Porto Alegre, 30 de janeiro de 2020 Ano 14 - N° 3.154
Soro do leite: grande oportunidade para a indústria
Um estudo do Chipre publicado no Journal of Advanced Dairy Research afirma que, à medida que a quantidade de soro de leite na indústria de laticínios aumenta constantemente, novos métodos sustentáveis de utilização e processamento deste sub-produto são necessários.
Os pesquisadores do Departamento de Ciências Agrícolas, Biotecnologia e Ciência de Alimentos, da Universidade de Tecnologia de Chipre, em Limassol, afirmam que, entre outros usos, o desenvolvimento de bebidas de soro de leite fornecerá aos consumidores um produto de alta qualidade nutricional, enquanto cria oportunidades de inovação para a indústria de laticínios.
Eles acrescentam que os componentes bioativos derivados do soro de leite têm propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias e antioxidantes, daí a qualidade funcional para o consumidor preocupado com saúde.
Devido ao aumento da fabricação de queijos, o desafio de criar produtos inovadores a partir de soro de leite continua crescendo.
No entanto, eles acrescentam que, com base nos efeitos positivos do soro, novos produtos foram descobertos e isso resultou na minimização do desperdício geral.
O estudo diz que algumas das maiores empresas de laticínios do mundo já introduziram uma nova forma de geração de produtos à base de soro de leite. Por exemplo, a Arla Food Ingredients desenvolveu uma bebida medicinal que contém 10 gramas de proteína de soro de leite de alta qualidade e baixa em lactose.
Além disso, a Nestlé Health Science desenvolveu um pó de soro de leite, o Resource Whey Protein, que é uma proteína solúvel projetada para manejo dietético de pacientes desnutridos. A Nempresa também lançou uma nova série de produtos chamada Boost, que série inclui uma linha de bebidas nutricionais com proteínas, vitaminas e minerais de alta qualidade, incluindo cálcio e vitamina D.
Muitas outras empresas continuam desenvolvendo pós à base de soro de leite, como a Fonterra com o Whey Protein Concentrate (80% de proteína) e o Whey Protein Isolate (aproximadamente 90%) e a Lactalis com os pós de soro de leite Flo e Pronativ e Native Whey Protein.
Os pesquisadores dizem que esses produtos são uma ótima fonte de proteína digerível pelo organismo, permitindo a rápida absorção de seus benefícios nutricionais.
O artigo considera os usos potenciais do soro de leite, inclusive nos esportes, observando que as bebidas esportivas podem ser consumidas antes ou durante a atividade física e fornecem uma excelente alternativa à água pura para os atletas, pois também evitam a desidratação. A maioria das bebidas esportivas é formulada para fornecer carboidratos e eletrólitos (como sódio, potássio, cálcio e magnésio) para absorção de fluidos e energia.
Algumas bebidas esportivas também podem incluir proteínas, vitaminas e outros nutrientes, com a ingestão recomendada para os atletas em torno de 1g (treinamento geral) e 2g (cargas intensas de treinamento, adolescentes em crescimento, construção muscular) de proteína/kg de peso corporal por dia.
O estudo observa que muitos atletas consomem proteína de soro de leite por seu rico conteúdo de aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA), constituintes importantes para a síntese proteica e crescimento muscular durante o período de recuperação, após exercício de resistência.
O crescimento contínuo da indústria de laticínios gera grandes quantidades de soro de leite como subproduto ou co-produto, forçando a indústria a encontrar maneiras de tratá-lo e valorizá-lo, afirma o artigo. Ainda acrescentam que o fato de os benefícios do soro para a saúde humana estarem se tornando amplamente conhecidos é importante, pois, nesse cenário, as empresas irão desenvolver bebidas de soro de leite com excelentes qualidades nutricionais que serão aceitas pelos consumidores.
Pesquisas adicionais sobre a utilização criativa de soro de leite serão essenciais para estabelecer e expandir o futuro das bebidas lácteas funcionais na indústria global de laticínios, concluem os cientistas. (Dairy Reporter – tradução: Equipe MilkPoint)
Metodologia para identificar alelo A1 em leite A2 é publicada em revista internacional
O leite A2 está se tornando cada vez mais popular entre consumidores e produtores por ser considerado um leite de mais fácil digestão, comparado ao leite A1. Com essa perspectiva a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Zootecnia (IZ/Apta), desenvolveu dois métodos para detectar o alelo A1 diretamente em amostras de leite e seus derivados comercializados como A2. O resultado do estudo está no artigo científico “New high-sensitive rhAmp method for A1 allele detection in A2 milk samples“, publicado na revista Food Chemistry que estará com acesso gratuito por 50 dias.
Esta é a primeira tentativa de desenvolver ensaios para genotipar alelos A1 e A2 do gene CSN2 da beta-caseína diretamente de amostras de leite. A maioria das pesquisas concentrou-se na identificação das frequências desses genótipos apenas nos animais.
O teste de identificação do IZ vem agregar credibilidade ao produto "Leite A2". O leite de vaca pode conter dois tipos de proteínas, a beta-caseína A1 e A2. A digestão do A1 está associada à liberação do peptídeo beta-casomorfina-7, que pode causar efeitos gastrointestinais adversos, diferente da intolerância à lactose.
Identificação: Os métodos HRM (High Resolution Melting) e rhAmp (Amplificação dependente de RNase H), desenvolvidos pelo IZ, são capazes de discriminar e detectar de maneira altamente confiável os genótipos A1A1, A2A2 e A1A2 do gene CSN2 em amostras de DNA de animais e amostras de leite e seus derivados. As duas técnicas apresentem 100% de precisão para a genotipagem de animais.
Coronavírus traz incerteza para economia gaúcha
Problema sanitário pode representar entrave às vendas do RS para a China
O surto de coronavírus na China acende alerta entre segmentos exportadores do Rio Grande do Sul. Há incertezas sobre o impacto que a doença pode causar na economia global, mas a turbulência registrada nos últimos dias pelo mercado financeiro traz preocupação ao Estado. A ameaça é de que o problema sanitário represente entrave às vendas para a potência asiática.
Assim que as primeiras informações sobre o vírus surgiram na semana passada, bolsas de valores passaram a cair, e o dólar ganhou força em relação a moedas como o real. Toda essa turbulência desagrada exportadores, porque gera imprevisibilidade na hora de fechar negócios.
Nesta quarta-feira (29), o dólar subiu 0,59%, cotado a R$ 4,219, maior marca desde novembro. A bolsa de valores de São Paulo (B3) recuou 0,94%, a 115.384 pontos.
– Até o momento, não há motivos para entrar em pânico. Mas problemas como o do coronavírus trazem dose imensa de incertezas para a economia. Os mercados ficam mais sensíveis. Isso dificulta os negócios, porque podem dar uma travada, desacelerando – afirma Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
A China é dona da segunda maior economia do mundo e o principal destino das exportações brasileiras. Em 2019, os embarques para o país asiático somaram US$ 62,9 bilhões, indica o Ministério da Economia. Isso quer dizer que os chineses abocanharam 28,1% de tudo o que o Brasil exportou no ano passado. A título de comparação, as vendas para os Estados Unidos, segundo parceiro da lista, representaram 13,2%.
O Brasil negocia com a gigante asiática, principalmente, produtos do agronegócio, setor com grande peso na economia gaúcha.
Em 2019, a soja permaneceu como a mercadoria mais vendida aos chineses. De janeiro a dezembro, os embarques do item somaram US$ 20,5 bilhões.
Empresas gaúchas com operações na China estão em compasso de espera por novos desdobramentos da situação. Conforme apuração da colunista de GaúchaZH Marta Sfredo, o cancelamento de viagens de executivos entre o Brasil e o país asiático é parte das medidas adotadas devido à doença.
Na reta final de 2019, para compensar dificuldades internas, a China intensificou a compra de carne em Estados como o Rio Grande do Sul. O maior apetite asiático resultou em aumento de preços para consumidores gaúchos.
Complicações
Segundo Luz, outro risco que o coronavírus traz à economia do Estado é o de dificuldades para transportar produtos. Em razão da doença, a circulação de bens e pessoas é abalada no território chinês. Companhias áreas anunciaram suspensão de voos para o país asiático, que também fechou atrações turísticas.
– Com o problema, as entregas de produtos podem demorar mais. Talvez o impacto econômico seja pequeno. Mas, se a situação se alongar, com contenção na área de logística, precisaremos voltar para as planilhas e refazer os cálculos – observa Luz.
O coronavírus é, em menos de um mês, o segundo risco vindo do Exterior à retomada brasileira em 2020. Antes do surto na China, o conflito entre Irã e Estados Unidos também causou turbulência em janeiro, lembra o professor de Economia Internacional Argemiro Brum, da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul (Unijuí).
– O vírus pode dificultar exportações ao mercado chinês. A situação tende a frear o desempenho da economia mundial, dificultando negócios. Assim, pode complicar a recuperação projetada para o Brasil em 2020. A questão é que ainda não sabemos o tempo de duração do problema – diz Brum.
A China é a principal origem das mercadorias compradas pelo Brasil no Exterior. Em 2019, as importações de mercadorias do país asiático somaram US$ 35,3 bilhões, conforme o Ministério da Economia, sendo 19,9% de todos os bens adquiridos por empresas brasileiras no mercado internacional. (GZH)
A iniciativa ConectarAGRO, promovida por empresas de máquinas agrícolas, telefonia e tecnologia (AGCO, CNH Industrial, Jacto, Trimble, TIM, Nokia, Solinftec e Climate FieldView) alcançou a marca de 5,1 milhões de hectares conectados com a tecnologia 4G (de 700 MHz) em 2019, superando em 100 mil hectares a meta inicialmente planejada.
Essa área representa 10% da área agrícola no país, de acordo com dados da Embrapa. Formada em abril do ano passado, a iniciativa visa expandir a disponibilidade do acesso à internet no campo.
Pelo ConectarAGRO, o acesso é operacionalizado pela TIM por meio de antenas de rede de celular, que têm alcance de 30 mil hectares cada. Atualmente, o serviço está disponível para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste. A implantação da rede nas fazendas tem custo médio de meia saca de soja por hectare. (Valor Econômico)