucratividade. Os produtores agora estão aprendendo sobre o potencial do soro de leite – não apenas como uma fonte adicional de renda para ajudar financeiramente produtores de queijo tradicionais e em larga escala – mas também como um meio de reduzir as emissões de carbono e o uso de água. Este é o resultado de uma compreensão mais completa do valor nutricional do soro de leite como fonte de lactose, proteína e minerais.
Nas últimas três décadas, empresas do setor de laticínios têm investido no desenvolvimento de novas tecnologias e inovações, que processam o soro de leite de forma eficaz, permitindo que ele seja utilizado de inúmeras maneiras. Essas novas tecnologias permitem abordagens que vão desde filtragem e centrifugação até secagem por pulverização. Isso significa que agora é possível criar uma variedade de pós derivados do soro de leite, que podem ser usados não apenas em suplementos, mas também como estabilizadores.
O concentrado de proteína de soro de leite (WPC) oferece um exemplo importante, sendo um ingrediente de alto valor em produtos como alimentos para bebês, bebidas esportivas e suplementos nutricionais para idosos. A osmose reversa, um processo tornado possível com essas inovações, remove com sucesso a água do soro. Esse processo resolve um dos principais desafios que impedem a indústria de laticínios de aproveitar ao máximo esse subproduto: o alto teor de água do soro (94%).
Além disso, os produtores podem reutilizar as águas residuais separadas para aquecimento industrial, sistemas de resfriamento e processos de limpeza. A osmose reversa, portanto, reduz a necessidade de água doce nos processos de produção de queijo. Passar o soro por um processo de filtragem por membrana e remover o conteúdo de água antes do transporte também diminui o volume e o peso do produto a ser movido, reduzindo ainda mais as despesas e diminuindo as emissões de carbono.
Hoje, esse processo de osmose reversa está se tornando cada vez mais acessível a produtores menores e mais tradicionais, graças à tecnologia moderna. Isso permite que mais produtores de queijo explorem oportunidades existentes de lucro por meio do processamento de soro, ao mesmo tempo em que reforçam suas credenciais de sustentabilidade.
O processamento de soro está se tornando uma parte essencial dos negócios para produtores de queijo em toda a Europa e além. Além dos potenciais ganhos financeiros, os produtores de queijo britânicos também estão trabalhando em direção a metas de sustentabilidade cada vez mais ambiciosas . A utilização de processos e tecnologias que reduzem as emissões de CO2 e o uso de água pode desempenhar um papel útil no cumprimento dessas metas.
Os produtores de queijo do Reino Unido poderiam aumentar seus lucros investindo nessas tecnologias, ao mesmo tempo em que atraem uma nova geração de consumidores que geralmente compram com a sustentabilidade em mente.
Inovações como a tecnologia de processamento de soro de leite desempenharão um papel importante em manter a indústria de queijos à tona durante ventos contrários e momentos econômicos difíceis, garantindo que os apreciados queijos britânicos permaneçam firmes nas prateleiras do mercado e nas mesas da cozinha pelos próximos anos.
As informações são do Dairy Industries, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.
Sistema FIERGS saúda decisão do governo federal em ampliar prazo para empresas se adequarem a nova redação da NR-1
O Sistema FIERGS saúda a decisão do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE) anunciada em reunião com entidades nesta quinta-feira (24) de dar um período de um ano para adaptação das empresas à nova redação da Norma Reguladora nº 1 (NR-1), que estabelece as diretrizes gerais para a segurança e saúde no trabalho no Brasil. A previsão era que atualização entrasse em vigor no dia 26 de maio. Eventuais autuações serão realizadas somente após o fim desse novo prazo.
A FIERGS vinha alertando sobre as dúvidas e interpretações diversas na legislação, por parte de indústrias e sindicatos industriais, com trechos genéricos e pouco efetivos, o que dificulta a aplicação prática.
Coordenador do Conselho de Relações do Trabalho (Contrab) do Sistema FIERGS, Guilherme Scozziero participou da reunião com o ministro Luiz Marinho nesta manhã, em Brasília, e diz que o maior prazo é importante para o esclarecimento de dúvidas sobre a atualização do texto da NR-1.
“Fomos uma das quatro federações convocadas para a reunião, mostrando a força da FIERGS, e alertarmos o ministério sobre a sensibilidade dessa questão em razão da subjetividade presente na norma. As empresas querem cumprir a lei, mas não sabem como fazer isso. Por isso, o maior prazo é essencial para que se possa compreender as exigências e fazer a aplicação correta", destaca.
Segundo o ministro, a atualização da NR-1 será implementada de forma educativa e informativa a partir de 26 de maio deste ano, com enfoque na orientação às empresas, com a publicação de um guia. Um grupo de trabalho será formado para avaliar esse processo e esclarecer dúvidas.
O Sistema FIERGS fará eventos no interior do Estado para esclarecer e orientar sindicatos e indústrias sobre a nova norma.
As informações são da FIERGS
Movimento altista no campo deve perder força em março
A maior disputa entre indústrias de laticínios pela aquisição de leite cru impulsionou os valores pagos pela matéria-prima no primeiro bimestre de 2025. Segundo o dado mais recente do Cepea, o preço médio do leite captado em fevereiro foi de R$ 2,7734/litro (“Média Brasil”), aumentos de 3,3% em relação a janeiro e de 18,1% na comparação com fevereiro/24 (deflacionamento pelo IPCA de fevereiro).
Para março, a expectativa é que as cotações continuem em alta, embora em menor intensidade, refletindo uma desaceleração no ritmo de valorização. O grande responsável pela freada no movimento altista no campo é a demanda enfraquecida na ponta final da cadeia. Pesquisas do Cepea realizadas com o apoio da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) mostram que as negociações dos lácteos entre indústrias e canais de distribuição em março foram prejudicadas pela retração da procura.
O desempenho ruim nas vendas dos lácteos em março afetou negativamente as cotações do leite spot em abril: em Minas Gerais, a média chegou a R$3,11/litro, queda de 5,8% frente ao mês anterior.
Apesar da proximidade do período de entressafra com a mudança da estação (primeiramente no Sul e, depois, no Sudeste e Centro-Oeste), a oferta de leite cru dá sinais de se manter mais ou menos estável. Assim, agentes do mercado acreditam que a redução da disponibilidade nesta entressafra seja menor que a observada em anos anteriores. Em muitas bacias leiteiras, o volume captado entre março e abril supera o registrado em anos anteriores devido ao clima propício, qualidade de silagem e melhores margens de atividade, que se refletiram em investimentos. Apesar dos custos com alimentação seguirem em alta em março, as variações neste ano têm sido mais baixas que em anos anteriores. E, mesmo que o poder de compra do pecuarista frente ao milho (relação de troca) esteja diminuindo mês a mês, os resultados desse 1° bimestre ainda são melhores que os registrados nos últimos anos.
Com a oferta mais estável durante a entressafra, a dificuldade do consumo em acompanhar os reajustes do campo e a redução da rentabilidade industrial, agentes do setor projetam um possível comportamento atípico dos preços ao produtor no segundo trimestre, com chances de queda. Esse contexto, no entanto, tem aumentado as incertezas e alimentado especulações, tornando o mercado ainda mais imprevisível.
As importações elevadas reforçam a pressão sobre as cotações internas. Embora as compras tenham recuado 14,8% em março, o volume acumulado no primeiro trimestre ainda supera em 5,4% o registrado no mesmo período de 2024. Essa quantidade contínua significa e mantém a preocupação de agentes quanto à concorrência com os produtos importados e a capacidade da indústria em repassar altas no campo para o preço dos lácteos e assegurar rentabilidade.
As informações são do CEPEA
Jogo Rápido
China quer mais filhos: bom para o leite global?
A queda drástica da natalidade na China acendeu o alerta no governo e no setor privado. Em uma sociedade que envelhece rapidamente, as empresas procuram soluções criativas para reverter a tendência. Uma delas vem do setor lácteo, que enfrenta uma superoferta e queda de preços. A recuperação da natalidade poderia ser um respiro para esse mercado. Mas que impacto isso pode ter sobre o comércio global de laticínios? Incentivos privados: quando a empresa ajuda a formar famílias. A gigante chinesa de laticínios Feihe anunciou que irá oferecer apoio financeiro a funcionários que tenham filhos, como parte de uma política para estimular a natalidade. Feihe não está sozinha. Empresas como Trip.com e Dabeinong Technology Group oferecem bônus entre 10 mil e 100 mil yuans por filho. A taxa de natalidade na China caiu para 6,4 nascimentos por 1.000 habitantes em 2023, o nível mais baixo desde o início dos registros modernos. A baixa natalidade afeta diretamente a demanda por fórmulas infantis, um dos segmentos mais rentáveis do setor. Uma crise global de natalidade. Coreia do Sul, Japão, Itália e vários países da Europa do Leste enfrentam desafios semelhantes. A Coreia do Sul, por exemplo, registrou uma taxa de fertilidade de apenas 0,78 filhos por mulher em 2022 — a menor do mundo. Algumas empresas, como o Booyoung Group, oferecem até US$ 75 mil por filho a seus colaboradores. A crise de natalidade ameaça a sustentabilidade de mercados como o de laticínios, que dependem de consumidores jovens. A China é o maior importador mundial de produtos lácteos. Em 2023, comprou mais de 620 mil toneladas de leite em pó, segundo o USDA. Uma recuperação da natalidade poderia reaquecer essa demanda. Mas os desafios persistem: mudanças nos hábitos de consumo (com aumento das bebidas vegetais), regulamentações mais exigentes e a necessidade de certificações específicas tornam o acesso ao mercado chinês mais complexo. A política natalista impulsionada por empresas como Feihe pode representar uma mudança estrutural. Para o setor lácteo, isso pode significar um novo horizonte — desde que haja capacidade de adaptação e inovação. (EDAIRYNEWS)