Porto Alegre, 22 de agosto de 2023 Ano 17 - N° 3.971
Índia: demanda robusta deve aumentar a receita da indústria de laticínios
A forte demanda por produtos de valor agregado e o consumo estável de leite levarão a um crescimento de receita de 14 a 16% para a indústria organizada de laticínios da Índia neste ano fiscal. Com a melhoria da oferta de leite cru, haverá menos aumentos de preços e a lucratividade se recuperará de 20 a 50 pontos-base, disse a agência Crisil.
No último ano fiscal, as interrupções no fornecimento de leite cru levaram a vários aumentos nos preços do leite no varejo, aumentando a receita em 19%, mas impactando a lucratividade.
“A lucratividade de vários processadores de lácteos vem caindo nos últimos dois anos e isso significa que os processadores de lácteos não estão conseguindo repassar completamente o aumento de custo que enfrentaram aos compradores finais de varejo. Como resultado, vimos um aumento significativo nos preços do leite", disse o diretor da Crisil, Pushan Sharma.
Com balanços patrimoniais saudáveis, os perfis de crédito dos laticínios organizados classificados pela Crisil Ratings permanecerão fortes. “Acreditamos que o forte crescimento da receita em produtos de valor agregado observado nos últimos anos continuará. Neste ano fiscal, o segmento deve crescer de 18 a 20% e, consequentemente, a participação dos produtos de valor agregado na receita geral pode subir para 40%, de 35% há quatro anos fiscais. Tendo em vista que a demanda de ambos os segmentos, varejo e institucional, continua forte, a participação dos produtos de valor agregado continuará aumentando. Por outro lado, a receita de leite líquido crescerá de 8 a 10% neste ano fiscal, apoiada por uma demanda estável", disse Mohit Makhija, diretor sênior da Crisil Ratings.
Os preços do leite subiram quase 24% nos últimos três anos, incluindo um aumento de 10,5% no ano passado e 0,3% no mês passado. A tendência de alta foi atribuída à inseminação artificial de animais durante o COVID. Isso levou a um menor nascimento de bezerros e, conseqüentemente, a um declínio na produção de leite. A produção também foi afetada porque os fazendeiros não conseguiram cuidar bem do gado na pandemia, quando os preços das commodities dispararam influenciando o custo da forragem. Isso deixou um impacto significativo na produtividade geral do leite, que se manifestou na escassez de ghee, manteiga, entre outros produtos, ao longo de um ano e meio.
No anos fiscal de 2023, os preços de aquisição do leite aumentaram 14% devido a vários desafios do lado da oferta, como aumento significativo no custo da forragem, impacto na produção devido a doenças do gado e interrupções no cronograma de inseminação artificial.
As fortes perspectivas de demanda encorajaram os laticínios organizados a incorrer em despesas de capital (capex) tanto neste ano fiscal quanto no próximo, especialmente para produtos de valor agregado, que representarão 60% dos gastos. O crescimento geral da receita de 14-16% neste ano fiscal será impulsionado por um crescimento de volume saudável de 9-10% e por maiores realizações.
“Os aumentos no preço do leite serão muito menos intensos neste ano fiscal, em torno de ? 2 (US$ 0,024) por litro, em comparação com um acumulado de ? 5-7 (US$ 0,060-US$0,084) por litro no último ano fiscal, principalmente por dois motivos - melhoria no fornecimento de leite cru com melhor disponibilidade de forragem e vacinação oportuna e inseminação artificial de bovinos. Além disso, o impacto total dos aumentos de preços anteriores melhorará a lucratividade dos laticínios organizados em 20-50 bps (0,2%-0,5%) neste ano fiscal, para 5,5%", disse Anand Kulkarni, diretor da CRISIL Ratings.
Espera-se que os perfis de risco de crédito permaneçam estáveis, pois o capex será financiado por uma combinação prudente de dívida e patrimônio. A engrenagem é considerada confortável em 1,4 vezes em 31 de março do próximo ano, contra 1,3 vezes no ano anterior. A cobertura de juros também permanecerá forte, de 9 a 9,5 vezes neste ano fiscal, em comparação com 9,5 a 10 vezes no último ano fiscal. Espera-se que o ciclo de capital de giro seja estável, pois a demanda saudável limitará o acúmulo de estoques de leite em pó desnatado no final do ano, de acordo com um comunicado do CRISIL.
No futuro, a melhoria nas variáveis do lado da oferta será um importante monitoramento e um aumento saudável na captação de leite será fundamental para a estabilidade dos preços do leite no varejo.
A Crisil Ratings analisou 38 laticínios, que respondem por 60% do faturamento do segmento organizado. (As informações são do Mint, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint)
As importações brasileiras de lácteos apresentaram queda em julho, após dois meses consecutivos de recordes. De acordo com dados da Secex, 185,6 milhões de litros em equivalente leite foram adquiridos pelo Brasil no mês, baixa de 12,5% frente a junho/23. Quando comparado com julho/22, o volume importado foi 71,7% maior.
As compras de leite em pó, especificamente, somaram 149 milhões de litros em equivalente leite, 16% inferiores às de junho – vale lembrar que, naquele período, o volume importado desse derivado havia sido recorde. A baixa em julho se deve à redução dos envios do Uruguai. Ainda assim, o volume de leite em pó representou pouco mais de 80% do total importado.
As importações de manteiga e de soro de leite (que representaram 0,47% e 11% do total, na mesma sequência) também recuaram entre junho e julho, totalizando 873 mil e 2,5 milhões de litros, volumes 17,5% e 106,2% superiores ao verificado em julho/22.
As exportações nacionais também recuaram no mês, somando 6 milhões de litros em equivalente leite em julho. De acordo com dados da SECEX, os envios do leite em pó registraram a redução mais intensa (de 77%), participando de apenas 1,3% do total embarcado. Os destaques nas exportações foram o leite condensado e os queijos, com volumes de 2 milhões e 2,4 milhões, respectivamente, em julho.
BALANÇA COMERCIAL – Em julho, o saldo foi de 179 milhões de litros em equivalente leite, baixa de 12,1% frente ao mês anterior. Isso significou um saldo negativo de U$ 91,7 milhões em julho, 12,2% menor que no mês anterior. (Fonte: Cepea-Esalq/USP)
Melhoramento genético pode reduzir intensidade de emissão de metano, diz estudo
Os programas de melhoramento genético coordenados pela Embrapa Gado de Leite não apenas proporcionaram o aumento da produtividade por animal, mas também provocaram redução da intensidade de emissão de metano entérico.
Durante o período de execução desses programas – alguns com quase quatro décadas de existência – em parceria com as associações de criadores das raças gir leiteiro, girolando, guzerá, holandesa e jersey, a queda foi de até 39%.
Esta é uma importante informação do artigo “Pegada de carbono do leite: ações, pesquisas, métodos e metas a perseguir”, tema central do Anuário Leite 2023 da Embrapa Gado de Leite, que acaba de ser concluído. O conteúdo é dos especialistas Luiz Gustavo Ribeiro Pereira, Thierry Tomich e Vanessa Romário de Paula.
O artigo sobre leite de baixo carbono é um dos 35 conteúdos do Anuário, que faz uma detalhada análise do cenário do leite no Brasil, discute tendências de mercado e consumo, traz estatísticas de captação de leite e de insumos (sêmen, nutrição e saúde animal) e aborda os mercados da China e Oceania. A publicação também inclui conteúdos técnicos sobre genética, alimentação e enfermidades, fala do leite A2 e mostra a contribuição da Embrapa para o salto de produtividade da pecuária leiteira no Brasil, além de apresentar artigo exclusivo da chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Elizabeth Nogueira Fernandes.
“A integração de produtores de leite e indústrias de laticínios ganha cada vez expressão na proposta de se ter uma atividade produtiva, econômica e sustentável. Tal referência está diretamente ligada ao fator eficiência na exploração pecuária”, segundo pesquisadores da Embrapa Gado de Leite. Segundo eles, eficiência, sustentabilidade e lucratividade podem andar juntas quando a pauta é leite baixo carbono, tema central desta edição do Anuário Leite 2023”, destaca o editor-chefe Nelson Rentero.
No campo das estatísticas, informa Rentero, os analistas da Embrapa Gado de Leite contam como foi o desempenho do negócio leite dentro e fora das fazendas, no Brasil e no mundo, do ano passado para cá. Em 2022, por exemplo, a demanda foi menor, prejudicada pela elevação dos preços e pela restrição de renda dos consumidores. Com isso, a produção recuou 5% em relação a 2021, fechando o ano em 23,81 bilhões de litros de leite formal, ou seja, 977 milhões de litros a menos do que no ano anterior. Tal volume exigiu aumento nas importações, que subiram 26,3%.
“Em linha contrária, o tradicional ranking Top 100, editado pela consultoria Milkpoint Ventures, também destacado no Anuário, revelou que as 100 maiores fazendas leiteiras do país ampliaram a produção de leite no ano passado. A média subiu 4,75% em relação a 2021, ao atingir 26.721 litros/dia”, informa o editor-chefe da publicação.
O Anuário Leite 2023 também analisa o consumo mundial e mostra que, entre 188 países, apenas 100 têm consumo superior a 100 kg de leite/habitante/ano. E somente 54 países têm consumo superior a 200 kg. Na América do Sul, o Brasil tem atualmente demanda per capita de 170 kg, ligeiramente inferior a Uruguai, Chile e Argentina. (As informações são do Anuário Leite 2023 - Embrapa, adaptadas pela equipe MilkPoint)
Jogo Rápido
Chile: captação de leite cai 5,4% no primeiro semestre
De acordo com os dados divulgados pela Federação Nacional dos Produtores de Leite (Fedeleche) com base nas informações divulgadas pela Secretaria de Estudos e Políticas Agrárias (Odepa), a captação de leite cru do Chile até junho de 2023 apresentou uma queda de 5,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, caindo de 1,036 bilhão de litros para 979,6 milhões de litros. Isso representa uma contração ano-a-ano de 56,1 milhões de litros e ao mesmo tempo completa treze meses consecutivos de queda. A queda na captação de leite ocorreu em quase todas as regiões do país, com exceção de La Araucanía. Em junho, a captação de leite cru no Chile apresenta uma queda de 2,9% com relação ao mesmo mês do ano anterior, atingindo um total de 129,6 milhões de litros, com uma redução de 3,9 milhões de litros. (As informações são do Diario Lechero, traduzidas pela Equipe MilkPoint)