Porto Alegre, 09 de agosto de 2016 . Ano 10- N° 2.327
A elevação para setembro foi de US$ 90 e o preço US$ 2.530/tonelada, enquanto os contratos de outubro ganhavam US$ 120 e foram negociados a US$ 2.650/tonelada. Os fechamentos depois foram: novembro ganho de US$ 85, atingindo US$ 2.680/tonelada; dezembro mais US$ 100, chegando a US$ 2.700/tonelada; enquanto janeiro ganhava outros US$ 90, e era negociado a US$ 2.710/tonelada. De agosto a dezembro o "contango" - diferença entre o contrato datado de curto prazo e o contrato de mais longa data - ampliou de US$ 100 para US$ 455/tonelada. " "Existe grande ágio futuro em relação ao último GDT, o que pode significar mais um forte aumento", disse Nigel Brunel, diretor do mercado financeiro da OM Financial.
A Olimpíada do Rio é um belo exemplo de livre acesso de atletas e torcedores do mundo inteiro, que se reúnem em um país, integrando-se para competir no mesmo campo esportivo, sob as mesmas regras. Infelizmente em outros campos nem sempre há livre acesso, regras comuns e competição.
Um dos exemplos mais notáveis é o comércio exterior: tarifas, subsídios domésticos e toda sorte de barreiras não tarifárias (técnicas, sanitárias, burocráticas etc.) dificultam o acesso aos mercados, impedindo a competição leal e prejudicando milhões de consumidores. Além das barreiras comerciais mais visíveis, o acesso aos mercados é também impactado por percepções de clientes e consumidores que têm gerado dificuldades e barreiras de "imagem".
Acesso aos mercados é a capacidade de cruzar fronteiras, entrar no mercado e lutar de forma justa pela preferência do consumidor. No caso do agronegócio, esse é seguramente o tema mais complexo e desafiador do setor, que, se bem conduzido, pode produzir resultados expressivos em comércio e investimentos.
Produtos agrícolas como soja, milho, café verde, celulose e algodão circulam com bastante facilidade pelo mundo. Porém produtos mais processados como óleo de soja, açúcar, etanol, carnes, laticínios, papel e café solúvel enfrentam maiores barreiras. Além disso, a falta de comunicação adequada sobre a realidade gera percepções de imagem distorcidas e equivocadas sobre quase todos os produtos exportados, principalmente nos temas ambiental (desmatamento, biodiversidade, emissões de carbono) e social (condições de trabalho, questões indígenas).
Não há dúvida de que o tema acesso a mercados depende, em primeira instância, da fluidez e da qualidade do diálogo entre os governos envolvidos. O dia a dia do "acesso" passa pela assinatura de acordos de equivalência sanitária, preenchimento de questionários, trâmite ágil de documentos, missões de inspeção de plantas produtivas, visitas de ministros e autoridades, listas de pedidos e troca de concessões de parte a parte. Eventualmente o acesso passa, também, por negociações mais amplas e formais, em nível bilateral, regional ou multilateral.
Mas a experiência de vários países mostra que o sucesso das ações depende, também, da presença e do comprometimento do setor privado no processo. Afinal, são as empresas, e não os governos, que realizam o comércio e os investimentos.
Ações de suporte ao tema comumente praticadas por empresas e entidades do setor privado são o mapeamento e o engajamento de stakeholders locais (clientes, associações, mídia, academia, formadores de opinião, ONGs e outros), o entendimento do ambiente regulatório e de políticas públicas do país destino, a montagem de coalizões com grupos locais que tenham visões confluentes e a defesa formal de interesses via ações de lobby nos países em que a atividade é regulamentada.
O trabalho de relações públicas e governamentais oferece um amplo menu de opções, que precisa ser estudado e adaptado a cada realidade institucional. Tais atividades são executadas pelo setor privado, e não pelo governo, e há muitos exemplos de sucesso no mundo, seja na conquista do acesso aos mercados, seja na melhoria da imagem do país e de suas empresas e produtos.
Um amplo esforço de cooperação entre o governo (Mapa, MRE e Apex) e uma dezena de entidades privadas do agronegócio começa a ser desenhado neste momento. Um esforço que chega em ótima hora, num país que precisa desesperadamente se organizar melhor para recuperar o tempo perdido. (Folha de São Paulo)
Preço descompensado
Baixa rentabilidade no ano passado e pressão no custo e na qualidade da alimentação prejudicaram produção no país
Há uma boa e uma má notícia para o consumidor. Motivo de recorrentes queixas nas últimas semanas, o preço do leite provavelmente está próximo do topo. Ou seja, sem espaço para subir muito mais, depois de uma alta que levou o UHT, por exemplo, a atingir no atacado um preço médio recorde de R$ 4 em julho no Estado de São Paulo, uma escalada de 80% no ano. Mas o ruim é que, até agora, nada indica que os valores encontrados nas gôndolas voltem abaixo de R$ 3, como no final do ano passado.
A disparada do preço do leite, causada pela queda da produção no país, tem duas causas principais. A primeira foi a baixa rentabilidade da atividade ano passado, o que levou criadores a diminuírem rebanho ou mesmo cortar investimentos, principalmente em alimentação, devido à alta de insumos como ração - o que impactou na perda de produtividade por animal. Este ano também pesou o fator climático, como falta de chuva em regiões produtoras do Sudeste e Centro-Oeste, e excesso de frio no Sul, o que atrasou o desenvolvimento das pastagens.
A expectativa no mercado é que a produção volte a subir neste mês, mas ainda em patamares abaixo da mesma época do ano passado.
- Acreditamos que o preço do longa vida chegou a um pico e, para os próximos meses, esperamos estabilidade. No médio prazo, uma redução porque a curva de produção deve subir - avalia Juliana Pila, zootecnista e analista de mercado de leite da Scot Consultoria, que entretanto vê poucas chances de os preços ao consumidor retornarem abaixo de R$ 3.
EXPECTATIVA DE ESTABILIDADE DE PREÇOS NOS PRÓXIMOS MESES
No Estado, segunda maior bacia leiteira do país, a expectativa é semelhante. O presidente Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul (Sindilat), Alexandre Guerra, lembra que agosto e setembro costumam ser os meses de melhor produção no ano, mas no primeiro semestre a captação já foi 6% inferior a igual período do ano passado e a expectativa é chegar ao final de 2016 com um volume 3% menor que 2015. Com dados de sete Estados, o índice de captação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), mostra que, após uma queda acumulada de 20% no ano até maio, as indústrias tiveram uma melhora tímida de 1,42% em junho, com a ajuda principalmente do Sul, a partir da consolidação das pastagens. Mesmo assim, a aposta dos laticínios e cooperativas ouvidos pelos pesquisadores do Cepea é de que a baixa oferta de matéria-prima ainda possa pressionar as cotações em agosto.
- A produção no Rio Grande do Sul subirá em agosto e setembro, mas em um patamar abaixo de igual período do ano passado - ressalta Guerra.
O dirigente também considera improvável que os preços ao consumidor retrocedam este ano aos níveis verificados ao final de 2015. Levantamento da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) mostra que, na média, o preço do leite longa vida integral no Estado chegou a R$ 3,79 na última semana de julho, alta de 70% no ano.
Guerra avalia que, frente à expansão dos custos, valores inferiores desestimulariam ainda mais os criadores, levando à uma queda maior na produção no futuro, o que poderia levar o consumidor a pagar bem mais caro. (Zero Hora)
Nanotecnologia chega à produção leiteira do Brasil
Nanotecnologia - Relatório do Sistema de Inteligência Setorial (SIS) mostra como o agronegócio nacional está gerando inovação em produtos e processos a partir desta tecnologia. A nanotecnologia, que permite manipular a matéria numa escala atômica e molecular, criando novos produtos e processos, já ajudou a revolucionar diversos segmentos, da indústria química à produção de equipamentos médicos e têxteis.
Agora, é a vez da agroindústria ser impactada por esta inovação, de ponta a ponta: desde os tratores, arados, herbicidas, adubos e medicamentos utilizados nos animais até os mecanismos de diagnóstico de doenças. O uso da nanotecnologia na produção de leite é o tema de recente boletim de tendências disponibilizado pelo Sistema de Inteligência Setorial (SIS) do Sebrae. O mercado mundial de produtos com nanotecnologias deve atingir valores próximos a US$ 3,3 trilhões em 2018. O setor químico é o que ocupa hoje a maior parcela desse mercado, seguido pelos semicondutores. No Brasil, entre 2000 e 2007, foram investidos cerca de R$ 320 milhões em nanotecnologia somando os investimentos do setor privado e pesquisas. Até 2018, o país pretende alcançar 1% do mercado mundial. Na área de sanidade animal, essa tecnologia pode contribuir no desenvolvimento de nanobiossensores para o diagnóstico de doenças como tuberculose, brucelose, neosporose e anaplasmose bovina. Com isso, será possível ampliar a precisão em diagnósticos laboratoriais numa escala menor de tempo.
O desestímulo à produção leiteira no país, que desembocou nos preços atuais ao consumidor, foi causado pela perda de rentabilidade. Levantamento da Scot Consultoria mostra que, ano passado, a atividade teve o pior resultado em termos de margem entre os todos os segmentos analisados da agropecuária. Em propriedades de alta tecnologia, a rentabilidade caiu de 7,9% no país em 2014 para 1,7% ano passado. No caso das de baixa tecnologia, o prejuízo foi maior, de 7,6% em 2015. Outro levantamento realizado pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) mostra um quadro semelhante. No ano, os custos aumentaram 3% e, as receitas, 16%. Mesmo assim, aponta o assessor econômico do Sistema Farsul, Antônio da Luz, os pecuaristas permanecem trabalhando no vermelho. - Na média do ano o prejuízo é de R$ 0,11 por litro, levando em conta o custo operacional total, que inclui todos os desembolsos mais depreciações - detalha o economista. (Zero Hora)