Porto Alegre, 27 de julho de 2018 Ano 12 - N° 2.787
MENOS PESSOAS EM UM CAMPO MAIS MECANIZADO
Pela primeira vez, um censo agropecuário indicou menos de um milhão de pessoas ocupadas em estabelecimentos agropecuários no Rio Grande do Sul. Em 11 anos, o meio rural gaúcho perdeu mais de 248 mil trabalhadores, cerca de 20% do total - possivelmente atraídos por oportunidades na cidade. Os números divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) retratam uma realidade cada vez mais visível no campo: a intensificação da atividade, com o uso crescente de máquinas e equipamentos, e a migração urbana.
- O investimento em tecnologia requer menos mão de obra. Outro fator que explica a redução da ocupação é o fenômeno migratório, com cada vez menos pessoas dispostas a ficar na zona rural - afirma Cláudio Sant'Anna, coordenador técnico do Censo Agropecuário 2017 no Estado.
Os dados da pesquisa mostram que a diminuição dos postos de trabalho foi impactada pelo avanço da mecanização e de tecnologias. O número de tratores aumentou quase 50% no Estado, chegando a 242 mil unidades em 2017. No país, a variação foi semelhante, chegando a marca de 1,2 milhão de unidades. Entre 2006 e 2017, para cada trator adquirido no Estado, três empregos foram eliminados.
- A concentração do número de propriedades, diante da dificuldade dos pequenos competirem, também favoreceu a mecanização e, consequentemente, a menor necessidade de pessoas no campo - acrescenta Nicole Rennó, pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), que faz acompanhamento trimestral da ocupação no agronegócio. A pesquisadora pondera que a queda do número de trabalhadores é maior dentro da porteira do que fora dela - onde se configura o agronegócio. Nas agroindústrias e nos agrosserviços, a tendência de redução de trabalhadores é bem inferior.
- A indústria e os serviços não tiveram uma mudança estrutural na atividade que dispensasse a necessidade de mão de obra, ou seja, a modernização foi menor - destaca a pesquisadora. O avanço da mecanização pode ser relacionado, ainda, com o aumento da produtividade da agropecuária brasileira, que cresce a taxas superiores ao restante da economia. (Zero Hora /Valor econômico)
Consultas públicas tratam de segurança alimentar
Segurança alimentar - A Anvisa abre hoje (25/7) o prazo para contribuições para duas consultas públicas. Uma delas, a CP 541, é uma proposta de texto da futura Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) que irá firmar os critérios microbiológicos para alimentos. A outra, a CP 542, é a Instrução Normativa (IN) que trará a lista de critérios estabelecidos.
Os critérios microbiológicos das futuras RDC e IN são aqueles utilizados para validar as medidas de controle adotadas durante a preparação dos alimentos e para definir a aceitabilidade do processo de produção e a segurança do produto final para quem o consome. Critérios microbiológicos servem de parâmetro de aceitação do produto nas ações de fiscalização das vigilâncias sanitárias dos estados e dos municípios, que junto com a Anvisa compõem o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), ou para verificar se as medidas de controle adotadas pelas empresas da cadeia produtiva de alimentos são efetivas.
RDC
A futura RDC será voltada à segurança alimentar e a minimizar o impacto de potenciais perigos alimentares na saúde dos consumidores. A nova norma irá atualizar a RDC 12/2001, que hoje regulamenta esse tema. Ela indica os microrganismos que devem ser avaliados e os limites de aceitação por categorias de alimentos. O que se propõe agora é atualizar a RDC 12/2011 porque os critérios microbiológicos precisam ser revistos ou complementados periodicamente, para atender aos progressos da ciência e da tecnologia de alimentos, às alterações da ocorrência dos micro-organismos patogênicos, às evidências epidemiológicas e ao perfil demográfico dos consumidores, bem como aos resultados de avaliações de risco.
A proposta de revisão da RDC 12/2001 foi elaborada considerando os critérios microbiológicos atualmente estabelecidos por organismos internacionalmente reconhecidos, como as normas adotadas pela União Europeia, Codex Alimentarius e International Commission on Microbiological Specificaons for Foods (ICMSF). As propostas que estão em consulta pública, a CP 541 e CP 542, foram previamente discutidas com diversos segmentos da sociedade, por meio de reuniões técnicas. (Anvisa)
Greve dos caminhoneiros no Brasil prejudicou vendas da Nestlé
A greve dos caminhoneiros no Brasil, no fim de maio deste ano, contribuiu para prejudicar o desempenho das vendas da suíça Nestlé no primeiro semestre de 2018. A companhia informou, em balanço divulgado nesta quinta-feira, 26, que as vendas no Brasil recuaram para 1,72 bilhão de francos suíços entre janeiro e junho, queda de cerca de 15,7% na comparação com os 2,04 bilhões de francos suíços em igual período de 2017.
De acordo com a empresa, a América Latina apresentou crescimento orgânico positivo, mas desacelerou em comparação com o ano anterior. A greve no Brasil "interrompeu as operações e a distribuição e reduziu o crescimento na região em cerca de 80 pontos-base no segundo trimestre". Mesmo assim, com ajuda das demais regiões, a companhia teve crescimento orgânico de 1% na zona geral das Américas. Analistas esperavam queda de 0,5%.
A greve dos caminhoneiros parou o País no fim de maio, com os motoristas protestando contra o aumento nos preços do diesel e exigindo o fim da política de ajuste diário de preços dos combustíveis da Petrobras. Após a paralisação, o então presidente da estatal, Pedro Parente, pediu demissão.
A Nestlé registrou lucro líquido de 5,8 bilhões de francos suíços (US$ 5,84 bilhões) no primeiro semestre de 2018, uma avanço de 18% na comparação com o reportado em igual intervalo do ano passado, de 4,9 bilhões de francos suíços. O resultado foi influenciado principalmente pela receita com alienações, impostos mais baixos e melhor desempenho operacional. O lucro por ação no período subiu 21,4%, para 1,92 franco suíço.
O desempenho superou as estimativas de analistas, que apostavam na estabilidade das vendas no semestre na comparação com igual semestre do ano anterior. Após a divulgação, as ações da companhia chegaram a subir pouco mais de 1%.
As vendas no primeiro semestre foram de 43,92 bilhões de francos suíços, aumento orgânico de 2,8%. De acordo com o CEO da Nestlé, Mark Schneider, a estimativa é aumentar ainda mais o crescimento orgânico no segundo semestre. "Esperamos melhoria das margens com novos benefícios de nossos programas de eficiência e preços mais favoráveis para as commodities", disse. (As informações são do portal Exame)
Alimentação na América Latina: maior parte da população almoça e janta em casa
Os latino-americanos gastam 8% de seu tempo - pelo menos duas horas por dia - preparando refeições para si e suas famílias, com as pessoas passando mais tempo diante do fogão no Equador e na Bolívia. Os dados foram apurados pela Kantar Worldpanel. Segundo o levantamento, os consumidores da região fazem refeições em média 4 vezes ao dia, sendo o almoço a mais importante para 54% dos domicílios, seguido pelo café da manhã, que aparece com 36% no ranking de relevância. Em toda a América Latina, 10% das pessoas preparam refeições que são adaptadas para uma dieta especial - tais como sem glúten, baixo teor de sal ou dietas sem açúcar. Este valor é mais alto entre consumidores com 50 anos ou mais (15%). Reduzir a quantidade de gordura também é importante para a população da região, com 7% escolhendo as refeições porque são leves ou com pouca gordura. Por exemplo, na França comer menos carne e menos produtos animais ganhou popularidade, com pelo menos um membro em mais de um terço (34%) das famílias seguindo esta tendência. Os latino-americanos exigem produtos frescos. A primeira coisa que eles olham na etiqueta do produto é a data de validade: 59% verificam primeiro, enquanto 13% estão preocupados com a quantidade de açúcar, 11% com a quantidade de gordura e 11% com a quantidade de sal. Por causa da preocupação com a saúde, 30% dos consumidores latino-americanos mudaram seus hábitos alimentares no ano passado. Eles aumentaram o consumo de frutas e vegetais e reduziram o sal (20%), açúcar, frituras e carne vermelha, sendo que 5% parou de comprar refrigerantes e 4% parou de beber álcool. Enquanto 7% dos lares reduziram a quantidade de produtos lácteos em sua dieta, 4% aumentaram para tirar partido dos benefícios de uma dieta rica em cálcio. (As informações são da Kantar Worldpanel)