A crescente demanda por alimentos ganha destaque mediante a estimativa de que nascem 160 mil pessoas por dia. Assim, no mundo todo ganha força a preocupação com a difícil tarefa de suprir as necessidades alimentares, que aumentam na proporção do contínuo avanço populacional. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), nos próximos dez anos, a produção rural terá de subir 20%. E nós, brasileiros, temos um papel essencial no abastecimento do planeta, pois possuímos território, condições climáticas e mão de obra. demais, contamos com dois grandes aliados: conhecimento tecnológico e políticas públicas adequadas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 1990 a expectativa de vida aumentou em média seis anos (passando de 62 para 68 anos de vida entre os homens e de 67 para 73 entre as mulheres). Os dados mostram ainda que as nações pobres registraram um aumento mais expressivo, com uma média de nove anos. Ora, se vivemos por mais tempo, com maior poder aquisitivo e com populações cada vez maiores (sobretudo em países emergentes), a consequência mais importante é a elevação da demanda por produtos agrícolas, que são a base da alimentação. Para que a necessidade interna seja suprida e o Brasil consiga margem para exportação, é preciso que nossa produção cresça nada menos do que o dobro da média mundial, ou seja, a uma taxa de 40%. Desse modo, o mundo nos coloca a notável responsabilidade de abastecê-lo.
Tal expectativa não se sustenta à toa. Hoje, menos de 9% de todo o território nacional é cultivado. Há somente 72 milhões de hectares utilizados, de um total de 851 milhões (180 milhões de hectares servem a pastos). Ou seja, o potencial territorial é gigantesco, como o é nossa força de trabalho agrícola. Números como esses indicam que o país tem o que precisa para cumprir sua missão. Porém, para que os resultados cultivados floresçam, é preciso evoluir o que está no caminho certo. Nos últimos oito anos, o fator que mais contribuiu para a produção agrícola foi o tecnológico. Evidentemente, há condições extremamente favoráveis, como a abundância de água e luz, mas de nada elas valeriam se não houvesse um forte caráter inovador na agricultura brasileira. Assim, o agronegócio brasileiro mostra que tem as condições necessárias para crescer o que se espera, criando empregos, riquezas, renda, excedentes exportáveis e empurrando para cima o setor urbano industrial. A área rural move a gigantesca roda da economia nacional e ainda alimenta nossa balança comercial. Gera renda para a cidade e o campo, agregando valor nas indústrias de alimentos e energia e fibras (como vestuário, fiação e moda). (Caio Rocha - Secretário Nacional de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura – Correio do Povo)