Porto Alegre, 06 de janeiro de 2025 Ano 19 - N° 4.297
Por que a indústria de leite vê a demanda como ponto de atenção em 2025
Perspectivas de clima favorável e queda das importações animam segmento, que projeta margem bastante limitada para reajustar preços
A cadeia de produção de leite começa 2025 com a perspectiva de diminuição das importações e quadro climático mais favorável, o que anima laticínios e pecuaristas. O cenário é bem mais positivo do que o de anos anteriores, quando cresceram as compras de matéria-prima do exterior, especialmente de Argentina e Uruguai, e sucessivas estiagens em importantes Estados produtores reduziram a oferta de matéria-prima e afetaram a produtividade no campo. Isso não significa, no entanto, que o segmento terá vida fácil nos próximos 12 meses.
Neste ano, o aumento dos preços dos lácteos no mercado internacional e a desvalorização do real devem enxugar as importações brasileiras de lácteos, que bateram recorde no país em 2024.
“Para a indústria nacional, isso é bastante bom porque o produto importado estava entrando com muita força no Brasil”, afirma Valter Galan, sócio da Milkpoint. “Os preços que Uruguai e Argentina praticam subiram e estão mais próximos dos preços que vemos no Brasil. Isso, somado a uma taxa de câmbio mais elevada, provavelmente reduzirá a importação”. Segundo levantamento da consultoria, os valores, que eram de US$ 3,7 mil a tonelada em agosto, subiram para US$ 4,1 mil no fim do ano.
De janeiro a novembro de 2024, o Brasil importou 252,5 mil toneladas de lácteos, especialmente de Argentina e Uruguai, de acordo com as estatísticas do Ministério da Agricultura. O volume é pouco superior ao do mesmo período de 2023, quando as importações somaram 251,9 mil toneladas, mas 60% maior do que as 151,2 mil toneladas do intervalo entre janeiro e novembro de 2022.
O aumento expressivo das importações levou o segmento a pedir a abertura de investigação sobre a possível prática de dumping por parte de Argentina e Uruguai. O governo brasileiro atendeu a solicitação no início de dezembro.
Se o virtual declínio das importações anima produtores, que terão menos concorrência, e indústrias, que não precisarão recorrer a um produto que já não tem custo competitivo como em anos recentes, ele vai reduzir a oferta do produto no mercado interno. Esse desdobramento pode encarecer o produto final — e o segmento já detectou que os consumidores estão resistentes a pagar mais pelo leite e seus derivados.
Inflação
“Devemos ter um começo de ano mais difícil para consumo do que tivemos em 2024”, observa Galan. A inflação de leite e derivados medida pelo IPCA foi de 10,24% nos 12 meses até novembro, mas, no caso do leite longa vida (UHT), os preços subiram 20,38% nesse intervalo, quando a inflação no país foi de 4,87%.
No campo, há uma boa notícia, mas com desdobramentos que preocupam os pecuaristas. A novidade positiva é que, no momento, não há previsão de grandes problemas climáticos para a atual temporada. Com clima favorável, a produção nacional deve crescer, o que tende a pressionar as margens dos produtores, que tiveram um respiro no ano passado. Em 2024, o preço médio pago ao produtor de leite subiu 38%, para R$ 2,8065 o litro, de acordo com o Cepea.
“O ano de 2024 foi de recuperação para o produtor de leite, com alta de preços em quase todos os meses, enquanto os custos de produção andaram de lado”, diz Juliana Pilla, analista da Scot Consultoria. Na avaliação dela, as perspectivas para 2025 são de produção crescente, o que deve pressionar os preços pagos ao produtor, comprometendo parte das margens que os pecuaristas conseguiram no ano passado.
Segundo levantamento do Cepea, em outubro, o produtor brasileiro de leite precisou de 24,51 litros de leite cru para comprar uma saca de 60 quilos de milho. O valor subiu 12,21% em relação a setembro, mas ficou bem abaixo dos 30,8 litros necessários em janeiro. “Se considerarmos a diferença entre preço pago ao produtor e o índice de custo, na comparação com o ano anterior, a margem do produtor teve uma melhora de 13% em 2024”, disse a analista.
Preços no teto
Na avaliação do secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat-RS), Darlan Palharini, os preços já atingiram patamares máximos, dada a dificuldade de repasse para o consumidor final. “O produtor brasileiro está recebendo quase o mesmo que o europeu, então não tem muito mais o que aumentar esse preço ao produtor, mas sim ganharmos em eficiência”, avalia.
Ele projeta que, sem catástrofes climáticas nem mudanças drásticas na economia, 2025 será um ano “tranquilo e equilibrado”. “Será um ano para o setor se capitalizar e crescer em demanda e também em produtividade”, diz. (Globo Rural via Valor Econômico)
Colheita de milho para silagem avança e os resultados são adequados
A colheita de milho para silagem avançou e os resultados de colheita são considerados adequados. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (02/01), estima-se que 14% da área cultivada foi colhida e 17% estão próximos ao ponto ideal de corte, que corresponde ao estágio de grão farináceo-duro e os colmos verdes, em que o teor de matéria seca da planta inteira varia entre 30% e 35%.
Nesse estágio, os grãos apresentam elevada concentração de amido, e as fibras vegetativas preservam sua digestibilidade, garantindo o equilíbrio necessário para maximizar o valor nutricional, o rendimento por hectare e a qualidade da silagem conservada. Para a Safra 2024/2025 no Estado, a Emater/RS-Ascar projeta o cultivo de 357.311 hectares, e a produtividade média é de 39.457 kg/ha.
MILHO
A semeadura do milho avançou apenas em pequenas extensões, mantendo a proporção de 95% da área projetada para a safra. O progresso ocorreu em partes da Campanha, tradicionalmente destinadas ao cultivo tardio. Nas demais regiões, o plantio não foi executado devido à redução da umidade no solo ou à ocupação das áreas destinadas para cultivo em segunda safra. Para a Safra 2024/2025, a Emater/RS-Ascar estima o cultivo de 748.511 hectares, e a produtividade média de 7.116 kg/ha.
O cultivo apresenta desempenho satisfatório, superior à Safra 2023/2024. Contudo, há variação no desempenho entre as lavouras, influenciada pelo regime de precipitações: em algumas áreas, o desenvolvimento está excelente, e em outras houve perdas consideráveis devido ao déficit hídrico ocorrido em novembro, durante o estágio de fecundação e formação de grãos. Embora a restrição hídrica não tenha comprometido a cultura, houve redução no potencial produtivo inicialmente estimado. A recente sequência de temperaturas elevadas, os ventos e a baixa umidade relativa do ar têm levado as plantas à excessiva perda de água, o que pode resultar na antecipação da colheita.
A colheita evoluiu pouco, mais concentrada no Noroeste do Estado, alcançando 3% da área cultivada. A produtividade média alcançada, até o momento, é de aproximadamente 7.800 kg/ha, considerando tanto as lavouras de sequeiro quanto as irrigadas, que apresentam ótimo desenvolvimento. (Emater/RS editado pelo Sindilat/RS)
Com sinais de recuperação após enchentes, PIB do RS registra variação de -0,3% no terceiro trimestre de 2024
Resultados foram divulgados pelo Departamento de Economia e Estatística
A economia do Rio Grande do Sul apresentou sinais de recuperação após as enchentes ao registrar variação de -0,3% no terceiro trimestre de 2024 na comparação com o segundo trimestre. Os números do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado mostram ainda que, em relação ao mesmo período de 2023, a alta foi de 4,1%. No Brasil, nas mesmas bases comparativas, o PIB registrou avanço de 0,9% e 4%, respectivamente.
Os resultados do PIB do RS relativos ao período entre julho e setembro foram divulgados na última quinta-feira (2/1) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). No acumulado dos três primeiros trimestres do ano, a economia do Estado teve alta de 5,2% na comparação com o mesmo período de 2023, enquanto no Brasil o avanço alcançou 3,3%. Na soma dos últimos quatro trimestres, a variação no RS atingiu 3,7%, acima da registrada no país, que alcançou 3,1%.
No Estado, o terceiro trimestre é o período tradicionalmente com menor repercussão das atividades agropecuárias no PIB.
"Apesar da queda na margem, causada pela retração da agropecuária típica do período, o PIB mostrou sinais de recuperação após os impactos mais severos das enchentes. Tanto a indústria quanto os serviços tiveram crescimento no terceiro trimestre em relação ao segundo, com destaque para os bons resultados da indústria de transformação e do comércio”, destaca o pesquisador em Economia do DEE, Martinho Lazzari.
Terceiro trimestre x segundo trimestre
Entre as grandes atividades da economia, a agropecuária recuou 30,6% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre, enquanto a indústria cresceu 1,1%, e os serviços registraram avanço de 2,3%. Na indústria, a alta foi puxada pelo desempenho da indústria de transformação, a com maior participação no segmento, que cresceu 2%. As atividades de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-10,3%) e construção (-0,4%) recuaram no período.
Nos serviços, segmento mais representativo na formação da taxa, o comércio (+3,9%), os serviços de informação (2,6%) e o setor de transportes, armazenagem e correio (2,3%) foram as atividades que apresentaram as maiores altas no período.
2024 x 2023
Na comparação dos números do terceiro trimestre de 2024 com os de 2023, o PIB do RS cresceu 4,1%, com alta nos números da agropecuária (+7,9%) e dos serviços (+4,2%), enquanto a indústria teve recuo (-1,3%).
A queda na atividade industrial foi puxada pelos números da indústria de transformação, com baixa de 2,8% no período. Na transformação, as maiores influências para a queda vieram das atividades de máquinas e equipamentos (-16,4%), bebidas (-11,4%) e celulose, papel e produtos de papel (-6,9%). Por outro lado, os avanços mais relevantes foram registrados em móveis (+14,9%), metalurgia (+37,9%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (+5,3%).
Nos serviços, as sete atividades pesquisadas registraram alta, com destaque para comércio (+8,2%), outros serviços (5,2%) e serviços da informação (+5,1%). No importante segmento do comércio, os avanços mais significativos ocorreram nas atividades de comércio de veículos (+21,5%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (+9,3%) e material de construção (+18,5%).
Acumulado de 2024
No acumulado do ano, o avanço de 5,2% do PIB do Estado em relação ao mesmo período de 2023 foi impulsionado pelo desempenho positivo da agropecuária (+37,1%) e dos serviços (+3,2%), enquanto a indústria teve variação negativa (-0,2%). (SEAPI)
Jogo Rápido
Como será o clima no Brasil em janeiro?
A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para o mês de janeiro indica chuvas entre a média climatológica e acima da média em grande parte das Regiões Norte, Sul e do leste e norte do Nordeste. No entanto, em algumas áreas dessas Regiões, como Rondônia, sudeste e norte do Pará, sul e norte do Tocantins, região central do Maranhão, oeste da Bahia e sul do Rio Grande do Sul, os acumulados poderão variar entre próximo e abaixo da média histórica. Por outro lado, em São Paulo e áreas localizadas no centro-sul do Rio de Janeiro, os acumulados poderão ficar na normalidade ou acima da média , enquanto que Minas Gerais e Espirito Santo poderão registrar precipitação abaixo da média. Na Região Centro-Oeste, a previsão aponta para precipitação dentro da normalidade e acima da média em grande parte do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Porém, em Goiás e áreas no noroeste e sudeste do Mato Grosso do Sul, os volumes de chuva podem ficar abaixo da climatologia. Quanto às temperaturas, a previsão indica que deverão ser acima da média em grande parte do país, com possibilidade de ocorrência de alguns dias de calor em excesso , principalmente no norte do país, onde as temperaturas médias do ar podem ultrapassar os 28ºC. Em áreas pontuais do Amazonas, Amapá, sudoeste do Paraná, leste de Santa Catarina e sul do Rio Grande do Sul, são previstas temperaturas próximas ou ligeiramente abaixo da média, devido a ocorrência de dias consecutivos com chuva que podem amenizar a temperatura. (MAPA)