Porto Alegre, 10 de fevereiro de 2025 Ano 19 - N° 4.325
Balança comercial de lácteos: importações iniciam 2025 com avanço
O mês de janeiro encerrou e um recuo foi observado no saldo da balança comercial de lácteos. Com uma diminuição de 8,6 milhões de litros, o saldo do último mês ficou em -197,6 milhões de litros em equivalente-leite. As importações seguiram elevadas, registrando um aumento em relação a dezembro.
As exportações de lácteos somaram 4,73 milhões de litros em equivalente-leite, apresentando uma leve redução de 1,3% em relação a dezembro e uma queda mais expressiva de 39,7% quando comparada a janeiro de 2024, como pode ser observado no gráfico abaixo.
As importações totalizaram 202,4 milhões de litros em equivalente-leite em janeiro, representando um crescimento de 4,1% em relação a dezembro. No entanto, no comparativo com janeiro de 2024, houve uma queda de 2% nos volumes importados, como mostra o gráfico 3.
Entre os principais produtos exportados, o soro de leite teve um aumento significativo de 93%, totalizando 1.197 toneladas. Os cremes de leite também cresceram 22%, atingindo 626 toneladas. Enquanto por outro lado, o leite condensado registrou uma retração de 28%.
O maior destaque nas exportações ficou para a categoria de "outros produtos lácteos", que teve um crescimento expressivo em relação a dezembro de 2024 e atingiu o maior volume exportado da categoria desde 2023.
Para as categorias com maior participação nas importações, o destaque ficou para o leite em pó integral, com 14 mil toneladas importadas, o maior volume registrado nos últimos seis meses. Já os queijos tiveram um avanço de 18%, atingindo 4,8 mil toneladas importadas no último mês.
As tabelas 1 e 2 mostram as principais movimentações do comércio internacional de lácteos nos meses de janeiro de 2025 e dezembro de 2024.
O que podemos esperar para os próximos meses?
Desde o início de 2025, um dos principais balizadores dos preços internacionais de lácteos, o leilão GDT, vem sinalizando alta nos preços negociados internacionalmente para os principais derivados. Nas últimas semanas foi possível observar um reflexo dessas altas nos preços praticados pelo Mercosul, que apresentaram pequenos reajustes positivos em seus preços médios.
No entanto, é preciso levar em consideração a atual taxa de câmbio. Também nas últimas semanas o dólar vem apresentando ajustes negativos. Nesse cenário, apesar das altas nos preços médios do Mercosul, o custo de aquisição dos derivados importados ganhou mais competitividade em nosso mercado, muito por conta da menor taxa de câmbio.
Ao levar em consideração apenas esses fatores, poderíamos pensar que para os próximos meses teríamos um aumento das importações. Porém, vale ressaltar que, apesar das expectativas serem de patamares que podem ser considerados ainda elevados para as importações brasileiras, esse volume importado deve diminuir. Isso porque os principais fornecedores de lácteos do Brasil entrarão em seu principal período sazonal de menor produção de leite, limitando a sua disponibilidade para as exportações.
O Brasil também deve apresentar um recuo em sua produção de forma sazonal nos próximos meses, porém, devido a um cenário mais favorável para o produtor de leite no último semestre, a produção brasileira deve apresentar um patamar mais elevado em comparação com o mesmo período de 2024, o que diminui também suas necessidades pelas importações.
Nesse cenário, será importante acompanharmos como se comportará a demanda brasileira e a taxa de câmbio, que terão forte influência. (Milkpoint)
Em reunião com a prefeita de Rio Grande, Darlene Pereira, ontem, o vice-presidente da Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL), Guillermo Dawson Jr., e a gerente de projetos da cooperativa, Bruna Kloeckner, conf irmaram o investimento de R$ 550 milhões no Terminal Marítimo Luiz Fogliatto (Termasa), no Porto de Rio Grande. A expectativa é de que a iniciativa promova a geração de cerca de 400 empregos. Ainda de acordo com a nota, a obra deve iniciar nos próximos meses, e deve durar cerca de dois anos, com o objetivo de requalificar o terminal que foi atingido pelas enchentes de 2024, segundo informações divulgadas no site da prefeitura de Rio Grande.O investimento no Termasa inclui a execução de obras civis e a aquisição de máquinas e equipamentos nacionais. O terminal está situado à margem oeste do canal de acesso ao Porto de Rio Grande, que possibilita a exportação de produtos do Rio Grande do Sul e de todo o Sul do Brasil, com localização estratégica próxima a Uruguai, Argentina e Paraguai. A captação dos recursos que serão empregados na iniciativa foi confirmada em novembro do ano passado, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), que aprovou um aporte de R$ 373,46 milhões em duas operações de financiamento ao Grupo CCGL para investir na recuperação e na retomada das atividades da Termasa, no Porto de Rio Grande.
A estrutura, utilizada para recebimento, armazenagem e expedição de produtos e grãos destinados aos mercados interno e externo, foi danificada durante as fortes chuvas no Estado, no mês de maio, e ficou inoperante. Com o aumento da força da correnteza das águas, um navio atracado no terminal chocou-se contra o cais, afetando a estrutura e interrompendo os serviços. Parte de um investimento total de cerca de R$ 400 milhões, o apoio de R$ 280 milhões do programa Bndes Emergencial, na Modalidade Investimento e Reconstrução, contempla a recomposição da condição operacional do píer, que exigirá a reconstrução da estrutura de atracação de navios, incluindo plataformas e mecanismos de amarração.
Na outra operação, o crédito emergencial de R$ 93,46 milhões apoia a necessidade de liquidez da empresa, por meio da oferta de capital de giro, para ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e retomada das atividades econômicas. O Termasa afirmou, à época, que adotará estratégias para reduzir o risco de novos acidentes e tornar a operação mais segura. Os recursos, oriundos do Fundo Social, integram o programa Bndes Emergencial para o Rio Grande do Sul. A iniciativa tem como objetivo o apoio a ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e de enfrentamento de consequências sociais e econômicas dos eventos climáticos extremos no Estado.
O Grupo CCGL atua, predominantemente, na industrialização de laticínios, com capacidade de processamento de 3,4 milhões de litros de leite por dia. Sua estrutura operacional conta com 14 cooperativas associadas, representando 172 mil produtores rurais, os quais estão distribuídos por mais de 350 municípios do Rio Grande do Sul. (Jornal do Comércio)
A inflação dos lácteos em 2024 e o que esperar para 2025
Ao longo do ano de 2024 observamos um importante crescimento nos preços dos produtos lácteos nas prateleiras dos supermercados. Isso ocorreu por uma junção de fatores, sendo um deles, um cenário econômico positivo ao longo do ano, com diminuição na taxa de desemprego e aumento no rendimento médio salarial, permitindo que algumas categorias lácteas crescessem em vendas e avançassem em preços no varejo ao longo do ano.
No gráfico abaixo é possível observar o comportamento de diferentes indicadores em dezembro de 2024 quando comparados com dezembro de 2023, indicando um aumento de 12,9% na massa salarial e 9,0% no rendimento médio salarial no Brasil. Ambos com crescimentos acima da inflação geral, medida pelo IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo), que obteve um aumento de 4,8% no mesmo período.
Dentro das categorias que compõem o IPCA, o gráfico também sinaliza o importante aumento que foi observado dentro dos alimentos e bebidas, que exerce grande peso na inflação geral no país.
Além desses grupos, chama ainda mais atenção a inflação nos preços do grupo de derivados lácteos, que foi acima do crescimento observado para os alimentos e bebidas de forma geral, com um aumento de 10,4% no último mês de 2024, indicando que, dentro dos alimentos e bebidas, os derivados lácteos auxiliaram a puxar esse crescimento.
O leite UHT se mostrou um dos principais responsáveis por essa inflação para a categoria, tendo apresentado uma inflação de 18,8% ao final de 2024, acima de todas as outras categorias lácteas e acima dos outros indicadores aqui citados, mostrando um crescimento expressivo em seu preço no varejo ao longo do último ano.
Trazendo essa realidade para 2025, é importante ressaltar que o ano inicia com os preços dos derivados lácteos no varejo em um patamar mais elevado, acima dos preços iniciais dos anos de 2023 e 2024, por exemplo. Dessa forma, esse avanço recente de preços é um fator que pode limitar as altas que podem ocorrer ao longo deste ano nesses preços, deixando uma menor margem para crescimentos em 2025.
É importante destacar que os preços seguirão sendo afetados pela oferta e pela demanda nos próximos meses deste ano, porém, observar esse início de ano em preços já elevados deve ser um ponto de atenção para nossa análise mercadológica. Seguiremos acompanhando.
O setor lácteo desempenha um papel fundamental na economia, mas enfrenta desafios cada vez maiores. Com margens pressionadas, a indústria precisa inovar e aprimorar seus processos para manter a competitividade. Desde a logística até a volatilidade dos preços, cada etapa da cadeia produtiva exige eficiência e estratégia. Fortalecer esse setor é essencial para garantir o futuro de uma indústria que alimenta milhões de brasileiros diariamente.
No Fórum MilkPoint Mercado 2025, especialistas e agentes do mercado discutirão os principais desafios e oportunidades da indústria láctea. Participe desse debate e inscreva-se agora mesmo. Associados do Sindilat/RS têm 10% de desconto na inscrição, que pode ser feita no link: https://register.jalanlive.com/forummmercado?ticket=9708. (Fonte: Milkpoint)
Jogo Rápido
Mercado de carbono
O governo federal quer criar uma agência para regular e receber as receitas do futuro mercado de carbono do país, criado pelo Congresso Nacional no final do ano passado. A ideia é defendida pela área técnica do Ministério da Fazenda, responsável pela regulamentação do mercado de carbono. A medida ainda precisa ser deliberada e levada à Presidência da República -para só depois ser apresentada ao Congresso. (Jornal do Comércio)