Porto Alegre, 11 de fevereiro de 2019 Ano 13 - N° 2.917
Diante da reação negativa do setor de lácteos ao fim das tarifas antidumping que incidiam sobre as importações de leite em pó da União Europeia e da Nova Zelândia, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, estuda uma forma de contornar a decisão tomada pelo Ministério da Economia e anular o efeito prático do fim das barreiras.
Com o apoio de produtores de leite e da bancada ruralista, a ministra quer aumentar a tarifa de importação de leite de 28% - essa é a alíquota paga por países de fora do Mercosul - para até 42%. Com isso, as importações de Nova Zelândia e União Europeia seriam dificultadas, preservando a situação anterior ao fim das tarifas. A estratégia visa a aplacar a indignação de representantes do setor de lácteos. Ao não renovar as tarifas antidumping, que venceram em 6 de fevereiro, o Ministério da Economia derrubou uma barreira que já vigorava há quase 20 anos.
Uma fonte que participa das conversas dentro do governo explica que a Organização Mundial do Comércio (OMC) permite que as tarifas de importação incidentes sobre o leite sejam de até 55%, o que comportaria, portanto, espaço para a tarifa de 42% a ser proposta.
A tendência, no entanto, é que a proposta do Ministério da Agricultura encontre dificuldades. Há também problemas burocráticos que podem atrasar uma solução para o caso. As tarifas teriam de passar pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), cujos membros nem foram nomeados. "Provavelmente a Economia não vai acompanhar a demanda da Agricultura", diz a fonte, lembrando que o Camex atualmente está subordinada ao Ministério da Economia.
Uma reunião sobre o tema com o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Comerciais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, está agendada para amanhã. Participarão do encontro a ministra da Agricultura, técnicos da Pasta e dirigentes da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite).
No encontro, o aumento da tarifa de importação não será a única proposta. Segundo o presidente da Abraleite, Geraldo Borges, a entidade defende a desoneração de impostos cobrados na aquisição de insumos. A sugestão vai de encontro ao discurso liberal da equipe econômica - e deverá encontrar resistência.
Enquanto busca uma alternativa ao antidumping, o setor privado teme que europeus e neozelandeses inundem o mercado nacional com leite em pó, derrubando os preços. No Congresso Nacional, a bancada ruralista também pretende tratar do assunto. O fim das sobretaxas será a principal pauta da reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que ocorrerá amanhã. O presidente da FPA, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), informou que a bancada estuda medidas para "minimizar os impactos" do fim das tarifas antidumping. (As informações são do jornal Valor Econômico, resumidas pela Equipe MilkPoint)
O cálculo mensal de preços do leite em dezembro de 2018 teve a média de € 34,29/100 kg, [R$ 1,48/litro], para o leite padrão. Queda de € 0,36/100 kg em relação ao mês anterior. Quando comparado com dezembro de 2017, a média de preços foi € 2,87 ou 7,7% menor.
Em dezembro, onze indústrias mantiveram o preço inalterado em relação a novembro. As outras seis reduziram os preços do leite em € 1,00/100 kg. A expectativa da média do preço do leite tenha ligeira queda em janeiro diante dos anúncios já feitos pela Dairy Crest (-1,2); Arla (-1,5); FrieslandCampina (-1,0) e Lactalis (-0,7). A FrieslandCampina garantiu aumento de 0,2 €/100 kg para o mês de fevereiro. Savencia e Lactalis anunciaram os preços do primeiro trimestre de 2019. Savencia subirá 1,1 em janeiro, 0,8 em fevereiro, e deixará inalterado em março. A Lactalis, depois da redução de 0,7 em janeiro, manterá os preços inalterados em fevereiro e março.
Na publicação anterior foi dada uma visão geral dos preços do leite em 2018. Em média, caíram 3,6% quando comparados com o ano de 2017. Nos Estados Unidos o gráfico mostra, claramente, o desempenho negativo dos preços em 2018, em relação a 2017 e à média dos últimos anos.
Em dólares o preço do leite Classe III teve redução de 10% em 2018, comparado com o ano anterior. Isso significa que o ano de 2018 foi ruim par os preços do leite, e que eles ficaram abaixo da média ocorrida entre 2013 e 2017.
Nos Estados Unidos o leite Classe III caiu de US$ 14,44, [R$ 1,21/litro], em novembro, para US$ 13,78/cwt, [R$ 1,15/litro], em dezembro. Em dezembro esse preço cairá um pouco mais, chegando a US$ 13,78/cwt, [R$ 1,18/litro].
Na Nova Zelândia a Fonterra manteve o preço inalterado, ou seja, entre NZ$ 6-6,30/kgMS mais dividendos de NZ$ 0,25/0,35, podendo totalizar NZ$ 6,45/100kgMS, [R$ 1,25/litro], na temporada. (LTO Nederland – Tradução livre: Terra Viva)
Lácteos/AR
Um boletim da Universidade Nacional de Avellaneda (UNDAV) detalhou números contundentes da queda de um setor chave da economia do país. Desde 2015, as vendas no mercado interno caíram 10%, os preços subiram 170% e o emprego no setor ficou reduzido em 4,1%.
A produção de leite caiu 12,7% nos últimos três anos, e no ano passado a quantidade de fazendas produtoras de leite que abandonaram a atividade foram 775, em decorrência da crise das economias regionais, segundo o boletim da UNDAV. A pesquisa do Observatório de Políticas Públicas da UNDAV destacou que desde 2015 as vendas para o mercado interno da indústria de laticínios caíram 10%, e a quantidade de fazendas foi reduzida em 8,1%.
No que se refere à produção, o setor registrou redução de 12,7% nos últimos três anos e a quantidade de fazendas produtoras de leite, só em 2018, caiu 5,3%, passando de 11.666, em 2017, para 10.722 em 2018.
O estudo destaque que a comercialização de leite fluido para o mercado interno teve caiu 10%, com reduções regulares. Em 2015 foram comercializados 1.312 milhões de litros de leite, e em 2018, foi 1.186 milhões.
Segundo o boletim, as vendas internas de leite em pó caíram 8,4%, as de leites aromatizados 6,4%; as de sobremesas lácteas 6,2%; as de iogurtes 5,5%; de creme de leite 4,2%; e a queda média durante 2018 foi de 1,7%. A queda produtiva destruiu 4,1% dos empregos do setor lácteos nos últimos três anos, o equivalente a 4.100 postos de trabalho.
O estudo da UNDAV agrega ainda, que os preços dos produtos lácteos subiram, nos últimos três anos, 170%, segundo o índice ao consumidor da Cidade de Buenos Aires, e em 2018, o aumento foi de 73,1% para o iogurte; 51,6% para a manteiga; e 49,6% para o leite em pó. (La Opinión – Tradução livre: www.terraviva.com.br)
O Sistema CNA/Senar/Icna realizou durante dois dias um evento preparatório para as equipes que vão mapear, a partir de quarta (6), as startups existentes em todo o País voltadas para o agro.O primeiro passo foi nivelar a equipe técnica das Administrações Regionais do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e das Federações de Agricultura e Pecuária da Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rondônia.Os representantes desses cinco estados, onde serão feitos os primeiros levantamentos, conheceram a metodologia de trabalho em workshop realizado na sede do Sistema CNA, em Brasília. (CNA)