Porto Alegre, 21 de março de 2025 Ano 19 - N° 4.352
O outono iniciou ontem (20/03), às 6h01 da manhã, e deve terminar no dia 20 de junho, às 23h42. É uma estação considerada de transição entre o verão quente e úmido e o inverno frio e seco.De acordo com o coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), meteorologista Flávio Varone, vai ser um período com condição de mais neutralidade. “Ao contrário dos últimos anos, que nós viemos passando sobre influência ou do El Niño ou do La Niña, neste ano, não teremos a influência destes fenômenos”, afirma.Chuva: Durante este mês de março e abril, a ocorrência será de pouca chuva. “Esta condição não recupera mananciais, não recupera reservatórios, devido à estiagem, o que traz consequências para a agricultura”, afirma Varone. Já a partir de maio e, principalmente, em junho, a condição de chuvas melhora no Rio Grande do Sul. “Em resumo, o outono começa com um tempo um pouco mais seco e aos poucos, vai voltando à normalidade, com chuvas mais abundantes nos meses de maio e junho, recuperando esta perda hídrica registrada pelo estado”, declara Varone.Temperatura: As temperaturas no outono serão mais quentes, um pouco acima da média histórica, em boa parte do Rio Grande do Sul, principalmente nos meses de abril e maio. As entradas de massas de ar mais frio, mais robustas, só são esperadas no final do outono. “Isto não quer dizer que não entrem massas de ar frio em alguns períodos, mas serão mais esporádicas”, diz o meteorologista do Simagro.
PREVISÃO METEOROLÓGICA DE 20 A 26/03/2025
A previsão para os próximos dias indica tempo predominantemente seco na maior parte do Estado, com possibilidade de chuvas isoladas e passageiras nas regiões Norte, Alto Uruguai, Missões, Central, Vale do Rio Pardo, Vale do Taquari, Serra, Campos de Cima da Serra, Metropolitana, Litoral Norte, Sul e Campanha. Os volumes mais expressivos são esperados para as regiões Norte, Missões, Alto Uruguai e Sul. Na quinta-feira (20/03), sexta-feira (21/03) e sábado (22/03), o sistema de alta pressão, que vem atuando nos últimos dias, continuará influenciando o tempo em todo o Estado. Por isso, não há previsão de chuva significativa para nenhuma região nesses dias. Já no domingo (23/03) e na segunda-feira (24/03), efeitos de circulação podem favorecer a formação de alguns núcleos de precipitação isolados e passageiros em grande parte do Estado, com maior probabilidade nas regiões Norte, Missões, Alto Uruguai, Metropolitana, Campanha e Sul. Na terça-feira (25/03) e na quarta-feira (26/03), o sistema de alta pressão volta a predominar, mantendo o tempo seco em todo o Estado, sem previsão de chuva significativa.
Em relação às temperaturas máximas, na quinta-feira (20/03), sexta-feira (21/03) e sábado (22/03), os maiores valores devem ser registrados nas regiões da Fronteira Oeste, Missões e Central, podendo atingir até 35 °C. Nos dias seguintes (23, 24, 25 e 26/03), além dessas regiões, Vale do Rio Pardo, Metropolitana e Litoral Norte também devem apresentar elevação nas temperaturas, podendo chegar a 36 °C na Região Metropolitana. Já em relação à temperatura mínima prevista, os menores valores deverão ser observados nas regiões de Campos de Cima da Serra e Serra, podendo atingir 8 °C em alguns municípios. (SEAPI)
EMATER/RS: Informativo Conjuntural 1859 de 20 de março de 2025
BOVINOCULTURA DE LEITE
O rebanho leiteiro está em boas condições em função do clima, que proporciona melhor conforto térmico aos animais. As fases da criação variam conforme o planejamento de cada propriedade, sem anormalidades. O estado nutricional das vacas melhorou em virtude da queda das temperaturas, que beneficiaram o pastejo e a recuperação da produção. Em relação ao aspecto sanitário, o clima seco diminuiu os problemas de casco e mastite, embora haja relatos de alta incidência de carrapatos em algumas propriedades.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a produção de leite caiu 14% nas últimas semanas devido ao calor intenso, que levou os animais a passarem mais tempo na sombra e na água, reduzindo a alimentação. Em algumas localidades, a escassez de água também tem impactado os rebanhos.
Na de Caxias do Sul, o calor afetou os rebanhos leiteiros, exigindo mitigação com ventiladores, aspersores e manejo de sombra.
Na de Erechim, o estresse térmico diminuiu a produção, mas muitas propriedades já estão profissionalizadas e adaptadas para enfrentar períodos de calor intenso.
Na de Frederico Westphalen, o preço do leite continuou estável, e há expectativa de leve melhora nas próximas semanas. A produção segue em queda, influenciada pela sazonalidade e pelas altas temperaturas, que causam estresse térmico, limitando o consumo de alimentos e o bem-estar animal.
Na de Ijuí, as temperaturas mais baixas proporcionaram aos animais a retomada do consumo de pasto, mas a situação está ainda mais crítica em áreas sem sombra ou controle térmico.
Na de Passo Fundo, continuam as vacinações e o controle de mosca-dos-chifres e carrapatos.
Na de Pelotas, segue a vacinação de terneiras contra brucelose.
Na de Porto Alegre, a estiagem ampliou o vazio forrageiro entre as pastagens de verão e as de inverno.
Na de Santa Rosa, a produção de leite sofreu queda de 20% em razão da estiagem, mas já houve
estabilização. A expectativa é de recuperação da produtividade, auxiliada por ajustes na alimentação e pelo uso de alimentos conservados.
Na de Soledade, as temperaturas mais amenas amenizaram o estresse térmico no gado leiteiro. (Emater editado pelo Sindilat RS)
Nota de Conjuntura: Mercado de Leite e Derivados - Março de 2025
As perspectivas para o comércio internacional e para a economia mundial como um todo já estão sendo impactadas pela iniciativa dos Estados Unidos de impor tarifas unilaterais decretadas sobre seus parceiros comerciais. Esta é uma estratégia que aparentemente visa corrigir o enorme déficit comercial americano, desvalorizando o dólar e incentivando maior produção de bens e serviços no país. Estas medidas têm gerado incertezas e volatilidade nos mercados, aumentando o risco de recessão nos Estados Unidos e em outras potências econômicas mundiais, o que pode refletir no Brasil.
A produção mundial de lácteos segue se ajustando à demanda, com algum aumento registrado na produção, o que tem permitido recentemente ligeiro recuo nas cotações internacionais de lácteos, após um período de contínuas altas. Após duas quedas consecutivas, o último leilão do GDT registrou estabilidade nas cotações e nos volumes comercializados, com preço médio de USD 4.245/ t.
No cenário doméstico, os principais indicadores macroeconômicos sinalizam para um crescimento da economia em 2025, estimado em 2,0% no último Boletim Focus, embora isso represente significativa redução em relação ao observado no ano de 2024. Os indicadores de emprego e renda seguem favoráveis, garantindo a melhoria do poder de compra da população. Alguns indicadores da atividade econômica como serviços e vendas do comércio apresentaram queda no primeiro mês do ano, mas com resultados positivos em 12 meses. Os últimos dados fiscais apontaram para uma pequena queda de 0,9% na dívida bruta brasileira no início de 2025. Estes dados e a evolução da economia brasileira permitiram a queda da cotação do dólar no início deste ano. Mas ainda há incertezas, em função do crescente aumento das expectativas inflacionárias, das altas taxas de juros e da gestão dos gastos públicos. Isso pode impactar o mercado de trabalho e a renda da população, que vêm apresentando resultados positivos, e sustentando a demanda por leite e derivados.
A produção de leite inspecionada cresceu pelo segundo ano consecutivo, aumentando 3,1% em 2024 em relação ao ano anterior. Este é o resultado de margens e termos de trocas mais favoráveis ao produtor, viabilizando a recuperação da produção
doméstica. No entanto, a importação continua em patamar elevado. Com crescentes volumes exportados, a pecuária de leite argentina tem exibido aumento de produção nos últimos meses. A maior estabilidade econômica, o controle da inflação e a retirada de barreiras às exportações explicam este crescimento e o Brasil é importante destino deste fluxo.
O mês de março marca o início da entressafra do leite no Brasil. Nos cinco meses entre março e julho historicamente a produção mensal cai para abaixo da média observada nos 12 meses do ano. Os preços do mercado spot, que sofreram expressiva elevação no mês de março, sinalizam menor disponibilidade de produto e demanda firme da indústria. A menor disponibilidade doméstica e uma postura mais agressiva de algumas empresas na captação de novos fornecedores de matéria prima podem alavancar o preço ao produtor nos próximos meses (Figura 1).
A atividade econômica mais aquecida nos últimos anos, com o aumento da massa de rendimento das famílias, tem mantido firme a demanda por lácteos. Isso tem possibilitado o aumento da produção nacional de leite mesmo em um cenário de pressão de importações. A evolução recente dos termos de troca tem favorecido a maior oferta doméstica de leite e esta situação pode prosseguir nos próximos meses. As dúvidas sobre a evolução do poder de compra da população e os custos domésticos mais altos que os internacionais lançam incertezas sobre a evolução da produção nacional em um cenário de menor crescimento do emprego e da renda, que é uma das possibilidades para o ano de 2025.
Figura 1. Sazonalidade da produção leiteira inspecionada no Brasil. Médias diárias de produção a cada mês comparada com a média diária anual, expressas em valores percentuais, 2014-2023.
Fonte: Embrapa Gado de Leite, IBGE (2025).
Resumo das informações discutidas na reunião de conjuntura da equipe do Centro de Inteligência do Leite, realizada em 18 de março de 2025.
Autores*: Samuel José de Magalhães Oliveira, Alziro Vasconcelos Carneiro, Kennya Beatriz Siqueira, Lorildo Aldo Stock, Luiz Antonio Aguiar de Oliveira, Manuela Sampaio Lana, Marcos Cicarini Hott, Walter Coelho Pereira de Magalhães Junior.
*Pesquisadores e analistas da Embrapa Gado de Leite.
Jogo Rápido
Leite Cepea
O preço do leite ao produtor subiu neste começo de 2025 a cotação do leite captado em janeiro foi de R$ 2,6492/litro (“Média Brasil”), altas de 2,5% em relação ao mês anterior e de 18,7% frente a janeiro/24. Depois de registrar quedas ao longo do último trimestre de 2024, o preço do leite ao produtor voltou a subir neste começo de 2025. Pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que a cotação do leite captado em janeiro foi de R$ 2,6492/litro (“Média Brasil”), altas de 2,5% em relação ao mês anterior e de 18,7% frente a janeiro/24, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de janeiro). (CEPEA VIA TERRA VIVA)