15/05/2015
A zona do euro acelerou ligeiramente o crescimento no primeiro trimestre, com expansão da França, mas também da Alemanha e Itália. Em meio a essa expansão, porém, o Brasil perdeu terreno e foi superado pelo Canadá como décimo maior parceiro comercial dos europeus.
Estatísticas europeias a que o Valor teve acesso mostram que entre os maiores ganhadores no comércio com os 28 países da União Europeia (UE) estão os canadenses, neste começo de ano. Suas exportações aumentaram 31% para o bloco europeu e suas importações originárias da Europa cresceram 15% entre janeiro e março.
No mesmo período, as exportações brasileiras sofreram contração de 1% para a UE e as importações procedentes da Europa caíram 2,6%. Mas em março as exportações do Brasil cresceram 12% em relação a março de 2014 para o bloco comunitário, ante resultado negativo em janeiro e fevereiro.
Em todo caso, a fatia de produtos brasileiros no total importado pela UE está agora em torno de 1,6% ¬ seu menor nível desde 2003. Em 2011, chegou a 2,3% do que os europeus compravam no exterior. A média era de 2%.
Por sua vez, países como Canadá, Índia e Turquia vêm aumentando sua fatia no total importado pelos europeus.
"Esse resultado não está acontecendo só com a Europa", afirma Luigi Gambardella, presidente da Associação UEBrasil, que visa estimular negócios bilaterais.
"O Brasil exporta sobretudo commodities e, com menos demanda, exporta menos. Com a recessão, o Brasil compra também menos da Europa. O Brasil precisa melhorar a competitividade de sua indústria". O Brasil era habituado a superávit comercial com os europeus, que atingiu o pico de € 11,6 bilhões em 2007. Desde 2012, porém, o país passou a acumular déficit, que atingiu € 5,8 bilhões no ano passado. No primeiro trimestre de 2015, o déficit acumulado é de € 1,4 bilhão.
Os canadenses derrubaram o Brasil da posição de 10º parceiro europeu com trocas adicionais de € 3 bilhões, dos quais quase € 2 bilhões foram aumento de exportações para o mercado europeu. Suas vendas de peças para o setor aeronáutico, com alto valor agregado, quase quadruplicaram.
No caso do Brasil, o comércio com a UE sofreu contração de € 320 milhões entre janeiro e marco. No período, o Brasil conseguiu aumentar a exportação de café para a UE, assim como minério e aço. E continuou importando mais produtos químicos, por exemplo.
Para Jonathan Loynes, economista chefe para Europa da Capital Economics, a inflação baixa na zona do euro deve continuar a estimular o consumo nos próximos trimestres. E o euro desvalorizado deve ajudar exportações. Mas persistem riscos de que a crise na Grécia afete a recuperação.
Em abril, economistas da Organização Mundial do Comercio (OMC) sugeriram que as perspectivas de expansão das exportações brasileiras eram melhores na UE e nos Estados Unidos do que na China em 2015, por causa da desaceleração chinesa e da melhora da situação nas duas outras grandes economias. Em 2014, o Brasil teve a maior queda nas exportações entre as grandes economias. O país caiu três posições no ranking de maiores exportadores (de 22º para 25º) e a participação no comércio global baixou de 1,3% para 1,2% do total. (Valor Econômico)