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02/08/2016

 

Porto Alegre, 02 de agosto de 2016 .                                               Ano 10- N° 2.322

 

A um clic do aprendizado

Qualificação não é uma questão de opção para o setor agropecuário. Produzir mais, com qualidade e a custos racionalizados desafiam produtores a aplicarem as tecnologias avançadas, a profissionalizarem a gestão e a buscarem a excelência em todas as etapas de produção. A adoção de critérios rigorosos abrange desde a busca por matérias-primas, passando pelo manejo correto, até conhecimentos de marketing e comercialização. Custos de transporte, hospedagem, falta de tempo e a distância das propriedades até os centros urbanos, onde se concentram as universidades, dificultam a educação formal, ao mesmo tempo em que abrem espaço para a modalidade à distância.

Estudar pela internet é uma modalidade que vem crescendo de forma significativa no Brasil e não apenas na área rural. Para se ter uma ideia, o número de alunos matriculados na modalidade EaD na graduação cresceu 44% de 2010 a 2014, passando de 930 mil para 1,340 milhão alunos no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação. Para atender a essa demanda e explorar um novo nicho de mercado, empresas e associações vêm investindo no ensino à distância voltado ao agronegócio, seja por meio de cursos, workshops ou eventos.

O 1º Congresso Brasileiro Online de Agricultura começa no próximo domingo e é promovido pelo Portal Ciência do Solo, plataforma de educação à distância voltada ao setor produtivo. Durante uma semana, moradores de diversas cidades brasileiras poderão assistir, ao mesmo tempo, 33 palestras, em que serão apresentados temas como economia, tecnologia, sustentabilidade, manejo e inovação.

Luiz Tadeu Jordão, engenheiro agrônomo e diretor de pesquisa e desenvolvimento do Portal Ciência do Solo, explica que o objetivo é tornar a informação acessível para o maior número de pessoas.

- Ao realizar ações como um dia de campo, percebemos que havia interesse no conhecimento, mas que a grande barreira era a distância. Então, por que não levar e utilizar a tecnologia para disseminar o conhecimento? - questiona Jordão, que está fazendo doutorado nos Estados Unidos.

Em duas semanas, 15 mil pessoas já se inscreveram para participar do evento, que é gratuito e tem vagas limitadas. As escolhas de temas e horários consideraram a realidade do produtor, que não pode parar todo o trabalho para assistir às explanações dos especialistas. De acordo com Jordão, a grade das palestras foi planejada para começar mais tarde para que o agricultor pudesse aproveitar o conteúdo, sem perder um dia inteiro de trabalho.

- Aqui nos Estados Unidos é comum esse tipo de evento, pois há uma diminuição nos custos e basta que a pessoa tenha internet para ter acesso - explica Jordão, destacando que, após o resultado desta primeira edição, deverão ser promovidos outros cursos com esses mesmos moldes. (Zero Hora)

 
 
UE deve aumentar produção de leite em mais de 1% em 2016

A maior oferta global de lácteos e os estoques privados acumulados deverão pesar no mercado e pode levar vários meses para que os preços do leite na União Europeia (UE) se recuperem de forma significativa. Entretanto, o pico de produção sazonal já passou e o volume produzido já começou a cair em junho, com impacto positivo nos preços. Além disso, na Nova Zelândia e na Austrália, a produção de leite está menor que no ano passado (em respectivamente -1,6% e -1,2% até agora). Entretanto, nos Estados Unidos a produção continua seu crescimento, à medida que as margens não estão tão baixas quanto na Oceania ou na UE. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) espera um aumento de 1,9% na oferta em 2016.

Na UE, a produção de leite poderá crescer em mais de 1% em 2016 (acima de 2 milhões de toneladas). Isso é devido ao forte aumento nos primeiros quatro meses do ano (+5,5%), que será seguido por uma desaceleração, provavelmente levando à produção na segunda metade do ano a ficar abaixo da do ano passado. Os dados no primeiro trimestre se comparam com o do mesmo período do ano passado, quando vários Estados Membros reduziram sua produção de leite para não terem que pagar multas devido ao sistema de cotas, que ainda estava em funcionamento até 1 de abril. Em contraste, alguns ajustes de redução na oferta estão atualmente sendo feitos. Além disso, o clima também terá um papel importante.

As reduções no preço do leite desde o começo do ano, junto com um aumento nos preços dos alimentos animais, notavelmente o farelo de soja, pressionou mais as margens dos produtores. Embora por vários meses, muitos produtores tenham mantido suas vacas e continuaram produzindo para manter as receitas (e pagar os empréstimos), alguns produtores agora começaram a abater mais vacas.

De acordo com estatísticas disponíveis, os abates de vacas estão aumentando de forma significativa em importantes países produtores de leite: Espanha, Dinamarca, Polônia, Reino Unido, República Tcheca, Holanda, Bélgica e Alemanha. Esse indicador é apenas parcial, porque não distingue entre vacas leiteiras e de corte, embora novilhas leiteiras prontas para produzir possam ser mais numerosas. Além disso, o efeito na oferta pode ser mitigado por ganhos na produtividade: na Polônia, a produção de leite aumentou em 8% até abril, apesar do forte aumento no número de vacas abatidas (+11%).

Há outros fatores influenciando, como os operadores na França aplicando várias medidas de gestão da oferta, como os sistemas de preço A/B/C3, multas se as entregas passarem dos volumes contratados, incentivos para reduzir a produção de leite, etc. O sistema de diferenciação de preços (A/B) se aplica também em várias companhias inglesas e espanholas.

O clima também é outro importante fator. A produtividade das pastagens na Irlanda e no Reino Unido, por exemplo, estão próximas à média, ou seja, abaixo da do ano anterior. Após um começo frio, as temperaturas em maio foram maiores do que o normal. A previsão para junho dependerá principalmente das temperaturas, à medida que a umidade do solo está atualmente alta e pode suportar níveis altos de produção de biomassa. Além dos efeitos no preço, esse atraso no crescimento das pastagens afetou a captação de leite nas duas ilhas e, na Irlanda, a captação de leite foi 4% menor do que no ano passado em abril. Na Polônia, as condições das pastagens estão mais afetadas pelas condições secas. Em outros locais, a produtividade das pastagens está acima da média e poderá apoiar a produção de leite.

Os dados disponíveis mostram uma redução na captação de leite comparado com o ano passado em França, Reino Unido, Espanha, Portugal, Eslováquia, Dinamarca e Irlanda. Em outros Estados Membros, Holanda, Polônia e Itália, o aumento comparado com o ano passado caiu, mas permanece forte. Na Holanda, os produtores tentam aumentar a produção o máximo que podem, dado que até 1 de janeiro de 2017, precisarão cumprir com a legislação que será votada em breve restringindo as emissões de fostato. Em Hungria, Luxemburgo e Estônia, a captação de leite continua aumentando firmemente comparado com o ano passado. (Informações são da Comissão Europeia, traduzidas pela Equipe MilkPoint)

Irlanda visa se tornar líder mundial em sustentabilidade por meio do programa Origin Green

Apesar dos baixos preços do leite ao produtor, a indústria de lácteos da Irlanda, com seus 18.000 produtores de leite, é vista como líder mundial, graças em parte ao seu programa Origin Green. Com a população global devendo aumentar em 2,4 bilhões até 2050, o mundo precisará produzir até duas vezes mais alimentos a partir de recursos cada vez mais limitados.

Para suprir esses desafios envolvidos, em 2012 o Irish Food Board, o Bord Bia, lançou o Origin Green, primeiro programa nacional de sustentabilidade desse tipo. O governo da Irlanda divulgou uma estratégia para a indústria de alimentos globalmente focada por meio do Food Harvest 2020. O elemento chave do pilar de sustentabilidade dessa estratégia é o Origin Green, que visa ter todas as fazendas e negócios de processamento de alimentos na Irlanda trabalhando para reduzir suas pegadas de carbono anualmente, enquanto têm um papel proativo no bem-estar de seu meio ambiente local.

Independentemente verificado em todos os estágios, o programa voluntário vê os processadores de alimentos desenvolverem um plano que define objetivos claros em áreas chaves de sustentabilidade, como origem da matéria-prima, emissões, energia, dejetos, água, biodiversidade e sustentabilidade social.

Desde quando as cotas foram removidas em 1 de abril de 2015, a indústria de lácteos da Irlanda enfrentará um nível sem precedentes de expansão ao longo dos próximos cinco anos. Com mais de €1 bilhão (US$ 1,09 bilhão) sendo investido nas fazendas leiteiras e mais de €600 milhões (US$ 659,88 milhões) em capacidade de mercado e processamento, o Bord Bia disse que a indústria irlandesa terá o mais rápido crescimento no setor de lácteos do mundo nos próximos cinco anos.

Entretanto, o Bord Bia está confiante que essa expansão ocorrerá de uma maneira sustentável, graças à implementação do programa Origin Green, e à introdução de um novo padrão nacional de fazendas leiterias, o Esquema de Garantia de Lácteos Sustentáveis (SDAS), em 2013. O SDAS engloba garantia de qualidade e sustentabilidade que mede as pegadas de carbono de cada fazenda leiteira individual. Atualmente, 80% das fazendas estão participando desse esquema.

Mais de 100 auditores independentes visitam fazendas todos os dias para medir os impactos ambientais de cada sistema de produção usando a ferramenta Carbon Navigator em um processo de medição, feedback e melhora contínua. A nível de fazenda, o Bord Bia fez mais de 100.000 avaliações de pegadas de carbono em escala nacional. Cada fazenda é avaliada com relação a seis medidas de eficiência com o objetivo de reduzir os impactos ambientais da fazenda, mas também, fornecendo maiores margens de lucros para o produtor.

Como parte do Origin Green, os prazos e metas das companhias são capturados dentro dos planos de sustentabilidade que são verificados a um padrão independente. Para se tornar um membro do programa Origin Green, os produtores precisam passar por um processo de verificação. Cada membro verificado precisa enviar um relatório anual de progresso que avalia o impacto e o progresso da companhia individual.

Joe Hayden, que tem uma fazenda leiteira com 160 vacas próximo a Tinahely, em County Wicklow, acompanha o progresso por meio de reuniões regulares com outros produtores e trabalha para garantir que seu relatório mostre progressos positivos em uma base anual. Hayden disse que os produtores em todo o mundo precisam lidar com burocracia e que com o Origin Green não é diferente, mas os resultados falam por si só.

"O programa Origin Green é diferente já que relaciona diretamente rentabilidade com a redução de pegadas de carbono. No Carbon Navigator temos uma ferramenta que nos permite usar questões básicas de manejo, como dias no pasto, eficiência de energia e índice econômico de reprodução das vacas, para realmente aumentar a rentabilidade da fazenda".

Com relação à reprodução de vacas, Hayden disse que eles estão tentando criar animais que são mais eficientes em transformar pastagem em sólidos do leite. "Nessa fazenda, há seis anos, a média de gordura do leite era de 3,8% e a média de proteína era de 3,25. Em 2015, esses dados foram para 4,1% de gordura e 3,5% de proteína. Isso em termos econômicos equivalem a €20.000 (US$ 21.996,2) em vendas de leite na fazenda. Esses são assuntos econômicos que podem beneficiar a fazenda. Não estamos focados apenas o tempo todo no preço do leite fora da fazenda", completou.

Hayden disse que os grupos de discussão sobre lácteos - reuniões mensais que são realizadas com outros produtores locais - têm sido inestimáveis. "Temos um facilitador profissional do Teagasc, que é uma autoridade em pesquisa e treinamento na agricultura aqui na Irlanda e essa pessoa se responsabiliza por obter as últimas informações referentes à eficiência de produção. Além disso, ela ajuda a otimizar as eficiências do nosso negócio e transferir essa informação de volta ao grupo. Esse tem sido um sistema muito eficaz para nos ajudar a crescer e desenvolver as eficiências de nossos negócios". 

Em 28/07/16 - 1 Euro = US$ 1,09981
0,90912 Euro = US$ 1 (Fonte: Oanda.com) (Informações são do Dairy Reporter, traduzidas pela Equipe MilkPoint)

 
 
Milho deve crescer mais que a soja na safra atual 
A safra 2016/17 de grãos será marcada pelo aumento no plantio tanto de soja quanto de milho, previu ontem a Céleres, em seu primeiro levantamento sobre a nova temporada. O avanço do milho, contudo, tende a ser mais vigoroso que o da oleaginosa, devido à perspectiva de melhor rentabilidade do cereal. De acordo com a consultoria, a área com soja no Brasil crescerá 2,6% no ciclo 2016/17 (que começa a ser semeado em setembro), para 33,8 milhões de hectares. A produção está estimada em 102,9 milhões de toneladas, alta de 5,3%. Já o milho deve cobrir 6,4 milhões de hectares no verão e 11,3 milhões no inverno (safrinha), incremento de 13% e 8,5%, respectivamente. A produção do grão é projetada em 35,1 milhões e 63,9 milhões de toneladas, alta de 22% e 29,1%, na mesma comparação. Apoiada nas elevadas cotações do milho, a margem operacional média dos produtores do grão no Centro¬Sul deve praticamente dobrar em 2016/17, a R$ 1.470 por hectare, calcula a Céleres. Já a margem média da soja cairá cerca de 8%, para R$ 1.108 por hectare. Ainda conforme a consultoria, a queda nos preços do milho esperada para o segundo semestre de 2017 deve diminuir a pressão sobre os custos da indústria de aves e suínos. Contudo, é provável que as cotações se mantenham "elevadas e descoladas do mercado internacional" no 1º trimestre de 2017. (Valor Econômico)
 

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