Porto Alegre, 23 de outubro de 2024 Ano 18 - N° 4.249
Indústria láctea gaúcha resiste a enchentes e projeta crescimento
O setor leiteiro do Rio Grande do Sul, terceiro maior produtor do Brasil, demonstra sinais claros de recuperação em 2024, após enfrentar uma série de crises agravadas pelas enchentes.
Com a resiliência dos produtores e a adoção de novas tecnologias, a indústria conseguiu superar os desafios climáticos e econômicos, alavancando a produtividade e o bem-estar animal.
O aumento nos preços e os investimentos em inovação fortaleceram a cadeia produtiva, projetando um futuro promissor para a produção de leite no estado, que agora vislumbra crescimento contínuo.
São pontos abordados no novo episódio do Agrolink News, que foi ao ar nesta terça-feira, 22 de outubro, e contou com a participação do Secretário Executivo do SINDILAT/RS, Darlan Palharini. Ouça o episódio na íntegra clicando aqui.
As informações são do Agrolink via spotify.
Competitividade | A América Latina no mercado internacional de laticínios
Nas últimas décadas, a América Latina se estabeleceu como uma região importante para as exportações de produtos lácteos. Países como a Argentina, o Brasil e o Uruguai são atores importantes no comércio internacional, mas não sem desafios que exigem atenção em todos os elos da cadeia.
De acordo com a plataforma South Dairy Trade, a Argentina exportou mais de 340.000 toneladas de produtos lácteos em 2023.
O Brasil, um importador, tem um déficit estrutural que o obriga a se abastecer na Argentina e no Uruguai. Essa interdependência regional fortalece a integração comercial, mas força a concorrência nas políticas comerciais e de produção de cada país.
O Uruguai, com um setor de laticínios bem desenvolvido, é uma história de sucesso de exportação. Em 2022, exportou mais de 70% de sua produção, com receitas de quase US$ 700 milhões. Sua alta produtividade, apoiada por um modelo cooperativo, é fundamental para manter custos baixos e preços competitivos no mercado internacional.
A Colômbia continua a buscar oportunidades no cenário internacional. Nos últimos anos, o acordo comercial de 2013 com a União Europeia permitiu que as exportações de queijo e leite em pó crescessem 20% entre 2019 e 2023, de acordo com o Ministério do Comércio, Indústria e Turismo.
Um dos principais desafios da América Latina é a heterogeneidade da produtividade entre os países.
Enquanto a Argentina ou o Uruguai atingem 6.000 litros por vaca por ano, na Colômbia, a média nacional é de apenas 4.000, de acordo com o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural.
Essa diferença é significativa e coloca alguns produtores em desvantagem, quando países como a Nova Zelândia ou os Estados Unidos ultrapassam os 9.000 litros.
O transporte, o armazenamento e o acesso a tecnologias avançadas de processamento são restrições na Colômbia, no Peru e na Bolívia. Os altos custos de produção, a volatilidade econômica e a instabilidade política afetam o acesso ao financiamento necessário para modernizar as fazendas leiteiras, como pode ser visto no caso da Argentina.
Da mesma forma, as flutuações do mercado internacional afetam diretamente a lucratividade da produção primária. Por exemplo, quando o Global Dairy Trade anunciou uma queda de 9% no preço médio entre junho e setembro de 2023, a renda dos produtores da Argentina e do Uruguai, que dependem muito das exportações, despencou.
Essas oscilações também afetam a produção local, pois a demanda doméstica pode não ser suficiente para absorver o excesso de produção, pressionando os preços para baixo.
Na Colômbia, o aumento das importações afetou as margens de lucro dos produtores, por isso é muito importante que eles também estejam informados e adaptados às condições do mercado global.
A América Latina tem potencial para melhorar sua competitividade internacional, e uma das chaves para isso pode ser encontrada no desenvolvimento de produtos de valor agregado, que são cada vez mais procurados em mercados como a Europa, os Estados Unidos e a Ásia.
De acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a adoção de tecnologias como o gerenciamento de dados por meio de sistemas de gerenciamento de gado, sensores para monitorar a saúde do gado e inteligência artificial para otimizar a alimentação pode aumentar a produtividade em 15 a 20%.
A América Latina está bem posicionada para ser um participante importante no mercado internacional de laticínios, mas precisa superar os desafios relacionados à produtividade, à infraestrutura e às flutuações do mercado.
Os produtos lácteos de alta qualidade e valor agregado, juntamente com a inovação tecnológica, oferecem uma grande oportunidade para que a região fortaleça sua presença no mercado global e garanta um futuro próspero para o setor.
Fonte: La Vía Láctea - Asoleche via Edairy News
Manejo correto ajuda o produtor a aumentar a produção de leite de uma vaca em lactação
A produção de leite de uma vaca em lactação pode ser aumentada através de uma série de práticas voltadas para o bem-estar, manejo, alimentação e genética do animal. Para isso, é preciso fazer uma alimentação balanceada. A nutrição adequada é fundamental. As vacas devem receber dietas ricas em energia, proteína, vitaminas e minerais. Ingredientes como silagem de milho, ração concentrada e forragens de alta qualidade, como feno e pastagem, ajudam a manter a produção de leite elevada.
O consumo de água é crucial para a produção de leite, pois o leite é composto principalmente de água. Garantir que a vaca tenha acesso constante a água limpa e em quantidade suficiente é essencial. As vacas precisam de um ambiente confortável para produzir bem. Ambientes limpos, com temperatura adequada e livre de estresse, como excesso de barulho ou confinamento extremo, aumentam a produtividade.
A rotina de ordenha deve ser eficiente e regular. Ordenhar nos horários corretos, com técnicas adequadas e em um ambiente higiênico ajuda a otimizar a produção de leite e a evitar problemas como mastite. Manter a saúde do rebanho é vital. Doenças como a mastite, infecção nas glândulas mamárias, podem reduzir drasticamente a produção de leite. Um bom programa de vacinação e cuidados veterinários regulares ajudam a prevenir doenças.
Outra coisa importante é o descanso adequado dos nimais. Vacas que descansam em condições confortáveis produzem mais leite. Estações de descanso adequadas e um bom manejo do tempo de repouso contribuem para a saúde geral do animal e, consequentemente, para uma maior produção.
A qualidade genética das vacas é também um fator determinante. A seleção de vacas com alta aptidão genética para produção de leite é uma estratégia importante. O uso de inseminação artificial com touros de alta performance pode melhorar as características genéticas do rebanho.
Importante observar a deficiência de certos minerais, como cálcio e fósforo, que pode afetar a produção de leite. Suplementos alimentares e aditivos que aumentam a eficiência digestiva também podem ser usados para maximizar o potencial produtivo da vaca. Em alguns casos, hormônios como a somatotropina bovina (BST) podem ser usados sob orientação de um veterinário, mas seu uso deve ser feito com cuidado e é proibido em muitos países devido a questões de segurança alimentar e bem-estar animal. (Terra Viva)
Jogo Rápido
O acordo com o Mercosul poderia ser assinado em novembro, mas…
Cada vez mais existem vozes indicando que o acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul possa ser assinado durante a cúpula do G20 no Rio de Janeiro, entre os dias 18 e 19 de novembro. A França tem sido a grande oponente ao acordo já que seu setor de carne bovina, de carne de frango, açúcar e milho, entre outros, pressionam o governo francês para que se mantenha contra. Tais setores se sentem ameaçados pelo prejuízo que o acordo poderá acarretar, já que seria impossível competir os produtos importados sem tarifas alfandegárias e preços mais baixos. A França por si só, não é capaz de frear o acordo, mas a Comissão Europeia não parece disposta a provocar a cólera da França e fomentar ondas de euroceticismo. Por esse motivo, parece que, para tentar apaziguar a França, assim como outros países reticentes ao acordo como Irlanda ou Áustria, a Comissão Europeia trabalha sobre um novo fundo orçamentário para indenizar os agricultores e os produtores de qualquer impacto negativo que possa ser decorrente do acordo UE-Mercosul, segundo Político. Esta ideia, no entanto, encontra-se em fase preliminar e tem precedente. Em 2021 a UE criou uma reserva de ajuste do Brexit de € 5,4 bilhões para proteger os setores industriais, como o da pesca, dos impactos potencialmente negativos da saída do Reino Unido da UE. A Espanha sempre foi uma grande defensora desse acordo. Ontem, na reunião do Conselho de Ministros de Agricultura da UE, o Ministro Luís Planas expressou sua confiança de que haverá “uma conclusão rápida e equilibrada” do acordo UE-Mercosul já que, em sua opinião é “estrategicamente necessário” para ampliar as possibilidades de venda dos produtores comunitários nos países do bloco latino-americano. Isso sim, ficou claro, “é importante que se possa competir nas mesmas condições”, em alusão à inclusão de cláusulas de reciprocidade nos acordos com países terceiros, um conceito que “está abrindo caminho” entre os Estados Membros. Fonte: Agrodigital Tradução livre: www.terraviva.com.br