Porto Alegre, 10 de janeiro de 2025 Ano 19 - N° 4.301
Por que o leite não deve ser banido do seu cardápio, segundo a ciência
Novo estudo absolve os laticínios do risco de pré-diabetes; outros trabalhos mostram que leite e seus derivados não favorecem males cardiovasculares e inflamações
Relatos históricos dão conta de que o ser humano começou a beber leite em 5000 a.C., período em que se originou a prática da ordenha. Ultimamente, porém, essa convivência milenar tem sido abalada por um movimento conhecido como terrorismo nutricional, que coloca diversos alimentos como vilões.
Por outro lado, despontam pesquisas mostrando que os lácteos não devem ser banidos do cardápio sem respaldo médico. Afinal, eles oferecem muitos benefícios. Um dos estudos mais recentes, publicado em novembro no periódico científico Clinical Nutrition, absolve grande parte dos laticínios a fim de favorecer o surgimento do pré-diabetes.
O trabalho traz, inclusive, um elo entre o consumo de leite desnatado e a redução do risco da doença. Mas mostra, por sua vez, que o excesso de lácteos ricos em gordura pode ser prejudicial.
O pré-diabetes é um distúrbio metabólico marcado por níveis alterados de glicose no sangue, mas que não ultrapassam os limites da classificação para o diabetes. É diagnosticado por meio de exames laboratoriais. Se detectado ainda no estágio inicial, mudanças no estilo de vida – prática de exercícios e alimentação saudável – podem reverter a situação e normalizar a glicemia. No entanto, quando não é identificado precocemente, tende a evoluir para o diabetes tipo 2, doença vinculada a males circulatórios, renais e oculares.
Para chegar à conclusão, pesquisadores europeus avaliaram dados de 7.521 participantes oriundos de um grande estudo britânico, o Fenland. Ainda que se trate de uma associação, que não estabelece uma relação de causa e efeito, o trabalho levanta hipóteses promissoras.
Já sobre o elo dos laticínios com males cardiovasculares, há evidências de que, dentro do equilíbrio, não aumenta o risco — inclusive, um estudo nacional, o Elsa-Brasil, aponta benefícios às artérias. E quanto à relação com processos inflamatórios, ainda não há comprovação científica de que a ingestão sirva de estopim.
“Entretanto, para quem apresenta alergias ou intolerâncias, o leite pode, sim, favorecer inflamações”, comenta a nutricionista Daniela Boulos, da Unidade de Check-Up do Hospital Israelita Albert Einstein. Além disso, segundo a nutricionista, a caseína – principal proteína da bebida – pode estar por trás de desconfortos, sobretudo em organismos mais sensíveis. “Ela costuma ser difícil de digerir”, diz.
Mas nada de agir por conta própria. “Antes de restringir lácteos no dia a dia, é fundamental buscar o diagnóstico certeiro”, orienta Carla Muroya, nutricionista do Programa Obesidade e da Unidade Check-up do Hospital Israelita Albert Einstein.
Alergia x intolerância
No caso de alergia, o que ocorre é uma resposta diferenciada do sistema imunológico frente à proteína e que dispara a produção de uma série de mediadores inflamatórios responsáveis por reações exacerbadas. Sintomas como vômitos, diarreia e até falta de ar são comuns. Os exames laboratoriais, assim como o teste de provocação, ajudam a bater o martelo.Já a intolerância à lactose se dá porque o organismo produz pouca enzima lactase, a responsável pela quebra da famosa substância, que é um tipo de açúcar. Distensão abdominal, flatulência e desarranjos intestinais são exemplos de distúrbios desencadeados. Aqui, além de avaliação clínica, testes respiratórios, de glicose e até genéticos são indicados para flagrar o problema.
Afora essas situações e quando não há nenhum mal-estar decorrente da ingestão de lácteos, não existem motivos para excluí-los. A restrição pode até trazer prejuízos.
Um mix de nutrientes
O leite e seus derivados concentram nutrientes essenciais à saúde, tanto que as diretrizes alimentares recomendam três porções diárias. Um dos maiores destaques é o cálcio, mineral reconhecido pelo seu papel no esqueleto. Trata-se do principal nutriente da mineralização dos ossos, contribuindo para fortalecê-los.
O cálcio ainda está envolvido nas contrações musculares, daí ser indispensável, especialmente aos praticantes de atividade física. E há evidências de que favorece o controle da pressão arterial.
Laticínios também ofertam proteína, sobretudo a já citada caseína. Proteínas, em geral, são fundamentais para a formação de tecidos, manutenção dos músculos e colaboram para a sensação de saciedade.
Vale mencionar que lácteos são fontes de vitaminas: oferecem vitamina A, algumas integrantes do complexo B, além de pequenas quantidades da vitamina D, numa mistura que, entre outros atributos, beneficia a saúde óssea e a imunidade.
A lista ainda não acabou. “Outro nutriente que marca presença é a gordura, sobretudo a saturada”, aponta Daniela Boulos. E esse tipo, quando consumido em excesso, pode cooperar para o aumento nas taxas de colesterol e prejudicar as artérias.
Para indivíduos adultos, a sugestão é optar pelo leite na versão desnatada. Queijos mais magros, como o minas frescal, o cottage e a ricota, também estão entre os lácteos recomendados.
Um olhar atento aos rótulos é mais um conselho das especialistas. Ainda assim, a parcimônia é sempre bem-vinda. Exageros podem pôr tudo a perder — assim como para diversos outros alimentos. (CNN Brasil)
Conseleite Minas Gerais
A diretoria do Conseleite Minas Gerais no dia 7 de Janeiro de 2025, atendendo os dispositivos disciplinados no artigo 15 do seu Estatuto, inciso I e de acordo com metodologia definida pelo Conseleite Minas Gerais que considera os preços médios e o mix de comercialização dos derivados lácteos praticados pelas empresas participantes, aprova e divulga:
a) os valores de referência do leite base, maior, médio e menor valor de referência para o produto entregue em Dezembro/2024 a ser pago em Janeiro/2025.
Os valores de referência indicados nesta resolução para a matéria-prima leite denominada leite base se refere ao leite analisado que contém 3,30% de gordura, 3,10% de proteína, 400 mil células somáticas/ml, 100 mil ufc/ml de contagem bacteriana e produção individual diária de até 160 litros/dia. Os valores são posto propriedade incluindo 1,5% de Funrural.
CALCULE O SEU VALOR DE REFERÊNCIA
O Conseleite Minas Gerais gera mais valores do que apenas o do leite base, maior, médio e menor valor de referência, a partir de uma escala de ágios e deságios por parâmetros de qualidade e ágio pelo volume de produção diário individual, apresentados na tabela acima. Visando apoiar políticas de pagamento da matéria-prima leite conforme a qualidade e o volume, o Conseleite Minas Gerais disponibiliza um simulador para o cálculo de valores de referência para o leite analisado em função de seus teores de gordura, proteína, contagem de células somáticas, contagem bacteriana e pela produção individual diária. O simulador está disponível no seguinte endereço eletrônico: www.conseleitemg.org.br.
EMATER/RS: Informativo Conjuntural 1849 de 9 de janeiro de 2025
BOVINOCULTURA DE LEITE
Em relação à saúde animal, o controle de mosca, berne e carrapato tem sido eficaz tanto em matrizes quanto em terneiras. Estão sendo empregadas práticas de manejo e monitoramento constante para prevenir infestações mais severas.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Campanha, a produção segue regular, apesar da ausência de chuvas desde 20/12/2024. O estresse térmico tem aumentado, exigindo ajustes nos horários de pastejo e fornecimento de volumosos conservados.
Na de Caxias do Sul, o manejo ajustado e a dieta balanceada garantem oferta alimentar de qualidade e manutenção da produtividade nos sistemas a pasto, confinados e semiconfinados.
Na de Erechim, a atividade leiteira apresenta bom desempenho, e há oferta de água e de pastagens perenes e anuais, que estão em excelente desenvolvimento, reduzindo a necessidade de alimentos conservados.
Na de Frederico Westphalen, segue a preocupação com as infestações de mosca e carrapato.
Na de Ijuí, a produção de leite continua em alta, e os melhores resultados têm sido obtidos nos sistemas a pasto e no uso de silagem de trigo. Os rebanhos mantêm estado corporal adequado, e o controle de ectoparasitas tem sido eficiente.
Na de Passo Fundo, os animais mantêm estado nutricional e escore corporal satisfatórios. A produção de leite permanece estável, e há oferta de pasto, especialmente em propriedades tecnificadas que ajustam o manejo por lote.
Na de Pelotas, a produção leiteira também segue estável, mas houve aumento pontual em algumas propriedades. Ocorreu crescimento das infestações de mosca e carrapato, demandando controle estratégico.
Na de Santa Maria, as pastagens de verão enfrentam estresse hídrico, afetando o rebrote e reduzindo a oferta de forragem em quantidade e qualidade para o rebanho leiteiro.
Na de Santa Rosa, o monitoramento de ectoparasitas continua, e houve redução das populações de carrapato, resultado dos tratamentos anteriores e da ausência de chuvas nas últimas semanas. (Emater/RS adaptado pelo Sindilat/RS)
Jogo Rápido
Tempo seco previsto para a maior parte das regiões do Estado nos próximos dias
A previsão para os próximos dias indica tempo seco na maior parte das regiões do Rio Grande do Sul, com possibilidade de temporais isolados. É o que aponta o Boletim Integrado Agrometeorológico 02/2025, da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), em parceria com a Emater/RS-Ascar e o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). sábado (11/01) e domingo (12/01): a nebulosidade deve predominar na maior parte do estado devido ao sistema frontal em deslocamento sobre o oceano , com temperaturas mais altas nas regiões oeste e noroeste. Nessas datas, não se descarta a possibilidade de formação de nuvens de chuva e até temporais isolados, isto é, chuvas acompanhadas de trovoadas e relâmpagos de curta duração, principalmente entre as regiões Central e Norte do estado. Entre sábado e domingo, a aproximação de um anticiclone migratório pós-frontal ao estado deverá influenciar as temperaturas, tornando-as mais amenas em comparação aos dias anteriores. Segunda-feira (13/01) e terça-feira (14/01): o destaque será a atuação persistente de um anticiclone migratório na costa do estado, que favorecerá condições de céu encoberto a parcialmente nublado em todo o território gaúcho. As temperaturas deverão permanecer amenas em todas as regiões, mas tendem a apresentar elevação a partir da terça-feira. Quarta-feira (15/01): a previsão indica um forte aquecimento das temperaturas no Rio Grande do Sul, devido à mudança na direção dos jatos de baixos níveis, que passarão a atuar sobre o estado. O prognóstico para a próxima semana indica a possibilidade de chuvas nas regiões Central e Norte do Estado, com volumes previstos de até 20 mm. No litoral, poderão ocorrer chuvas isoladas de baixa intensidade ao longo do período. O boletim também aborda a situação de diversas culturas e criações de animais pelo Estado. Acompanhe todas as publicações agrometeorológicas da Secretaria em www.agricultura.rs.gov.br/agrometeorologia.(Boletim Agrometeorológico da Seapi editado pelo Sindilat RS)