Porto Alegre, 14 de março de 2025 Ano 19 - N° 4.347
Pesquisadores da Universidade de Nottingham destacam a importância do enriquecimento ambiental para um manejo mais estimulante e saudável para os animais. Confira!Compreender o comportamento das vacas leiteiras tem sido um tema de destaque na pesquisa em ciência leiteira nas últimas décadas. Em uma edição especial do JDS Communications dedicada ao comportamento dos animais leiteiros, um novo estudo destaca a importância do enriquecimento ambiental para melhorar o bem-estar das vacas mantidas em confinamento.Pesquisadores da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, descobriram que a introdução de um objeto novo e simples no ambiente das vacas pode reduzir significativamente comportamentos associados ao tédio, tornar o ambiente mais envolvente e ajudar a comunidade científica a compreender melhor os efeitos do confinamento no comportamento animal.
Alison L. Russell, pesquisadora da School of Veterinary Medicine and Science da Universidade de Nottingham e investigadora principal do estudo, explicou: “A pesquisa tem se concentrado cada vez mais em garantir o melhor bem-estar possível para as vacas leiteiras sob nossos cuidados, especialmente aquelas mantidas em ambientes fechados. O confinamento pode ser benéfico para a saúde e o bem-estar das vacas, além de trazer vantagens para as fazendas. No entanto, também pode levar a condições monótonas que predispõem os animais ao tédio, um estado emocional negativo que devemos evitar.”
Embora estudos sobre enriquecimento ambiental tenham demonstrado resultados positivos na redução do tédio em outras espécies animais, há pouca pesquisa nessa área para vacas leiteiras confinadas.
Russell e sua equipe buscaram entender se a oferta de um objeto de enriquecimento novo, como é frequentemente feito para suínos, poderia estimular as vacas e ajudar a comunidade leiteira a compreender melhor os comportamentos associados ao tédio. O estudo envolveu 71 vacas Holandesas alojadas em baias com camas de areia e acesso a uma escova automática, ferramenta já amplamente reconhecida como uma fonte positiva de enriquecimento para bovinos.
Os pesquisadores então introduziram um novo objeto no ambiente das vacas – uma boia inflável de navegação suspensa na altura dos ombros dos animais – instalada na área de descanso dos currais por um período de três semanas.
Russell explicou: “Escolhemos a boia porque é segura, praticamente indestrutível e oferece uma oportunidade totalmente nova de interação para as vacas.”
O comportamento das vacas durante esse período foi comparado com as semanas anteriores, quando nenhum enriquecimento adicional estava presente. Os pesquisadores registraram continuamente as interações com a boia, bem como dados coletados no sistema de ordenha robotizado usado no experimento.
“Nós registramos não apenas se as vacas interagiam com a boia, mas também dois comportamentos associados ao tédio, além de comportamentos de autocuidado”, explicou Russell.
Os comportamentos associados ao tédio incluíam ficar parada sem interagir com o ambiente, um sinal de desengajamento, e recusas na ordenha automática, quando as vacas entram no robô de ordenha buscando estimulação, mesmo após já terem atingido sua produção diária ou antes do intervalo mínimo necessário entre as ordenhas, além de autocuidados, como lamber, mastigar e coçar-se.
“As vacas interagiram prontamente e repetidamente com a boia em um nível comparável ao da escova, o que sugere que a consideraram uma adição positiva ao ambiente”, disse Russell.
Os resultados do estudo também mostraram uma redução tanto no tempo ocioso quanto nas recusas de ordenha quando a boia estava disponível, sugerindo que ferramentas de enriquecimento podem tornar o confinamento mais estimulante.
Curiosamente, o estudo encontrou um aumento no comportamento de autocuidado quando o enriquecimento estava presente. Embora a literatura sobre esse tema seja contraditória, esses comportamentos podem estar ligados a mudanças nos níveis de estresse ou excitação – que podem ser tanto positivos quanto negativos.
“As vacas interagiram livremente com a boia, sugerindo que a experiência foi positiva, e não estressante. No entanto, mais pesquisas são necessárias para compreender completamente esses comportamentos, avaliar se o enriquecimento traria benefícios a longo prazo e identificar os tipos mais eficazes de enriquecimento para vacas leiteiras”, disse Russell.
O uso de enriquecimento ambiental para vacas leiteiras confinadas ainda é um campo pouco explorado e que merece mais investigação. Este estudo contribui para preencher uma lacuna importante no entendimento do comportamento das vacas e reforça a necessidade de estratégias para melhorar seu ambiente de confinamento.
“Esperamos que essas descobertas abram caminho para mais pesquisas sobre o tédio e estados emocionais negativos em vacas leiteiras confinadas – em sintonia com o crescente compromisso de oferecer experiências positivas para os animais e melhorar ainda mais seu bem-estar. Nossa meta é incentivar o desenvolvimento de estratégias de enriquecimento mais eficazes para o setor leiteiro”, concluiu Russell.
As informações são da Feedstuffs, traduzidas pela equipe MilkPoint.
BOVINOCULTURA DE LEITE
O bem-estar dos animais foi prejudicado pelas altas temperaturas, resultando em queda na produtividade. Em algumas regiões, as chuvas ajudaram a amenizar o calor e a manter as pastagens.Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a produção de leite em Hulha Negra ainda está estável, mas já apresenta leve queda em razão do estresse térmico e do fim do ciclo das pastagens de verão.
A suplementação segue predominantemente com ração e feno, pois poucos produtores ensilaram o milho.
Na Fronteira Oeste, as pastagens começam a se recuperar em função das chuvas, mas a produção de leite ainda está limitada.
Na de Ijuí, a qualidade do leite ficou dentro dos padrões, sem exclusões pelos laticínios. O controle de ectoparasitas exigiu mais atenção, e a alimentação foi garantida com silagem e ração, evitando restrições nutricionais.
Na de Erechim, o excesso de umidade nos estábulos favoreceu os casos de mastite e os problemas nos cascos. No mercado, o preço do leite caiu devido ao aumento da oferta nacional.
Na de Frederico Westphalen, para mitigar os efeitos do estresse térmico causado pelo calor, os produtores têm utilizado silagem para manter a alimentação dos animais, o que pode aumentar os custos de produção.
Na de Ijuí, a produção de leite sofreu leve queda, atribuída principalmente ao calor excessivo, que afetou o bem-estar dos animais.
Na de Passo Fundo, a expectativa é de recuperação da produtividade, impulsionada pela retomada das chuvas, pela queda nas temperaturas e pela complementação da alimentação com alimentos conservados e ajustes nas dietas com concentrados.
Na de Pelotas, há um aumento significativo na população de moscas e carrapatos, o que pode impactar a produção.
Na de Porto Alegre, o rebanho continua em adequada condição corporal e sanitária, e a produtividade está satisfatória, apesar do calor excessivo. O controle sanitário segue frequente, com foco em carrapatos e bernes.
Na de Santa Maria, os produtores ainda realizaram suplementação alimentar para minimizar perdas na produção. O calor também tem impactado o bem-estar e a produtividade das vacas.
Na de Santa Rosa, o calor intenso prejudicou a atividade leiteira, reduzindo o tempo de pastejo e aumentando casos de mastite. Já nas propriedades tecnificadas, os efeitos foram minimizados pela ventilação e aspersão.
Na de Soledade, as altas temperaturas causaram estresse térmico no rebanho leiteiro, diminuindo a produção.
As informações são Emater, adaptadas pelo Sindilat
BOLETIM INTEGRADO AGROMETEOROLÓGICO Nº 11/2025 – SEAPI
Nos últimos sete dias o estado do Rio Grande do Sul experimentou mudanças significativas nas condições meteorológicas. A onda de calor que vinha atingindo todo o estado esteve atuante no início do período, sendo que a partir do dia 09/03 uma frente fria começou a avançar trazendo chuvas, queda de temperatura e ventos fortes, especialmente nas regiões sul e noroeste do estado (Litoral Sul, Sul, Campanha e Fronteira Oeste).
A colheita de milho de silagem está em estágio avançado, e aproximadamente 80% da área cultivada foi ensilada. Restam 10% das lavouras em desenvolvimento vegetativo, semeadas em safrinha, e 10% entre as fases reprodutivas e o ponto ideal de corte. A produtividade média para safra 2024/2025 foi reavaliada em 36.760 kg/ha, representando redução de 6,8% nos 39.457 kg/ha estimados na ocasião do plantio.
As altas temperaturas e a baixa umidade impactaram negativamente o crescimento das pastagens, afetando principalmente os campos nativos em solos rasos. As chuvas do período favoreceram a recuperação das forrageiras perenes de verão, mas o consumo ainda está limitado em razão do estresse térmico aos animais. Os produtores já preparam áreas para a implantação de forrageiras de inverno e trigo para pastejo, visando amenizar o vazio forrageiro.
A produção leiteira passou por dificuldades devido às altas temperaturas, que afetam o bem estar dos bovinos de leite e resultaram em queda na produtividade. Apenas após dia 09/03, às chuvas ajudaram a amenizar o calor. O controle de ectoparasitas exigiu mais atenção, e a alimentação foi garantida com silagem e ração, evitando restrições nutricionais.
A previsão para os próximos dias indica que o ciclone associado à frente fria estará em deslocamento para leste, se afastando do litoral sul do estado em direção ao oceano. Ainda são esperadas chuvas associadas a esse sistema nas regiões Sul e Litoral Sul entre os dias 13 e 14, com volumes que podem atingir de 30 a 50 mm, além da região da Campanha e porção sul do Vale do Taquari, Metropolitana e Litoral Norte com volumes menos expressivos nestes dias. Há também prognóstico de chuvas da ordem de 10 a 20 mm no extremo leste da região de Serra e Campos de Cima da Serra entre os dias 13 e 14. Para os dias 15 e 16 não há previsão de precipitação no estado. As temperaturas voltam a subir gradativamente no período, com máximas acima dos 30°C esperadas para as regiões das Missões e Alto Uruguai já nos dias 13 e 14, podendo atingir os 35°C após o dia 15. Nas demais regiões do estado as temperaturas máximas devem ultrapassar os 28°C também nos dias 15 e 16.
A tendência para os dias subsequentes indica a manutenção de temperaturas elevadas e sem precipitação. A condição pós frontal perde força e as temperaturas seguem elevadas em todo o estado entre os dias 17 e 19 de março, especialmente nas regiões das Missões e Alto Uruguai. Na tarde do dia 19, instabilidades locais podem trazer precipitação leve para as regiões da Fronteira Oeste e Campanha.
As informações são da Seapi adaptadas pelo Sindilat
Jogo Rápido
Debate Correio Rural desta quinta-feira abordou produção sustentável na cadeia leiteira
O encontro foi mediado pelo jornalista Poti Silveira Campos, na Casa do Correio do Povo na Expodireto Cotrijal. Foram convidados desta edição Jair da Silva Mello, Gerente de Suprimentos de Leite da CCGL; Geomar Corassa, Gerente de Pesquisa da CCGL; Frederico Trindade, Gerente de Produção Animal da COTRISAL de Sarandi; Leandro Siede, Produtor de Leite, de Ajuricaba; Vitória Siede, Produtora de Leite, de Ajuricaba; Eduardo Condorelli, Diretor Superintendente do SENAR/RS. Assista clicando aqui. (Correio do Povo)