Porto Alegre, 15 de agosto de 2023 Ano 17 - N° 3.966
Global Dairy Trade
Fonte: GDT Global Dairy Trade
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o governo tomou a decisão de taxar a importação de derivados de leite de países de fora do Mercosul. Fávaro disse ainda que o governo vai aplicar R$ 100 milhões nas compras públicas de leite, a princípio, mas que vê espaço para dobrar ou triplicar esse valor para medidas emergenciais.
Em entrevista ao JM, o secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), Darlan
Palharini, diz que a ação é importante, mas não resolve a situação do setor. "O preço da matéria-prima pago aos produtores do Estado é acima do valor de mercado do Mercosul e que Argentina e Uruguai têm políticas públicas de apoio ao segmento.
Segundo o dirigente, o governo argentino aprovou subsídios aos produtores no final do ano passado e o Uruguai concedeu linhas de crédito com prazo de até 13 anos para produtores e indústria."Por enquanto é apenas um anúncio, mas há dúvidas sobre os critérios referente a esta aquisição. Geralmente no mercado ocorre licitação pela menor oferta. Agora, o governo diz que será pelo valor do varejo. Neste caso, ajuda um pouco mais o setor. É preciso deixar claro, porém, que os R$ 100 milhões anunciados viabilizam a aquisição de 4 mil toneladas do produto. Esse montante a CCGL produz em uma semana.Então isso é muito pouco pelo momento que vive o setor, comparado a R$ 1 bilhão destinado ao programa de aquisição de carro popular e aos créditos liberados aos bancos na renegociação de dívidas na cifra de R$ 50 bilhões."
Para Palharini seria importante que o governo adotasse uma política aumentando créditos tributários para a indústria no que se refere ao PIS e Cofins, que resultaria em um acréscimo de R$ 0,11 por litro ao produtor, o que compensaria em relação aos subsídios pagos pelo Uruguai e Argentina. "Outra medida necessária, um subsídio do governo em relação ao frete para o escoamento da produção até o porto. Além disso, há negociação das dívidas num prazo de 13 anos nos moldes do que foi feito na Argentina e no Uruguai. Essas medidas sim seriam mais efetivas diante deste cenário."
Conforme dados produzidos pela Emater, entre 2015 e 2022, houve uma queda de 52% no número de produtores de leite no Rio Grande do Sul. Segundo o deputado Zé Nunes, 44 mil famílias deixaram a atividade e que o setor deixou de ser a maior cadeia produtiva gaúcha, perdendo o posto para o setor do tabaco, com 76 mil famílias.
O deputado também citou a redução de 36% do rebanho de vacas leiteiras. “O RS deixou de ser a segunda maior bacia leiteira do Brasil, posição ocupada historicamente pelo nosso Estado e fomos ultrapassados pelo Paraná. ”
O deputado também atribuiu a crise à desmobilização do setor do leite no Estado, depois de um enorme esforço dos produtores e instituições para criar o Instituto Gaúcho do Leite, de um programa estadual de estímulo à produção (Prodeleite) e de um fundo específico para a cadeia produtiva leiteira (Fundoleite). “É algo muito antagônico. Como é que nós conseguimos reunir todo mundo do setor e criar uma política de Estado, e como é que se deixou isso se liquidar? Nós não temos uma política para o leite no Estado do Rio Grande do Sul.”
Outro motivo apresentado por Nunes com graves consequências para o setor, foram os decretos assinados pelo governo Sartori em 2016 e 2017, que incentivaram a importação de leite através da fronteira do Rio Grande do Sul. A medida se mostrou equivocada e foi preciso uma forte ação parlamentar para assegurar a revogação dessas medidas à época. (Jornal da Manhã)
EUA: grandes fazendas dominam a indústria de lácteos
Nas últimas três décadas, a indústria de lácteos se tornou uma das indústrias agrícolas mais consolidadas, de acordo com um relatório do Departamento de Agricultura dos EUA.
Desde 2013, o número total de rebanhos leiteiros licenciados diminuiu mais de 40%. As maiores fazendas ficaram maiores. Em 2017, metade de todos os rebanhos contava com mais de 1.300 vacas, número que deve aumentar com o crescimento de grandes fazendas industriais.
Tornou-se mais caro criar vacas leiteiras e os preços de venda não aumentaram proporcionalmente. Entre 2000 e 2021, a fazenda leiteira média dos EUA conseguiu obter lucro apenas duas vezes, de acordo com uma análise do Food and Water Watch dos dados do USDA.
Grandes operações industriais estão mais bem equipadas para sobreviver a longos períodos de margens apertadas do que fazendas familiares, de acordo com o relatório do USDA.
As empresas que compram e processam leite também vêm se consolidando. Mais de 80% de todo o leite é agora comercializado por três cooperativas de lácteos: Dairy Farmers of America, Land O'Lakes e California Dairies.
Grandes rebanhos dominam cada vez mais a indústria de vacas leiteiras dos EUA
Dados do USDA disponíveis em intervalos de 5 anos mostram rebanhos pequenos e médios desaparecendo.
Source: "Consolidation in U.S. Dairy Farming," USDA Economic Research Service, July 2020 • Percentages here represent the share of the U.S. milk cow inventory each herd size holds. Data on herd sizes is collected every 5 years in the Census of Agriculture. (Graphic by Ava Mandoli).
As informações são do Investigate Midwest, traduzidas pela Equipe MilkPoint.
Jogo Rápido
Valor Bruto da Produção Agropecuária de 2023 é atualizado em R$ 1,135 trilhão
As lavouras lideram o crescimento com aumento de 4%, impulsionadas pelo recorde da safra de grãos e ganhos de produtividade. O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) deste ano, com base nas informações de julho, é de R$ 1,135 trilhão, alta de 1,9% em relação ao ano de 2022. As lavouras cresceram 4% e a pecuária reduziu seu crescimento em 2,9%. O faturamento das lavouras é de R$ 801,9 bilhões e o da pecuária foi de R$ 333,6 bilhões. Os produtos que apresentam melhor desempenho neste ano são mandioca (42,9%), laranja (27,2%), banana (16,8%), tomate (15,9%), cacau (13,8%), cana-de-açúcar (11,6%), amendoim (10,6%), feijão (10,4%), arroz (9,3%), uva (7,5%), soja (2,5%) e milho (1,4%). Esse grupo de produtos beneficia-se de preços favoráveis e, em vários casos, quantidades produzidas mais elevadas. No levantamento da Conab, a projeção é de safra recorde de 320 milhões de toneladas previstas para a temporada 2022/2023 que sustenta essa posição. O resultado se deve ao aumento da produtividade de 11,8% e à expansão de área da ordem de 5% em relação ao ano passado. Esse crescimento de área de grãos passou de 74,6 milhões de hectares de área plantada, em 2022, para 78,2 milhões de hectares, em 2023. Na pecuária, os aumentos do VBP ocorrem na carne suína, leite e ovos. O efeito de preços mais baixos tem repercutido no decréscimo do VBP de alguns produtos, como algodão, café, mamona e trigo. Os cinco produtos classificados com o maior VBP são soja, milho, cana-de-açúcar, café e algodão, que respondem por 81,6% do VBP das lavouras. Ao longo destes últimos 18 meses, observou-se que o VBP tem crescido a taxas relativamente menores. Pode-se atribuir esse decréscimo do crescimento real do VBP aos preços de milho e soja que têm apresentado tendência de redução. (Conab (valores deflacionados pelo IGP-DI 07/2023). Elaboração CGPOP/DAEP/SPA/Mapa)