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O ano de 2019 começa com estabilidade nos preços do leite no Rio Grande do Sul. Segundo dados divulgados na manhã desta terça-feira (22/01) pelo Conseleite, na sede do Sindilat, em Porto Alegre (RS), o valor de referência estimado para janeiro é de R$ 1,0574, 0,15% acima do consolidado de dezembro de 2018, que fechou em R$ 1,0559. O secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, pontou que o cenário reflete a sazonalidade do período, quando as transações de produtos geralmente estão menores em função do período de férias e recesso.

Entre os produtos que compõem o mix de produção do Rio Grande do Sul, o leite UHT teve alta de 10,90% no mês, apesar de a maior parte dos itens avaliados registrar queda: leite condensado (-5,46%), iogurte (-6,07%), queijo prato (-7,85%) e leite em pó (-3,59%). O presidente do Conseleite, Pedrinho Signori, disse que, apesar de projeções acanhada do final de 2018, o que seu viu foi uma leve recuperação neste janeiro. “Com o calor excessivo, tivemos uma redução da produção no campo em todo o país, o que acabou refletindo na estabilidade de preços neste verão”. Durante a reunião, o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, relatou sobre o encontro realizado no dia 17/01 com a ministra Tereza Cristina Corrêa, em Brasília. “Fomos convidados para participar desse debate setorial por estarmos próximos do Mercosul, um mercado que tanto impacta do setor lácteo brasileiro”, relatou.

Análise de Custos de Produção - Atendendo à demanda dos conselheiros, o Conseleite deu início, na reunião deste mês, à análise dos dados de custo de produção e seus impactos no setor leiteiro. Para isso, o colegiado contou com estudo preliminar realizado pelo técnico estadual em Bovinocultura de Leite da Emater Jaime Ries, que fez uma explanação com cruzamento de dados tabulados pela Emater a campo no Rio Grande do Sul. “Trouxemos aqui um ensaio do que pode ser feito com os dados que temos, com o objetivo de alinhar junto ao Conseleite uma avaliação mais aprofundada de custos. Ainda precisamos definir qual a metodologia para criar algo nos moldes do Índice de Custos de Produção (ICP) Leite, tabulado pela Embrapa Gado de Leite”, sugeriu. Para compilar os dados, o técnico propôs um indexador formado por uma cesta de insumos da produção leiteira, que integre gastos com nutrição, medicamentos, mão de obra, material de construção, entre outros. “Vamos refinar a coleta de dados, dar peso para os dados regionais e realizar aprimoramentos que nos permitam gerar informações locais e transparentes dos custos do leite”, pontuou.

Segundo os dados tabulados por Ries, entre os anos de 2010 e 2018, o produtor gaúcho necessitou, na média, de 1,25 litros de leite para adquirir um quilo de ração para vacas em lactação com 18% de proteína. “Verificamos que a relação de troca entre o valor líquido recebido pelo litro do leite e a ração em 2018 atingiu a posição mais favorável da década”. Em 2015, lembra ele, o leite estava com valor baixo, o que não foi acompanhado pela ração, levando o setor a um de seus piores momentos.

Tabela 1: Valores Finais da Matéria-Prima (Leite) de Referência1, em R$ – Dezembro de 2018.

Matéria-prima Valores Projetados Dezembro/18 Valores Finais

Dezembro /18

Diferença

(Final – projetado)

I – Maior valor de referência 1,1566 1,2143 0,0577
II – Valor de referência IN 621 1,0057 1,0559 0,0501
III – Menor valor de referência 0,9052 0,9503 0,0451

(1)    Valor para o leite “posto na propriedade” o que significa que o frete não deve ser descontado do produtor rural. Nos valores de referência IN 62 está incluso Funrural de 1,5% a ser descontado do produtor rural

 

Tabela 2: Valores Projetados da Matéria-Prima (Leite) de Referência1 IN 62, em R$ – Janeiro de 2018.

 

Matéria-prima Janeiro*/18
I – Maior valor de referência 1,2161
II – Valor de referência IN 62 1,0574
III – Menor valor de referência 0,9517

* Previsão

 

Jaime Ries. Foto: Carolina Jardine

O Sindicato da Indústrias de Laticínios e Derivados do RS (Sindilat) e outras entidades da cadeia produtiva do leite assinaram um documento para que, juntamente com o governo federal, possam construir as bases e diretrizes de uma política nacional para o leite. O objetivo, traçado em reunião realizada no Ministério da Agricultura, em Brasília, nesta quinta-feira (17/01), é trabalhar uma pauta única entre produtores e indústria, via Câmara Setorial do Leite, para tornar o setor mais competitivo e previsível em termos de negócio.

Segundo o presidente do Sindilat-RS Alexandre Guerra, os representantes da cadeia produtiva do leite propuseram à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, uma agenda positiva para promover o leite, tanto no mercado interno, como externo. “Ela está dando uma importância muito grande ao leite, o que nos entusiasma para que, juntos, possamos encontrar a solução para a modernização do setor”, destaca. Em sua participação no encontro, o dirigente solicitou compras governamentais e ressaltou a importância do projeto leite saudável para desenvolvimento da produção no campo. Também mencionou a necessidade de retomada do PEP e a urgência da implementação da isonomia tributária e da simplificação tributária. O vice-presidente do Sindilat-RS, Caio Vianna, que também participou da reunião, salientou que o documento ganha maior importância por ter sido harmonizado por todas as entidades de representação de produtores e indústrias.

A agenda positiva proposta pelo setor será norteada pelos seguintes eixos:
- Defesa comercial contra importações desleais;
- Competitividade (desoneração tributária, política agrícola, isonomia competitiva, infraestrutura, assistência técnica, qualidade e sanidade, dentre outros);
- Inovação tecnológica;
- Promoção do consumo e imagem do setor;
- Estímulo às exportações.

Também assinaram o documento o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas; o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados e da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Rodrigo Sant´Anna Alvim; o diretor executivo da Viva Lácteos, Marcelo Martins; o presidente da ABIQ, Fábio Scarcelli; o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins; o presidente da Abraleite, Geraldo Borges, e o presidente do G100, Vasco Praça Filho.

Fotos: Noaldo Santos/Mapa

Foto: Noaldo Santos/Mapa

 

Para levar às instâncias federais as pautas do setor leiteiro gaúcho, o Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat) e demais entidades da cadeia se reunirão com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, nessa quinta-feira (17/1), em Brasília (DF), a partir das 14h. Um dos pontos importantes a serem abordados no encontro é a compra governamental de leite em pó, a fim de aliviar a pressão do mercado interno, e a criação de programa de incentivo à exportação de lácteos. O Sindilat será representado pelo presidente, Alexandre Guerra.

Segundo o dirigente, a reunião é um dos passos para recuperar a competitividade do setor, que sofre desvantagem se comparado ao Mercosul. O panorama pode ser revertido, de acordo com Guerra, com a criação de cotas de importações mensais da Argentina e Uruguai que deem previsibilidade do volume que chegará ao Brasil. "Em outubro e novembro do ano passado foi importado o dobro de produtos em comparação a 2017. Isso gera desequilíbrio comercial e enfraquece o mercado como um todo", explica. Além disso, Guerra pontua que não é só a produção que determina a falta de competitividade, mas também os custos envolvidos no processo, como preço do combustível, de insumos, de peças de maquinário etc.

É com otimismo que o presidente vê a relação das entidades do setor leiteiro gaúcho com o novo governo federal, visto que essa será a segunda reunião com Tereza Cristina. A primeira, realizada em 18/12, antes da posse da ministra, já sinalizou o contato. "Temos que trabalhar em diversas frentes com objetivo de manter um setor tão importante para a economia brasileira, proteger nosso mercado pelo número de família ligadas ao setor e nos transformar de importador para exportador", conclui.

Foto: Antonio Araujo/Mapa

O Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa) anunciou nesta terça-feira (15/1) durante Assembleia Geral Extraordinária o aumento de recursos destinados a indenização de produtores de leite em 2018 com relação a 2017. O ano fechou com R$ 4,2 milhões designados a erradicação de animais positivos para tuberculose ou brucelose - 9,64% a mais do que no ano anterior. Esses números, de acordo com o secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios (Sindilat), Darlan Palharini, sinalizam que os criadores estão cada vez mais conscientes sobre a importância da eliminação dessas zoonoses no Estado. 
 
O valor que coube ás indenizações no setor leiteiro correspondem a mais de 60% do valor utilizado nas quatro cadeias que compõem o Fundo (aves, suínos, pecuária de corte e pecuária de leite) - R$ 6,5 milhões. Para o presidente do Fundo, Rogério Kerber, os números demonstram que o Rio Grande do Sul está trabalhando com muita competência para redução na incidência da tuberculose e da brucelose nos rebanhos. Além disso, para Kerber os dados também enfatizam que os criadores vêm trabalhando o saneamento em suas propriedades. 
 
Na ocasião, o Fundesa divulgou o saldo do fundo que fechou o ano em R$ 84,84 milhões, com o ingresso de R$ 10,5 milhões em contribuições de produtores e indústrias. 
 
Foto: torwai/Istock

A partir de terça-feira (15/1), o Cadastro de Atividade Econômica da Pessoa Física (CAEPF) passa a ser obrigatório para produtores rurais. A modalidade substitui o Cadastro Específico do INSS (CEI), obrigatório até 14/1. O secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Darlan Palharini, esclarece que o número deste registro não será utilizado para retenção do Funrural. “Para isso, continuará sendo usado o número do CPF do produtor de leite”, esclarece.

Para fazer o cadastro, os produtores contam com auxílio da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no RS (Fetag) e da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), que firmaram convênio com alguns sindicatos rurais para evitar o pagamento da taxa de certificação digital. A orientação, afirmam a tesoureira geral da Fetag, Elisete Hintz, e o assessor da Presidência do Sistema Farsul, Luís Fernando Cavalheiro Pires, é de que os produtores se informem sobre o cadastro com os sindicatos aos quais são associados. “Algumas empresas já estão pedindo o CAEPF, como a BRF Foods e a JBS”, afirma Elisete.

Segundo publicação do Diário Oficial de 11 de setembro de 2018, a obrigatoriedade da inscrição vale para quem possua segurado que lhe preste serviço, pessoa física não produtor rural que adquire produção rural para venda, no varejo, a consumidor pessoa física nos termos do inciso II do §7º do art. 200 do Regulamento da Previdência Social, produtor rural contribuinte individual e segurados especiais. 

A quantidade de inscrições por pessoa física varia de acordo com a natureza da atividade exercida. Se for de natureza rural, haverá uma inscrição para cada imóvel rural em que se exerça atividade econômica. Se a atividade for de natureza urbana, haverá uma inscrição para cada estabelecimento em que se exerça atividade econômica, desde que se mantenha empregado vinculado a cada um deles.

O CAEPF é administrado pela Receita Federal do Brasil e reúne informações das atividades econômicas exercidas pela pessoa física. Ele será utilizado pelos produtores rurais ao prestar as informações no eSocial, plataforma que unifica a entrega das informações previdenciárias, trabalhistas e fiscais. 

Confira o documento da Fetag sobre o tema.

Utilizar soluções tecnológicas para auxiliar os produtores de leite no manejo das vacas e, consequentemente, reduzir custos e agilizar o trabalho nas propriedades, tem se tornado uma tendência do setor. O Desafio das Startups competição que integrou o Ideas for Milk 2018, evento promovido pela Embrapa Gado do Leite, premiou três startups que têm como atuação principal simplificar a vida no campo e na indústria. Entre elas, duas gaúchas se destacaram na competição.

Para o secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Darlan Palharini, é indispensável reconhecer essas iniciativas e torná-las cada vez mais acessíveis para os produtores de leite e a indústria. “O setor lácteo está permanentemente em um processo de modernização e isso passa diretamente pelo investimento em tecnologia”, afirmou Palharini, que participou da escolha dos vencedores.

“Traduzir a opinião das vacas.” Este é o principal objetivo da CowMed AS, startup criada pelos irmãos Leonardo e Thiago Guedes que, atualmente, conta com uma equipe de seis especialistas. Para isso, a empresa desenvolveu uma coleira capaz de mensurar os principais parâmetros comportamentais relacionadas à saúde e à reprodução dos animais. A tecnologia pode ser aplicada individualmente ou em lotes e foi pensada para pequenas, médias e grandes propriedades leiteiras.

Os dados são coletados por antenas e enviados para a nuvem, onde a ferramenta VIC (Virtual Interpreter of Cows) analisa os animais e emite alertas para os produtores, que vão desde sinais sobre o comportamento do cio até a indicação do melhor horário para realizar a inseminação. O produtor recebe as informações coletadas pelo programa por meio de software web de monitoramento ou aplicativo mobile. É possível comprar a tecnologia ou adquirir um plano de pagamento mensal.

De acordo com os desenvolvedores do projeto, o monitoramento dos animais permite obter uma pecuária mais precisa. Além disso, esse monitoramento pode servir de base para criar ferramentas que potencializem a produtividade. A empresa conta com um portfólio de mais de 15 mil animais monitorados em 11 estados brasileiros e mais de 30 milhões de horas de comportamento animal. A ideia rendeu para a equipe o segundo lugar no Desafio das Startups do Ideas for Milk 2018.

Se a CowMed SA focou no comportamento das vacas, a Startup Z2S Sistemas Automáticos levou conhecimentos da engenharia elétrica para o campo para auxiliar na limpeza e higienização da produção de leite. O engenheiro eletricista Elias Francisco Sgarbossa projetou em seu trabalho de conclusão de curso da faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade de Passo Fundo (UPF), com o apoio da Agência de Inovação Tecnológica da (UPF), um sistema automático para limpeza de ordenhadeiras canalizadas. O ROV funciona automaticamente e funciona em horário programado, sempre 30 minutos antes da ordenha.

Produtos Z2S premiados no Ideas for Milk 2018     Foto: Elias Sgarbossa

Em 2017, a startup foi incorporada ao UPF Parque e, no final  de 2017, foram anexados ao portfólio de serviços da Z2S mais dois equipamentos de limpeza e higienização. O SALT é responsável pela limpeza de tanques de resfriamento de leite e o ROVTL auxilia os produtores na higienização entre ordenhadeiras e transferidores de leite. Os sistemas funcionam a partir de um microcontrolador com firmware embarcado, escrito em linguagem C e podem ser integrados ou serem utilizados de forma independente. Todo o processo ocorre de maneira automática, incluindo o controle e o monitoramento de temperatura, dosagem de produtos químicos e acionamento dos motores.

O sistema ROV nasceu de uma demanda particular de Sgarbossa. Filho de produtores de leite, o engenheiro eletricista notou que a família levava muito tempo realizando o processo de limpeza da ordenhadeira. A partir disso, iniciou testes do protótipo na fazenda e o resultado foi surpreendente. Em um ano, o equipamento proporcionou redução de 87% na Contagem Bacteriana Total (CBT) do leite, atingindo níveis inferiores a 2mil UFC/ml.

Além disso, a sustentabilidade também foi ampliada na produção da fazenda, tendo em vista que o equipamento reduziu em 50% o consumo de detergentes e 20% o consumo de água. Os engenheiros eletricistas Adriano Luis Toazza e Charles Bortolanza também integram a startup que ficou em terceiro lugar do Desafio das Startups da Ideas for Milk 2018.

O Sindicato das Indústrias de Leite do Rio Grande do Sul (Sindilat) pediu à nova ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e aos futuros secretários da Receita Federal, Marcos Cintra, e de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo, equidade nas condições competitivas dos lácteos brasileiros com os importados do Mercosul. A solicitação contempla negociação de cotas para entrada dos produtos no Brasil, isonomia tributária em todos os elos da cadeia láctea, o fim da guerra fiscal entre estados e auxílio para retirada do excesso de leite em pó do mercado nacional.

A reunião ocorreu em Brasília nesta terça-feira, na sede do Governo de Transição, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). “Pedimos que houvesse uma compra governamental para aliviar a pressão no mercado interno, pois, nos últimos dois meses, entrou no país o dobro da quantidade de leite do que no mesmo período do ano passado. O setor está trabalhando no prejuízo devido à pressão interna sobre o preço”, argumentou Guerra. A mesa foi coordenada pelo senador eleito Luís Carlos Heinze e contou com a presença do deputado federal Jerônimo Goergen, além de representantes dos setores de arroz, alho, maçã, trigo, uva e vinho dos três estados do Sul do Brasil.

Segundo Guerra, a ministra garantiu que está em tratativas para que o governo absorva parte do excedente de leite em pó do mercado nacional. De acordo com ele, o governo demonstrou estar aberto ao diálogo e a ouvir os setores. “Ela falou que nós, enquanto país, temos que ter voz ativa pela importância e pelo tamanho que temos no Mercosul, e não negligenciar. Disse também que tem reunião agendada na Argentina, em janeiro, para tratar das disparidades do Mercosul”, comentou.

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O valor de referência do leite no Rio Grande do Sul fecha o ano em R$ 1,0057, queda projetada de 5,58% para o mês de dezembro em relação ao consolidado de novembro (R$ 1,0652). No acumulado de 2018, no entanto, houve valorização em relação aos valores praticados em 2017. Segundo dados divulgados nesta terça-feira (18/12) pelo Conseleite, houve uma elevação nominal média de 15,59% no valor de referência, a maior variação percentual anual desde 2006. Contudo, se considerarmos a inflação (IPCA), a valorização real em 2018 em relação a 2017 é de 11,42%, o que resulta em um valor médio do ano de R$ 1,1012, abaixo das médias corrigidas de 2016 (R$ 1,1058) e 2013 (R$ 1,1258). “O ano de 2018 foi melhor do que 2017 tanto para o produtor quanto para a indústria”, constata o professor UPF Eduardo Finamore, responsável pela pesquisa. Otimista, ele acredita que 2019 será um ano de nova recuperação. “O que o mercado está sinalizando é que teremos pela frente um ano de bons preços”, indica, pontuando que a retomada deve vir a partir do início do ano, quando, tradicionalmente, o consumo das famílias é reaquecido. Para o final deste 2018, a previsão do Conseleite é de queda na produção no campo em função do clima, o que reforça a projeção de alta de preços para os próximos meses.

Os números de dezembro refletem diretamente o desempenho do mercado do leite UHT e do leite em pó, dois produtos que puxam o mix no Rio Grande do Sul. “De janeiro a dezembro de 2018, o UHT acumulou alta de 7,49% e o leite em pó, 6,25%”, acrescentou Finamore. Comparando dezembro de 2018 com o mesmo mês de 2017, verificou-se que o leite UHT manteve-se praticamente nos mesmos patamares (0,61%), enquanto o pó teve alta de 20,75%.

Segundo o presidente do Conseleite, Pedrinho Signori, infelizmente, a valorização apresentada nos números traz pouco da realidade do campo, onde os produtores enfrentam alta de custos. E lembrou de recente compromisso assumido pela futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina Costa Dias, com o setor para revisar o ingresso de lácteos do Mercosul no Brasil. “Isso nos traz otimismo em um momento difícil para a atividade”. O secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, indica que o ajuste cambial garantiu estabilidade de preços dos insumos, o que tornou a produção mais rentável tanto em Minas Gerais quanto no Rio Grande do Sul. Palharini indicou que o caminho para a maior estabilidade do mercado é fomentar as exportações. “Temos clientes importantes a conquistar para equilibrar o mercado”, salientou.

Tabela 1: Valores Finais da Matéria-Prima (Leite) de Referência1, em R$ – Novembro de 2018.

Matéria-prima Valores Projetados Novembro/18 Valores Finais

Novembro /18

Diferença

(Final – projetado)

I – Maior valor de referência 1,2558 1,2250 -0,0308
II – Valor de referência IN 621 1,0920 1,0652 -0,0267
III – Menor valor de referência 0,9828 0,9587 -0,0241

(1)    Valor para o leite “posto na propriedade” o que significa que o frete não deve ser descontado do produtor rural. Nos valores de referência IN 62 está incluso Funrural de 1,5% a ser descontado do produtor rural

Tabela 2: Valores Projetados da Matéria-Prima (Leite) de Referência1 IN 62, em R$ – Dezembro de 2018.

Matéria-prima Dezembro*/18
I – Maior valor de referência 1,1566
II – Valor de referência IN 62 1,0057
III – Menor valor de referência 0,9052

Foto: Carolina Jardine

O Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat) participou, na manhã desta sexta-feira (14/12), de reunião do Conselho Estadual do Leite, realizada na sede da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag) em Porto Alegre. O grupo foi criado pela entidade e reúne produtores, indústria e setor público para discutir medidas e alternativas para sanar as dificuldades dos produtores de leite no Rio Grande Sul.
 
Em documento a ser enviado ao Ministério da Agricultura, as entidades pontuaram medidas consideradas emergenciais para atender à principal demanda dos produtores gaúchos: o preço do leite. "O sofrimento é de todos, não existe produtor forte se a indústria não estiver forte", salientou o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini. Ele reiterou o compromisso da indústria com os produtores e defendeu a necessidade de manter a mobilização em prol de preços melhores durante o ano todo. Também apontou a necessidade de criar uma agenda que discuta amplamente o assunto e busque alternativas para os momentos de excesso de oferta, como a inclusão do leite em pó, queijos e leite UHT nos leilões de Prêmio de Escoamento da Produção (PEP).
 
A primeira demanda pontuada no documento pede que o Governo Federal efetue a compra pública de 30 mil toneladas de leite em pó do Rio Grande do Sul. A segunda solicita imediata suspensão da importação de produtos lácteos de outros países para a discussão das políticas de cotas. E a terceira requer um rebate de 30% nas parcelas dos custeios e investimentos da atividade leiteira. O secretário de Agricultura do Estado, Odacir Klein comprometeu-se, diante dos mais de cem produtores presentes no evento, em auxiliar nas negociações junto com Governo Federal para viabilizar a compra dos produtos. 
 
Fotos: Camila Silva

O Sindicato da Indústria de Laticínios no Rio Grande do Sul (Sindilat) promoveu, quarta-feira (07/12), a reunião anual de análises e projeções para o mercado de lácteos. O ciclo de palestras, realizado da Sala Juá, no Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre, contou com a presença de representantes de entidades ligadas ao setor.

As mudanças no perfil do consumidor e as tendências mercadológicas para 2019 foram os assuntos centrais da palestra de Luís Eduardo Ramirez, representante da empresa Tetra Pak. Responsável pela abertura do evento, Ramirez destacou que a ampliação do acesso à internet no Brasil aproximou os consumidores das marcas, instigando as empresas a transformar a sua forma de se comunicar com o cliente.  "Mais do que um produto com bom sabor, os consumidores desejam uma experiência. É preciso desenvolver um vínculo emocional” afirmou.

De acordo com os dados apresentados por ele, para 2019, a expectativa no mercado brasileiro é positiva. Estima-se que 97% das indústrias brasileiras devam investir no próximo ano, 60% lançarão novos produtos e 69% irão ampliar suas vendas. Entretanto, essas empresas só chegarão próximo ao consumidor se houver o entendimento de que a sociedade está cada vez mais multicanal. Outra novidade é que os atacarejos – estabelecimentos que mesclam suas vendas em atacado e varejo – tendem a crescer cada vez no gosto dos consumidores, já que os clientes estão prezando pelo preço mais barato.

Quanto às novidades específicas para o setor lácteo, Ramirez destacou o interesse global pelos iogurtes ambientes – que ainda não estão inseridos no mercado brasileiro – estima-se que, puxado pelo mercado chinês, o consumo desses produtos (que não precisam ser refrigerados) cresça 5% até 2020.

O Chefe Geral da Embrapa Gado do Leite, Paulo Martins, apresentou os trabalhos desenvolvido pelo centro de pesquisa. Com sede em Juiz de Fora (MG), a Embrapa Gado do Leite possui um corpo técnico formado por 597 pessoas, sendo 78 pesquisadores e 76 analistas, onde são desenvolvidos projetos, artigos e soluções tecnológicas relacionadas ao setor, entre eles, o aplicativo GisleiteApp, pensado para auxiliar os produtores na gestão zootécnica e econômica de sistemas de produção de leite. Para Martins, as empresas que investirem em tecnologia ditarão o ritmo do mercado. Pensar novas maneiras da produção de leite é uma marca do Centro de Pesquisa que, nesse ano, desenvolveu a 3° edição do projeto Ideas for Milk, evento que contou com a presença do presidente do Sindilat, Alexandre Guerra e do secretário-executivo, Darlan Palharini. O Ideas foi realizado na sede da instituição e consiste em dois grandes eventos: Vacathon e Desafio das Startups que visam fomentar soluções tecnológicas na cadeia produtiva.

De acordo com Martins, a Embrapa Gado do Leite está estudando a possibilidade de realizar uma edição do evento no Rio Grande do Sul, se adequando às características locais. No Estado, a Embrapa Gado do Leite conta com a parceria de diversas instituições, incluindo a Embrapa Clima Temperado, a Cooperativa Santa Clara e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

O consumo de leite UHT no mercado brasileiro foi o assunto abordado por Nilson Muniz, da Associação Brasileira de Leite Longa Vida (ABLV). Ele espera que, em 2019, o setor cresça 2,5%. Para Muniz, os principais desafios das indústrias é manter o consumo do produto, proteger a reputação do leite em relação às fake news, evitar a banalização das inovações e buscar rentabilidade. 

De acordo com o secretário-executivo Darlan Palharini, o setor lácteo está em um momento de maturidade. “É, sendo indispensável abordar de maneira mais específica pautas gerais do mercado, tendo em vista que, produtores, indústrias e entidades formam uma grande rede mercadológica.

Exportação será pauta prioritária em 2019

A palestra comandada por Marcelo Martins, diretor-executivo da Viva Lácteos, foi encabeçada pela exportação de lácteos, que ganhou força ao longo de 2018 e deve pautar a indústria do leite em 2019.  De acordo com ele, um dos principais gargalos para da exportação é o preço das commodities. Para exemplificar, o executivo analisou o caso das exportações de leite em pó “Existe demanda para o produto, entretanto, o preço é descolado do mercado externo. Esse fator dificulta negociações com outros países”, lamentou. Por outro lado, o queijo segue sendo o destaque no exterior. “De 2015 a 2017 as exportações do produto cresceram 42%”, destacou.

A Viva Lácteos desenvolve um projeto de exportação em parceria com a ApexBrasil e o Ministério da Agricultura (Mapa). O plano estratégico para a exportação é composto por cinco fatores: acesso ao mercado, promoção às exportações, inteligência comercial e qualificação. De acordo com Martins, as 12 empresas que integram o grupo eram responsáveis por 14,6% da exportação de produtos lácteos. Atualmente representam 50% dessa fatia.

Quanto ao mercado interno, Martins destacou a necessidade de ampliar a demanda de produtos lácteos sempre atento aos marcos regulatórios do leite e derivados. Entre os fatores que precisam ser observados pelas indústrias estão níveis de processamento dos alimentos, rotulagem nutricional das embalagens, redução de açúcar, sódio e gorduras em alimentos industrializados e restrição à publicidade e propaganda.

A inserção no mercado externo voltou a ser debatida pelo secretário de Agricultura de Santa Catarina e presidente da Aliança Láctea Sul Brasileira, Airton Spies, que abordou especificamente o ingresso das indústrias brasileiras no mercado lácteo da China. Nesse ano, Spies foi ao gigante da Ásia para analisar as possibilidades de entrada naquele mercado “As indústrias brasileiras ainda não estão preparadas para inserção nesse mercado, por isso, é preciso instalar nas empresas uma cultura exportadora", afirmou. Além disso, Spies também explicou as atividades realizadas pela Aliança Láctea durante o ano de 2018. O grupo foi criado com o intuito de fortalecer a produção nos três estados do Sul. Atualmente, a região produz 40,1% do leite brasileiro, mas, até 2025, estima-se que o Sul produzirá 50%.

Rafael Borin, do escritório Rafael Pandolfo Advogados Associados, comandou a última palestra do evento que abordou questões jurídicas relacionadas ao tabelamento de frete, medida adotada pelo governo Federal após a greve dos caminhoneiros. No final do evento, o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, e os palestrantes compuseram uma mesa redonda para alinhar pontos comentados durante os painéis. Para Guerra, o evento possibilitou a avaliação de gargalos de 2018 e os projeções para 2019.

Foto: Carolina Jardine