Porto Alegre, 02 de janeiro de 2019 Ano 13 - N° 2.889
GDT 02/01/2019
(Fonte: GDT)
Uma das primeiras ações do novo secretário da Agricultura, Covatti Filho, será solicitar a aquisição de leite pelo governo federal, a fim de enxugar a oferta no mercado interno. A medida é um dos pedidos do setor produtivo, que reclama também da falta de competitividade com os produtos vindos do Mercosul.
“Vamos tentar fazer o máximo possível para que o novo governo, e estamos vendo sinalizações nessa direção, faça uma reavaliação na questão do Mercosul perante à agricultura”, diz o novo secretário.
Covatti Filho pretende, já nas primeiras semanas de janeiro, ir a Brasília solicitar a compra governamental do produto: “É preciso dar oxigênio ao setor para estancar o abandono”. (Zero Hora)
Quem fará a diferença em 2019
No epicentro da retomada da economia em 2019, o agronegócio poderá ser protagonista também em iniciativas que elevem as atividades no campo para patamares acima da média em produtividade, qualidade e eficiência. As ações que farão a diferença no novo ano envolvem investimentos em inovação tecnológica, alimentos mais elaborados e valorizados, certificações de procedência, produções sustentáveis e biossegurança.
- As tecnologias para redução da mão de obra e a gestão de custos da propriedade são as grandes chaves para a competitividade do setor leiteiro - diz Darlan Palharini, diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat-RS).
Além de diminuir o esforço físico, a agricultura familiar precisa apostar em itens que despertem o interesse do consumidor - em uma relação cada vez mais próxima.
- E o diferencial pode vir da apresentação do produto à exclusividade dele - indica Jocimar Rabaioli, assessor de política agrícola e agroindústria da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
A qualidade dos alimentos está diretamente associada à biossegurança dos processos, especialmente em setores que exigem cuidados sanitários específicos, como a produção de carnes.
- A nossa condição, livre de influenza aviária e de peste suína, é o nosso maior patrimônio. A preservação desse status é imprescindível para o mercado externo de aves e de suínos - explica Rui Vargas, vice-presidente técnico da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
E quem trabalha com commodities conseguirá se destacar com o uso de tecnologias que garantam altas produtividades e custos menores.
- É preciso tocar o negócio de forma profissional, e isso exige investimentos que vão de sementes fiscalizadas, adubação, agricultura de precisão à irrigação - enumera Eduardo Condorelli, futuro superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Rio Grande do Sul (Senar-RS). (Zero Hora)
Projeções otimistas para2019
As perspectivas são otimistas para o preço do litro de leite pago ao produtor em 2019. A valorização da cotação não deve ocorrer na largada do ano, quando o consumo das famílias está retraído em função do período de férias, mas é aguardada para os meses seguintes. “O cenário será de lucratividade”, afirma o professor de Ciências Econômicas da Universidade de Passo Fundo (UPF), Eduardo Finamore, que integra a câmara técnica do Conseleite.
Para Finamore, em 2019 permanecerá a oscilação de preços na safra e entressafra. Só que a flutuação será menor do que no ano passado. Em janeiro, a cotação média foi de R$ 0,9309. Nos supermercados, segundo a Agas, o litro foi vendido, em média, a R$ 2,45. Em julho, chegou a R$ 1,2949 para o produtor e R$ 3,26 para o consumidor. Em dezembro, o preço foi projetado a R$ 1,0057 no campo e a R$ 2,67 no mercado. Mesmo com altos e baixos, no acumulado de 2018 houve valorização média de 15,59% no valor de referência pago aos produtores. “A expectativa é que a macroeconomia em 2019 vai estar mais aquecida e poderá gerar uma estabilidade nos preços”, avalia Finamore.
O assessor de Política Agrícola da Fetag/RS, Kaliton Prestes, diz também esperar um ano de estabilidade. Lembra que o histórico de preços do Conseleite mostra que um ano ruim geralmente é seguido por um de preços valorizados. “Como tivemos os últimos dois anos ruins, acreditamos na tendência de melhora em 2019”, diz. A consolidação de preços melhores, para Prestes, também depende de uma nova postura do governo federal, impondo cotas de importação de lácteos no âmbito do Mercosul. O Sindilat também defende como estratégia o aumento das exportações, como forma de enxugar os estoques internos. (Correio do Povo)