Porto Alegre, 15 de setembro de 2016 . Ano 10- N° 2.352
A diretoria do Conseleite - Mato Grosso do Sul reunida no dia 14 de setembro de 2016, aprova e divulga os valores de referência para a matéria-prima, referente ao leite entregue no mês de agosto de 2016 e a projeção dos valores de referência para leite a ser entregue no mês de setembro de 2016. Os valores divulgados compreendem os preços de referência para o leite padrão levando em conta o volume médio mensal de leite entregue pelo produtor. (Famasul)
Foram divulgados nesta quinta-feira (15/09), pelo IBGE, os dados de captação brasileira de leite para o segundo trimestre deste ano, referente aos meses de abril, maio e junho. Para estes três meses, o volume de leite captado foi de 5,17 bilhões de litros, número 8,4% inferior quando comparado a este mesmo trimestre do ano de 2015.
No acumulado do 1º semestre, a captação de leite apresentou queda de 6,4% em relação ao mesmo período de 2015, com um total de 11 bilhões de litros de leite captados, uma queda de cerca de 750 milhões de litros em relação ao ano passado.
Ao analisar o desempenho de captação das regiões brasileiras, em uma comparação a este mesmo trimestre do ano passado, apenas a região Norte apresentou alta, de 1,8%. Já as demais regiões apresentaram quedas significativas: Nordeste (-10,7%), Centro-oeste (-14,6%), Sul (-7,5%) e Sudeste (-7,9%).
Gráfico 2 - Variação da captação de leite por região (2º Tri 2016 x 2º Tri 2015).
Como observa-se no gráfico 3, todos os maiores estados em captação de leite tiveram quedas no volume captado. Em relação a este mesmo trimestre de 2015, as quedas foram de -8,3% em Minas Gerais, -6,6% em São Paulo, -4,6% no Paraná, -2,5% em Santa Catarina, -13% no Rio Grande do Sul e -16,2% em Goiás. (As informações são do IBGE; elaboração Equipe MilkPoint)
Gráfico 3 - Variação da captação de leite nos principais estados (2º Tri 2016 x 2º Tri 2015).
Cinco coisas para se observar no mercado de lácteos da América Latina no resto de 2016
Não há dúvidas de que a primeira metade de 2016 foi difícil para os produtores de leite de todo o mudo e na América do Sul não foi exceção. Entre complicações climáticas, baixos preços do leite e obstáculos econômicos, esse ano tem sido um daqueles que os membros da indústria de lácteos regionais gostariam de esquecer.
Entretanto, após meses muito desafiadores, parece que o equilíbrio está levemente sendo restaurado. No geral, os volumes de leite vêm se contraindo, indicando alguma resolução no problema do excesso de oferta. Em resposta, os preços do leite têm aumentado de leve na maioria dos países, fornecendo um alívio para muitos da cadeia láctea.
Todos querem saber exatamente quando a recuperação ocorrerá. A maioria prevê que a indústria global melhorará até o final desse ano e em 2017 e essas expectativas estão sendo aplicadas à América do Sul, em particular. Entretanto, é difícil prever precisamente quando as escalas aumentarão. Para ajudar a fornecer dicas a essa questão do momento, a seguir estão cinco itens acompanhados de perto.
A Argentina elegeu um novo presidente no final de 2015, terminando 12 anos consecutivos de um governo populista no país. Desde sua instalação, o novo presidente, Maurício Macri, tem implementado agressivamente uma ampla gama de reformas políticas e econômicas. Como resultado, o país caminha de forma meio desajeitada rumo aos que os especialistas em economia da FocusEconomics chamam de "um doloroso, mas necessário ajuste econômico".
Embora a inflação já estivesse desenfreada na Argentina, a remoção de certos subsídios e proteções de preços levou a um rápido aumento nos preços de bens aos consumidores e insumos de produção. Nas lojas de alimentos, o leite agora custa 20 pesos argentinos (cerca de US$ 1,33) por litro, um aumento de mais de 15% comparado com janeiro. Entretanto, os produtores estão longe de aproveitar esse aumento nos preços ao consumidor - já que o preço do leite ao produtor atualmente está em 4 pesos argentinos (cerca de US$ 0,27) por litro.
Apesar da tentativa de concluir que essa ampla diferença é causada pela indústria e varejistas que ficam com a maior parte do valor, os dados mostram que a porcentagem do valor absorvido em cada estágio da cadeia de valor ficou relativamente constante. De fato, os processadores em particular estão sofrendo, com muitas importantes companhias de lácteos tomando medidas, como a venda de certas unidades de negócios - em uma tentativa de conter suas perdas. No entanto, essa diferença é uma questão política que está sendo observada de perto pela indústria. Se essa diferença crescer, podemos espera que a indústria reaja dramaticamente, talvez indo tão longe a ponto de empregar táticas como protestos que bloquearão o acesso às fábricas e lojas. Esse tipo de problema pode se mostrar profundamente prejudicial à indústria, que está lutando para encontrar sua base.
Abates de vacas leiteiras no Uruguai
Uma das questões mais frequentemente discutidas é se a queda que estamos vendo na produção de leite na América do Sul é devido a fatores estruturais, como redução no rebanho leiteiro, ou fatores não estruturais, como decisões de gestão. Na maioria dos casos, a determinação é baseada na coleta de evidências anedóticas, reunidas a partir de observações e participantes da indústria. Entretanto, no Uruguai, o governo publica informações sobre abates de vacas leiteiras, fornecendo importantes informações sobre a mudança de terras da produção leiteira nesse pequeno, mas importante país.
Até agora nesse ano, as estatísticas mostram que os abates de vacas leiteiras vêm aumentando dramaticamente. Até julho, 67.000 vacas foram abatidas, um aumento de 76,6% com relação ao mesmo período de 2015. A partir dessa informação, podemos concluir que os produtores estão verdadeiramente reduzindo o tamanho de seus rebanhos, conhecimento que é ecoado pela informação que estamos ouvindo das pessoas no campo.
Entretanto, um importante componente dos dados de abate é o período. Embora até agora nesse ano os números certamente mostrem um aumento significativo no ano passado, será crítico continuar rastreando essa estatística para determinar se os altos números vistos até agora nesse ano são realmente aumentos marginais ou simplesmente uma aceleração da atividade normal. No caso da primeira opção, a expectativa é de que os volumes de leite sejam menores no próximo ano até que os estoques se regenerem de acordo com os sinais do mercado.
Colheita de milho no Brasil
Tem havido muita conversa nesse ano sobre a colheita de milho no Brasil, em particular nos setores de lácteos e pecuário. Uma colheita extremamente pequena de milho levou os preços locais a aumentar muito, aumentando demais os custos dos insumos e desafiando a rentabilidade dos produtores de leite - mesmo com eles tendo os maiores preços do leite da região até agora.
O que começou como uma safra com expectativas recordes foi repetidamente prejudicada pelo clima extremo, especialmente seca, que reduziu o potencial de crescimento da colheita. Além disso, o Real brasileiro relativamente barato tornou sua produção acessível aos compradores globais e levou a aumentos dramáticos nas exportações. Combinados, esses fatores resultaram em estoques historicamente pequenos, pressionando os preços para o produto físico para valores mais altos.
As atuais estimativas para a safra de milho brasileira são de 68,47 milhões de toneladas, quase 20% a menos comparado com o ano anterior. Nesse ponto, há pouca coisa que possa ser feita para a safra desse ano. Entretanto, setembro marcará o começo da nova safra e o plantio de milho começará na região sul do Brasil. Isso deve ser acompanhado de perto para ver como a safra se desenvolverá. Se tudo correr de acordo com o planejado, pode-se esperar que dará aos produtores algum espaço para respirar. Entretanto, se surgir qualquer complicação, as margens dos produtores serão mais pressionadas e provavelmente levarão a quedas adicionais na produção de leite.
Probabilidade do La Niña
Durante o ano passado, ouvimos falar muito sobre o fenômeno do El Niño e seu impacto projetado na agricultura da região. Atualmente, os padrões climáticos que vêm se desenvolvendo têm mudado a conversa desse ano para a La Niña. De acordo com a Associação Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), a La Niña é um fenômeno climático causado pelo resfriamento em partes do Oceano Pacífico. A La Niña tipicamente resulta em clima mais seco que a média em muitas regiões agrícolas e de produção leiteira da América do Sul, incluindo Brasil, Argentina e Uruguai.
Em suas análises divulgadas em 11 de agosto de 2016, o NOAA previu que a "La Niña está levemente favorecida a se desenvolver durante agosto a outubro de 2016, com cerca de 55-60% de chances da La Niña ocorrer durante o outono/inverno de 2016-2017". Embora essa previsão represente uma probabilidade reduzida do fenômeno comparado com os relatórios anteriores, isso ainda é uma importante indicação de que a região deve estar preparada para lidar com os impactos resultantes desse evento climático.
Apesar de o clima excessivamente seco obviamente não ser bem vindo em lugar nenhum, o desenvolvimento desse fenômeno é particularmente ameaçador no Brasil, que já sofre com o clima seco neste ano. Outro ano sem chuvas pode ter um tremendo impacto no desenvolvimento agrícola e da indústria de lácteos no país. Continuaremos observando o desenvolvimento da La Niña de perto para ajudar a entender o que acontecerá no próximo ano.
Preço global do leite em pó integral
Embora cada país na América Latina tenha seu próprio mix de demanda doméstica e internacional, para muitos países, os mercados globais têm um papel importante na viabilidade da indústria local de lácteos. Para esses países que são orientados às exportações, um dos produtos mais importantes é o leite em pó integral. Como resultado, o nível internacional de preços do leite em pó integral tem uma influência importante no bem-estar da indústria de lácteos da América Latina.
Os resultados dos mais recentes leilões do Global Dairy Trade foram amplamente celebrados na região, e 18,9% de aumento no leite em pó integral foi particularmente aplaudido. Os relatórios são mistos sobre o quanto de leite em pó está armazenado, esperando por melhores preços para serem liberados nos mercados globais. As próximas semanas mostrarão se volumes adicionais de leite em pó chegarão ao mercado, prejudicando os preços globais. Entretanto, se esses ganhos forem sustentados nos próximos leilões, isso fornecerá um suporte importante para a indústria regional, que tem lutado para encontrar níveis de preços de commodities sustentáveis para cada passo da cadeia de valor.
A América Latina é uma região dinâmica e próspera e seus mercados de lácteos não são exceção. Deve-se continuar acompanhando a recuperação desses mercados, com esses cinco fatores oferecendo dicas sobre o quão rápido e em qual extensão pode-se esperar que os mercados melhorem. (O artigo é de Monica Ganley, gerente da Quarterra, firma de consultoria estratégica dedicada a ajudar seus clientes a entender as indústrias de agricultura e alimentos da América Latina, publicado no Dairy Reporter e traduzido pela Equipe MilkPoint)
A ocorrência de algumas enfermidades nos rebanhos gaúchos foi um dos resultados apresentados na prestação de contas do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), Ministério e Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, realizada nesta quarta-feira (14) na Seapi. O número relativo a eventos sanitários como a Diarreia Viral Bovina (DVBV) foi um deles. Conforme o professor da Faculdade de Veterinária da Ufrgs, Gustavo Corbellini, o percentual de 24% de prevalência poderia ser minimizado com a utilização de medidas de biossegurança. Os principais sintomas da Diarreia Viral Bovina são retorno de cio em função das perdas embrionárias e aborto. "A doença causa ainda queda no sistema imunológico, deixando os animais suscetíveis a outras enfermidades." A diarreia viral bovina pode ser transmitida pelo contato entre animais infectados ou através da placenta para o feto em vacas prenhas. Conforme o professor, alguns procedimentos verificados nas propriedades, como o trânsito de inseminadores sem a correta higienização entre uma propriedade e outra, pode ser um causador deste índice, considerado alto pelos veterinários do serviço oficial. A representante do Conselho Técnico Operacional de Pecuária Leiteira do Fundesa, Ana Cláudia Groff, disse que "ainda não existe na produção leiteira a mesma preocupação com biossegurança observada em outras cadeias, como a de suínos e aves". A ideia, a partir dos dados apurados nas pesquisas realizadas através do ACT, é trabalhar com educação sanitária e transferência das informações junto aos produtores. O presidente do Fundesa, Rogério Kerber, disse que "procedimentos simples, como o treinamento de técnicos que atendem as propriedades e dos próprios produtores, podem contribuir para melhorar os indicadores. É preciso mudar a postura e atenção ao acesso às propriedades ". O Acordo de Cooperação Técnica teve duração de quatro anos e encerrou em abril deste ano. Desde o início das atividades, o Fundesa investiu em torno de R$ 500 mil em três grandes eixos de atuação: pesquisa aplicada à defesa sanitária, assessorias (para resolução de problemas pontuais na área da defesa) e capacitação de médicos veterinários do serviço oficial, com mais de 200 profissionais treinados. O ACT também proporcionou a participação dos pesquisadores em eventos técnicos e apresentação dos trabalhos inclusive em congressos internacionais. O Conselho Deliberativo do Fundesa vai avaliar os resultados e decidir se haverá a renovação do ACT. (Agrolink)