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18/03/2024

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 18 de março de 2024                                                         Ano 18 - N° 4.106


Lançamento da segunda fase do 3° Prêmio Referência Leiteira acontecerá durante a Expoagro Afubra na quarta-feira

Será lançada, nesta quarta-feira (20/03), a segunda fase da etapa de inscrições para o 3° Prêmio Referência Leiteira. A apresentação da disputa na categoria Cases, será concomitante ao Seminário: Pecuária de Leite do RS - Principais informações e indicadores, durante a Expoagro Afubra. O encontro será realizado no Auditório Central, a partir das 9h, que ocorre no Parque de Exposições em Rincão Del Rey, no município de Rio Pardo (RS). 

A apresentação do regulamento ficará a cargo do presidente da comissão do Prêmio Referência Leiteira, o zootecnista Jaime Eduardo Ries, da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica (Emater/RS), que também fará a palestra da manhã. Ele estará acompanhado do vice-coordenador do 3° Prêmio Referência Leiteira, Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS), e de Ronaldo Santini, secretário estadual de Desenvolvimento Rural (SDR). As três entidades são as promotoras da distinção.

Assim como na edição passada, a premiação para os melhores Cases será dividida em seis categorias: Inovação, Sustentabilidade Ambiental, Bem-estar Animal, Protagonismo Feminino, Sucessão Familiar e Gestão da Atividade Leiteira. Na primeira parte do processo de inscrições para a 3ª Edição da premiação, as fazendas se credenciaram para disputar nas categorias: Propriedade Referência em Produção de Leite, divididas entre sistemas de criação a pasto com suplementação ou de semiconfinamento/confinamento. As três que atingirem os melhores índices em cada processo, assim como as melhores em cada Case, serão conhecidas durante evento na Expointer 2024. (Assessoria de Imprensa Sindilat)


 

Rabobank prevê 'ano melhor' para produtores de leite

As margens devem se fortalecer devido ao aumento da produção e dos preços das commodities lácteas, embora as preocupações com as importações da China permaneçam e a produção da Argentina continue baixa.

Os produtores de leite da maioria dos principais países produtores globais poderão ver um retorno à lucratividade, já que os preços mais altos do leite na fazenda, os custos mais baixos dos insumos e o aumento dos preços das commodities lácteas devem se materializar ao longo de 2024 e no início de 2025, de acordo com o Rabobank.
A oferta de leite nos maiores produtores, chamados pelo Rabobank de Big 7 - UE, EUA, China, Brasil, Argentina, Nova Zelândia e Austrália - deve se tornar positiva no segundo semestre de 2024, embora o banco avise que a expansão da produção "levará tempo".

Mesmo na América do Sul, onde os produtores de leite brasileiros têm enfrentado um clima quente e seco fora de época e as margens de produção mais apertadas dos últimos anos, e o setor argentino tem lutado para reverter as quedas na produção de leite, há sinais de positividade.

No Brasil, o Rabobank prevê melhores margens à medida que o ano avança, uma demanda crescente dos consumidores por produtos lácteos e custos de produção favoráveis com custos de ração mais baixos. De acordo com as previsões do banco, a produção deve aumentar 0,5% acima dos níveis de 2023.

Na Argentina, os preços do leite ao produtor já estão começando a acompanhar a inflação, e um clima mais favorável pode ajudar na recuperação da produção de leite a partir do segundo trimestre de 2024. No entanto, o setor de laticínios do país continua em "um doloroso período de transição".

Preços do leite devem aumentar
Os preços do leite ao produtor devem se recuperar das baixas observadas em 2023 e se firmar em todas as regiões, prevê o Rabobank.

Nos EUA, os preços da Classe IV manterão um prêmio sobre a Classe III durante todo o ano, com os preços da manteiga permanecendo "firmemente elevados" e os preços do cheddar devendo se estabilizar, já que a produção de queijo provavelmente aumentará devido à expansão da capacidade. As exportações terão novamente dificuldades para superar os recordes observados em 2022, com a demanda global permanecendo mais branda. A previsão do Rabobank para o crescimento da produção de leite é de 0,5%, levemente inferior à perspectiva de 0,7% do USDA.

A Austrália deve fornecer uma forte oferta de leite e prevê-se que termine a temporada 2,6% maior, com crescimento para 2024/25 na faixa de 3-4%. O clima favorável, com chuvas recordes a partir do outono e até janeiro de 2024, e padrões climáticos mais típicos até maio de 2024 ajudarão na produção. "Os produtores de leite desfrutarão de um 2024 forte", prevê o banco, com preços elevados do leite e preços favoráveis às margens a partir de 1º de julho.

A Nova Zelândia também gerou uma produção mais forte do que o esperado, que, apesar de ser 0,5% menor em volume, retornou coletas de sólidos do leite 0,8% maiores; a previsão é de que a produção no final da temporada diminua 0,7%, de acordo com o Rabobank. No entanto, espera-se que a nova temporada "tenha um início melhor".

As fracas perspectivas econômicas da China podem prejudicar o crescimento do consumo de lácteos, embora o Rabobank espere "uma melhoria contínua no equilíbrio entre oferta e demanda, com níveis de estoque em 2024 mais baixos do que em 2023". Com relação à produção de leite, o Rabobank prevê um crescimento de 2% em relação ao ano anterior e uma desaceleração no primeiro semestre de 2025 devido às margens fracas a negativas. O banco observa que as principais empresas de laticínios da China relataram avisos de perda de lucro líquido ou um declínio acentuado no lucro líquido para seus resultados de 2023.

Quanto às importações, o banco prevê um crescimento de 1,1% em relação ao ano anterior, incluindo uma melhora de 6% nas importações de leite em pó integral, para 460.000 toneladas, devido ao acesso livre de tarifas da Nova Zelândia e ao efeito de base baixa de 2023. A escala do aumento ainda é 20% menor do que a média de 10 anos, observou o banco, destacando uma tendência que tem visto um declínio consistente das importações de leite em pó para a China.

Na UE, a perspectiva de demanda também é positiva, à medida que os compradores recuperam a confiança e a inflação se contrai. Os preços do leite, do queijo e da manteiga caíram de acordo com o índice de preços ao consumidor de lácteos da UE-27, enquanto os maiores volumes de vendas de manteiga e queijo se materializaram nos últimos meses de 2023 na Alemanha, o maior mercado consumidor doméstico da Europa. Mas, em toda a região, os consumidores "são seletivos com seus gastos", observa o banco, alertando que "não devemos prever grandes mudanças na recuperação da demanda em 2024". O banco prevê um crescimento anual de 0,4% na demanda.

As fracas margens de lucro das fazendas melhorarão no primeiro semestre de 2024 graças ao fortalecimento dos preços do leite, com o banco prevendo que os preços nas principais regiões produtoras permanecerão próximos a €50-US$ 54/100 kg até o pico sazonal. De acordo com a análise, os preços básicos do leite ao produtor em 2024 ficarão em média em torno de €47,5-US$ 51,70/100 kg.

A produção de leite em todo o bloco deve permanecer negativa até o quarto trimestre de 2024, quando se prevê um aumento de 0,9% em relação ao ano anterior. (As informações são do Dairy Reporter, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint)

Exemplo que inspira o futuro nos tambos

A trajetória de Tiago Pires Oliveira, 34 anos, é um exemplo de como os produtores de leite gaúchos podem avançar em produtividade e eficiência e se tornarem mais competitivos. Ele e a esposa, Louise Tainá Contri, 32 anos, transformaram uma propriedade rural estagnada em um modelo que impressionou o presidente da cooperativa CCGL, Caio Vianna, e deve inspirar outros produtores desalentados pelas provações geradas pela importação de lácteos do Mercosul, que achatou a renda dos produtores brasileiros. Com assistência técnica adequada nas questões agronômicas, zootécnicas e econômicas, Tiago e Lousie apostaram em melhora das pastagens, genética, sanidade e bem-estar animal, além de planejar cada passo nas finanças e na atividade leiteira. 

O casal vive em uma área de 30 hectares em Carajazinho, localidade rural de Eugênio de Castro, município onde a maioria dos menos de 3 mil habitantes se dedica à agricultura e à pecuária de corte e de leite. Aos 18 anos, Tiago decidiu sair da terra dos pais, Clóvis e Antônia Terezinha. Na cidade, viveu em uma república e ficou dois anos percorrendo 600 quilômetros semanais, visitando diferentes de moto para tirando pedidos de refrigerantes. Em 2010, Clóvis decidiu se aposentar do tambo, que no auge rendia de 3 mil a 4 mil litros ao mês, numa média produtiva de 10 litros ao dia por animal. Clóvis e a esposa rumaram para a cidade e deixaram um encarregado pela ordenha. Tiago e Louise fizeram o caminho inverso e se bandearam para Carajazinho, a 30 quilômetros do centro, para assumir a propriedade, à época com 17 hectares. “Vi que era uma oportunidade de ser dono do meu negócio”, lembra Tiago. “Bastante gente dizia que não ia dar certo”, completa Louise. As irmãs Ana Cláudia e Aline também já tinham deixado a colônia. A realidade nas terras do pai era desafiadora. “A propriedade estava parando, tinha de 8 a 10 vacas, em fim de ciclo”, lembra Tiago, que logo se associou à cooperativa CCGL e passou a receber orientação do assistente técnico André Tomaz Steffler, à época técnico agrícola e formado em Agronomia nesta semana. “O Tiago pegou uma propriedade totalmente descapitalizada. Tinha apenas as vacas em lactação, não tinha novilhas e apenas um touro”, recorda Steffler. Com obstáculos evidentes, começaram a trabalhar. “Começamos do zero, desde fertilidade do solo, escolha de materiais, manejo da pastagem e adubação. Batalhamos para recuperar as áreas, fazer produzir, com foco em ter menos área, mas melhor cuidadas para gerar renda”, revela o agrônomo. “Eram desafios grandes. Tínhamos área, mas não tinha manejo. Fomos fazendo seleção de terneiras, criando a partir das próprias matrizes, comprando animais”, comenta Tiago. 

No começo, a gestão “era conforme dava”. Hoje, o casal ainda toma notas, mas tem o suporte das funcionalidades da plataforma SmartCoop para a gestão e tomada de decisões. Os recursos que arrecadavam com o leite eram canalizados para a subsistência e investimentos. Para qualquer dilema, fosse sobre agronomia, nutrição ou finanças, buscavam a opinião do assistente técnico. “Pensamos em desistir várias vezes, por imprevistos e pela pouca renda”, recorda o produtor. A assistência técnica da CCGL abriu caminho para o crescimento em qualidade e produtividade. O casal perseverou, tecnificou a propriedade e cuidou de cada detalhe. “De acordo com as possibilidades, fomos reinvestindo, analisando onde daria mais resultado, melhorando pouco a pouco cada ponto”, conta. Um dos investimentos foi em inseminação artificial. “Agora os frutos estão sendo colhidos”, revela Steffler. “Nos últimos anos, fechamos uma média anual de 26 litros/dia por vaca”, conta Tiago. “Isso que pegamos duas secas que nos arrebentaram e a todo o Rio Grande”, completa o agrônomo. Diante do clima severo e da queda do preço do leite, buscaram alternativas. “Tentamos produzir mais para diluir os custos”, destaca. No ano passado, o casal resolveu aplicar em um galpão de alimentação e em uma nova sala de ordenha. Instalou sistema de extração automática que faz medição da produção individual das vacas. Para a nutrição, buscou as melhores variedades para a pastagem e faz suplementação de silagem com orientação do profissional da cooperativa. “E fazemos as contas para ver se é viável”, ressalta Steffler.

A melhoria dos processos produtivos foi acompanhada pelo aumento da área. Quando largou a moto para voltar ao tambo, eram os 17 hectares pertencentes ao pai e que faziam parte de um todo maior que o avô de Tiago legou aos filhos. Ao longo do tempo, Tiago e Louise adquiriram uma gleba de um tio, outro naco de um vizinho. Também já compraram quatro hectares do pai e pretendem comprar mais. Eles estão em grupo seleto de produtores de leite que acreditaram na tecnificação para se manter e evoluir no segmento. Nos arredores da propriedade, alguns vizinhos estão bem, outros desmotivados e desistindo, evidenciando que a tendência é de enxugamento da bacia leiteira, restando os mais eficientes. Quando Tiago decidiu voltar ao campo, a propriedade tinha um trator antigo e uma plantadeira que se desmancharia se fosse colocada a rodar no campo. Agora, o casal conta com duas plantadeiras, de inverno e verão, dois tratores, sistema de irrigação, guincho, roçadeira, lancer, carreta basculante e ensiladeira. Construiu uma nova estrutura para comportar 60 animais em lactação, em dois anos, e investiu em aspersores para o conforto térmico do gado leiteiro. Também mantém um funcionário para não deixar o tambo parar. E ainda uma boa caminhonete para passear com a filha Isabela, de cinco anos. Tudo conquistado com a renda do leite, extraída com boa gestão, controle e determinação e o acompanhamento técnico.

“É bonito ver o que eles conseguiram fazer e que inspira outros produtores da cadeia”, elogia Caio Vianna, dirigente de uma cooperativa gaúcha que exporta, conquista nichos de mercado e valoriza o produtor gaúcho, sem nunca importar lácteos. (Correio do Povo)


Jogo Rápido

Por que compramos 1,2 bilhão de litros de leite argentino em 2023?
Enquanto o preço médio por litro de leite no Brasil, durante o ano de 2023, foi de USD 0,49 por litro, na Argentina este valor foi de USD 0,39 por litro. O resultado desta diferença está na importação – o Brasil comprou dos argentinos o equivalente a 1,2 bilhão de litros de leite, 53,7% do volume total comprado de outros países. Embora medidas governamentais possam ser remédios paliativos para esta dor, a cura certamente está no aumento da competitividade da cadeia produtiva brasileira, começando pela produção de leite, a partir de mais eficiência e menos custos. Assim, uma pergunta passa a ser importante: o que os nossos “hermanos” argentinos fazem na produção de leite para se manter rentáveis com um pagamento pelo leite 20% menor do que o brasileiro? A 16ª edição do Fórum MilkPoint Mercado trará esta resposta para você. No 2º bloco, uma das atrações é Gonzalo Berhongaray, do CREA Argentina, com a apresentação “Destrinchando a competitividade da Argentina”. O evento acontece no dia 20 de março, em Campinas, presencialmente, ou de onde estiver, online. Os associados do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS) têm 10% de desconto garantido para compra de ingressos para o 16º Fórum MilkPoint Mercado, clicando aqui. (Milkpoint)


 
 
 

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