Porto Alegre, 25 de abril de 2022 Ano 16 - N° 3.626
Setor lácteo busca consenso sobre preço de referência no RS
Nova base de custos pode pôr fim ao impasse sobre o preço de referência
O impasse em torno do preço de referência do leite pago aos produtores gaúchos pode estar próximo do fim. Nesta terça-feira, o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite/RS) se reúne para discutir a nova base de custos proposta para o cálculo mensal. A mudança era reivindicada desde o final do ano passado pelas entidades representativas da agricultura familiar, sob o argumento de que a metodologia usada é desfavorável ao produtor.
O último preço de referência informado pelo Conseleite-RS foi o valor projetado para outubro de 2021, de R$ 1,6463 por litro. O indicador ainda é calculado pela Universidade de Passo Fundo (UPF), mas sua divulgação, desde novembro, está restrita aos integrantes do conselho. Segundo o coordenador do Conseleite e secretário executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios (Sindilat-RS), Darlan Palharini, a expectativa é que, se houver consenso, os dados voltem a ser informados publicamente a partir desta terça. “O valor deve ficar muito próximo ao que foi divulgado em Santa Catarina”, disse. No último dia 22, o Conseleite-SC estabeleceu o valor de R$ 2,1117 por litro como referência para abril.
Na quarta-feira, o setor também participará de audiência pública na Assembleia Legislativa (ALRS). A principal queixa da indústria é a introdução do Fator de Ajuste de Fruição (FAF) na sistemática de créditos presumidos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Com isso, para aproveitar 100% do incentivo fiscal, as empresas beneficiadas devem comprar insumos apenas de fornecedores do RS. Segundo Palharini, a mudança impacta, por exemplo, indústrias de leite UTH e leite condensado, que são dependentes de embalagens longa vida fabricadas apenas em outros estados. (Correio do Povo)
Produzir alimento concentrado no inverno para o trato animal também já é opção em Venâncio Aires. Embora seja uma prática pouco comum na região, a ideia ganhou mais um estímulo durante o 28º encontro do Grupo do Leite de Venâncio Aires, realizado na quarta-feira, 20. Foi o primeiro encontro desde fevereiro de 2020, quando começou a pandemia de Covid-19.
De acordo com o engenheiro agrícola e extensionista da Emater, Diego Barden dos Santos, nos dois últimos anos houve dificuldade de garantir alimento concentrado nos verões, devido à estiagem que prejudicou as lavouras de milho, o principal item utilizado por agricultores locais para fazer silagem. “Em 2021, tivemos 750 hectares de trigo, mas quase tudo foi para venda do grão, pouquíssimo para silagem. E essa cultura de inverno, junto com a aveia, também é uma possibilidade de ter um alimento com potencial energético para produção leiteira”, diz.
Santos destaca que a prática ainda não é comum em Venâncio, mas que se houver manejo correto com plantio, corte e trato cultural, se torna uma opção importante para garantir alimento na maior parte do ano.
Ao encontro da fala do extensionista da Emater, está a experiência do agrônomo Marcelo Klein, que trabalha na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de Passo Fundo. Foi ele quem palestrou para os cerca de 40 produtores que foram ao auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) para saber mais sobre o assunto.
Klein explica que, embora o milho seja a silagem com maior qualidade, nos últimos anos a cultura tem enfrentado problemas com a estiagem e um novo inimigo: a cigarrinha (inseto que causa danos na planta já adulta). “É importante destacar que não se trata de substituir o milho, mas o cereal de inverno vem para agregar e diminuir os riscos de falta de alimento. Fazer no inverno dá mais segurança na propriedade, é mais certeiro, já que, por exemplo, não se tem problema com falta de água.”
Possibilidade
Entre os produtores de leite que acompanharam a palestra estava Heitor Luiz Richter, 51 anos, morador de Linha Santana. Interessado, Richter comentou que usar o trigo para fazer silagem no inverno é sim uma opção e o que mais pesaria na decisão dele é o tamanho da propriedade.
O agricultor tem 7,2 hectares e metade é usada para pastagem das vacas. “Para fazer silagem de milho já preciso alugar terra de um vizinho. Se for fazer no inverno, também precisaria alugar, mas daí não plantaria o milho safrinha, que já tive muitas perdas com a seca. Então o trigo pode ser algo viável.”
Saiba mais
Marcelo Klein explica que a silagem de milho é um concentrado mais energético e com menos proteína. Já os cereais de inverno têm menos energia, mas têm mais fibra e mais proteína. “E essa fibra é muito mais digestiva para o gado de leite e corte.”
O agrônomo da Embrapa também destaca que as culturas mais comuns para fazer silagem no inverno são o trigo, a triticale, a aveia e a cevada, geralmente plantadas em junho e colhidas em setembro. “Todas têm sementes disponíveis, então isso não seria uma dificuldade de encontrar no mercado.”
Conforme Klein, a silagem de cereais de inverno tem avançado aos poucos pelo Rio Grande do Sul e ainda é uma novidade em várias regiões. “São pouquíssimos produtores que fazem isso há uns 15 anos. Na região do Planalto já é algo mais consolidado.” (Folha do Mate)
Campos Neto prevê mais 1 ponto para Selic
investidores nos Estados Unidos, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reforçou que o Comitê de Política Monetária (Copom) deverá promover um aumento de um ponto percentual na Selic no próximo encontro de maio, mesma magnitude escolhida pelo colegiado na reunião passada. Atualmente a taxa básica de juros está em 11,75% ao ano. Campos Neto fez palestra em evento do Bank of America em Washington. Hoje ele participa de outra reunião com investidores também em Washington. De acordo com a assessoria de imprensa do BC, a mesma apresentação será usada nas duas ocasiões.
Os eventos ocorrem às margens do encontro de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI). Conforme já adiantou em outros documentos oficiais do BC, o presidente da instituição explicou que o Comitê julga que a decisão de continuar a aumentar a Selic “reflete a incerteza em torno de seus cenários de inflação prospectiva, variação acima do normal no balanço de riscos e é consistente com a convergência da inflação para a meta em todo o horizonte relevante da política monetária, que inclui 2022 e, principalmente, 2023”.
Campos Neto ainda acrescentou que o momento exige serenidade para avaliar o tamanho e a duração dos choques atuais. “Se os choques se mostrarem mais persistentes ou maiores do que o previsto, o Comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário”, assinalou. Ele salientou que a alta dos
preços tem ocorrido de forma generalizada tanto nas economias emergentes quanto nas avançadas, assim como o aumento da demanda por energia. (Correio do Povo)
Jogo Rápido
Inadimplência no campo
Estudo da Serasa Experian sobre inadimplência de produtores rurais mostra que, entre sete unidades da federação avaliadas, o problema é menor no Rio Grande do Sul. No Estado, apenas 11,1% desse público estava com "dívidas negativadas" em março. Ano passado, o percentual era de 11,3%. A segunda melhor situação foi encontrada no Paraná (13%). No Tocantins, salta para 43%. A taxa média é de 15,8%. Vale lembrar que, em relação a toda a população gaúcha, o percentual de inadimplência detectado é de 34,9%. No país, chega a 40,4%. (Zero Hora)