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10/04/2018

Porto Alegre, 10 de abril de 2018                                              Ano 12 - N° 2.711

 

    Busca por estilo de vida mais saudável pressiona indústria de alimentos no País

 
A mudança no perfil de consumo de alimentos e bebidas se tornou um desafio para as grandes indústrias desses setores – lá fora e aqui no Brasil. Segundo a consultoria Euromonitor, o consumo de refrigerantes no mercado brasileiro projetado para 2022 estará 20,3% abaixo do que se via em 2012. Na mesma comparação, a demanda por chicletes terá queda de 20,9%, enquanto a categoria geral de doces vai recuar 19,6%. A indústria que se expandiu com o desejo do brasileiro de experimentar novas categorias agora está sendo obrigada a se adaptar a novos tempos, em que o apelo saudável será o nome do jogo. 
 
Isso vai se refletir tanto no crescimento de certos tipos de produtos processados – como as bebidas à base de água de coco e os salgadinhos feitos de cenoura e batata-doce, por exemplo – quanto no retorno aos alimentos frescos. A mudança de mentalidade, que já é realidade na Europa e nos EUA, obrigou as grandes indústrias de alimentos a rever estratégias. Gigantes como Pepsico, Unilever, Coca-Cola, Ambev e Nestlé se movimentam em diferentes frentes para convencer os consumidores de que seus produtos não são potenciais riscos à saúde. 
 
Entre as estratégias adotadas para se adequar à nova realidade estão mudanças em fórmulas de produtos (com versões com menos açúcar e gorduras), redução de embalagens (para controlar a quantidade consumida) e a aquisição de marcas menores que já nasceram direcionadas ao apelo saudável. 
 
Reportagem publicada em setembro do ano passado pelo jornal americano The New York Times mostrou que, dos anos 1980 para cá, o foco de grandes grupos internacionais no mercado nacional multiplicou por três o índice brasileiro de obesidade, que era de 7% há cerca de 40 anos. Hoje, segundo a Euromonitor, a taxa está em 22%. E deve chegar a 26% em 2022.
 
Analista sênior da Euromonitor, Angelica Salado diz que o consumidor já vê uma clara relação entre o excesso de industrializados na dieta e o ganho de peso. “A preocupação com o problema existe, apesar de ainda estar mais ligada à estética do que à saúde em si.” Ela diz, no entanto, que a tendência das opções saudáveis está consolidada.
 
O consultor em marcas Ricardo Klein, da Top Brands, diz que a adoção de um estilo mais saudável pelos brasileiros, no entanto, ainda pode esbarrar no fator preço. Na opinião do especialista, esse processo de migração será percebido primeiro nas classes A e B. “É um processo que vai ser sentido em um prazo mais longo, pois, para a maioria dos consumidores brasileiros, a compra desse tipo de produto, que tem apelo premium, acaba fazendo a conta não fechar no fim do mês.” (As informações são do jornal O Estado de São Paulo)

 
 
Saldo comercial do agronegócio alcança US$ 7,79 bilhões em março
 
As exportações do agronegócio somaram US$ 9,08 bilhões, em março, registrando crescimento de 4,1% em relação ao mesmo mês do ano anterior, quando as vendas foram de US$ 8,73 bilhões. As importações de produtos do setor alcançaram US$ 1,29 bilhão (-6,9% abaixo de março de 2017). Como resultado, a balança comercial do setor registrou saldo positivo da ordem de US$ 7,79 bilhões. Os produtos do agronegócio representaram 45,2% do total das vendas externas brasileiras no mês, com aumento de quase dois pontos percentuais de participação comparado a março do ano passado.
 
Os produtos de origem vegetal foram os que mais contribuíram para o crescimento das exportações do setor, com incremento de US$ 417,08 milhões, principalmente em função de produtos florestais, cujas vendas externas foram US$ 374,49 milhões superiores. Se destacaram outros setores, como sucos (+US$ 107,51 milhões); cereais, farinhas e preparações (+US$ 93,55 milhões); fumo e seus produtos (+US$ 78,84 milhões) e fibras e produtos têxteis (+US$ 27,97 milhões).
 
Quanto ao valor exportado destacaram-se: complexo soja (44,3%), carnes (14,8%), produtos florestais (13,9%), complexo sucroalcooleiro (7,0%) e café (4,5%). Os cinco setores representam 84,4% das exportações do setor.
 
O complexo soja registrou montante de US$ 4,03 bilhões em exportações no mês, o que representou queda de 0,8% sobre março/2017. A redução na quantidade embarcada do grão (-1,8%), aliada a um preço médio 1% inferior, resultou na redução, em valor, de 2,8%,  passando de US$ 3,53 bilhões em março de 2017 para US$ 3,44 bilhões, explica o coordenador de Competitividade do Departamento de acesso a Mercados do Mapa, Luiz Fernando Wosch. Já as exportações de farelo de soja registraram crescimento de 16,8%, atingindo US$ 507,14 milhões, enquanto as exportações de óleo de soja diminuíram 5,8%, com US$ 84,47 milhões.
 
Recorde
As carnes ocuparam a segunda posição no ranking, alcançando US$ 1,34 bilhão, praticamente o mesmo valor registrado no mês em 2017. O principal produto do setor foi a carne bovina, cujas vendas foram de US$ 591,97 milhões, recorde histórico para março. Em relação ao mesmo mês em 2017 houve incremento de 22,1% das vendas, em função da ampliação da quantidade em 24,1%, que compensou a queda de 1,6% no preço. As exportações de frango apresentaram queda de 9,7%, com US$ 580,59 milhões. Além da retração da quantidade (-1,6%), houve queda no preço médio do produto (-8,2%). Também houve queda nas vendas de carne suína (-23,4%), decorrentes tanto da retração na quantidade embarcada (-7,8%), quanto do preço (-16,9%).
 
Importações
As importações de produtos do agronegócio sofreram queda de US$ 96,09 milhões na comparação com março de 2017 e março de 2018. Os principais produtos adquiridos pelo Brasil foram: pescados (US$ 142,72 milhões); álcool etílico (US$ 135,19 milhões); trigo (US$ 87,73 milhões); papel (US$ 78,73 milhões) e vestuário e produtos têxteis de algodão (US$ 58,35 milhões). Além dos pescados e do trigo, outros produtos que tiveram as maiores reduções em importações foram arroz (-US$ 30,93 milhões); lácteos (-US$ 22,53 milhões) e malte (-US$ 15,24 milhões
 
Destinos
A Ásia se manteve como principal região de destino das exportações do agronegócio, somando US$ 4,65 bilhões. A União Europeia ocupou a segunda posição no ranking de blocos econômicos e regiões geográficas de destino das vendas externas do agronegócio brasileiro no mês. Houve crescimento de 22,9% nas vendas ao mercado, decorrentes, principalmente, do aumento nas exportações de celulose (+162,6%); soja em grãos (+59,7%); sucos de laranja (+38,8%); fumo não manufaturado (+120,2%) e farelo de soja (+12,9%).
 
Acumulado no ano
No acumulado do primeiro trimestre de 2018, as exportações brasileiras do agronegócio atingiram US$ 21,47 bilhões, cifra que supera em 4,6% o resultado de igual período do ano passado, significando recorde para resultados de janeiro a março. Tal acréscimo atribui-se ao aumento de 6,7% na quantidade embarcada, uma vez que houve queda de 1,9% no índice de preço. As importações recuaram 3,9% no trimestre, caindo de US$ 3,76 bilhões para US$ 3,61 bilhões, desempenho explicado, sobretudo, pela queda de 3,8% no índice de quantidade, enquanto   o índice de preço teve ligeiro decréscimo de 0,1%, de acordo com Luiz Fernando Wosch. Com isso, o superavit comercial do agronegócio subiu de US$ 16,76 bilhões para US$ 17,86 bilhões, constituindo cifra recorde para períodos de janeiro-março.
 
Resultado em 12 meses
As exportações do agronegócio atingiram US$ 96,96 bilhões nos últimos 12 meses, apurados entre abril de 2017 e março deste ano. O número representa crescimento de 13,5% em relação aos US$ 85,42 bilhões exportados entre abril de 2016 e março de 2017. O incremento das exportações ocorreu em função, principalmente, do aumento da quantidade exportada, que subiu 13%. O índice que mede o preço das exportações apresentou alta de 0,5%.
 
As importações do agronegócio diminuíram de US$ 14,35 bilhões entre abril de 2016 e março de 2017 para US$ 14,01 bilhões entre abril de 2017 e março de 2018 (-2,4%). A queda de 9,6% no índice de preço dos produtos importados explica, em grande parte, a redução do valor das importações. O quantum importado, por outro lado, aumentou 8,0%.
 
O crescimento das exportações com concomitante redução das importações fez com que  o saldo comercial do agronegócio aumentasse de US$ 71,07 bilhões registrados entre abril de 2016 e março de 2017 para US$ 82,96 bilhões entre abril de 2017 e março de 2018.
 
Os cinco principais setores exportadores do agronegócio apurados em 12 meses foram: complexo soja (participação de 32,7% nas exportações do agronegócio); carnes (participação de 15,9%); produtos florestais (participação de 12,8%); complexo sucroalcooleiro (participação de 11,8%); e cereais, farinhas e preparações (participação de 5,8%).
 
O coordenador de Competitividade do Departamento de Acesso a Mercados do Mapa observou que, na relação dos vinte maiores importadores do agronegócio, tiveram crescimento na aquisição de produtos brasileiros em índices acima de 30%: Egito (+92,4%; US$ 2,15 bilhões); Espanha (+49,7%; US$ 2,12 bilhões); Bangladesh (+41,3%; US$ 1,51 bilhão); Vietnã (+33,6%; US$ 1,46 bilhão); Emirados Árabes Unidos (+33,5%; US$ 1,76 bilhão); e Hong Kong (+31,1%; US$ 2,67 bilhões). (As informações são do Mapa)
 
 
Parceria entre EUA e China estabelece bases para o crescimento das exportações de lácteos
 
A Universidade Jiangnan da China e o Conselho de Exportação de Lácteos dos EUA (USDEC, da sigla em inglês) formaram uma nova parceria de inovação que ajuda a preparar o terreno para o crescimento das exportações de lácteos dos EUA para a China. O vice-presidente da Universidade de Jiangnan, Xu Yan, e o presidente e CEO do USDEC, Tom Vilsack, assinaram um memorando de entendimento (MOU) formalizando o relacionamento, no campus da Universidade de Jiangnan em Wuxi.
 
"A parceria com a Jiangnan é um acordo concreto e revolucionário que levará a novas oportunidades que beneficiam tanto a China quanto os Estados Unidos", disse Vilsack. "A China é um mercado de prioridade máxima para a indústria de lácteos dos EUA, e estamos muito animados em trabalhar com uma das melhores escolas de ciência dos alimentos do país”.
 
"Estamos muito satisfeitos em estabelecer o Centro de Inovação em Lácteos dos EUA-China em nossa universidade junto com o USDEC", disse Xu. "O centro visa facilitar a inovação em pesquisa e serviços técnicos para as indústrias de lácteos e alimentos e também fortalecer a cooperação educacional e a colaboração em pesquisa em ciência e tecnologia de lácteos entre os dois países".
 
O USDEC espera que o MOU ofereça três grandes benefícios:
Incentivar o desenvolvimento de formulações de produtos inovadores e amigáveis à China que incorporem ingredientes lácteos dos EUA, particularmente proteínas do soro de leite e de leite e leite em pó desnatado;
Permitir que os fornecedores de lácteos dos EUA se envolvam mais com a indústria de alimentos da China, respondam melhor ao acesso das instalações no mercado e encontrem oportunidades para projetos de inovação que alavanquem a funcionalidade, a versatilidade e a nutrição dos ingredientes lácteos dos EUA;
Enriquecer as experiências acadêmicas dos alunos nos programas de ciência e tecnologia de lácteos da Universidade de Jiangnan com habilidades práticas de pesquisa e desenvolvimento utilizando produtos lácteos dos EUA para iniciar a carreira após a formatura.
 
"Este MOU é mais uma prova do desejo da indústria norte-americana de elevar sua presença e demonstrar seu compromisso em atender às necessidades e desejos dos clientes e consumidores chineses com produtos lácteos dos EUA produzidos de forma sustentável", disse Vilsack. O acordo segue uma série de esforços liderados pelo USDEC que visam construir relações na China e remover barreiras ao comércio para nivelar o mercado com os concorrentes, incluindo o MOU do ano passado sobre o registro de plantas de lácteos dos EUA e a redução unilateral das tarifas chinesas de queijo.
 
Vilsack acrescentou: "Eles fazem parte da ampla estratégia de marketing global do USDEC para expandir as pessoas, parcerias e promoções nos principais mercados e impulsionar o crescimento em direção ao The Next 5%”. O The Next 5% é o esforço de toda a indústria lançado em 2017 para aumentar as exportações anuais de produtos lácteos dos EUA, do equivalente a cerca de 15% dos sólidos de leite do país para 20%.
 
Após a assinatura do MOU, Vilsack dirigiu-se a 150 oficiais de ciências de alimentos na Universidade de Jiangnan. Sua apresentação, "The Importance of Climate Smart Agriculture to Meeting World Food Needs," explorou a necessidade de colaboração e inovação no combate à sustentabilidade agrícola, à medida que os recursos mundiais crescem cada vez mais pressionados. (As informações são do USDEC, traduzidas pela Equipe MilkPoint)

 
 

   Preço do leite ao produtor volta a subir em março

A redução da produção de leite voltou a motivar a alta de preços recebidos pelos produtores do país em março, pelo segundo mês seguido. É o que aponta levantamento da Scot Consultoria. Os valores do leite no mercado físico (spot) monitorados pela consultoria estão entre R$ 1,30 o litro a R$ 1,60 por litro. Em nota, Rafael Ribeiro, analista da Scot, ressalta que a produção de leite está em queda desde dezembro, e que as recentes altas de preços dos lácteos no atacado oferecendo sustentação aos preços do leite ao produtor. Ele avalia que a demanda também está reagindo, ainda que em ritmo lento, e que a valorização no atacado já começa a ser repassada com mais força para o varejo. No entanto, Ribeiro alerta que, se o consumo não acompanhar o mesmo ritmo, “podemos ter uma situação semelhante a 2016, de alta no preço do UHT no atacado na primeira metade do ano e depois uma forte queda no preço no segundo semestre”. Por esse motivo, ele avalia que a alta do leite deverá continuar no curto e médio prazo, até junho e julho, “mas a intensidade das altas daqui para frente será ditada pela demanda”. Apesar da alta dos preços do leite nos últimos dois meses, os produtores também estão com custos maiores, já que os preços do milho e farelo de soja também estão em alta no mercado brasileiro. Além disso, Ribeiro observa que a queda na temperatura que deverá ocorrer daqui para frente, aliada à redução no volume de chuvas, costuma aumentar a necessidade de suplementação dos animais. (Valor Econômico)

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