Porto Alegre, 20 de junho de 2018 Ano 12 - N° 2.760
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) enviou parecer ao Supremo Tribunal Federal se colocando contra a proposta de tabelamento do preço do frete rodoviário, resultado de acordo entre governo e caminhoneiros após dez dias de paralisação. "Existem muitas evidências de que o que esta sendo proposto como tabelamento do preço do frete é claramente contrário ao interesse dos consumidores e dos próprios caminhoneiros, pois irá aumentar os preços dos bens finais no curto prazo e gerar graves distorções na dinâmica concorrencial do transporte rodoviário de cargas no médio e longo prazos", afirma o parecer assinado pelo presidente do Cade, Alexandre Barreto, pelo superintendente-geral do órgão, Alexandre Cordeiro, e pelo procurador da autarquia, Walter Agra.
Segundo documento, o "tabelamento de preços mínimos acaba gerando, ao final, o resultado semelhante ao de uma cartelização, ou seja, a uniformização dos preços de agentes que deveriam concorrer no mercado por meio da oferta de melhores serviços". O parecer afirma que "embora seja a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a agência que regula o preço mínimo do frete, tem-se que o processo de fixação dos preços mínimos contará, de agora em diante, com a participação de diversos concorrentes do setor, aumentando, assim, preocupações de caráter concorrencial derivadas de tais tabelas mínimas de preço". Para o Cade, "concorrentes sentando à mesa para debater custos setoriais comuns representa uma afronta ao princípio da livre concorrência, expresso na Constituição".
O órgão reconhece que em determinadas situações, outros interesses da sociedade podem se sobrepor ao de livre concorrência, mas que esse não seria o caso nos fretes. Em Assunção, onde participou de reunião de cúpula do Mercosul, o presidente Michel Temer disse ontem não acreditar que o acordo alcançado com os caminhoneiros esteja ameaçado por causa da posição do Cade. Temer afirmou que a medida está sob análise da Justiça e que obedecerá ao que determinar o STF sobre o caso. "Acho que [o parecer do Cade] não [atrapalha uma solução definitiva para a crise]" disse Temer. "Nós fizemos uma grande composição com os caminhoneiros. [...] Agora, se o Supremo decidir de outra maneira, evidentemente vamos obedecer ao Supremo." (Valor Econômico)
GDT: índice de preços cai 1,2% com destaque para os queijos
Nesta terça-feira (19/06), ocorreu o 214º evento GDT (Global Dairy Trade), cujo índice de preços apresentou queda de 1,2%, fechando em US$ 3.481/tonelada. No leilão, foram negociadas 21.634 mil toneladas de lácteos, aumento de 0,3% ao compararmos com as 21.580 mil toneladas do leilão anterior. Também, houve aumento de 2,2% na comparação com as 21.171 mil toneladas negociadas no segundo leilão do mês de junho de 2017.
O motivo principal pela queda de preços neste evento é a variação negativa de um conjunto de produtos em relação ao leilão anterior. Podemos destacar os leites em pó, com o integral a US$ 3.189/tonelada (-1,0%) e o desnatado, a US$ 2.003/tonelada (-1,1%). Vale destacar que o leite em pó desnatado apresentou valorização de preços nos últimos quatro leilões. A alta demanda internacional por manteiga culminou em um excesso de oferta de leite em pó – principalmente o desnatado - fato que contribuiu para a pressionada nos preços.
O AMF (Anhydrous Milk Fat) foi negociado a US$ 6.060/tonelada (-2,5%) e os queijos, a US$ 3.847/tonelada, com estes, ‘carimbando’ a maior variação negativa de todo o leilão (-3,6%). Ao contrário desses produtos, a manteiga (com um preço médio de US$ 5.611/tonelada) e a lactose (com um preço médio de US$769/tonelada), apresentaram variações positivas em relação ao leilão anterior, de 0,8% e 8,2% respectivamente. (Milpoint)
Leite UHT
Após três meses de altas consecutivas no mercado atacadista de São Paulo, o preço do leite UHT recuou 0,38% entre abril e maio, fechando a R$ 2,3986/litro, em média, em termos reais (deflacionados pelo IPCA de maio/18) – frente a maio de 2017, a baixa é de 10,77%.
Os dados foram levantados por meio das pesquisas diárias realizadas pela equipe do Cepea com o apoio financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). De acordo com colaboradores do Cepea, na primeira quinzena de maio, os preços começaram a recuar, devido à baixa demanda pelo leite longa vida. Assim, a prática de promoções ganhou força e a concorrência entre empresas aumentou. Na segunda quinzena, os preços continuaram em queda, devido à paralisação dos caminhoneiros, que comprometeu tanto o fornecimento de matéria-prima quanto o transporte de derivados nos canais de distribuição, travando as negociações.
Quanto ao queijo muçarela, o preço permaneceu em alta pelo terceiro mês consecutivo, fechando a R$ 16,88/kg, em média, em valores reais, elevação de 6,97% quando comparada ao valor de abril/18 e de 3,69% frente a maio/17. A baixa oferta de matéria-prima no campo e a procura aquecida levou ao cenário de aumento nas cotações. A pesquisa quinzenal de derivados lácteos também verificou a valorização dos queijos em maio, com aumento de 2,81% no preço da muçarela e 2,25% no do queijo prato, em relação ao mês anterior, fechando a R$ 16,09/kg e R$ 16,59/kg, em termos reais (deflacionados pelo IPCA de maio/18), respectivamente - considerando-se a média nacional (inclui GO, MG, PR, RS e SP). Para os outros derivados, houve variações menores que 1%. (Cepea)
Exportação de lácteos
Em maio, o volume de lácteos vendido pelo Brasil ao mercado internacional chegou ao menor patamar desde 2010, totalizando 2,4 milhões de litros em equivalente leite. Entre abril e maio, a baixa é de 55,1% e, frente a maio de 2017, de 65,4%. Os embarques mais baixos são resultado da menor produção brasileira de leite, intensificada pelo início da entressafra, além do desestímulo de produtores frente aos baixos preços no início de 2018. Os lácteos mais exportados pelo Brasil foram os queijos, com 52,8% de participação no total, seguidos do leite condensado, com 41,1%.
Os principais destinos dos produtos brasileiros foram o Chile, Paraguai e Rússia, com participações de 22,3%, 20,1% e 13,8%, respectivamente. Em contrapartida, a Argentina, que normalmente está entre os principais compradores de lácteos do Brasil, ficou em nono lugar em maio, com apenas 3,8%. Quanto às importações, o Brasil adquiriu 102 milhões de litros em equivalente leite em maio, 13,8% maior do que em abril, mas 14,9% menor do que em maio de 2017. Os principais produtos importados continuaram sendo o leite em pó, com 75,5% de participação no total e os queijos, com 22,3%. A Argentina e o Uruguai continuaram liderando as vendas de lácteos ao Brasil, com 50,3% e 40,7% de representação no total, respectivamente.
A importação de leite em pó aumentou 15,1% se comparado a abril, mas recuou 8,5% frente a maio do ano passado. As compras brasileiras de queijos, por sua vez, foram 10,3% maiores em relação às do mês anterior; porém, estiveram 31,5% menores em relação a maio de 2017. Assim, considerando-se as importações de lácteos em geral, houve queda de 35,3% no volume total acumulado de janeiro a maio de 2018 em relação ao mesmo período de 2017. Com o aumento das importações e a diminuição das exportações, a balança comercial se manteve negativa em 99,4 milhões de litros de leite, ou 42,1 milhões de dólares. (Cepea)
O Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina subiu 3,6% no primeiro trimestre de 2018 em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). O resultado ficou acima das estimativas da Trading Economics, que previam crescimento de 3,4%. Em termos dessazonalizados, o crescimento na passagem do quarto trimestre de 2017 para o primeiro trimestre deste ano foi de 1,1%. (Estadão)