Porto Alegre, 18 de março de 2016 Ano 10- N° 2.228
O decreto que regulamentará a Lei do Leite (Lei 14.835) deve autorizar o transvase no Rio Grande do Sul. Pedido histórico das indústrias gaúchas, a medida representa um ganho logístico considerável, uma vez que permite a captação de leite por um caminhão com dois tanques acoplados. "É uma vitória para o setor. Há anos o Rio Grande do Sul está em defasagem em relação a outros estados nessa questão", pontuou o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, lembrando que a medida permite a inclusão de mais produtores na cadeia uma vez que o sistema viabiliza a coleta em propriedades mais distantes.
A confirmação veio em reunião na tarde desta quinta-feira (17/03), quando a Secretaria da Agricultura (Seapi) apresentou a nova redação do decreto, que traz incorporadas algumas sugestões da indústria, produtores e entidades. Pela legislação, o transvase só será possível em veículo com tanques em chassis separados, o que, no mercado, é conhecido como Romeu e Julieta. Além disso, o transvase do leite cru deve ser realizado em circuito fechado (sem manipulação). Os locais de transvase (onde o leite passa de um tanque para o outro) devem ser previamente definidos e informados à Seapi, além de obedecer a normas ambientais e de segurança. Outra exigência é que cada tanque tenha seu próprio documento de trânsito e que os dois voltem juntos às plataformas das indústrias.
Outro ponto em debate foi a normatização da contratação dos transportadores. Passará a ser exigida, no ato da contratação, consulta prévia sobre impedimentos junto ao Serviço Oficial de Inspeção. Segundo o assessor técnico da Seapi, Fernando Groff, o decreto só poderá ser plenamente aplicado após elaboração de instruções normativas que deem prazo aos agentes do setor para se adaptarem às novas regras. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
Crédito:Carolina Jardine
Ação distribui gibis na Ilha da Pintada
A equipe da Secretaria da Agricultura (Seapi) esteve na Ilha da Pintada nesta quinta-feira (17/3) para divulgar a importância do consumo de leite e produtos lácteos. Além de palestras aos alunos da Escola Maria José Mabilde, os profissionais ainda distribuíram os gibis Pedrinho & Lis - A Origem do Leite. A publicação, lançada na Expointer de 2015, fala sobre o setor em uma linguagem infantil e teve seu conteúdo elaborado pelos estudantes do curso de Veterinária Pedro Nery e Liskettelen Lorscheiter, estagiários da Seapi e também personagens da história.
Segundo o veterinário e representante da Câmara Setorial do Leite, Danilo Gomes Cavalcanti, participaram cerca de 100 crianças, que ainda receberam lanche à base de produtos lácteos, ação que contou com apoio das indústrias. O projeto ainda integrou crianças ligadas à associação de pescadores local. "Começamos o Programa Leite na Escola 2016 na ilha da Pintada, em uma escola estadual que nos recebeu muito bem. Crianças entre 6 e 9 anos participaram da ação. Foi a primeira das 50 escolas que pretendemos visitar ainda este ano", completou. Segundo Cavalcanti, a equipe trabalha na composição da agenda anual de palestras. A ideia é incluir o maior número de escolas possível de forma a levar informações sobre o leite para as crianças. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
Crédito: Danilo Gomes
Leite: primeira queda no volume anual em 23 anos
O IBGE divulgou nesta quinta-feira (17/03) os dados referentes à captação formal de leite no último trimestre de 2015. No trimestre, foram adquiridos cerca de 6,3 bilhões de litros, queda de -3,9% em relação ao mesmo período de 2014. No ano, a captação de leite pela indústria totalizou 24 bilhões de litros, uma queda de -2,8% sobre 2014.
Gráfico 1 - Captação formal de leite.
Fonte: IBGE
Anteriormente, havíamos publicado aqui no MilkPoint, uma projeção de queda na captação de leite de -2,6%, elaborada através de um modelo de previsão que correlaciona a RMCR (Receita Menos Custo de Ração) e a captação. O gráfico 2 abaixo apresenta a comparação entre essas variáveis.
Gráfico 2 - Variação anual RMCR* x Variação anual captação de leite.
Na série histórica de captação de leite do IBGE, que se inicia em 1997, nunca houve uma queda anual na captação. Se analisarmos a produção de leite total, divulgada na Pesquisa Pecuária Municipal que possui uma série histórica maior, a última queda anual havia sido em 1993.
Em todas as regiões do país, houve queda na captação de leite em 2015, embora a intensidade da queda tenha apresentado diferenças expressivas entre as regiões: no Norte (-13,9%), Nordeste (-5,5%) e Centro-Oeste (-8,8%) as quedas foram mais intensas. Enquanto no Sul (-0,9%) e Sudeste (-0,8%), apresentaram reduções bem menores no volume captado de leite pela indústria, como pode ser visto no gráfico 3 baixo.
Gráfico 3 - Variação da captação de leite por região - 2015 x 2014 (em %).
Fonte: IBGE
Entre os principais estados na captação de leite, Minas Gerais continuou com o maior volume de leite captado (6,4 bilhões de litros; -2,3% x 2014), seguido pelo Rio Grande do Sul (3,5 bilhões de litros; +1,6%), Paraná (2,8 bilhões de litros; -4,6%), São Paulo (2,6 bilhões de litros; +3,4%), Goiás (2,4 bilhões de litros; -8,8%) e Santa Catarina (2,3 bilhões de litros; +0,2%). Devido à intensidade da queda em Goiás, o estado perdeu o posto de 4º maior estado em captação de leite para São Paulo. Importante ressaltar que a captação de leite refere-se ao local em que o leite é processado; portanto, há volumes que podem ser produzidos em um estado e serem contabilizados como captação em outro.
Gráfico 4 - Variação da captação de leite por estado - 2015 x 2014 (em %).
Fonte: IBGE
A queda na captação não foi compensada por um aumento expressivo nas importações. Ao estimarmos o consumo anual per capita aparente, índice que considera a produção total (no caso, estimamos a produção total (captação formal + informal, através da variação na captação formal de 2015), importações e exportações, os números mostram que o consumo anual per capita aparente apresentou uma queda de -2,7%, refletindo a crise econômica do país, como mostra o gráfico 4.
Gráfico 5 - Evolução do consumo anual per capita.
Fonte: IBGE
Em janeiro, a média ponderada do preço do leite ao produtor, na Europa, foi de € 29,61/100 kg (22,96ppl), [R$ 1,29/litro], € 0,86/100 kg menos (2,8%) do que no mês anterior. Em ppl [pence por litro], foi 0,21 ppl (0,9%) maior que em dezembro. Comparado com o ano anterior a média de janeiro foi € 2,11/100 kg (6,7%) menos, queda anual de 2,13 ppl. A média do preço do leite no Reino Unido foi de € 30,53/100 kg (23,67ppl), [R$ 1,33/litro], o sexto maior preço dentre os países que compõem a UE-15, depois da Grécia, Finlândia, Áustria, Itália e Suécia. A média de preço na UE-15 foi de € 30,14/100kg, (23,37ppl) [R$ 1,31/litro], em janeiro, redução de 2,9%, em relação a dezembro, e, 2,06 €/100 kg, ou 6,4% menos do que a média de janeiro de 2015. Entre os cinco maiores produtores de leite do bloco, (Alemanha, França, Reino Unido, Holanda e Polônia), a média geral foi de €28,77/100kg, [R$ 1,25/litro], queda de 4,1% em relação ao mês anterior. (DairyCo - Tradução livre: Terra Viva)