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08/02/2023

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 08 de fevereiro de 2023                                                    Ano 17 - N° 3.837


O PREÇO DO LEITE E O SUCESSO NA ATIVIDADE

O produtor sempre se preocupou com o quanto ele recebe, mas será que o preço pago pelo leite é o único responsável pela lucratividade da fazenda?

O aumento no valor pago pelo leite alguns meses atrás fez com que muitos produtores comemorassem, devido ao aumento expressivo nos insumos da cadeia produtiva do leite. No entanto, muitos produtores focam apenas no preço do leite, e muitas das vezes, acabam negligenciando os custos de produção.

O preço do leite é importante para a lucratividade de uma fazenda leiteira, entretanto, a lucratividade está mais associada ao custo e a escala de produção do que propriamente ao preço do leite.

De acordo com os dados apresentados pela Labor Rural e Educampo/Sebrae a correlação entre o preço do leite e o lucro unitário é baixa (Tabela 1), ou seja, fazendas recebendo o mesmo preço de leite podem apresentar lucratividades diferentes. Entretanto, foi encontrada uma alta correlação entre o custo de produção e lucro (Tabela 1), onde fazendas com menor custo de produção apresentaram maior lucratividade. Tabela 1. Correlação entre Preço do leite e a Lucratividade.

O aumento de produtividade com ganho em eficiência é o principal fator para reduzir o custo e aumentar a lucratividade.

A fim de evidenciar esse fato, o Educampo realizou uma análise com 205 fazendas, onde essas foram divididas em dois grupos, um em que as 80 propriedades reduziram o volume de leite, e outro no qual 125 propriedades aumentaram a produção de leite, de modo que, os dois grupos receberam aumento de 10% no preço do leite.

Como resultado, fazendas que aumentaram o volume de leite tiveram aumento menos intenso no custo de produção, refletindo no aumento da margem unitária (Figura 1). Dessa forma, as propriedades que aumentaram o volume de leite ganharam mais por cada litro de leite vendido (Educampo, 2022). No entanto, o ganho de produtividade com eficiência é possível apenas pela adoção de estratégias de planejamento e gerenciamento.

Figura 1. Análise do aumento da produção sobre a lucratividade.

O gerenciamento adequado da propriedade é fundamental para a redução dos custos, já que pela análise dos custos de produção é possível identificar falhas que estejam comprometendo o desempenho da propriedade, garantindo assim a viabilidade do sistema ao passo que estratégias são tomadas para correção dessas falhas.

Portanto, é de suma importância que todos os custos sejam registrados em um banco de dados, de modo a evitar distorção na geração dos indicadores, comprometendo a interpretação da análise. Os custos de produção referem-se a todos os dispêndios ligados ao processo produtivo, ou seja, todos os recursos necessários utilizados para a produção do leite, sendo eles divididos em custos fixos e variáveis. Diferente dos custos variáveis, os custos fixos não variam durante o ciclo de produção (produtos de limpeza de ordenha, reparo e consertos de máquinas, medicamentos, mão de obra), são independentes da escala de produção, portanto, traçar estratégias para diluição desses custos se faz necessário para aumentar a lucratividade, sendo a principal forma, o aumento da produção. Já para os custos variáveis, aqueles que são dependentes da produção (alimento, fertilizante, energia, combustível), o planejamento é a melhor forma de controle de gastos, ou seja, compra estratégica de insumos para o plantio e concentrado, garantem melhor preço, logo redução dos custos.

Apenas conhecer os custos não é o suficiente, é preciso saber interpretá-los, sendo assim, os indicadores são cruciais para mensuração e avaliação do desempenho da uma propriedade. Esses são subdivididos em Indicadores Zootécnicos, Reprodutivos e Econômico-financeiros. Dentre eles, podemos citar exemplos que tem grande influência na eficiência de produção, de tal forma a possibilitar a diluição dos custos:

Receita menos o custo alimentar (RMCA)
Monitorar o indicador RMCA é uma forma simples e objetiva de avaliar o quanto as vacas e o produtor estão sendo eficientes nas suas funções. Do ponto de vista da vaca, podemos inferir sobre a eficiência alimentar, ou seja, sobre a sua capacidade de converter dieta em leite. Assim, espera-se que no início da lactação, as vacas apresentem altos valores de RMCA, ao passo que, o RMCA reduz à medida que a lactação se estende. Isto porque vacas do início ao pico de lactação apresentam maior eficiência de utilização de energia comparado a vacas no terço final de lactação.

Pelo lado do produtor, este indicador nos sugere a eficiência na compra e a produção de alimentos. Assim, a compra estratégica de insumos favorece a obtenção de altos valores de RMCA, à medida que, a compra de insumos nas “altas” de preços favorece a redução dos valores de RMCA, mesmo que se tenha boa genética. Em outras palavras, ter boas vacas não é o suficiente para obter lucro, mas sim, o equilíbrio entre o custo alimentar e o potencial produtivo do rebanho.

Relação entre número de vacas em lactação e o total de vacas (VL/VT), e entre o rebanho total (VL/RT)
Devemos sempre maximizar o número de animais em lactação, já que estes são responsáveis por gerar a receita da propriedade, de modo que, a relação entre VL/VT seja maior que 83% (10 meses em lactação/12 meses de intervalo entre partos) × 100%, e a de VL/RT entre 45-55%, sendo este último de grande importância, pois a redução na porcentagem resulta em maiores despesas, já que animais que não produzem, apenas geram gastos. Estes indicadores estão associados a boas taxas reprodutivas e de criação de novilhas, os quais propiciam maior número de vacas em lactação, próximas ao pico de lactação (maior eficiência de produção).

Produtividade da mão-de-obra
Um dos maiores gargalos da atividade é a falta de mão de obra, além do seu alto custo, fazer com que o funcionário permaneça na propriedade diante da rotina intensa se tornou um grande desafio, por isso, é imprescindível que seu uso seja otimizado na propriedade. De acordo com EducaPoint (2018), a produtividade ideal por colaborador deve ser pelo menos entre 400 e 500 L/dh. Bons resultados não chegam sem planejamento, para atingir bons indicadores é necessário o investimento na nutrição, qualidade do leite, sanidade e bem-estar dos animais, visto que esses corroboram em ganhos na produção. É importante entender o sistema leiteiro como um quebra-cabeça, no qual, a falta de uma peça impede que tenhamos o máximo potencial.

Além disso, é valido ressaltar que investimento não é “custo”, mas sim uma maneira de aumentar a eficiência produtiva por meio da inserção de novas tecnologias e/ou instalações que proporcionem melhor conforto para os animais, de modo a resultar em um maior retorno, desde que, seja bem delineado e executado. Sendo assim, o controle e gestão dos custos, associados a um rebanho saudável e com genética, são a principal forma para não se tornar refém do preço do leite. (Fonte: Compre Rural)


EUA: o consumidor de lácteos do futuro está envelhecendo

O relatório 'Consumidores de lácteos do futuro: mudando o foco para componentes' mostra que haverá grandes mudanças populacionais nos EUA, com uma população envelhecida e diversificada.

Ben Laine, analista sênior de laticínios da Terrain, disse que conforme você envelhece ao longo da vida, você exige produtos diferentes. “Indo de fórmula infantil a pizza, macarrão com queijo e alguns shakes saudáveis e coisas assim, você exige produtos diferentes à medida que envelhece”, diz ele.

Então, como será a demanda futura por lácteos? Segundo Laine, isso levará as empresas a mergulhar no nível de demanda de componentes e no que é necessário para ser produzido na fazenda. No entanto, Laine acredita que podemos atender à demanda crescente e em constante mudança.

“O crescimento da demanda vai ser um pouco mais lento, até mesmo por causa do crescimento populacional mais lento, mas olhando para o equilíbrio entre produtos integrais e desnatados, isso vai mudar um pouco. Acho que a demanda por gordura láctea continuará crescendo, enquanto a demanda por sólidos desnatados permanecerá relativamente estável”, disse ele.

Laine compartilha que a população envelhecida, como a próxima multidão de mais de 65 anos, mostra um forte crescimento na demanda de gordura, especificamente da gordura láctea. “Essa é uma história positiva para os laticínios”, diz ele. “Ainda não é suficiente para compensar completamente a desaceleração do crescimento populacional, mas é uma perspectiva mais otimista para a gordura do que eu poderia ter pensado originalmente”.

A mudança na mentalidade do consumo de gordura láctea, particularmente em uma população em envelhecimento, é a mudança de perspectiva sobre como a gordura láctea pode se encaixar em uma dieta saudável.

“Especialmente para a população mais velha, eles estão começando de uma base menor, quando a gordura era evitada para, de repente, ela passar a se encaixar em uma dieta saudável”, disse Laine. “Acho que há muito espaço para crescer nesse segmento de idade e acho que ainda haverá daqui para frente.” De acordo com Laine, isso poderia aumentar o consumo de leite fluido.
 
População diversificada
Daqui para frente, o crescimento populacional é desproporcional – já que a taxa natural de substituição é mais lenta do que a taxa de imigração.

“É tipo um lado positivo disso”, compartilha Laine. “É observado níveis mais altos de consumo de leite fluido entre os imigrantes dos EUA. Infelizmente, isso parece diminuir depois de alguns anos, de forma que o consumo maior meio que se normaliza na dieta americana. Mas inicialmente, quando você tem imigrantes recentes nos EUA, você tem um consumo maior de leite fluido entre esses grupos”.

Essa mudança pode levar a população diversificada mais jovem a impulsionar a demanda por outros produtos e impulsionar o crescimento de queijos e pizzas. Laine compartilha que um olhar atento é direcionado para o envelhecimento da população e como podemos comercializar os produtos certos e chamar a atenção dos americanos mais velhos.

“Há muita atenção em como comercializamos para a geração do milênio com a mídia social e isso é muito importante”, disse ele. “No entanto, não podemos negligenciar o que será um grupo muito importante da população em 2030. Todos os baby boomers terão mais de 65 anos. E em 2035, pela primeira vez nos EUA, a parte da população com mais de 65 anos vai superar os americanos mais jovens. Portanto, é uma população importante ficar de olho e garantir que continuemos entendendo como poderemos atender a essas necessidades.” (As informações são do Dairy Herd Management, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint)

Argentina: após a estagnação de 2022, produção de leite deve passar por uma leva queda em 2023

O Observatório da Cadeia Láctea Argentina (OCLA) publicou sua primeira estimativa de produção de leite para 2023, com base em uma pesquisa enviada a 30 indústrias do setor no país.

Segundo esse levantamento, a expectativa é de que seja alcançada uma produção de 11,47 bilhões de litros, 0,7% abaixo dos 11,5 bilhões de litros de 2022.

Vale lembrar que o ano passado fechou com uma produção praticamente igual à de 2021, com crescimento interanual de apenas 0,04%, depois de 2021 ter apresentado crescimento de 4% e 2020, de 7,4%.

Em todo o caso, a OCLA valorizou este resultado alcançado em 2022 apesar de “uma longa lista de fatores adversos”, como o controle de preços no mercado doméstico, a deterioração do poder de compra dos consumidores, a queda dos preços internacional no final do ano e a presença de tarifas de exportação acompanhada de forte atraso cambial.

Mas, mais do que tudo, diante de uma “seca prolongada e generalizada, com aumento dos preços dos concentrados em nível internacional” e dos efeitos negativos nos custos que significou o “dólar soja”.

De fato, segundo a OCLA, o preço do leite ao produtor ficou aquém das necessidades dos produtores ao longo de 2022: o valor subiu 92,8%, enquanto a inflação foi de quase 95% e o custo médio de produção do litro de leite medido pelo INTA subiu 97%.

Para a OCLA, apesar desses contratempos, “essa manutenção da produção em 2022 mostra claramente todo o trabalho que vem sendo realizado nas fazendas leiteiras com a incorporação de insumos e tecnologias de processo, onde melhorias no bem-estar animal, automação de processos, confinamento de rebanhos com mais sombra, mais água disponível, aspersores, ventiladores, aumento das produções individuais” tendo efeitos positivos na produção.
 
Previsões para 2023
Nesse contexto, voltando às previsões para 2023, a OCLA mencionou que “os dados fornecidos correspondem à variação interanual a leite constante para cada mês de 2023 em relação ao mesmo mês do ano anterior e à variação anual total”.

E depois esclareceu também que é apenas uma primeira previsão teórica que provavelmente sofrerá modificações ao longo do ano.


“Esta estimativa apenas tenta dar uma perspectiva para o ano de 2023, com base nos dados disponíveis à data da sua elaboração. As condições de alta volatilidade e incerteza que certamente caracterizarão o ano corrente podem gerar diferenças significativas em relação aos números projetados, que avaliaremos à medida que ocorrerem”, especificou. (As informações são do Infocampo, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint)


Jogo Rápido 

Governo nomeia diretora de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura
O governo federal nomeou Ana Lúcia de Paula Viana para o cargo de diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), um dos mais importantes da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura. Defendida pelo setor de proteína animal e pelo ministro Carlos Fávaro, Ana Lúcia mantém o posto que ocupou no governo passado. Ela foi diretora do Dipoa até dezembro, mas foi exonerada junto com os demais cargos de segundo e terceiro escalões no início deste ano. Na sexta-feira, também foram nomeados o secretário-adjunto de Defesa Agropecuária, Márcio Rezende, e o diretor de Saúde Animal, Eduardo de Azevedo Cunha. (Valor Econômico)


 
 
 

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