Porto Alegre, 26 de dezembro de 2024 Ano 18 - N° 4.292
Como a inteligência artificial tem mudado a rotina das fazendas?
A inteligência artificial (IA) e sistemas avançados de câmeras estão revolucionando a maneira como os produtores de leite nos EUA gerenciam seus rebanhos.
Embora o uso de câmeras inteligentes em fazendas leiteiras não seja inteiramente novo – e haja cerca de uma dúzia de empresas trabalhando globalmente nessa área –, quatro grandes players comercializaram a tecnologia em fazendas leiteiras dos EUA, oferecendo ferramentas que podem melhorar a lucratividade, a produtividade e usar a inteligência artificial para informar a gestão da fazenda.
A evolução das câmeras com IA na pecuária leiteira
Devido à complexidade historicamente alta e ao custo de instalação, a adoção de tecnologia de câmeras ficou atrás do uso de sensores IoT vestíveis – como colares e brincos para vacas –, que agora são usados em mais da metade das vacas leiteiras nos EUA. Apesar de câmeras em fazendas leiteiras serem utilizadas há décadas, a IA torna o monitoramento por câmeras muito mais útil e eficiente. Ao monitorar constantemente as imagens, a IA consegue identificar práticas na fazenda, questões de bem-estar animal e preocupações com sustentabilidade que seriam impossíveis de serem observadas por humanos 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Impulsionados pelo crescente reconhecimento do valor que os sistemas de IA trazem para as operações leiteiras, os sistemas de câmeras inteligentes estão ganhando tração. Atualmente, os sistemas de câmeras com IA estão sendo usados em apenas 1/10 das vacas que utilizam dispositivos vestíveis, mas o número total de vacas monitoradas por essas câmeras inteligentes deve ultrapassar 1 milhão nos próximos dois anos.
O que as empresas oferecem hoje
1. Vacinas mais saudáveis e partos mais seguros: As câmeras inteligentes com IA têm sido usadas para observar o consumo de ração e o comportamento dos animais no estábulo. Dado que ambos são críticos do ponto de vista financeiro e de tomada de decisão, não é surpreendente que decisões baseadas no gerenciamento da alimentação tenham sido amplamente adotadas pelos produtores de leite nos EUA. Mais recentemente, a mesma empresa, Cainthus, criou um novo sistema de monitoramento de maternidades que envia alertas aos fazendeiros quando as vacas estão prontas para parir, permitindo intervenções oportunas que reduzem o risco de complicações. Ao integrar esses sistemas às suas plataformas de dados, os fazendeiros podem tomar decisões informadas com base em insights em tempo real.
2. Diagnóstico e tratamento precoce de claudicação em vacas: Uma empresa usa câmeras 2D para monitorar o andar das vacas nas salas de ordenha, permitindo a identificação precoce de possíveis claudicações. Isso ajuda os fazendeiros a abordar problemas de locomoção antes que se agravem. O fornecedor CattleEye sugere que as câmeras de IA usadas dessa maneira podem melhorar o cuidado com as vacas e até mesmo reduzir a pegada de carbono.
3. Câmeras de IA para melhorar as práticas de ordenha: Outro player nesse espaço usa câmeras de IA para monitorar salas de ordenha e identificar comportamentos fora do padrão, enviando alertas em vídeo imediatos para as fazendas. A Cattle Care afirma monitorar quase 500.000 vacas e encoraja os empregadores a substituir os salários por hora por compensações baseadas em desempenho. No final, o sistema ajuda os fazendeiros a identificar áreas para treinamento e melhoria, promovendo uma cultura de responsabilidade e produtividade.
4. Monitorar o comportamento e a saúde das vacas: Outro player se descreve como um “pastor digital” para garantir que as práticas de bem-estar animal sejam seguidas nas fazendas. Criada para atender às necessidades da Fairlife e focada no bem-estar das vacas e nas interações humano-animal, a ElectroFai busca criar transparência para auditores, garantir a conformidade com as melhores práticas e mitigar riscos à marca.
Olhando para o futuro: o que as câmeras de IA significam
Ao fornecer dados em tempo real sobre a saúde, o comportamento e a alimentação das vacas, tecnologias como IA generativa, ChatGPT e modelos de linguagem ampla (LLMs) oferecem insights antes impossíveis, permitindo que os produtores de leite melhorem significativamente suas fazendas. Desde ajudar os fazendeiros no trabalho diário, aumentar a produtividade e promover cuidados humanitários com os animais, fica claro que o futuro da pecuária leiteira está na adoção de tecnologias avançadas. À medida que o foco em sustentabilidade e bem-estar animal cresce, os sistemas de câmeras inteligentes com IA se tornarão essenciais, transformando a indústria leiteira nos próximos anos.
Então, qual tecnologia de câmera com IA escolher?
Como sempre, escolha aquela respaldada por alguém com recursos financeiros robustos, pergunte sobre o suporte à instalação e serviço e obtenha os nomes e telefones de clientes atuais que você possa contatar. Nada funciona melhor do que conversar com outros produtores para descobrir a realidade. Mas não espere. A IA é a tendência com maior potencial para transformar as fazendas leiteiras. (As informações são do Dairy Herd Management, traduzidas pela equipe MilkPoint)
Informação e tecnologia na agricultura têm impacto na preservação dos solos
O solo é um recurso natural que sustenta a flora e a fauna, o armazenamento da água e as infraestruturas. Além de ser um meio insubstituível para a agricultura, é também um componente vital do agroecossistema no qual ocorrem processos e ciclos de transformações físicas, químicas e biológicas.
O conhecimento do solo é importante para diversas áreas de atividade e isso requer que os atores no desenvolvimento agrícola e na preservação ambiental tenham as noções e as habilidades para identificar os diferentes tipos de solos e as limitações de uso agrícola, objetivando seu uso mais racional, economicamente viável e ambientalmente sustentável. Quando mal manejado, ocorre a degradação do ecossistema.
O Rio Grande do Sul apresenta grande variedade de solos, consequência da complexidade da sua formação geológica e da ação climática ao longo do tempo.
Em diversas regiões do Estado, a compactação do solo por pisoteio de animais ou tráfego de máquinas tem prejudicado a infiltração de água e o crescimento das raízes, especialmente em culturas como a soja. Para mitigar esses efeitos, os agricultores adotam práticas como a rotação de culturas e o uso de plantas de cobertura, que ajudam na descompactação do solo e na manutenção de sua estrutura.
Conforme Rafael Goulart Machado, extensionista da Emater/RS-Ascar em Coxilha, quando se trabalha com plantas de cobertura, optamos, nesta época do ano, por gramíneas de verão, que podem ser cultivadas após a cultura da soja, como estratégia para uma melhor estruturação do solo.
Além de práticas de manejo, a adoção de bioinsumos tem se destacado como uma alternativa sustentável para a agricultura. Esses insumos biológicos, como os fixadores de nitrogênio e microrganismos controladores de pragas, contribuem para a redução do uso de fertilizantes químicos e inseticidas.
Além disso, a metilobactéria simbiótica, que auxilia no aproveitamento do nitrogênio, é um exemplo de inovação que potencializa a produtividade das culturas com menor uso de adubos nitrogenados. Essas tecnologias estão impulsionando a sustentabilidade da agricultura no Planalto, consolidando a região como um modelo de inovação e eficiência no Brasil. Cada um deles, através de seus mecanismos específicos, contribui para a maior sustentabilidade da agricultura, destaca Machado. (Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar)
Teor de etanol anidro na gasolina deve subir a 30% e elevar preços
Em 2025, consumo de biocombustível deve crescer, mas produção tende à estabilidade
Previsto na lei do Combustível do Futuro, o aumento do teor de etanol anidro na gasolina acima dos atuais 27% deve se tornar uma realidade já em 2025. Os testes das montadoras serão feitos no primeiro trimestre, e a indústria espera que eles já permitam um aumento da mistura para 30% a partir de abril, o que elevaria a demanda potencial pelo anidro em 1,2 bilhão a 1,4 bilhão de litros em um ano, segundo especialistas.
Considerando também um aumento natural do consumo de combustíveis do ciclo Otto (usados em veículos leves), esse incremento adicional da demanda por etanol não deve ser acompanhado de crescimento na produção. Isso significa aumento dos preços do biocombustível no próximo ano.
“Vamos ver preços médios 10% acima do preço médio desta safra”, estima Pedro Paranhos, CEO da Evolua Etanol, joint venture entre Copersucar e Vibra e líder na comercialização do biocombustível no país.
Na previsão da consultoria StoneX, o teor de 30% representa já um acréscimo de 1,04 bilhão de litros para o ano de 2025, se a mudança for implementada em abril. Dentro do período da safra sucroalcooleira (2025/26), de abril a março, o incremento no consumo de etanol anidro pode chegar a 1,4 bilhão de litros, projeta Paranhos.
O teor do aumento de mistura ainda depende dos testes, que serão conduzidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) entre janeiro e fevereiro. Os testes serão patrocinados pelos produtores de etanol e servirão de base para o Ministério de Minas e Energia (MME) recomendar a nova mistura para o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), conforme definido pela Pasta na última semana. A lei do Combustível do Futuro prevê que o aumento da quantia de etanol ocorra de forma gradual, até 35%, a depender dos testes.
Ciclo Otto
Mas o consumo total de etanol anidro deve crescer ainda mais no próximo ano, considerando-se as projeções de mais um período de aumento do consumo de combustíveis do ciclo Otto — embora menos aquecido do que em 2024. “Neste ano, já surpreendeu o movimento do ciclo Otto, relacionado ao crescimento robusto do PIB e ao crescimento da frota. Para o ano que vem, voltamos a patamares [de crescimento] mais regulares”, avalia Paranhos.
Esse retorno ao normal deve representar um crescimento de 2,5% no consumo, segundo o executivo. Já Martinho Ono, presidente da trading de etanol SCA, avalia que o aumento do ciclo Otto deve ficar mais próximo de 2%, dada o impacto da inflação.
Oferta
O cenário para a oferta de etanol na próxima safra ainda é incerto. As perspectivas para a safra de cana variam muito de região para região do país, já que algumas áreas de canaviais foram mais impactadas pela seca e pelos os incêndios que outras.
O que é certo é que haverá mais produção de etanol de milho com o início da operação de novas usinas e aumentos de capacidades. “Deve haver um equilíbrio [entre oferta e demanda] com as capacidades novas de etanol de milho”, avalia Pierre Santoul, diretor da Tereos Brasil. Para ele, a moagem de cana deve ser no máximo igual à da safra atual se o clima no verão for “muito bom”.
Ainda que as chuvas favoreçam uma recuperação mais vigorosa dos canaviais, as usinas já fixaram boa parte das exportações de açúcar, e deverão ter menos flexibilidade para aumentar a produção de etanol. A saída deverá ser produzir menos etanol hidratado para atender à demanda pelo anidro, apertando a oferta do biocombustível que é utilizado diretamente nos tanques .
Para a StoneX, que estima um crescimento de 1,7% no consumo do ciclo Otto em 2025, a gasolina deve ganhar competitividade perante o etanol hidratado e ter um aumento de 3% no consumo, puxando a demanda pelo anidro.
Veículos elétricos
Por outro lado, a disparada das vendas de carros elétricos neste ano também pode começar a segurar a renovação da frota de veículos com motores a combustão flex, na avaliação de Ono, da SCA.
Em 2023, os veículos flex representaram 83% dos licenciamentos, enquanto os elétricos e híbridos representaram 4,3% do total, segundo os dados mais recentes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Neste ano, no acumulado até novembro, a participação dos veículos flex oscilou para 79%, enquanto o conjunto de elétricos e híbridos passou a 6,9% dos licenciamentos.
Esse movimento reflete o forte crescimento da venda dos elétricos e híbridos, que até novembro mais que dobrou em relação a todo o ano de 2023, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). “Mas a frota nacional ainda é predominantemente a combustão”, ressalta Ono. (Globo Rural via Valor Econômico)
Jogo Rápido
Dólar opera em alta e bate R$ 6,19; BC fará leilão de até US$ 3 bilhões
O dólar opera em alta na sessão desta quinta-feira (26), conforme investidores aguardavam o resultado do novo leilão anunciado pelo Banco Central do Brasil (BC) para tentar conter a subida da moeda norte-americana. A instituição anunciou que fará um leilão à vista de até US$ 3 bilhões. Os leilões de dólar do Banco Central são uma ferramenta de regulação do mercado de câmbio e servem para aumentar a oferta de dólares disponíveis — o que, em tese, faz a cotação cair. Com o noticiário econômico esvaziado e em uma semana mais curta por conta do Natal, momento em que os mercados ficam fechados no Brasil, investidores voltam as atenções para o mercado internacional. Na Ásia, as autoridades chinesas anunciaram que vão aumentar o estímulo fiscal ao país no próximo ano, tendo concordado em emitir 3 trilhões de iuanes (US$ 411 bilhões ou R$ 2,5 trilhões) em títulos públicos especiais. Se confirmado, esse será o maior valor já registrado. Já o governo do Japão afirmou nesta quinta-feira (26) que prevê que a produção econômica atingirá capacidade total no próximo ano fiscal, pela primeira vez em sete anos, devido a um mercado de trabalho aquecido. (G1)