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O Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat) e seus associados expressam suas mais sinceras condolências pelo falecimento de Antonio Silva de Freitas, 97 anos, pai de Adalberto Martins de Freitas, integrante do Conselho Fiscal da entidade. Antonio faleceu no dia 31 de julho e foi sepultado no Parque Memorial de Goiânia (GO).

Black awareness ribbon on gray background. Mourning symbol, copy space.

 

Os laticínios gaúchos estão preocupados com o reflexo que a nova tabela de frete trará ao preço do leite ao consumidor e seu impacto sobre a inflação no Brasil. O assunto foi alvo de reunião de indústrias associadas ao Sindilat na tarde desta terça-feira (24/7), em Porto Alegre (RS). Segundo o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, a tabela ora divulgada mexe sensivelmente nos custos da produção e distribuição do leite no Rio Grande do Sul, com elevação que oscila entre 20% e 100% no preço do frete de acordo com a região do Estado. “O setor do leite trabalha exclusivamente com transporte rodoviário e não tem alternativa. Desta forma, o impacto será mais expressivo no produto”, pontua. O dirigente defende a livre negociação entre os players do mercado brasileiro. “Não existe hoje espaço para a adoção de tabelas de valores mínimos. Este custo quem irá pagar é o consumidor”, ressaltou. A expectativa, alerta ele, é que o Supremo Tribunal Federal (STF) declare a medida inconstitucional.

Para driblar a elevação nos custos de frete, algumas empresas do setor estudam absorver a atividade de transporte ou, ao menos, parte dela. O grande dilema está na distribuição do produto acabado, uma vez que exige maior capilaridade. “A captação do leite no campo já é realizada por algumas empresas”, informa. O risco, alerta o presidente do Sindilat, é que o encarecimento do frete acabe resultando na revisão de algumas rotas de coleta de leite o que, em último caso, acarretaria em abandono de áreas de pouco volume. “A indústria não quer excluir nenhum produtor, mas a elevação do frete pode tornar algumas operações inviáveis tanto no que se refere à captação quanto à comercialização”, completou Guerra.

Além disso, o dirigente ainda prevê o efeito cascata da alta do frente nos insumos do setor lácteo. “Temos que pensar que o frente da madeira, do papel, das embalagens e insumos também sofrerá impacto, o que cria efeito cascata sobre a indústria e no produto que chega ao consumidor”.

Foto: Carolina Jardine

O frio severo das últimas semanas contribuiu para um maior consumo do leite no Rio Grande do Sul e, consequentemente, para a elevação do valor de referência auferido pelo Conseleite. Segundo dados divulgados na manhã desta terça-feira (24/07), na sede do Sindilat em Porto Alegre (RS), o valor de referência do litro projetado para julho é de R$ 1,3080, 5,9% acima do resultado consolidado de junho, que fechou em R$ 1,2350. O levantamento considera apenas os dez primeiros dias do mês. Segundo o professor da UPF Eduardo Finamore, a tendência é uma realidade nacional, e os dados ainda carregam reflexo da greve dos caminhoneiros que interrompeu coleta e abastecimento em diversas praças do país no final de maio. “O frio está ajudando o produtor neste momento”, pontuou o presidente do Conseleite, Pedrinho Signori, lembrando que a questão cambial também conteve as importações de leite.

O vice-presidente do Conseleite e presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, pontuou que os números do Conseleite refletem a lei da oferta de da procura. Ele explica que as pastagens de inverno em 2018 estão mais atrasadas do que em 2017, o que vem freando o aumento da captação típico desta época. “A produção não está crescendo tanto quanto se esperava. Além disso, as chuvas alagaram algumas áreas e prejudicaram o pastejo, impactando na produção dos animais”, avaliou.

De acordo com dados do Conseleite, no mês de julho, o queijo prato liderou a alta com reajuste de 24,79%, seguindo do UHT (7,12%). Finamore ainda pontuou que, considerando a correção inflacionária pelo IPCA, o preço de referência real do leite no Rio Grande do Sul está no maior nível desde 2013. “Isso nos mostra que a atividade está trazendo remuneração ao produtor, mas é claro que a viabilidade de cada propriedade depende sempre do grau de investimento de cada tambo”, ressaltou Finamore, citando que os cálculos do Conseleite consideram custos como insumos e depreciação de maquinário, por exemplo.

Tabela 1: Valores Finais da Matéria-Prima (Leite) de Referência1, em R$ – Junho de 2018.

(1) Valor para o leite “posto na propriedade” o que significa que o frete não deve ser descontado do produtor rural. Nos valores de referência IN 62 está incluso Funrural de 1,5% a ser descontado do produtor rural

Tabela 2: Valores Projetados da Matéria-Prima (Leite) de Referência1 IN 62, em R$ – Julho de 2018.

Texto e foto: Carolina Jardine

 

 

A 7ª reunião do Conselho da Agroindústria (Conagro) da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), realizada nesta terça-feira (17/07), na Fiergs, debateu o possível impacto das mudanças na rotulagem nutricional de alimentos sobre o setor. As novas regras para embalagens, ainda em discussão na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), são criticadas pela indústria alimentícia, que defende um modelo próprio com informações mais completas sobre a composição dos produtos.

No dia 21 de maio, a Anvisa aprovou um relatório preliminar para que sejam incluídos nos rótulos dos alimentos alertas sobre altos teores de açúcar, gordura e sódio. Dessa forma, as embalagens apresentariam um símbolo de advertência quando o produto tivesse excesso de um desses componentes. A agência, então, abriu um período de consulta pública sobre o tema, que se encerra em 20 de julho. “A Anvisa está adotando um modelo que já foi usado em outros países, com prejuízos para o setor produtivo, e que não traz informações suficientes ao consumidor, contribuindo para assustá-lo e ‘demonizar’ os produtos”, avalia o secretário executivo do Sindilat, Darlan Palharini, que participou da reunião.

Como alternativa, a indústria propõe a adoção de um semáforo nutricional nos rótulos, que indicaria altos, médios ou baixos teores por meio das cores vermelha, amarela e verde com maior destaque. Esse modelo é adotado no Reino Unido, na Coreia do Sul e no Equador Sri, por exemplo, e está sendo discutido na Argentina, no Uruguai e no Paraguai, explica Darlan. “O descontentamento do setor, manifestado pelas entidades empresariais no processo de consulta pública, é com o fato de modelo defendido pela Anvisa vir a ser adotado sem uma discussão maior”, diz o secretário executivo do Sindilat.

O dirigente cita os dados de uma pesquisa do IBOPE encomendada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), que ouviu 2.002 pessoas em 142 municípios brasileiros no final de 2017. De acordo com o levantamento, 67% das pessoas preferem o semáforo nutricional; 89% dos entrevistados afirmaram que o semáforo cumpre os requisitos para auxiliar escolhas mais saudáveis e nutritivas; 64% apontaram o semáforo como o modelo mais útil para controlar o consumo diário de calorias, açúcares e gorduras saturadas e sódio, e 66% o consideraram o modelo que mais facilita a comparação entre produtos. “A pesquisa comprova a preferência pelo semáforo, mas não foi sequer considerada pela Anvisa”, critica Darlan.

Segundo o dirigente, a reunião do Conagro reforçou o posicionamento do setor no sentido de que a rotulagem nutricional é importante para que os consumidores tenham informações padronizadas, claras e completas sobre os produtos e façam escolhas baseadas nas recomendações nutricionais e nas suas necessidades de saúde. “A discussão sobre rotulagem de alimentos é essencial, e o processo regulatório deve ser realizado respeitando todas as etapas necessárias para que o novo modelo beneficie toda a sociedade”, afirma o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, que também participou da reunião.

Foto: Tania C. Sette

O Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul (Sindilat) será parceiro na realização do 2º Simpósio Internacional de Governança Corporativa, Cooperativa e Territorial. Promovido pela Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul (Unijuí), o evento acontece nos dias 22 e 23 de agosto, no Centro de Eventos Unijuí (rua do Comércio, 3000, bairro Universitário).

Composto por um ciclo de palestras e mesas de discussão, o objetivo é fomentar o desenvolvimento de atividades voltadas à investigação e análise dessas governanças em um ambiente científico multi-institucional de âmbito internacional que permitam, em longo prazo, divulgar e debater estudos, pesquisas experiências sobre o assunto.

Entre os palestrantes estarão o doutor em contabilidade Daniel Knebel Baggio, que falará sobre o sistema de governança no ramo do crédito, e a médica oftalmologista Ana Regina Cruz Vlainich, vinculada à Universidade de São Paulo, que ministrará palestra sobre a governança em cooperativas do ramo cooperativista da saúde. Além do ciclo de palestras, a atividade contará com o lançamento do livro “Governança Corporativa, Cooperativa e Territorial, editado pelo Sistema OCERGS/SESCOOP/RS. No total, o evento vai receber 14 palestrantes que darão suas contribuições sobre os temas ligados à governança.

A participação no simpósio é gratuita e pode ser realizada por meio do e-mail ppgdes@unijui.edu.br ou pelo telefone (55) 33320598 do Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Desenvolvimento Regional da Unijuí até o dia 15/08/2018.

 

 

O Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat) foi homenageado nos festejos dos 25 anos da Embrapa Clima Temperado, instituição federal de pesquisa e fomento à agropecuária com sede em Pelotas/RS. Ao lado de outras 13 entidades que representam o setor primário, o Sindilat foi o destaque na categoria Cadeia Produtiva, reconhecimento pelo apoio e parceria na construção e divulgação de conhecimento e soluções tecnológicas e inovadoras em prol do desenvolvimento regional.

O presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, recebeu a placa durante a cerimônia realizada no dia 6 de julho, no auditório Ailton Raseira, na sede da Embrapa. Na oportunidade, o Sindilat também entregou placa alusiva aos 25 anos da empresa de pesquisa reconhecida nacionalmente pela larga história de contribuições para a região de clima temperado brasileira. A Embrapa Clima Temperado desenvolve atividades nas áreas de recursos naturais, meio ambiente, grãos, fruticultura, olerícolas, sistemas de pecuária com ênfase para gado e agricultura de base familiar.

Foto: Alexandre Guerra

O presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, integrou comitiva da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) no 11º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), convenção anual do setor industrial brasileiro realizada em Brasília nos dias 3 e 4 de julho. Organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) desde 2006, o evento reuniu empresários, sindicatos e federações de indústrias para alinhas e validar posicionamentos sobre ações que visam a defesa da indústria nacional.

O encontro levou para o palco candidatos à presidência da República - onde cada um pode se manifestar por tempo determinado. Após os presidenciáveis responderem a três questionamentos feitos pelos representantes das federações presentes, a plateia teve a oportunidade de eleger a pergunta de maior interesse do setor industrial. Para Guerra, iniciativas como essas são importantes para aproximar os presidenciáveis sobre a realidade do setor industrial brasileiro. “Mostramos a preocupação da indústria com o cenário político-econômico e pontuamos as ações necessárias para o setor voltar a crescer”, destacou Guerra.

O presidente do Sindilat informou ainda que os representantes da indústria entregaram aos candidatos uma agenda com pontos que precisam de atenção do governo, para que no futuro venha a integrar o plano de governo do novo (a) presidente (a).

Foto: José Paulo Lacerda/CNI 

A gigante Nestlé prepara-se para lançar sua primeira linha de leites orgânicos produzidos no Brasil até junho de 2019. A inovação é resultado de projeto piloto inédito iniciado pelo Brasil com 35 produtores na região de Araraquara, interior de São Paulo. A ação foi detalhada pelo especialista de região leiteira da Nestlé Brasil, Agaciel Fiorentin, na oficina Produção Orgânica de Leite e Laticínios, realizada na tarde desta terça-feira (26/6), durante o 6º Fórum Itinerante do Leite, em Santa Rosa. Os tambos selecionados para o projeto operam, juntos, com 30 mil litros de leite/dia e recebem de 70% a 80% a mais pelo litro em relação ao produto convencional. O pagamento diferenciado é regido por contrato de 24 meses e ocorre desde o momento em que o produtor ingressa no programa de migração. A atual legislação prevê que o processo de conversão do solo da propriedade e do rebanho leve 18 meses, mas já há previsão de reduzir esse prazo para 12 meses.

Segundo Fiorentin, o leite orgânico foi um desafio lançado pela Nestlé a suas subsidiárias de forma a atender à crescente demanda por alimentos mais saudáveis e sustentáveis. Há pouco mais de um ano, o Brasil aceitou a provocação e vem desenvolvendo o projeto, que atende à rigorosa legislação que rege os produtos orgânicos no Brasil. Para ser considerado orgânico, o leite deve vir de animais alimentados com pastagens sem o uso de adubos químicos ou agrotóxicos. É permitida alimentação no cocho desde que seja composta por insumos orgânicos, com tolerância de até 15% de grãos convencionais desde que não transgênicos. Os animais devem ser tratados basicamente com homeopatia e produtos fitoterápicos, e não é permitida a criação em confinamento. “Não é fácil fazer orgânico. É claro que, com o apoio da indústria e da área técnica, vai ficando mais fácil”, disse. Segundo Fiorentin, um dos limitadores da expansão da produção orgânica de leite é a oferta de milho e farelo de soja orgânicos. Mediante o avanço do projeto, a empresa deve estudar sua ampliação a outras áreas onde atua no país.

Como não existe teste capaz de indicar se o leite é ou não orgânico, o importante é escolher bem os produtores que se integrarão ao sistema e serão auditados. “Quem só pensa em ganhar mais com o leite orgânico não se enquadra no perfil porque entendemos que esse criador vai desistir na primeira dificuldade. A escolha dos produtores é feita com base em seus projetos e consciência ambiental”, afirmou Fiorentin.

Atualmente, a Nestlé opera com produtos orgânicos no exterior. Até o lançamento em 2019, a produção do projeto paulista segue sendo adicionada às linhas convencionais de Molico e Ninho. “Que por meio desse projeto a gente possa desenvolver mais a cadeia láctea. O país e os consumidores só têm a ganhar, com produtos cada vez mais sustentáveis”, destacou Fiorentin.

Durante a oficina em Santa Rosa, também foi apresentado o case do produtor Eliseu Pelenz, que vem migrando sua produção para o sistema orgânico em Santo Cristo (RS). Na propriedade de 24 hectares, dez destinados ao tambo, ele tem 15 vacas que rendem 7 mil litros por mês. O conceito é o de cultivar o solo com responsabilidade, em vez de explorá-lo. “Não uso veneno há mais de 15 anos”, frisou o produtor, que entrega seu leite para o laticínio Doceoli. Para caminhar em direção ao tambo orgânico, Pelenz usa homeopatia para tratar alguns males do rebanho e até para afastar o carrapato, um trabalho que é acompanhado de perto pelo técnico Ademir Amaral. O criador só não atingiu a migração completa porque ainda utiliza alguns adubos químicos para fortalecer as pastagens, o que, segundo ele, pode ser facilmente substituído por adubo orgânico, mas ainda é caro. 

OFICINAS – A programação da tarde do 6º Fórum Itinerante do Leite incluiu outros três grupos de debates setorizados. Um dos mais concorridos foi “A atividade leiteira sob o olhar das mulheres”, no qual agricultoras apresentaram os dilemas de seu dia a dia. Outro debate que chamou atenção foi “O clima e o bem-estar das vacas leiteiras”. Por fim, a agenda ainda incluiu “Reunião Técnica sobre Tuberculose e Brucelose”, que alinhou procedimentos operacionais a serem realizados para o controle das enfermidades no rebanho bovino gaúcho.

O descanso é visto como essencial para garantir motivação ao produtor e um trabalho bem feito. Consciente da necessidade de aliviar o peso do dia a dia dos tambos – atividade reconhecida por trabalho ininterrupto ao longo do ano -, o médico veterinário da macrorregião Norte da Emater Paraná, Paulo Hiroki, garante que pensar a produção e planejar o ciclo reprodutivo dos animais pode ser feito de forma a viabilizar férias até para quem trabalha com o leite. “Se eu posso planejar eu posso ter descanso”, citou ele durante painel na manhã desta terça-feira (26/6), durante o 6º Fórum Itinerante do Leite.

Com um calendário definido e rebanho estabilizado, ele sugeriu a criadores do Paraná diminuir a estação de partos para que o produtor pudesse planejar seu descanso para meses de dezembro ou janeiro, quando se tem muito leite no mercado e baixo consumo. O sistema, garante ele, dá certo: “Leva três anos para preparar suas férias.” Também é importante prever corte de despesas em determinados períodos para compensar a interrupção de lactação durante as férias.

O painel ainda apresentou o case do produtor Ezequiel Nólio, proprietário do Tambo Nólio, de Paraí (RS). Enfrentando falta de mão de obra qualificada para exercer a atividade, adotou a robótica para manejar o rebanho. “Agora, os donos podem sair para passear, podem estar aqui dando palestras”, relatou o produtor.
De acordo com ele, o uso de robô na ordenha exigiu poucos ajustes de estrutura do pavilhão do gado, o que, ao lado do custo da máquina, somou R$ 900 mil. Essa mecanização, cita ele, é alternativa para viabilizar a sucessão no campo porque alivia o trabalho e pode eliminar a contratação de funcionários. Em dois anos, ele conta que a produtividade média do Tambo Nólio passou de 28 litros vaca/dia para 35 litros por vaca/dia. O manejo, antes feito por um empregado e duas pessoas da família, hoje é realizado apenas por uma pessoa e pelo robô. O número de vacas em lactação caiu de 75 para 63, mas a captação se manteve em 2,2 mil litros/dia, garantindo otimização do uso de concentrado e melhor rentabilidade. Ao mudar a ordenha para o sistema mecanizado, Nólio teve redução imediata de 130 quilos de consumo de concentrado/dia.

 

Manter as novas gerações no campo e garantir a sucessão nos tambos gaúchos passa por uma gestão profissional, com definição de atribuições, metas e, inclusive, de pró-labore para os integrantes da família. A posição foi defendida pelo presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, durante o 6º Fórum Itinerante do Leite, que reuniu cerca de 800 pessoas nesta terça-feira (26/6), em Santa Rosa (RS). Segundo Guerra, não há mais espaço para amadorismo na atividade. “Os produtores hoje são gestores de seu próprio negócio.” Otimista, Guerra disse que há amplo potencial para crescimento do setor lácteo a ser desenvolvido pelos jovens no mercado interno e externo.

A importância de maior estabilidade na remuneração da atividade foi pontuada pelo representante da Fetag e presidente do Conseleite, Pedrinho Signori, como essencial para tornar a atividade mais atrativa às novas gerações. “A oscilação na cultura do leite é muito grande. Isso traz desestímulo para o jovem seguir na atividade. Temos que ter em mente que o leite muito barato hoje ao consumidor pode significar um preço muito caro amanhã”, salientou. Em coro, o diretor da Farsul Jorge Rodrigues citou a relevância de mão de obra qualificada e estudo para melhoria contínua da produção. “Os jovens têm que saber que esse é um trabalho dignificante.”

Mais que isso, pontuou o assistente técnico em Criações da Emater Ivar Kreutz, é preciso diálogo e visão. “Sucessão não se faz quando os jovens já foram. Eles não vão voltar. É quando são pequenos que é fundamental se pensar em sucessão”.

A importância de integração de gerações para o sucesso dos tambos leiteiros gaúchos foi exemplificada na apresentação realizada pela jovem Mariane Moz, sócia da Agropecuária Moz, de Tuparendi (RS). Ao lado dos pais, do namorado e de quatro funcionários, ela administra a propriedade com olhos no futuro e na qualidade. Segundo ela, diferentemente do que comumente se diz, sucessão rural na Agropecuária Moz não significa “substituir o velho pelo novo”. “Na Moz é diferente. Usamos a experiência dos meus pais aliada ao meu conhecimento técnico e à orientação de gestão e administração de custos de meu namorado”, pontuou.

O tambo, que começou de forma tímida a integrar a renda da família em 1994, hoje é a principal atividade da propriedade, que produz 4,3 mil litros por dia com 115 animais em lactação de um rebanho de 280 animais. O amor de Mariane pela produção começou ainda criança. Com 12 anos já ordenhava os animais e ajudava a família. Alguns anos depois, é ela que pilota os projetos de qualidade do leite e transferência de embriões, além do sistema de Compost Barn que garante bem-estar animal e bons lucros aos Moz.

Terceirização da recria

Um grupo de 20 produtores da região de Tuparendi (RS) vem obtendo excelentes resultados com a terceirização de alguns processos produtivos que permitam aos tambos focar sua atuação exclusivamente na obtenção do leite. A sócia da Fazenda Bom Sucesso, Marjorie Ghellar, relatou o processo de terceirização da recria de terneiras realizado pela Cooperativa de Produtores de Leite Fronteira Noroeste (Cooperlat). “Isso nos permite foca apenas na produção de leite e abrir espaço na propriedade.”
Pelo sistema, as terneiras são remetidas a Uruguaiana (RS) para recria e só retornam com sete meses de prenhez prontas para a produção. Além disso, informa ela, a cooperativa vem ajudando muito com prestação de serviços de maquinário a seus associados. Criada em 2006, a Cooperlat tem um total de 1,8 mil animais e produz 26 mil litros/dia.

Foto: Carolina Jardine