Porto Alegre, 16 de abril de 2020 Ano 14 - N° 3.204
Covid-19 muda consumo de lácteos no Brasil e setor internacional chama atenção
A chegada da Covid-19 ao Brasil trouxe mudanças consistentes na forma consumo de lácteos pelos brasileiros e pode, inclusive, trazer mudanças expressivas nas relações internacionais. Segundo Valter Galan, sócio do MilkPoint Mercado, há novas oportunidades se abrindo, principalmente com a situação cambial que favorece exportações e inibe as importações. Ele falou sobre assunto durante participação no Milkpoint Experts, debate online realizado na tarde desta quinta-feira (16/4). O objetivo do evento foi tirar dúvidas de produtores, técnicos, estudantes e demais envolvidos na produção leiteira sobre o atual cenário.
Galan alertou que a forma de comercialização dos produtos lácteos também está passando por transformações em tempos de coronavírus. Antes da pandemia, o estoque de leite UHT estava em alta. Com a chegada da doença, caiu e, agora, está aumentando novamente. Isso porque, com incertezas sobre o futuro, o consumidor acaba estocando alimentos. Com o isolamento social, a grande parte da população está optando por fazer as compras online. A tendência é de que após o período de quarentena determinados hábitos sejam mantidos, segundo Valéria Ragoni, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Nielsen. Para a profissional, o varejo online tende a ser um canal de compras que deve ser perpetuar.
Participando do debate, o secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Darlan Palharini, frisou que o Brasil não deve ter as exportações de lácteos tão afetadas porque elas ainda são pouco expressivas frente ao mercado interno. Esse sim preocupa uma vez que há temor com o índice de desemprego. “É difícil fazer qualquer previsão. De um lado o petróleo está baixando, talvez alguns custos baixem, mas é um momento de bastante cautela. Temos que aguardar e ver como ficará a abertura dos comércios no RS”, ressalta.
O alerta a ser feito nesse momento, pontua Palharini, é manter competitividade para que o Brasil não seja invadido por estoques de rótulos europeus. “Temos que nos manter competitivos no mercado interno para que não sejamos atingidos por uma importação muito grande de outros países já que Europa e Estados Unidos estão com um estoque muito grande, principalmente de queijo e leite em pó”, afirma.
Durante o evento também foram tratados assuntos como saúde dos animais durante a pandemia, os cuidados necessários que devem ser mantidos por produtores e o panorama do mercado internacional por Roulber Carvalho Gomes da Silva, gerente Técnico de Grandes Animais da Boehringer Ingelheim Saúde Animal e Andres Padilla especialista em Indústria do Rabobank. (Assessoria de imprensa Sindilat/RS)
Municípios de outras regiões poderão abrir comércio a partir de decreto de prefeitos, anunciou Leite
Os municípios que permanecem com restrições rígidas no comércio até 30 de abril (funcionamento apenas de serviços essenciais, como mercados, farmácias, restaurantes, lancherias, barbearia e salões de beleza, sob determinadas condições).
Alvorada, Araricá, Arroio dos Ratos, Cachoeirinha, Campo Bom, Canoas, Capela de Santana, Charqueadas, Dois Irmãos, Eldorado do Sul, Estância Velha, Esteio, Glorinha, Gravataí, Guaíba, Igrejinha, Ivoti, Montenegro, Nova Hartz, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Parobé, Portão, Porto Alegre, Rolante, Santo Antônio da Patrulha, São Jerônimo, São Leopoldo, São Sebastião do Caí, Sapiranga, Sapucaia do Sul, Taquara, Triunfo e Viamão.
Antônio Prado, Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, Ipê, Monte Belo do Sul, Nova Pádua, Pinto Bandeira, São Marcos, Santa Teresa e Nova Roma do Sul
Podem ter flexibilização do comércio a partir de decreto do prefeito, respeitando as exigências sanitárias
A decisão se mostra cautelosa já que, antes de anunciar o conteúdo do novo decreto, Leite mostrou dados que indicam que o RS conseguiu achatar a curva do coronavírus: na comparação com outras unidades federativas, tem algumas das menores taxas de infecção de pessoas e também de óbitos. É o terceiro Estado de letalidade mais baixa do vírus. A disseminação também é mais lenta por aqui, com 6,2 casos para cada 100 mil habitantes, enquanto o Brasil tem índice de 12 infectados na mesma escala populacional.
Com a decisão de Leite, nas regiões metropolitanas de Porto Alegre e Caxias do Sul, estão autorizados apenas o funcionamento de serviços essenciais, como mercados e farmácias. Se os prefeitos das cidades desejarem, podem editar decretos para autorizar funcionamento de restaurantes e lanchonetes, que foi uma flexibilização feita por Leite em 9 de abril.
No Interior, afora as regiões de Porto Alegre e Caxias do Sul, os prefeitos poderão editar decretos próprios autorizando os comércios locais a voltaram ao trabalho, com protocolos a serem observados.
O empresário César Helou, dos Laticínios Bela Vista/Piracanjuba, se mostrou bastante preocupado com a queda abrupta no consumo de leite longa vida (UHT) no food service após a quarentena imposta no País por causa da pandemia de coronavírus. “É preocupante. Se o mercado de food service não voltar logo, e a gente acredita que não vai voltar (tão rápido), é preocupante”, disse Helou, durante live promovida agora pela XP Investimentos. Ele disse que, no caso do Brasil, ainda não sobrou leite. “Todo o leite que ia para o food service foi absorvido pela indústria de leite longa vida”, relatou. “Mas o mercado de longa vida está no seu limite”, reforçou ele, dizendo que há preocupação sobre como um eventual excesso de estoque será escoado. “As empresas podem baixar preços, mas não vão baixar além do seu custo de produção”, ressaltou. “Estávamos agora há pouco em uma conferência com a Associação Brasileira de Leite Longa Vida sobre o que fazer com este leite.” Helou lembrou que, embora o Sudeste e Centro-Oeste do País estejam na entressafra do leite, no Rio Grande do Sul a safra começa agora. “E há perspectiva de uma grande safra lá”, disse. “Se o produtor continuar dando ração para as vacas como costumava dar e o mercado de food service não voltar logo, é preocupante.” (Istoé)