Porto Alegre, 27 de abril de 2018 Ano 12 - N° 2.724
O presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Alexandre Guerra, em conjunto com os presidentes dos sindicatos representativos dos estados de Mato Grosso, Alagoas, Mato Grosso do Sul e Ceará, entregou na quinta-feira (26/4) ao diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), do Ministério da Agricultura (Mapa), José Luis Vargas, ofício relatando as dificuldades das indústrias em se adequar às exigência contidas no novo Regulamento e Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), em vigor desde março de 2017.
O artigo 258 do Decreto 9.013/2017 (RIISPOA) prevê que os estabelecimentos devem manter permanentemente o leite sob temperatura de 4°C. Com base na realidade do setor, as entidades sugerem que a temperatura determinada para conservação e estocagem do leite passe a ser de 6ºC. Embora as indústrias de laticínios estejam trabalhando para se adequar à determinação, algumas dificuldades impedem que o regulamento seja colocado em prática, independentemente do porte do estabelecimento.
Entre os gargalos apontados pelos dirigentes está o fato de que as fábricas foram dimensionadas para atender às regras da Instrução Normativa 62 (IN 62), que prevê o resfriamento do leite a 4°C sem a necessidade de manter a essa temperatura; a forte demanda na aquisição de equipamentos para o frio para atender a um mercado formado por cerca de 3 mil fábricas; o alto valor do investimento em equipamentos em um período de queda significativa do consumo; o aumento do fluxo de entrega do produto, associado às altas temperaturas externas que impedem a manutenção da temperatura exigida; além da escassa oferta energética, dependendo da região onde o laticínio está localizado.
De acordo com o ofício assinado pelo presidente do Sindilat gaúcho e pelos demais estados, existem trabalhos publicados no Brasil e também no exterior que mostram que a manutenção do leite a 6°C por 48 horas não altera as contagens de psicrotróficos (micro-organismos) quando comparados a 4ºC.
O documento foi entregue dentro da programação do 4º Intercâmbio de Lideranças Setoriais da Indústria da Alimentação e de Laticínios, realizado nos dias 26 e 27 de abril, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. O evento, que reuniu 22 presidentes de sindicatos e contou com a representação de 16 estados brasileiros, além de trocas de experiências também abriu espaço para debater questões sindicais e de oportunidades para o setor.
De acordo com Guerra, a agenda incluiu conversa com representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) durante a reunião na CNI e visita ao Ministério da Agricultura (Mapa). "Abordamos o tema relativo ao Impacto Regulatório, e fomos informados de que a Anvisa está criando um novo fluxo de execução para permitir uma construção mais efetiva dessa regulação", salientou o presidente do Sindilat. Segundo ele, o setor terá a oportunidade de falar sobre os prazos necessários para implantação das mudanças. "A reestruturação da agenda vai minimizar os impactos com gastos devido às constantes mudanças de embalagens, por temas definidos na Anvisa", destacou o dirigente.
No Ministério da Agricultura, a comitiva de representantes da indústria conheceu o funcionamento do SISMAN - Sistema de Monitoramento de Atos Normativos, ferramenta da Agricultura que até o próximo ano permitirá que pessoas físicas e jurídicas deem sugestões em processos de consultas públicas. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
As alternativas para escoar a produção e aumentar a competitividade do setor lácteo foram debatidas em audiência pública realizada na manhã desta sexta-feira (27/4) em Anta Gorda, durante a 7ª Festileite. Na ocasião, o secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Darlan Palharini, contribuiu com relato sobre os desafios para conquistar novos mercados. "Ainda esbarramos no custo de produção, que é bem mais alto em relação a outros países", comentou, ressaltando a importância de ter instrumentos, como as compras governamentais e o PEP - Prêmio para o Escoamento de Produto, para acessar mercados internacionais. Certa de 250 pessoas, entre estudantes, produtores de leite e autoridades participaram do encontro, que ocorreu na Sociedade Cultural e Recreativa Carlos Gomes.
O secretário de Agricultura de Santa Catarina, Airton Spies, doutor em Economia dos Recursos Naturais, mestre em Ciências Agrícolas e considerado umas das referências no setor lácteo nacional, participou do debate. Para o deputado Alceu Moreira, proponente da audiência pública, o debate "não poderia ter sido melhor". Segundo o parlamentar, o amplo conhecimento técnico de Spies possibilita uma discussão que mostra quais são as possibilidades sem trabalhar com "coitadismos". Moreira se comprometeu a alguns encaminhamentos para debater em Brasília: a simetria com o Mercosul - possibilidade de livre comércio para insumos entre os países e o preço mínimo para o leite.
Também estavam presentes na audiência pública o diretor da Laticinios Domilac, Rodrigo Pohlo, o assessor da Fetag Márcio Langer, o veterinário Fernando Groff, da Secretaria Estadual da Agricultura (Seapi), e o fiscal federal agropecuário da superintendência do Ministério da Agricultura no RS, Roberto Lucena, responsável pelo Programa Mais Leite. (Assessoria de Imprensa Sindilat)
Num ano em que o consumo de leite longa vida no país superou as expectativas da indústria e cresceu 2,8%, batendo recorde, a receita do segmento caiu mais de R$ 2 bilhões, afetando a rentabilidade das empresas. Em 2017, a produção nacional ultrapassou os 7 bilhões de litros, de acordo com estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Lácteos Longa Vida (ABLV). No ano anterior, havia somado 6,830 bilhões de litros.
O crescimento no longa vida, segundo o presidente da ABLV, Laércio Barbosa, foi estimulado sobretudo pela maior oferta de matéria-prima no ano passado, quando a produção brasileira de leite inspecionada avançou 4,1%, para 24,1 bilhões de litros. Mas a maior oferta - num mercado patinando - derrubou os preços do leite longa vida comercializado pela indústria, o que fez a receita do segmento recuar 13%, saindo de R$ 17 bilhões em 2016 para R$ 14,750 bilhões no ano passado, estima o presidente da ABLV.
"O crescimento da produção ficou acima da expectativa. Como houve aumento grande de produção de leite no ano passado, a maior parte da oferta adicional foi direcionada para o longa vida, que é um produto de giro mais rápido", afirma Barbosa. E o crescimento da produção doméstica de matéria-prima também desestimulou a importação de lácteos em 2017 (ver quadro) pelo país, diferentemente do ano anterior.
Embora tenha havido uma recuperação do consumo de leite longa vida no segundo semestre do ano passado - graças justamente aos preços mais baixos -, a rentabilidade da indústria nacional seguiu pressionada. A razão é que as cotações do produto vendido pelas empresas caíram mais do que as da matéria-prima.
Segundo o dirigente, os preços médios de venda do leite longa vida no atacado recuaram quase 16% entre 2016 e 2017, para R$ 2,10 o litro. As cotações do leite ao produtor no país também recuaram na mesma comparação, mas de forma menos acentuada - 8,8%, para R$ 1,14 o litro.
Ainda que o mercado de leite longa vida esteja apresentando um comportamento instável desde o início do ano, a expectativa da ABLV é de novo crescimento do consumo no país em 2018, até maior do que o do ano passado. "Se a economia do país crescer 2,5%, o segmento pode avançar além disso", diz Barbosa. Segundo ele, a recuperação ainda não é firme, e o mercado de bens de consumo, como o leite, tem refletido fatores que antes não pesavam tanto, como menor disponibilidade de dinheiro em determinados meses do ano.
Mesmo assim, Barbosa é otimista e também prevê recuperação dos preços do leite longa vida após a forte queda do ano passado. Entre fevereiro e março deste ano, os preços do produto já subiram. O cenário já reflete os sinais de que a oferta de matéria-prima este ano deve crescer com menos ímpeto no país. Para a ABLV, o maior custos dos grãos usados na ração do rebanho leiteiro este ano e a acomodação dos preços ao produtor - no primeiro trimestre já houve queda de 10% em relação a igual período de 2017 - devem segurar o crescimento da oferta de leite. A previsão é de avanço de 2% a 3%. Com quase 30 associados, a ABLV ampliou sua atuação e abriga agora também, além do leite, outros lácteos longa vida, como leite condensado, creme de leite e bebidas lácteas. (As informações são do jornal Valor Econômico, resumidas pela Equipe MilkPoint)
Leite/Europa
Na Europa, e particularmente na Alemanha, a produção de leite continua elevada, mas, no período gelado, entre fevereiro e março o crescimento diminuiu. No total, existe menos leite do que o planejado pelas indústrias de laticínios.
Assim a oferta de produtos lácteos na Europa Ocidental está mais apertada do que o desejável, pressionando os preços em todos os mercados, mas, especialmente para a manteiga e creme. Os produtores de leite são beneficiados porque a tendência de preços firmes no mercado estabiliza o valor pago pelo leite cru. É possível o retorno dos preços da manteiga. A produção de leite na União Europeia (UE) nos últimos doze meses, março de 2017 a fevereiro de 2018, comparado com o período anterior, aumentou 2,9% de acordo com a Eurostat. A variação percentual dos volumes nos principais países produtores da UE são: Alemanha, 32,2 milhões de toneladas, +1,6%; França, 24,7 milhões de toneladas, +2%; Reino Unido, 15,2 milhões de toneladas, +4,6%; Holanda, 14,3 milhões de toneladas, -0,1%; e Itália, 12,1 milhões de toneladas, +4,8%. No primeiro bimestre de 2018 a produção de leite da UE acumulou crescimento de 3,4% em relação ao mesmo período de 2017, divulgou o site CLAL.
A produção de queijo na UE nos últimos doze meses encerrados em fevereiro de 2018, comparada com o período anterior, cresceu 2,7% de acordo com a Eurostat. As variações entre os maiores produtores foram: Alemanha, 2%; França, -0,3%; Itália, 5,3%; Holanda, -1,6%; e Polônia, 5%. E no primeiro bimestre de 2018 a produção de queijo subiu 3,4% em relação ao primeiro bimestre de 2017.
Na Europa Oriental, a produção de leite na Polônia nos últimos doze meses encerrados em fevereiro de 2018, comparado com a produção de março de 2016 a fevereiro de 2017, aumentou 4,8% de acordo com a Eurostat. Enquanto que a produção de leite acumulada de janeiro e fevereiro de 2018 subiu 3,3% quando comparada com os primeiros dois meses de 2017. (Usda - Tradução Livre: Terra Viva)
Rentabilidade/AR
Um boletim divulgado pelo Observatório da Cadeia Láctea (OCLA) com dados do INTA mostra que a rentabilidade foi negativa em fevereiro e março de 2018. Segundo cálculos do Instituto de Economia do INTA publicados pelo OCLA, a rentabilidade média ponderada de todas as regiões produtoras de leite foi em fevereiro e março -0,1% e -0,2%, respectivamente, contra +2,4% e +2,5% nos mesmos meses de 2017. No mês de março o preço médio do litro de leite foi 5,94 pesos, [R$ 1,02/litro], de acordo com a informação de 286 empresas, o que representa um aumento mensal de 3%, e interanual de 15%. A produção de leite em "tambo" constante subiu 14% em relação a março de 2017, mas, houve queda de 2% em relação a fevereiro de 2018. Os preços, pesos/por litro, por províncias foram: Buenos Aires, 6,09; Córdoba, 5,84; Entre Ríos, 5,89; La Pampa, 5,81; Santa Fe, 5,93; Santiago Del Estero, 5,88; San Luis, 5,89; Salta, 6,27. A bonificação por sólidos totais foi de 85,68 pesos/quilo. As exportações apresentaram crescimento de 6% em volume e houve variação de 5% no preço do leite em pó integral. As vendas para o mercado interno registraram queda de 4% para o leite fluido, e de 1% em outros produtos. Mesmo assim houve alta de 15% no preço do leite em pó. (Infortambo - Tradução livre: Terra Viva)