Porto Alegre, 07 de novembro de 2024 Ano 18 - N° 4.260
Com uma produção diária aproximada de 67 milhões de litros de leite inspecionado, conforme aponta o Anuário Leite 2024 da Embrapa, cerca de 24 milhões de litros são destinados à fabricação de queijos. Esse processo gera aproximadamente 22 milhões de litros de soro de leite por dia, o que equivale a cerca de 100 ml de soro por habitante diariamente. Mas a quem interessa esse produto?Esse foi o tema central da palestra "By the Whey, Z Generation", ministrada por Rodrigo Stephani, pesquisador do Inovaleite/UFJF, durante o segundo dia do Dairy Vision 2024. Em sua apresentação, Rodrigo abordou a interação entre pessoas e produtos, especialmente o soro de leite e produtos derivados que o utilizam. Seu foco foi a geração Z (nascidos entre 1995 e 2010), que atualmente representa uma parcela expressiva da população brasileira.Rodrigo apresentou dados recentes que mostram que o consumo de soro de leite é vantajoso entre a Geração Z em comparação com as gerações anteriores, que tradicionalmente viam o soro como um subproduto de menor valor. Ele ressaltou que, do ponto de vista do consumo, a Geração Z é hoje a maior parte da população consumidora e, portanto, é essencial entender suas preferências e tendências.Além disso, Rodrigo destaca um fato curioso: as gerações mais antigas tendem ao consumo de queijos, cuja produção gera soro como coproduto. Em outras palavras, enquanto uma geração consome queijo sem valorizar o soro, outra aprecia o soro, mas não consome tanto queijo. Dessa forma, os hábitos de consumo parecem se complementarem.Preferências de consumo de lácteos entre gerações
De acordo com o Anuário Leite 2023 da Embrapa, a bebida láctea é o produto mais consumido entre adolescentes e crianças, diferentemente de adultos e idosos, para quem esse é o produto lácteo menos consumido, como é possível observar na tabela abaixo:
Atualmente, o soro é o principal coproduto da indústria de laticínios. Embora historicamente subvalorizado, nos últimos anos tem-se demonstrado que essa visão não reflete o real potencial do soro. A produção de Whey Protein Concentrado (WPC) é um exemplo claro do valor agregado desse subproduto. Curiosamente, as gerações nascidas após 1995, que cresceram com acesso a produtos mais sofisticados, tendem a consumir produtos com soro na composição, muitas vezes sem se dar conta de que o coproduto está presente.
O pesquisador também apresentou com exclusividade em sua palestra no Dairy Vision os dados de uma pesquisa realizada pelo Inovaleite em setembro de 2024, na qual 429 pessoas de diferentes faixas etárias foram entrevistadas sobre seus hábitos e percepções em relação ao leite e à bebida láctea. Um dos destaques da pesquisa é a disposição das pessoas em pagar por 200 ml (um copo) de determinado produto lácteo.
Em todas as categorias de produtos, a Geração Z (15 a 29 anos) demonstra uma disposição maior para pagar por lácteos em comparação com as gerações anteriores, como a Geração Y, Geração X e os Boomers.
Em relação aos produtos, a Geração Z está disposta a pagar mais pelo leite com chocolate em relação ao leite puro. Por outro lado, os Boomers (nascidos entre 1946 e 1964) preferem pagar menos pelo leite com chocolate do que pelo leite puro.
Quando se trata de bebidas lácteas sabor chocolate, todas as gerações indicam uma menor disposição a pagar, em comparação com o leite sabor chocolate. A situação se agrava quando se menciona a bebida láctea sabor chocolate com soro – ingrediente comum em bebidas lácteas no Brasil. A simples adição do termo "soro" leva a uma queda ainda maior na disposição de compra.
O estudo ganha ainda mais relevância ao investigar a disposição a pagar pela bebida láctea sabor chocolate com "whey", sem menção a um maior teor de proteína, apenas com o uso da palavra "whey". Nesse caso, a disposição a pagar aumenta de forma significativa, especialmente entre os membros da Geração Z. No entanto, os Boomers continuam apresentando uma menor disposição a pagar por esse tipo de produto, o que representa uma perda de oportunidade para o setor, considerando que essa é uma faixa etária que possivelmente tem maior necessidade de uma nutrição específica e pode estar sendo subestimada pelo mercado.
Atualmente, grande parte do volume de leite produzido no Brasil é destinado à fabricação de queijos. Como resultado, uma quantidade expressiva de soro é gerada, mas ainda não é aproveitada de maneira eficiente, o que representa uma oportunidade promissora para a indústria. Embora algumas empresas já reconheçam o valor do soro e utilizem de forma eficaz, novas iniciativas começam a surgir nesse contexto. No mercado global, o interesse pelo soro vem crescendo de forma consistente. “O Brasil é um dos países que mais gera soro de leite no mundo, e isto definitivamente não é um problema”, mencionou Rodrigo.
Portanto, ao falarmos da cadeia produtiva do leite, é essencial incluir a cadeia do soro, que é parte integrante desse processo. É fundamental superar a percepção de que produtos derivados do soro possuem uma qualidade inferior.
Sob a perspectiva da sustentabilidade, uma questão cada vez mais relevante, o aproveitamento do soro não é apenas necessário, mas uma decisão inteligente e consciente. É crucial que o público entenda que, ao consumir queijo, deve-se considerar o destino do soro resultante. Desvalorizar esse coproduto é um equívoco, uma vez que ele possui grande importância no mercado nacional e oferece um enorme potencial de crescimento. (Milkpoint)
Balança comercial de lácteos: volume de importações volta a crescer
Após ficar em estabilidade em setembro, o volume total de importações de lácteos voltou a crescer em outubro, influenciado pelo maior de número de dias úteis no último mês. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo registrado no mês de outubro (exportações – importações) chegou a -199 milhões de litros em equivalente-leite, registrando uma queda mensal de cerca de 22 milhões de litros em relação a setembro, conforme pode ser observado no gráfico 1.
Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos – equivalente leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
As exportações de lácteos seguiram em baixos patamares e apresentaram recuo no último mês. Com 4,4 milhões de litros em equivalente-leite exportados em outubro, a queda mensal foi de 10,3%, mantendo um patamar semelhante ao observado durante o ano para as exportações brasileiras, conforme mostra o gráfico 2.
Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
As importações de outubro apresentaram aumento mensal. Ao todo, foram importados cerca 203,3 milhões de litros em equivalente leite, registrando um avanço de 11,6% em relação ao mês anterior, como mostra o gráfico 3. Dessa forma, as importações de lácteos ainda se mantém em um patamar considerado elevado.
Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.
Em relação às categorias exportadas no último mês, as maiores variações percentuais mensais de volume foram apresentadas pelas categorias de soro de leite, que teve aumento de cerca de 240 toneladas (+41%) e fechou o mês com volume exportado de 833 toneladas em outubro; além da categoria de leite em pó integral, que aumentou seu volume no mês em 28 toneladas e fechou outubro com cerca de 40 toneladas exportadas.
Pelo lado das importações, o principal destaque ficou com o grupo dos queijos, que atingiram a sua máxima histórica, com um total de 6.764 toneladas importadas durante o mês de outubro, um crescimento de 14% frente ao mês anterior. Além disso, a categoria do leite em pó integral, voltou a avançar no mês de outubro, com um total de 12.802 toneladas, o produto teve um crescimento de cerca de 2.180 toneladas (+21%) em relação ao mês de setembro.
As tabelas 1 e 2 mostram as principais movimentações do comércio internacional de lácteos nos meses de setembro e outubro de 2024.
Tabela 1. Balança comercial de lácteos em outubro de 2024
Tabela 2. Balança comercial de lácteos em setembro de 2024
Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.
O que podemos esperar para os próximos meses?
Apesar do aumento nos preços registrados durante o mês de setembro no leilão Global Dairy Trade (GDT), o maior leilão internacional de lácteos, que pressionou as cotações de produtos lácteos no Mercosul, alguns itens importados, como o leite em pó integral e a muçarela, continuaram a mostrar-se mais competitivos em relação aos produtos nacionais. A manutenção dessa competitividade de preços é um dos fatores centrais que impulsionam as importações brasileiras, oferecendo aos compradores alternativas economicamente vantajosas frente ao mercado doméstico.
Contudo, um novo fator começou a influenciar a dinâmica regional: o aumento das exportações argentinas e uruguaias para mercados fora do Mercosul, impulsionado pela maior demanda de novos compradores asiáticos e africanos. Esse redirecionamento das exportações tem ganhado força nos últimos meses, e levanta preocupações para os compradores sobre a futura disponibilidade de produtos lácteos do Mercosul para o mercado brasileiro, podendo representar um fator limitante nas importações.
Diante desse cenário, espera-se que as importações ainda sigam em patamares elevados, mas que passam por pequenas diminuições nos próximos meses. (Milkpoint)
Prêmio SomosCoop destaca a excelência em gestão da Cooperativa Santa Clara
Na noite de segunda-feira (28), a Cooperativa Santa Clara foi agraciada com o Prêmio SomosCoop Excelência em Gestão RS, na categoria Cooperativas do ramo agropecuário.
O evento, que contou com um Jantar dos Presidentes promovido pelo Sistema Ocergs, reuniu as cooperativas do estado que se destacam por sua gestão exemplar e pelo compromisso com o cooperativismo. A cerimônia ocorreu no Centro de Eventos do Pontal Shopping, em Porto Alegre.
“Estamos muito felizes com este prêmio, que é um reconhecimento a todos da nossa Cooperativa. Isso mostra que, juntos, somos fortes e reconhecidos. Apresentamos resultados financeiros muito positivos, tendo distribuído mais de 150 milhões de reais aos nossos associados nos últimos 10 anos”, destacou Alexandre Guerra, diretor administrativo e financeiro.
Está é a 1º edição da premiação no Estado do Rio Grande do Sul. A análise é realizada pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), utilizando a metodologia baseada no Diagnóstico Governança e Gestão (PDGC) do Sescoop. O reconhecimento também avalia a maturidade da gestão das cooperativas nos setores agropecuário, crédito, infraestrutura, saúde, transporte e trabalho, produção de bens e serviços.
“Esses diagnósticos nos mostram que temos fundamentos sólidos que comprovam o compromisso da Santa Clara com a gestão e governança. Somos referência e pioneiros em muitas frentes, e isso se reflete nos nossos índices. Além disso, a pesquisa aponta uma série de áreas para mantermos o foco, bem como novas oportunidades, sempre buscando a excelência”, conclui o diretor.
“É com grande honra e satisfação que recebemos este prêmio. Reconhecemos a responsabilidade que temos de valorizar o trabalho árduo e o sacrifício dos nossos associados em nosso segmento. Na linha de frente, devemos sempre zelar pela igualdade em nossa gestão. Graças a esse compromisso e à eficiência de nossa equipe, conquistamos este troféu,” afirmou o presidente da Cooperativa, Gelsi Belmiro Thums. (Edairy News)
Jogo Rápido
Prazo de inscrição para o 10º Prêmio Sindilat/RS de Jornalismo encerra em 10 dias
Encerra, no dia 15 de novembro, o prazo de inscrições para a 10ª edição do Prêmio Sindilat/RS de Jornalismo. Podem ser protocolados trabalhos que tenham sido publicados/veiculados entre 02/11/2023 e 01/11/2024. Eles precisam tratar sobre o setor lácteo, seu desenvolvimento tecnológico, avanços produtivos e desafios. Os primeiros lugares receberão como prêmio um troféu e um celular iPhone; segundos e terceiros serão agraciados com troféus.Não há limite de número de inscrições por candidato, que podem inscrever suas produções nas categorias impresso, eletrônico e on-line. Para garantir a inscrição, é preciso completar a ficha com os dados solicitados, para cada trabalho inscrito, que devem ser enviados para imprensasindilat@gmail.com. Também é necessário encaminhar o Documento de Identidade do autor; a cópia do Registro Profissional; o atestado de autoria em caso de matérias não assinadas; e atestado de data de veiculação para as produções em que não houver referência expressa ao período. Acesse aqui. (SINDILAT/RS)