Porto Alegre, 06 de setembro de 2023 Ano 17 - N° 3.982
Pesquisa Trimestral do Leite - 2º trimestre 2023: Aquisição de leite cresce 4,0% na comparação anual
No 2º trimestre de 2023, a aquisição de leite cru feita pelos estabelecimentos que atuam sob algum tipo de inspeção sanitária (federal, estadual ou municipal) foi de 5,72 bilhões de litros, equivalente a com aumento de 4,0% em relação ao 2° trimestre de 2022, e queda de 3,9% frente ao trimestre imediatamente anterior.
No comparativo do 2º trimestre de 2023 com o mesmo período de 2022, o acréscimo de 217,77 milhões de litros de leite captados em nível nacional é proveniente de aumentos registrados em 22 das 26 UFs participantes da Pesquisa Trimestral do Leite. As variações positivas mais significativas ocorreram em: Santa Catarina (+79,23 milhões de litros), Goiás (+35,97 milhões de litros), Rio Grande do Sul (+32,16 milhões de litros), Sergipe (+26,56 milhões de litros), Paraná (+23,45 milhões de litros), Ceará (+18,02 milhões de litros) e Rio de Janeiro (+14,59 milhões de litros). Em compensação, os decréscimos mais relevantes ocorreram em Minas Gerais (-42,62 milhões de litros) e São Paulo (-30,01 milhões de litros).
Minas Gerais continuou liderando o ranking de aquisição de leite, com 23,0% da captação nacional, seguida por Paraná (14,3%), Santa Catarina (13,2%) e Rio Grande do Sul (12,6%).
Já estão disponíveis no SIDRA os dados da pesquisa conjuntural Pesquisa Trimestral do Leite - 2º trimestre 2023. Acesse o link https://sidra.ibge.gov.br/home/leite e acesse os dados completos. (IBGE)
UR – Caíram as compras de lácteos pelo Brasil
Exportações/UR – As exportações de lácteos tiveram uma ligeira recuperação em agosto na comparação com julho com uma novidade: A Argélia superou o Brasil como principal destino pela primeira vez no ano.
Os envios totais ao exterior foram 17.579 toneladas contra 15.385 em julho. Em valores foram US$ 64,34 milhões frente aos US$ 57,44 milhões do mês anterior, conforme dados da Alfândega.
Muito parecidos, mas com comportamento inverso, Argélia e Brasil foram, nessa ordem, os dois principais destinos. O Brasil com o menor volume do ano e a Argélia com as maiores compras de 2023.
Os envios para o Brasil somaram 6.122 toneladas por US$ 24,3 milhões. Trata-se de uma queda de 22% na comparação com as 7.830 toneladas de julho. Em agosto do ano passado foram exportadas para o país vizinho 8.370 toneladas, por US$ 35,8 milhões.
A Argélia teve em agosto – por ampla margem – seu melhor desempenho de 2023. Os envios ao país africano somaram 6.930,6 toneladas, quase quatro vezes mais do que as 1.754 toneladas do mês anterior. Em valor representaram US$ 24,2 milhões. Em agosto do ano passado os envios a esse destino foram 2.754 toneladas por US$ 11,6 milhões.
Outra surpresa foi o terceiro país: a Nigéria. Foram para esse destino 520 toneladas, muito longe dos volumes dos dois principais compradores. A China ficou mais longe ainda, com apenas 325 toneladas.
No acumulado de janeiro a agosto o Uruguai exportou 141.770 toneladas de produtos lácteos por US$ 545 milhões. O Brasil foi, de longe, o principal destino, seguido muito atrás pela Argélia e China. (Fonte: Blasina y Asociados - Tradução livre: www.terraviva.com.br)
Crise dos lácteos volta à pauta em reunião com Alckmin hoje em Brasília
Representantes da cadeia produtiva de leite do Rio Grande do Sul, do Paraná e de São Paulo participam, nesta quarta-feira (6), de audiência com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, para tratar sobre a crise do setor no País. O encontro, marcado para as 15h, em Brasília, reunirá também deputados estaduais, federais e senadores.
O tema, que já vinha sendo discutido por conta da explosão no volume de importações de lácteos do Mercosul, ganhou ainda mais luzes a partir dos atos promovidos por produtores e laticinistas durante a Expointer, encerrada domingo. Ao escancararem as dificuldades enfrentadas, eles reforçaram a necessidade de medidas capazes de estancar o encerramento da atividade em muitas propriedades pelo País.
De acordo com o presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar (FPAF), deputado Heitor Schuch (PSB/RS), que participará do encontro, a comitiva irá reforçar ao governo a necessidade de criação de uma cota de importação de leite do Mercosul como medida para tentar recuperar o preço do litro aos agricultores brasileiros. Conforme dados da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS), no primeiro semestre, o aumento das compras de lácteos de Argentina, Uruguai e Paraguai chegou a 283%. Se considerado apenas o leite em pó, o percentual chega a 437%.
"Esse volume gigante de oferta no mercado interno acaba por derrubar o valor recebidos pelos nossos agricultores, em plena entressafra, período em que tradicionalmente, o preço deveria subir", destaca Schuch.
Com participação prevista no encontro, mas ser ter certeza se conseguiria, por conta das interrupções de tráfego em diversas estradas gaúchas devido às chuvas, o presidente da Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul (Ocergs), Darci Pedro Hartmann, disse ao Jornal do Comércio que a situação é, de fato, complicada. Segundo o dirigente, que está em Cruz Alta e já considera não conseguir pegar o voo nesta quarta-feira, a solução para o caso é muito complexa.
"Entrou tanto leite no Brasil, que até que esse estoque que entrou e ainda estava entrando seja consumido e o estoque que as indústrias têm possam ser desovados, a pressão da oferta vai ser muito grande. E nós não estamos vendo nenhum momento de recomposição. Pelo contrário, estamos vendo ainda queda de leite".
Hartmann sugere medidas paliativas, para dar algum fôlego ao setor. "Em primeiro lugar, proibir a importação. Em segundo lugar, o governo aumentar o volume de compra e enxugar esse estoque e distribuir esse leite para as organizações sociais, para que esse mercado pudesse ser reequilibrar. E aí eu acredito que, em médio prazo, poderia haver uma composição entre oferta e procura. Nós poderíamos criar um equilíbrio, e os preços poderiam novamente se estabilizar e readequar, de acordo com as necessidades do produtor", disse.
As medidas tomadas pelo governo, segundo ele, não resolvem o problema. Entre as ações anunciadas até agora estão a liberação de R$ 100 milhões para compras diretas pela Conab e ampliação do imposto para o queijo e a manteiga vindos de fora do Mercosul.
O problema é que os governos dos países exportadores não mostram sinal de pretenderem ir contra seus compatriotas em um tema que está ajustado nos moldes do bloco econômico. Em visita ao parque Assis Brasil, em Esteio, durante a mostra agropecuária, o ministro da Agricultura do Uruguai, Fernando Mattos, descartou a possibilidade de o Brasil sobretaxar a entrada de lácteos de seu país e ainda sugeriu a realização de campanhas de estímulo ao consumo de leite no Brasil, especialmente no reforço da merenda escolar. A medida, segundo ele, ajudaria a escoar a produção nacional e daria mais qualidade aos alimentos fornecidos nas escolas.
Também em Esteio, o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, adiantou que esse deverá ser um dos destinos dos produtos a serem comprados por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), em valor de R$ 100 milhões, emergencialmente, por designação do Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Estarão à mesa de reuniões, ainda, a subsecretária de Articulação em Temas Comerciais da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Heloisa Pereira, e a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres. Também, o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado (Fetag-RS), Eugênio Zanetti; o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), Vilson Luiz da Silva, e o produtor paranaense e coordenador do movimento nacional, Pedro Ivo Ilkiv. Ainda, a presidente da Cooperativa Baixo Tietê de leite de Birigui (SP) e coordenadora do movimento por São Paulo, Maria Celeste da Silva, e o produtor e secretário da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná, Alexandre Leal.
A solução é muito complexa. Entrou tanto leite no Brasil, que até que esse estoque que entrou e ainda segue entrando seja consumido e o estoque que as indústrias têm possam ser desovados, a pressão da oferta vai ser muito grande. E nós não estamos vendo nenhum momento de recomposição, pelo contrário. Estamos vendo ainda questão de queda de leite.
Algumas coisas que poderiam ser paliativas seriam, primeiro lugar: proibir a importação, segundo lugar governo aumentar o volume de compra e enxugar esse estoque e distribuir esse leite para as organizações sociais, para que esse mercado pudesse ser reequilibrar. E aí eu acredito que, médio prazo, poderia haver uma composição entre oferta e procura. Nós podemos criar um equilíbrio e os preços poderiam novamente se estabilizar e readequar de acordo com as necessidades do produtor. (Jornal do Comércio)
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