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27/01/2016

         

Porto Alegre, 27 de janeiro de 2016                                                Ano 10- N° 2.194

 

  Será o fim da fofura na caixinha do leite?

Mamíferos de fofura incontestável bebendo leite de vaca já foram febre nacional e, nos anos 1990, viraram bibelô em milhares de casas Brasil afora. Mas, seja na tela da TV ou seja nas prateleiras do supermercado, esses e outros mascotes publicitários utilizados para vender leite e similares estão prestes a virar coisa do passado.

Quem determinou o fim da brincadeira foi a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Publicado em novembro, um decreto prevê que, em 12 meses, "fotos, desenhos ou representações gráficas não necessárias para ilustrar métodos de preparação ou de uso do produto" sejam banidas das embalagens de fórmulas infantis, leites fluidos ou em pó, leites modificados (elaborados a partir de leite in natura ou leite em pó integral) e similares de origem vegetal (como o leite de soja).

O principal alvo são os produtos destinados a crianças em fase de amamentação, mas a nova norma estende a restrição a produtos consumidos por gente de todas as faixas etárias - como o leite. A justificativa da Anvisa é que a utilização desse tipo de imagem nos rótulos estimularia o consumo de outros tipos de leite em detrimento do materno por bebês e crianças de até três anos. Apesar da boa intenção, a iniciativa é alvo de polêmica.

Se a importância do leite materno no desenvolvimento é unanimidade entre especialistas, ainda há dúvidas se o decreto da Anvisa é eficaz ao estimular o bom hábito.

- Esse tipo de medida é secundária. O desestímulo à amamentação está menos no apelo comercial do que em outras questões, muitas vezes culturais. Pode existir uma parcela de mães que se sinta atraída pela lata da fórmula, ou veja nisso certo status social. A medida talvez ajude nisso. Mas terá baixo impacto - opina Marcelo Pavese Porto, vice-presidente da Sociedade de Pediatria do RS.

Especialista em alimentação infantil, a nutricionista Magali Martins também avalia que é preciso buscar outras maneiras de promover o aleitamento materno. Ela acredita que a preocupação com a publicidade destinada a crianças - como a do leite - é pertinente, mas que o determinante para a compra das fórmulas infantis, em primeiro lugar, é a orientação de um profissional.

- O que mais vai importar para uma mãe, se ela precisar fazer uso desse produto, será a opinião do pediatra. Acho que deveria haver uma preocupação em fazer campanhas que mostrem os benefícios do aleitamento e que acabem com o preconceito sobre amamentar em público - diz.

Empresas rechaçam alterações da Anvisa
Do ponto de vista da publicidade, porém, a interpretação pode ser um pouco diferente. Professora de marketing e comportamento do consumidor da ESPM-Sul, Liliane Rohde defende que as escolhas relacionadas ao consumo não são determinadas por fatores racionais.

- Qualquer decisão que tomamos tem um apelo emocional. No momento em que a mulher está vulnerável, como no caso da maternidade, aquele personagem fofinho do rótulo mexe com o inconsciente, porque remete à posição dela, de mãe. Uma mulher sem muita informação que chega no ponto de vendas e vê isso pode achar que não faz mal trocar às vezes (o leite materno pela fórmula), já que aquele produto inspira uma ideia de cuidado - reflete Liliane.

Representantes do setor de laticínios rechaçam as alterações. Em nota, o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat) disse que a lei é "antiquada" e obriga as embalagens a parecerem com "medicamentos". A categoria estuda ingressar com ação direta de inconstitucionalidade contra as novas regras. (Zero Hora)
 

 
Cenário internacional ainda não indica melhoria de preços

O mercado internacional continua dando sinais que indicam que os preços podem demorar um pouco mais do que o esperado para uma recuperação. Tanto do lado da produção, quanto do lado da demanda e o nível de estoques, indicam que ainda deve demorar para uma recuperação mais sustentável de preços.

Produção ainda cresce nos principais mercados produtores e exportadores
Apesar das fortes quedas de preços do leite na maioria dos países mais relevantes na produção e exportação de lácteos no mundo, a produção agregada deles ainda segue maior do que em 2014, basicamente pelo crescimento observado na União Europeia e nos Estados Unidos. O gráfico 01 mostra a variação do volume de produção de janeiro a novembro (2015 vs. 2014) e 0 percentual de variação dos volumes.

Gráfico 1. Variação (em milhões de litros e %) da produção de leite em países selecionados - Janeiro a Novembro (2015 vs. 2014).

Fonte: elaborado pela equipe do MilkPoint Mercado a partir de diferentes fontes

O crescimento europeu de cerca de 2% sobre 2014 (que significa cerca de 2,7 bilhões de litros adicionais de janeiro a novembro de 2015) é explicado pela liberação das cotas de produção em abril de 2014 e pelo consequente crescimento, bastante acelerado em alguns países (Irlanda cresce 13% e Holanda 6% sobre os volumes produzidos em 2014). Nos Estados Unidos, apesar da queda de quase 29% dos preços ao produtor entre 2015 e 2014, o crescimento da economia local e a melhor relação de preços com milho e soja naquele mercado explicam um crescimento de 1,2% até novembro, representando cerca de 1 bilhão de litros adicionais. O crescimento destes 2 gigantes da produção mais do que compensa a queda de 1,4% de janeiro a novembro na Nova Zelândia, grande exportador mundial de lácteos e onde o volume acumulado de queda até novembro foi de cerca de 260 milhões de litros de leite (na verdade, já temos dados de janeiro até dezembro de 2015 na Nova Zelândia e a queda total de produção em 2015 totaliza 300 milhões de litros de leite no ano. Considerando apenas o período da safra 2015/2016, a queda de produção é da ordem de 2,8%).

Demanda ainda patina nos principais importadores
China e Rússia, os dois principais importadores de lácteos do mundo, seguem comprando volumes bem menores inferiores que há 12 meses. A tabela 01 mostra os volumes de compra chineses para leites em pó e a tabela 02 as compras russas de manteiga, leite em pó desnatado e queijos.

Tabela 1. Importações chinesas de leites em pó - 2015 vs. 2014. 


Tabela 2. Importações russas de derivados lácteos - 2015 vs. 2014.


A redução dos volumes importados pelos chineses (-53 mil toneladas de leite em pó desnatado e -318 mil toneladas de leite em pó integral) representa um volume de cerca de 3,2 bilhões de litros de leite fresco equivalente, e a diminuição das compras russas equivalem a 1,2 bilhões de litros de leite fresco. Ou seja, juntas, China e Rússia deixaram de comprar cerca de 4,4 bilhões de litros de leite!

E, como consequência, os níveis de estoques aumentam...
Este desequilíbrio que ainda persiste entre oferta e demanda no mercado mundial de lácteos vem fazendo aumentar os volumes estocados. Na Europa, o programa governamental de compra de excedentes de leite em pó desnatado acumulava, em novembro/2015 (último dado disponível), cerca de 56 mil toneladas de leite em pó desnatado. Nos Estados Unidos, os estoques de desnatado atingem números superiores a 80 mil toneladas de produto, além dos volumes estocados de queijos e manteiga.

Assim, os atuais níveis de preços internacionais, que assustam e desestimulam produtores e indústrias nos diferentes mercados, não aparentam reação mais significativa no curto prazo. (Valter Bertini Galan/Milkpoint)


Produção/Europa 

A captação de leite na União Europeia (UE) aumentou 5,4% em novembro passado em relação a novembro de 2014, de acordo com os últimos dados do Observatório Lácteo da UE. Este foi a taxa de crescimento mensal mais elevada registrada em 2015. Por países, os maiores crescimentos percentuais foram registrados na Irlanda, Luxemburgo, Holanda e Bélgica.

No caso da Espanha, os últimos dados apontam um aumento de 6,6% em dezembro passado, em comparação com dezembro de 2014. Por este motivo, o Ministério da Agricultura prevê que o preço do leite ao produtor terá um aumento pequeno. A captação acumulada na UE, nos primeiros 11 meses do ano, cresceu 2,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Este aumento se traduziu em maior oferta de leite em pó desnatado (aumento de 8,6% nos primeiros 11 meses do ano), de manteiga (+4,3%), creme (+3,4%); e queijo (+1,2%). Por outro lado, houve redução na produção de leite em pó integral (=4,7%), leite de consumo e leite concentrado. (Agrodigital - Tradução livre: Terra Viva)
 
Lácteos: produtores debatem regras para embalagens 
Lideranças de laticínios gaúchos associados ao Sindilat debateram, em reunião nesta terça, dia 26, o impacto da lei que impõe novas regras para as embalagens de produtos lácteos. Pelo texto, que já está em vigor desde 4 de novembro de 2015, fica proibido o uso de figuras humanizadas nos rótulos, a exemplos de vacas com rostos sorridentes e personagens. Para acessar ao vídeo, CLIQUE AQUI. (Canal Rural)
 

 

    

 

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