Porto Alegre, 22 de abril de 2019 Ano 13 - N° 2.963
A alta no preço do diesel, que ficará R$ 0,10 mais caro nas refinarias, preocupa o agronegócio. É que essa conta chegará ao setor em pleno período de colheita, quando as máquinas estão a todo vapor no campo, e o combustível se torna ainda mais essencial.
- Aumentar o diesel neste momento é péssimo. Já tínhamos a safra mais cara da história. E isso só deve piorar - observa Antonio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
A entidade faz levantamento mensal da inflação do segmento - custos e preços recebidos - e, em outubro do ano passado, alertava para o fato de o Rio Grande do Sul estar plantando a safra mais cara da história.
Com a alta expressiva do dólar, os gastos para compor a safra 2018/2019 chegaram a patamares históricos.
O diesel tem um peso considerável no valor a ser desembolsado pelos produtores. Conforme Luz, dependendo da cultura, "se gasta com combustível mais do que com fertilizante". É usado no preparo de solo, no plantio, na colheita.
- Esse é um motivo de preocupação a mais, porque estamos lutando para redução de custos e tratando de questões tributárias, para termos mais competitividade. Esse aumento impacta muito a cultura do arroz - reforça Alexandre Velho, vice-presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS).
É justamente a prerrogativa de disputar espaço em condições de igualdade com os concorrentes que acaba sendo minada, na avaliação do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat-RS), com o aumento.
O presidente da entidade, Alexandre Guerra, lembra que quando sobe o combustível ou outro tipo de produto, nem sempre é possível repassar para a ponta na mesma proporção:
- O mercado do leite funciona de fora para dentro. Se não consigo repassar, acabo tendo de pagar essa conta.
Neste momento, como é o período de baixa na produção de leite no país, a "fatura" da alta no diesel deverá ser dividida entre produtores, indústria e também o consumidor. Para Luz, o problema em relação ao diesel, no entanto, não é da política da Petrobras e, sim, "da carga tributária que incide sobre o produto". (Zero Hora)
Uruguai: exportações de lácteos caíram 6% no primeiro trimestre do ano
As exportações de lácteos do Uruguai nos primeiros três meses deste ano caíram 6% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados estatísticos do Instituto Nacional do Leite (Inale). O valor FOB exportado no primeiro trimestre foi de US$ 125,3 milhões.
O leite em pó integral tem um acumulado de US$ 75,7 milhões (FOB), o leite desnatado de US$ 9,4 milhões; os queijos de US$ 20,7 milhões e a manteiga de US$ 13,8 milhões. Neste primeiro trimestre melhorou a colocação de leite em pó desnatado, manteiga e leite em pó integral (+ 16%, + 18% e + 3%, respectivamente), mas caiu 32% do volume de queijo colocado no mesmo período de 2018.
No acumulado do mês passado, 26.580 toneladas de leite integral em pó, principal produto de exportação do Uruguai, foram exportadas. Em leite desnatado, foram colocadas 4.163 toneladas, seguidas por 4.990 toneladas de queijo e 3.075 toneladas de manteiga.
O relatório da Inale indicou que, comparado ao preço de dezembro de 2018, o valor do leite em pó desnatado aumentou 24%, ficando em US$ 2.495 por tonelada. O leite em pó integral subiu apenas 2% e permaneceu em US$ 2.806 por tonelada. Por sua vez, no caso dos queijos, o valor da tonelada subiu 2% e permaneceu em US$ 4.138 e a queda mais significativa foi para a manteiga (-15%), que permaneceu com um valor de US$ 4.704 por tonelada exportada.
É importante notar que o preço do leite em pó integral exportado pelas indústrias de laticínios uruguaias ficou abaixo do valor alcançado por países da Oceania. No caso do Uruguai, foi vendido a US$ 2.806 e da Oceania foi exportado a US$ 3.113 por tonelada. Neste caso houve um aumento de 7%. Por sua vez, a Europa exportou o mesmo produto para US$ 3.275 por tonelada, valor que subiu 3%.
Enquanto isso, no caso dos queijos, o preço de março para o Uruguai foi de US$ 4.138 por tonelada (queda de 1% em relação ao valor registrado em fevereiro) e, nesse caso, foi vendido a valores acima dos alcançados pela Oceania. Embora o preço dos queijos exportados pelos laticínios da Oceania tenha subido em 10% - na mesma data da comparação anterior -, ficou em US$ 3.875 por tonelada.
As complicações das exportações de produtos lácteos e o mercado enfrentado pelos produtos uruguaios estão refletidos nos bolsos dos produtores de leite. A situação econômica e financeira dos produtores de leite é "crítica" e a Conaprole está fazendo "o máximo esforço" para movimentar "o quanto antes" as vendas internacionais dos produtos ao preço pago ao produtor, garantiu Alejandro Pérez, diretor da Cooperativa Nacional dos Produtores de Leite.
Pérez disse que em fevereiro havia cerca de 400 registros em vermelho, em pouco mais de 1.800 produtores que enviam leite à cooperativa, um saldo devedor que dobrou o histórico. "Para os produtores, tenhamos confiança de que estamos procurando, dia após dia, quando podemos ajustar o preço", disse ele. Ele acrescentou que metade dos produtores que foram pagos em fevereiro recebeu US$ 25.000, o que reflete os "enormes esforços" que estão fazendo para manter as fazendas leiteiras funcionando. (As informações são do El País, traduzidas e resumidas pela Equipe MilkPoint)
O Relatório Setorial mensal divulgado pelo Departamento Nacional de Leite mostrou dados positivos para os produtores de leite argentinos. Na média, as indústrias pagaram 11,76 pesos por litro, em março, o que significa 13% a mais que em fevereiro e o dobro do que foi pago no mesmo mês de 2018. Em províncias, como Santa Fe e San Luis, o valor superou 12 pesos. Em compensação, Córdoba ficou abaixo da média, com 11,52 pesos. Em dólares, representa US$ 0,27/litro, se aproximando dos 30 centavos que os produtores consideram o ponto de equilíbrio, para que a atividade tenha uma rentabilidade mínima.
Produção
De qualquer forma, a produção de leite continua no campo negativo. Em março foram 745,5 milhões de litros, 7,9% abaixo do volume produzido em março do ano passado, ainda que seja uma pouco acima da produção de fevereiro. Em Córdoba, a baixa interanual foi de até 20% em departamentos como Río Primero, Tercero Arriba e General San Martín. (Agrovoz – Tradução livre: Terra Viva)
Representantes dos Estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul se reúnem, na próxima quarta-feira, no Paraná, para discutir o Plano Estratégico do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa. Hoje, somente Santa Catarina é livre da aftosa sem vacinação. O Paraná se prepara para buscar essa condição e trabalha com a meta de deixar de imunizar o rebanho no segundo semestre. O Rio Grande do Sul já solicitou auditoria para verificar se tem condições para se antecipar ao calendário proposto pelo Ministério da Agricultura para a retirada da vacina. A sinalização é de que a inspeção ocorra somente em junho ou julho. Antes, o Estado promove a primeira etapa de vacinação contra a doença, de 1º a 31 de maio. (Zero Hora)