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26/01/2016

         

Porto Alegre, 26 de janeiro de 2016                                                Ano 10- N° 2.193

 

  Pela preferência dentro de casa

Em meio à guerra fiscal travada entre os Estados, as indústrias de leite querem garantir que, pelo menos dentro de casa, os itens processados no Rio Grande do Sul tenham preferência à mesa do consumidor. O setor quer apresentar ao governo Sartori, até a primeira quinzena de fevereiro, proposta de tributação diferenciada para produtos de outras unidades da federação.

- O Paraná protegeu sua produção. Estudamos projeto semelhante, que valorize a indústria gaúcha, dando maior competitividade - argumenta Guilherme Portella, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat-RS).

Desde o dia 1º deste mês, os paranaenses colocaram o leite UHT no regime tributário diferenciado, dando preferência ao alimento local ao taxar a mais os que têm origem em outros Estados.

Para entrar no Paraná, indústrias do Rio Grande Sul pagam entre R$ 0,16 e R$ 0,18 a mais, por litro, em imposto. São Paulo e Rio de Janeiro também têm ICMS diferenciado para a produção local.

Creme de leite e leite condensado seriam incluídos na proposta gaúcha, com o pedido de equiparação à carga tributária com a de outros Estados.

- A terceira empresa que mais vende leite UHT não tem produção no Rio Grande do Sul. Consideramos uma concorrência desleal - completa Portella.

Segundo maior produtor do país, o Rio Grande do Sul tem 40% da produção destinada ao mercado interno. Os outros 60% são vendidos fora de casa.

O desquilíbrio entre produção e consumo de leite tem efeitos muito prejudiciais ao setor, da propriedade à indústria. Foi o que se comprovou em recente crise, que fechou empresas e deixou produtores com pagamentos em haver. Resta saber se o governo comprará essa briga.  (Zero Hora)
 

Sob efeito do calor
O rebanho leiteiro do Estado está pedindo sombra e água fresca. O calor intenso das últimas semanas trouxe efeitos para a produção. Fora da chamada zona de conforto térmico - que fica entre 13ºC e 18ºC -, as vacas ficam, literalmente, sem ânimo para comer.

E isso se reflete no volume produzido. Conforme a Emater, os relatos feitos até agora apontam redução que varia entre 10% e 15%.

- Passou faz tempo da zona de conforto térmico. Mas a diminuição na produção varia em cada animal e propriedade - pondera Jaime Ries, assistente técnico estadual da Emater na área do leite.

Em Augusto Pestana, no Noroeste, onde a média diária de produção é de 100 mil litros, a estimativa é de perdas ainda maiores. Conforme Remí Luís Beck, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município, a produção "caiu quase 30%":

- Não foi por falta de comida que isso aconteceu, mas pelo estresse causado pelo calor. E isso não se resolve com apenas um dia de chuva.

O Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat-RS) também percebe redução no volume produzido, embora trabalhe com uma perspectiva bem mais conservadora: a diminuiçaõ estaria na casa dos 3%, resultado da dificuldade de alimentação.

Algumas estratégias podem ajudar a diminuir os efeitos das altas temperaturas, ensina Ries. No caso dos animais criados a campo, muitos produtores optam por colocá-los no pasto à noite. Outra medida é fornecer água em abundância, além de colocar as vacas em áreas com sombra. Em alguns casos, também é feita a aspersão com água. Nas propriedades em que os animais estão em regime de confinamento, os produtores investem em ventiladores e climatizadores. (Zero Hora)

Polêmica estampada na embalagem

Nada de vaquinhas felizes ou bebendo leite. Uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está causando polêmica entre as indústrias de leite. Por meio de decreto publicado em novembro, o órgão estabelece novas regras para as embalagens dos produtos.

Ilustrações "humanizadas" nos rótulos não serão mais permitidas. O argumento é o de que essas figuras estimulariam o consumo de leite por lactentes e crianças pequenas, em detrimento da amamentação materna.

O prazo para a adaptação é de um ano. As empresas avaliam a possibilidade de entrar com ação direta de inconstitucionalidade, em uma grande mobilização nacional em torno do tema. (Zero Hora)

No Brasil, desenvolvimento da pecuária leiteira depende mais de gestão do que de novas tecnologias

O avanço tecnológico proporcionou à atividade leiteira grandes avanços. Só nas últimas quatro décadas, a produção cresceu 185% no Brasil. Porém, este desenvolvimento não foi acompanhado por um avanço nas práticas de gestão da propriedade. O coordenador técnico do Educampo, Christiano Nascif, alerta que só é possível obter lucro de forma sustentável com gestão. A observação foi feita durante o 2º Simpósio Regional de Produção de Silagem de Milho e Sorgo, realizado no campo experimental da Embrapa em Coronel Pacheco - MG.

Os latifúndios com grandes benfeitorias, baixo aproveitamento das áreas, animais grandes e robustos com baixa produtividade são parte de um cenário em desuso. A atividade hoje adota áreas menores e mais produtivas, animais de genética melhorada, capazes de responder com uma produção maior em volume e melhor em qualidade. Apesar de tantas mudanças, a gestão continua negligenciada e pouco profissional. "Em média, o produtor de leite mineiro tem patrimônio de 700 mil reais investido na propriedade para gerar 200 litros de leite por dia. Essa proporção é impensável em uma padaria, uma farmácia e mesmo em outras atividades rurais, como a suinocultura. Não é compatível."

O patrimônio reflete investimentos em tecnologias para as quais o produtor não está preparado. "Isso é queimar a tecnologia. Nem sempre a implantação de uma boa tecnologia compensa economicamente. Avaliar quando será compensador é gestão. É preciso dar um passo de cada vez", sentencia Nascif, que explica: "Aumentar a produtividade por hectare e reduzir o intervalo de partos são objetivos necessários para aumentar a eficiência tecnológica. Isto significa conquistar resultados meio. Mas só serão efetivos se contribuírem para o alcance do resultado fim, ou seja: aumentar a eficiência econômica, fazer o produtor ganhar mais dinheiro".

A gestão da propriedade passa pela coleta rotineira de informações. Tudo deve ser organizado em um banco de dados atualizado. Este controle pode ser feito no papel, em planilhas no computador ou em softwares de gerenciamento; tanto faz, desde que seja organizado e atualizado frequentemente. Assim, produtor e técnico de assistência têm subsídios para interpretar os dados que refletem o custo de produção para, então, planejar as ações de melhoria e gerenciar os resultados.

O coordenador do Educampo acredita que quem não planeja, fracassa. É preciso ter planejamento para ser mais eficiente, o que quer dizer produzir mais com menos. Sobre a interpretação dos dados para traçar o plano de ações, ele aconselha: "Quando o produtor intensifica a produção, reduz a margem de lucro por litro, mas aumenta o lucro total. Por isso deve usar indicadores com escalas maiores".

Numa avaliação dos dados dos participantes do programa Educampo no período de outubro de 2014 a setembro de 2015, seis custos de produção representaram quase 80% do custo total. São eles: concentrados, mão de obra familiar (estimando uma remuneração compatível com o preço de mercado na atividade específica de cada um), volumosos, remunerações, depreciações e mão de obra. Baseado nesta análise, Nascif conclui: "Para saber onde cortar, tem que conhecer o peso de cada custo no custo total. Não adianta cortar itens de baixo impacto".

O evento
O 2º Simpósio Regional de Produção de Silagem de Milho e Sorgo é realizado pela Embrapa (Gado de Leite, Milho e Sorgo e Produtos e Mercados / Escritório de Sete Lagoas) em parceria com a Riber KWS Sementes.  A edição foi realizada no Campo Experimental José Henrique Bruschi, da Embrapa Gado Leite, com mais de 100 técnicos e produtores participando presencialmente. O evento também foi transmitido ao vivo pela rede social temática www.repileite.com.br. Quase 600 usuários acessaram a transmissão, com média de 50 pessoas ligadas ao mesmo tempo, interagindo via chat.

A programação contou com quatro palestras técnicas, que estimularam uma discussão em torno das principais técnicas e tecnologias das silagens de milho e sorgo, além de lançarem um olhar sobre o futuro da atividade leiteira, buscando enxergar soluções para aumentar a produtividade no campo e a rentabilidade do produtor. (Embrapa)
 

As metas da Cooperativa Piá
A Cooperativa Piá de Nova Petrópolis projeta um crescimento de 15% para este ano, com investimentos na capacidade produtiva e em processos e tecnologias industriais, segundo o presidente Gilberto Kny. Serão investimentos na profissionalização do produtor de frutas e leite, na gestão junto aos funcionários e nos novos produtos inovadores. A cooperativa aposta também na ampliação do seu mercado para outras regiões - Sudeste, Centro-Oeste e Norte - além da maior competividade com o mix de produtos. A propósito, a Piá se mantém líder absoluto no mercado gaúcho, com 36% na área de fermentados, segundo pesquisa Nielsen. (Jornal do Comércio)

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