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Escassez de água já afeta planos de investimentos de laticínios em MG

Agua1Em Minas Gerais, Estado que é o maior produtor de leite do país, a indústria de laticínios está mudando seus planos de investimentos por conta do risco de falta de água. Algumas das maiores empresas do setor dizem que a preocupação generalizada é com a redução do volume dos poços artesianos e da vazão dos rios de onde captam a água. Com o abastecimento incerto, por causa da estiagem que perdura, quem poderia investir para crescer pensa duas vezes. A Verde Campo, que usa água de poços artesianos, está tentando captar água em um córrego próximo à fábrica para utilização de geradores. Apesar de não ter relação com aumento de produção, os custos com o tratamento da água seriam altos. A empresa contratou um consultor para identificar formas novas de reduzir o consumo na fábrica e identificar outras fontes numa eventual falta de água. João Bosco Ferreira, presidente da Cemil, que faturou R$ 504 milhões em 2014, diz que este ano não fará investimentos por causa do risco de falta de energia, de água e também pela economia do país.

 

A empresa estreia, dentro de um mês, um sistema de reuso de 60% da água. Hoje, seu consumo é de 2 milhões de litros por dia vindos do córrego Canavial e poços artesianos. Na semana passada, a Copasa, estatal de água e esgoto que opera na maioria dos municípios de Minas, apresentou um quadro crítico sobre o abastecimento no Estado e afirmou que um racionamento não está descartado. Uma campanha iniciada esta semana pede a todos um esforço para reduzir o consumo em 30%. Muitos dos médios e grandes laticínios de Minas adotam há anos medidas para reduzir o consumo de água e dizem não ter muito mais para cortar sem afetar a produção. "Se a gente tiver que restringir a produção, isso gerará um impacto negativo em relação aos preços, puxando-os para cima", diz Celso Moreira, diretor-executivo do Silemg (Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais). Embora a oferta de leite das fazendas não tenha sido, de modo geral, afetada pala pouca chuva, alguns laticínios já detectam uma tendência de queda na disponibilidade porque os pastos estão recebendo menos água. Água é insumo importantíssimo na industrialização de leite e derivados. A produção de leite do Estado está em 9 bilhões de litros por ano, o que significa, segundo Moreira, do Silemg, cerca de 27 bilhões de litros de água consumidos por ano no processo industrial.

A água entra na limpeza de silos, de circuitos de linha de produção, dos caminhões tanque, nos processos de resfriamento, entre outras atividades das fábricas. Segundo o último dado que o sindicato dispõe, Minas tem 956 laticínios com um faturamento que totaliza R$ 20 bilhões. Os 9 bilhões de litros de leite representam cerca de 25% da produção do Brasil. Apesar das incertezas, os laticínios mineiros não esperam, ao menos por ora, um quadro caótico de esgotamento da água. É o caso do laticínio Porto Alegre. "Isso nem passa pela nossa cabeça", diz o gerente industrial Silvano Martins, ao ser questionado sobre o que a empresa faria se o ribeirão Oratório de onde vem a água da fábrica matriz, em Ponte Nova, secar. "Hoje não temos uma alternativa clara para o caso de o ribeirão ficar seco." No próximo dia 5, secretários estaduais de meio ambiente e de agricultura vão se reunir com as ministras Izabella Teixeira (Meio Ambiente) e Kátia Abreu (Agricultura) para discutir soluções para os problemas causados pelo baixo volume de chuvas que afetando o abastecimento de água no Sudeste e no Nordeste. (Valor Econômico) 

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