Porto Alegre, 24 de fevereiro de 2021 Ano 15 - N° 3.409
Projeto quer viabilizar atividade leiteira para pequenos produtores no RS
O ‘Elite a Pasto’ busca um sistema de produção mais democrático e menos concentrado nas médias e grandes propriedades
Na semana passada, a Emater/RS-Ascar realizou a última das doze entrevistas do projeto “Elite a Pasto”, desenvolvido na cidade de Serafina Corrêa. O projeto tem como objetivo desenvolver um sistema de produção de leite que permita viabilizar a atividade leiteira para pequenas e médias propriedades com o uso de pastagens.
De acordo com o engenheiro agrônomo Leandro Ebert, extensionista da Emater, a atividade leiteira vem passando por um processo de concentração em médias e grandes propriedades que conseguem adotar as novas tecnologias e efetuar os investimentos necessários para aumentar a escala da exploração. Enquanto isso, pequenas propriedades vão sendo excluídas da atividade sem ser apresentadas a uma opção ou alternativa de um sistema de produção viável aos recursos disponíveis.
Nessa primeira etapa, buscando compreender o cenário atual com cada família e provocar a reflexão dos participantes para posteriormente procurar a transformação da realidade, os extensionistas realizaram entrevistas com as famílias. As entrevistas orais foram baseadas no diálogo, de forma a ouvir os participantes, levantando aspectos relativos à história ou à jornada da família com a bovinocultura leiteira e com pastagens; a experiência relacional com a assistência técnica; as barreiras, problemas ou dificuldades atuais e, por fim, aos motivos ou fatores causadores da situação atual.
O conteúdo das entrevistas está sendo processado pelos extensionistas do município visando encontrar tanto os pontos comuns quanto as especificidades importantes para o processo. Posteriormente, esses pontos serão discutidos com as famílias participantes para desenvolver a próxima etapa do projeto, quando será feito o planejamento das ações.
Para a extensionista social Sandra Elisa Manteze, um dos pontos relatados pelas famílias nas entrevistas, e que merece destaque, é que apesar de enfrentar diversas dificuldades durante os anos, a dedicação das pessoas pela atividade ou por suas propriedades, com o amor pela terra e pelas suas raízes, permitiu que elas permanecessem no campo e fizessem a propriedade dar certo. “Conforme relataram, graças a essa dedicação, as famílias alcançaram a qualidade de vida que têm atualmente, vivendo e tirando o sustento todos esses anos junto da família, o que não conseguiriam se tivessem abandonado a propriedade e migrado para o meio urbano”, frisa a extensionista.
“Com as informações levantadas nas entrevistas pudemos identificar também os desafios que enfrentam atualmente, suas origens e os pontos críticos para ação junto aos participantes. A partir disso pretendemos, como Extensão Rural e Social, atuar junto das famílias para construir um modelo de produção adaptado à realidade de cada uma delas, ao se utilizar dos recursos e condições identificados e considerando as suas realidades e anseios”, destaca Ebert. (Canal Rural)
A União Europeia (UE) manteve, ao longo de 2020, a tendência de aumento da produção de leite registrada nas últimas estações, com um aumento este ano de 1,6%. Entre os principais produtores da UE, os maiores produtores foram os que apresentaram menor crescimento, com a Alemanha aumentando a produção em 0,3% este ano, enquanto a França aumentou em 0,5%.
Gráfico 01: Captação de leite de Vaca UE:
Em dezembro de 2020, a produção europeia cresceu 0,2% em relação a 2019 com mais 25 mil toneladas de leite produzidas. A Irlanda é o grande impulsionador deste aumento com um ganho de 4,6% com 11.000 toneladas a mais produzidas. Em seguida vem Itália, onde o aumento percentual é de 3,5% e 36.000 toneladas. Polônia e Espanha também estão em alta. No primeiro caso, com um aumento de 1,2% (+12.000 toneladas), enquanto no país ibérico o aumento foi de 1,2% (+7.000 toneladas).
Pelo contrário, Holanda, Alemanha e França apresentam valores decrescentes. No caso da Holanda, a queda foi de 0,4% (-4000 toneladas); na Alemanha, a queda foi de 1,1% (-29.000) e chega a 1,4% na França com 30.000 toneladas de leite produzidas a menos em dezembro de 2020 em relação a 2019, o que significa uma queda de 1,4%. (As informações são do Agronewscastillayleon, traduzidas pela Equipe MilkPoint)
Nota de Conjuntura: Mercado de Leite e Derivados - Fevereiro de 2021
As importações de leite pelo Brasil, depois de um vigoroso crescimento de 302,1% entre abril e novembro de 2020, começaram a cair em dezembro e confirmaram a tendência de queda em janeiro de 2021. De novembro/20 até janeiro/21, o volume de leite importado acumula uma queda de 21% (Figura 1). A redução do consumo, a menor competitividade do leite importado e o aumento da oferta interna explicam este movimento. A menor competitividade da importação se deve ao aumento do preço internacional do leite em pó (valorização média de 15% entre novembro/20 e o início de fevereiro/21), atrelado à perda de valor da moeda nacional frente ao dólar e à queda de preço da matéria prima nacional, ou seja, dos preços que a indústria paga pelo leite comprado dos produtores.
Depois do preço do leite ao produtor subir de R$1,38 para R$2,16/litro (valor nominal líquido na média nacional) de maio até outubro do ano passado (56,5% de aumento), a partir de novembro o movimento de alta cedeu e o preço em janeiro fechou na casa dos R$2,03/litro. Mesmo em um patamar 48,7% maior do que os preços em vigor em janeiro do ano passado (R$1,37/litro), a rentabilidade dos produtores caiu no período devido ao expressivo aumento nos custos de produção, puxados principalmente, pela alimentação concentrada. O índice RMCR (Receita Menos o Custo da Ração), indicador de rentabilidade da atividade leiteira do MilkPoint, aponta uma queda de 16,1% na renda líquida dos produtores entre setembro do ano passado e janeiro deste ano. Só de dezembro/20 para janeiro/21, a queda foi de 10,9%. Outro indicador de rentabilidade, o poder de compra do preço do leite em relação ao custo do alimento concentrado fornecido para as vacas (denominado relação de troca), confirma esta tendência: de setembro/20 a janeiro/21, o poder de compra do preço do leite caiu 48,6% em relação ao custo do concentrado. Neste caso, a queda de dezembro/20 para janeiro/21 foi de 16,8%.
Desde meados de dezembro/20 também os preços do leite Spot e dos principais derivados no mercado atacadista estão em queda. No mercado de Minas Gerais, da 2ª quinzena de dezembro/20 até a 1ª quinzena de fevereiro/21, a cotação do leite Spot caiu de R$2,40 para R$1,95/litro, uma redução acumulada de 18,7%. No mercado atacadista de São Paulo, o leite UHT caiu de R$3,34 em 03/12/20 para R$2,90/litro em 05/02/21, queda de 13,2%. No mesmo período, o queijo muçarela caiu de R$26,88 para R$22,38/kg, queda de 16,7%. O leite em pó fracionado, depois de chegar em R$ 25,27/kg no início de outubro/20, mesmo com oscilações pontuais nos dois meses seguintes, passou a registrar contínuas quedas nas últimas quatro semanas, chegando a R$21,73/kg na cotação de 06/02/21.
No caso dos preços do milho e da soja, os dois insumos mais importantes para a composição dos custos de produção do leite, não existe sinalização de mercado sustentando alguma queda significativa no curto prazo. Os preços devem continuar mais elevados em comparação com os valores pagos pelos produtores no primeiro semestre de 2020.
Até o momento, portanto, o quadro que se apresenta para os próximos meses é de consumo de lácteos mais fraco, caso não haja um novo auxílio econômico para a população mais vulnerável, fato que deve pressionar os preços dos principais derivados e, consequentemente, o preço pago ao produtor. Os custos de produção devem continuar elevados podendo comprometer a rentabilidade das fazendas. Mesmo com as importações em queda, a expectativa deve se concentrar na retomada da economia brasileira, esperada em 4% para este ano. Enquanto isso, o cenário continua sendo de cautela para todos os segmentos da cadeia produtiva. (CiLeite)
Jogo Rápido
O deputado estadual Edson Brum (MDB) aceitou o convite do governador Eduardo Leite para o desafio de comandar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado. Brum, que assumirá a pasta em março em meio a uma das maiores crises da história, afirmou: "Não podemos ficar só nos queixando da pandemia, da crise, da estagnação. Precisamos valorizar a matriz produtiva gaúcha, aumentar a competitividade das nossas empresas e do Estado para atrair investimentos". Deputado estadual no quinto mandato, Edson Brum é amplo conhecedor do Estado e tem bom trânsito nos setores empresariais e no agronegócio. Ele acredita que o caminho para vencer as dificuldades se dará com ajuda dos empresários, com foco em tecnologia e sustentabilidade e enfrentamento às amarras que a burocracia impõe. “Só teremos desenvolvimento através de engajamento com a iniciativa privada, com o encurtamento da burocracia e com a preparação da nossa mão-de-obra para as mudanças que a tecnologia e a pandemia já trouxeram”, enfatizou. (Assessoria de imprensa Edson Brum)