Porto Alegre, 26 de fevereiro de 2019 Ano 13 - N° 2.928
Depois de cinco meses de queda, o valor de referência do leite voltou a subir no Rio Grande do Sul. O indexador projetado para fevereiro de 2019 pelo Conseleite é de R$ 1,1142, 0,77% acima do consolidado de R$ 1,1057 de janeiro e bem acima do projetado (R$ 1,0574/janeiro). “Começamos o ano com patamares elevados em relação ao mesmo período de anos anteriores”, pontuou o professor da UPF Eduardo Finamore. Entre os produtos que puxaram o movimento de recuperação, cita ele, está o leite em pó (0,89%) e o leite UHT (2,47%), dois dos principais itens que compõem a cesta de produtos lácteos gaúcha. Segundo ele, a expectativa é que o setor trabalhe com preços mais elevados no início de 2019. “O primeiro semestre será um período de melhor rentabilidade ao produtor, movimento puxado pela volta às aulas e pela redução de custos no campo”, frisou.
O que se observa ao analisar o valor de referência ao longo dos anos é que a taxa de remuneração ao produtor está acima da praticada nos produtos de forma isolada. Levantamento realizado pelo Conseleite, explica o professor, indica que o leite, em 2018, teve valorização acima da inflação do período, o que reflete custos menores de produção, sendo próximo de 50% para pagamentos de insumos e 50% para pagamentos de mão de obra, máquinas e infraestrutura. “A inflação ao produtor ficou abaixo da média que se vê para a dona de casa”, completou. Quanto aos custos, Finamore informou que o mercado do milho e soja com preços mais baixos deve ajudar o produtor, barateando o custo da ração.
Segundo o presidente do Conseleite, Pedrinho Signori, o otimismo traz alento ao setor uma vez que o segundo semestre de 2018 foi de apreensão no campo e baixa rentabilidade. “Vivemos um divisor de águas no setor leiteiro no Brasil. Há muita preocupação com a posição que será adotada pelo governo sobre as taxas antidumping e em relação à implementação das novas INs que regulam a qualidade da produção. São duas decisões que impactarão diretamente no futuro de milhares de produtores que se dedicam à atividade”, salientou Signori.
O secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, pontuou que os próximos 30 dias serão decisivos para alinhar como o mercado se comportará em 2019. Apesar dos dados que indicam boa remuneração no campo, Palharini informa que, no varejo, os preços mantiveram-se, esmagando a rentabilidade do setor industrial.
Participaram da reunião do Conseleite desta terça-feira (26/2) na sede da Farsul as seguintes entidades: Farsul, Fetag, Fecoagro, Sindilat, Emater, Camatec/UPF, Cepan/UFRGS, Stefanello, Piá, RAR, Santa Clara, Senar, Languiru, Latvida e Dielat. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
Foto: Carolina Jardine
Lácteos/Alemanha
Pesquisadores da Universidade de Georg-August em Göttingen, onde estudam anualmente o desempenho das indústrias de laticínios alemãs, analisaram os resultados de 2018 e fizeram as projeções para 2019.
A indústria de laticínios alemão iniciou 2018 com significativo crescimento nas vendas em comparação com 2017, no entanto, os estudiosos disseram que 2019 o mercado continuará tendo um ambiente difícil. Em janeiro do ano passado as vendas foram de € 2,04 bilhões, € 170 milhões (ou 8,3%) maiores do que em janeiro de 2017, mas, esse bom desempenho não durou muito devido à queda nos preços dos do leite nos meses seguintes. As vendas nos dois primeiros trimestres de 2018 cresceram 4,5% e 0,3%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2017. No entanto, a expectativa é de que no quarto trimestre de 2018 a queda seja de 6% em relação ao ano anterior. Isso pode significar um faturamento total de quase € 27,7 bilhões para os laticínios alemães em 2018, o que representa € 200 milhões, ou 0,7% menos que em 2017.
As exportações alemãs de lácteos também caíram em 2018, com poucos intervalos positivos. Em setembro, por exemplo, os € 700 milhões de vendas externas foram significativamente menores do que as realizadas no mesmo mês de 2017, (-8,9%).
Para o quarto trimestre, espera-se um declínio médios de 10% nas exportações, o que poderá representar vendas totais de € 8,7 milhões em 2018, o que corresponderá a um decréscimo de € 569 milhões ou 6,1% em relação a 2017.
A taxa de exportação estagnada, e até declinante em alguns anos, também sugere, de acordo com os estudos da universidade, que se tornou mais difícil vender produtos lácteos “made in Germany” no mercado mundial.
Com foco principalmente nas exportações, a indústria de laticínios alemã, com exceção de algumas empresas que operam globalmente, está mal posicionada para se beneficiar com a expansão de outros países.
As expectativas de negócios para 2019 são muito boas, avalia a universidade. No entanto, aumentar os volumes de leite em todo o mundo não aumentará o preço do leite. Mesmo a seca no norte da Europa no verão de 2018, de acordo com os números disponíveis, não afetará a produção de leite tão drasticamente quanto se temia inicialmente, especialmente porque a ajuda dos governos nacionais amorteceu a queda.
O aumento da alimentação livre de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) e os programas de fazendas sustentáveis significa que a produção na Alemanha está se tornando mais cara em comparação com produções estrangeiras. No mercado doméstico isso pode ser compensador pelo marketing positivo que atende às expectativas do varejo e possivelmente tenham preços mais elevados.
No mercado mundial, no entanto, dificilmente a produção sem OGM será um valor agregado que levará ao aumento do faturamento. (Dairy Industries – Tradução livre: www.terraviva.com.br)
A Fonterra está contratando fazendas fornecedoras de leite para o Leite a2 da Companhia na temporada 2019/2020. A bacia leiteira escolhida inicialmente foi em Waikato, em torno de Hautapu e apoiará a produção de ingredientes. A previsão é de que sejam necessárias 100 fazendas para a próxima temporada. Jayne Hrdlicka, a diretora executiva e presidente da a2 Milk Company, disse que as fazendas ajudarão a apoiar novas áreas de crescimento para o a2MC em mercados novos e os já consolidados. A localização da bacia leiteira foi determinada por vários fatores. O mais importante, e determinante, era a capacidade de fabricar produtos específicos para a demanda. Produzir lotes relativamente pequenos e adaptar-se facilmente a qualquer alteração na demanda do produto. Mike Cronin, diretor da Fonterra disse: “Mesmo que outras regiões tenham sido avaliadas, o fator decisivo foi a demanda. A capacidade de fabricar de forma eficiente uma gama de produtos para atender demandas específicas foi determinante para a escolha da bacia leiteira. À medida que a procura de produtos e linhas crescerem vamos expandir o projeto para outras bacias leiteiras e permitir que mais agricultores participem”. A maior parte do valor agregado recebido pelo The a2 Milk Company será devolvido para os produtores da cooperativa em forma de dividendos. As fazendas participantes também receberão uma bonificação extra pelo leite. O lançamento nacional da marca a2 Milk da Anchor foi no final de setembro de 2018. (Dairy Reporter – Tradução livre: www.terraviva.com.br)