Porto Alegre, 06 de março de 2025 Ano 19 - N° 4.341
Entre os principais temas estão antidumping do leite em pó e identificação individual de bovinos.
A Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA promoveu, no 26/2, a primeira reunião de 2025, onde abordou a ação antidumping contra a importação de leite em pó de Argentina e Uruguai, a identificação individual de bovinos e o plano de ação para o ano.
O presidente da comissão, Ronei Volpi, abriu o encontro e destacou a atuação do colegiado para atender as demandas do setor esse ano. Em seguida, o consultor Rodrigo Pupo falou sobre o andamento da investigação de antidumping do leite em pó.A ação foi aberta pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) em dezembro de 2024, a pedido da CNA.Segundo o consultor, a investigação já identificou indícios da prática de dumping nas importações de leite em pó dos dois países que contribuíram significativamente para danos à produção doméstica.Rodrigo Pupo disse afirmou que 20 empresas importadoras no Brasil e sete exportadoras argentinas e uruguaias foram envolvidas, e protocolaram respostas à investigação do governo brasileiro, que deve solicitar, nos próximos dias, informações adicionais às empresas.O consultor ressaltou que a CNA tem contribuído com o governo ao longo de todo o processo de investigação, prestando os esclarecimentos em resposta aos argumentos apresentados pelas partes investigadas.O próximo passo é aguardar as deliberações do Departamento de Defesa Comercial que devem ocorrer entre abril e junho.
A investigação deve seguir até outubro de 2025, no melhor cenário, mas existe a possibilidade de prorrogação até junho de 2026, considerando os prazos legais máximos.
A reunião também discutiu a identificação individual de bovinos. O coordenador de Produção Animal, João Paulo Franco, falou sobre o Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (PNIB) , lançado em dezembro pelo Ministério da Agricultura.
O coordenar destacou que o ministério vai formar um novo grupo de trabalho, que a CNA fará parte, para definir os próximos passos de implantação do sistema que armazenará os dados de identificação, que tem um prazo de até dois anos para ser desenvolvido e integrado entre o Mapa e os estados.
Somente após a implantação do sistema federal e estaduais é que passará a ser exigida a identificação dos animais com a numeração oficial, com um período de transição para a implementação.
Franco argumentou que a identificação será dividida em duas etapas, com a primeira versando sobre a identificação de fêmeas vacinadas contra brucelose no momento da vacinação e, posteriormente, todos os bovinos.
O prazo máximo para essas duas etapas é de seis anos após os sistemas de gestão das informações forem implantados.
Plano de ação – O assessor técnico da comissão, Guilherme Dias, apresentou as ações estratégicas do colegiado para 2025.
Além da ação de antidumping do leite em pó, a comissão está trabalhando para delinear ferramentas de gestão de risco para a atividade, com o mercado futuro do leite.
“Queremos trazer desenvolvimento para o setor e melhores condições para a produção nacional”, comentou Dias. A proposta é possibilitar a produtores e indústrias comercializarem o leite a preços futuros, desenhando um seguro de preços de compra e venda para o leite.
“Se o produtor trava o preço do leite a R$ 2,50 por litro, e no momento da liquidação do contrato o mercado físico aponta para R$ 2,00, o produtor entrega o leite a R$ 2,00 e recebe R$ 0,50 do seguro”, destacou.
Para tanto foi composto um Grupo de Trabalho na CNA que vem discutindo as propostas, tendo conquistados diversos avanços em 2024, e os trabalhos continuarão em 2025.
Outra ação prevista para o ano é o foco na brucelose, com atuação em diversas frentes para a controlar a enfermidade no país.
A comissão também vai buscar a aprovação de projetos de lei no Congresso Nacional que são de interesse do setor, como, por exemplo, o PL 10.556/2018, que proíbe a nomenclatura dos lácteos em produtos que não sejam derivados, bem como o PL 952/2019, que determina o regramento do limite imposto ao importador brasileiro de leite em pó sobre prazo de validade mínimo do produto. (CNA via Edairy News)
O 375º leilão da plataforma Global Dairy Trade (GDT) foi realizado nesta terça-feira (04/03) e apresentou movimentos variados entre as categorias de produtos. Confira!O 375º leilão da plataforma Global Dairy Trade (GDT) foi realizado nesta terça-feira (04/03) e apresentou movimentos variados entre as categorias de produtos. O GDT Price Index, que representa a média ponderada dos produtos negociados, fechou em USD 4.209/ton, registrando uma queda de 0,5% em relação ao evento anterior, conforme mostrado no Gráfico 1.Gráfico 1. Preço médio leilão GDT
Após uma sequência de altas nos últimos meses e a consolidação em patamares mais elevados, o leite em pó integral (LPI), principal produto negociado no GDT, tem mostrado sinais de perda de força e vem registrando pequenos recuos. No último evento, o preço médio da categoria foi de USD 4.061/ton, uma redução de 2,2% em relação ao leilão anterior, conforme ilustra o Gráfico 2.
Gráfico 2. Preço médio LPI.
Por outro lado, algumas categorias registraram avanços significativos, com destaque para a Mozzarella (+7,9%) e a Lactose (+14,0%). A Tabela 1 apresenta os preços médios dos derivados ao término do evento, bem como suas respectivas variações em relação ao leilão anterior.
Tabela 1. Preço e variação do índice dos produtos negociados no leilão GDT em 04/03/2025.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2024.
Redução no volume negociado
O volume negociado no leilão seguiu em queda. Foram comercializadas 20.977 toneladas, o que representa uma retração de 7,4% em relação ao evento anterior. Esse é o menor volume negociado para um mês de março desde 2018.
Gráfico 3. Volumes negociados nos eventos do leilão GDT.
Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2024.
Impacto nos contratos futuros
Nesse cenário, os contratos futuros de leite em pó integral na Bolsa da Nova Zelândia (NZX Futures) também perderam força e passaram por ajustes negativos para os próximos meses.
Gráfico 4. Contratos futuros de leite em pó integral (NZX Futures).
Fonte: NZX Futures, elaborado pelo MilkPoint Mercado, 2024.
E como os resultados do leilão GDT afetam o mercado brasileiro?
O Brasil importa lácteos principalmente da Argentina e do Uruguai, países que, tradicionalmente, praticam preços superiores aos do GDT. Esse diferencial é influenciado pela Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, que impõe tarifas de quase 30% sobre importações provenientes de fora do bloco.
Apesar das recentes quedas nos preços do GDT, os valores internacionais seguem elevados, bem acima da média dos últimos dois anos. Dessa forma, mercados compradores como Oriente Médio, Norte da África (especialmente a Argélia) e Ásia (com destaque para a China) continuam buscando produtos da Argentina e do Uruguai, aumentando a concorrência com o Brasil.
Espera-se que o Brasil mantenha seu volume de importações e siga sendo o principal destino das exportações de lácteos desses países. No entanto, os compradores brasileiros podem enfrentar uma disponibilidade mais limitada, devido à competição com outros mercados.
Nestlé cria hub de marketing digital para fidelizar consumidores
A Nestlé avança em suas estratégias de marketing digital e envio de amostras apostando em tecnologia e Business Intelligence para expandir a comunicação e o engajamento com o consumidor final.
A plataforma Eu Quero Nestlé, criada em 2021, ganhou uma nova versão: a partir de um único cadastro, o consumidor passa a ter acesso a todas as campanhas promocionais ativas das marcas da companhia, como uma central de oportunidades, com personalização.
A meta é alcançar 1 milhão de pessoas já no primeiro ano da nova versão de Eu Quero Nestlé.
A campanha de estreia é a promoção corporativa “Nestlé Faz BBBem”, anunciada em rede nacional, no Big Brother Brasil 25.
Novas ferramentas tecnológicas
Todo o trabalho foi desenvolvido em parceria com a empresa CI&T, especialista global em transformação tecnológica. A nova versão da plataforma utiliza ferramentas digitais para personalizar e analisar dados de forma otimizada.
Além disso, com a aplicação de novas ferramentas, ativação de novos consumidores para conhecerem o site, alta responsividade do site e a evolução do hub em si, a plataforma já obteve um aumento de três vezes mais conversões na promoção atual do que em campanhas anteriores em apenas dois meses, com crescimento no volume de engajamento.
“A versão atualizada de ‘Eu Quero Nestlé’ otimiza a interação dos nossos consumidores com as marcas, dá acesso a todas as campanhas ativas e permite a participação simultânea em várias promoções de forma prática.
A base de tudo isto é a inovação, que é um dos pilares da Nestlé e corresponde a um dos nossos compromissos com clientes e consumidores, vinculados à qualidade de nossos produtos”, explica Daniela Marques, Executiva de Engajamento do Consumidor na Nestlé Brasil.
Eficiência operacional e segurança de dados
A plataforma também oferece soluções em termos de eficiência operacional. Com a incorporação de um sistema centralizado para operação de cada promoção, os times de produtos e marcas passaram a ganhar mais independência no processo de criação de novas campanhas.
O tempo de desenvolvimento e publicação de novas ações foi impactado positivamente e o processo caiu de até 40 para apenas dois dias.
Outra vantagem com a construção do novo hub foi o reforço à segurança de dados e conformidade das promoções aos usuários e à própria Nestlé.
Com monitoramento e análise contínuos, todas as informações dos consumidores são auditadas e validadas, com mais agilidade, segundo a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
Os novos cadastros são ativados apenas via One Time Password, uma senha aleatória gerada automaticamente pelo hub que autentica o acesso do consumidor, conferindo um maior nível de proteção durante o acesso e navegação, evitando fraudes.
“A Nestlé, em parceria com a CI&T, traz mais um exemplo de como a transformação digital pode melhorar a experiência do consumidor e otimizar operações em larga escala.
Esse é um marco importante na experiência do consumidor, pois essa agilidade não apenas melhora a eficiência operacional, mas também proporciona um acesso mais rápido e conveniente às promoções.
Essa inovação é um passo significativo rumo ao futuro das campanhas promocionais, que devem ser guiadas cada vez mais por plataformas unificadas e por IA”, comenta Rodrigo Gardelim, Senior Data & Analytics Manager da CI&T.
Amostras e reviews de produtos
A plataforma Eu Quero Nestlé já é conhecida do público final pela entrega de amostras gratuitas de diferentes produtos da companhia. O canal desempenha um papel na captação de informações primárias e insights para o desenvolvimento e aprimoramento de outros produtos. Em 2023, o site recebeu quase 1.200 usuários únicos.
Considerando que a razão da plataforma era envio gratuito de amostras, desde 2021 quando foi criada, mais de 900 mil samples chegaram a ser enviados, gerando uma taxa de intenção de compra superior a 90%.
“A plataforma permite que os usuários respondam a pesquisas personalizadas, criando um ciclo de feedback que nos permite fazer uma adaptação constante nos produtos e nas campanhas.
Conseguimos mapear os interesses e preferências dos consumidores, tornando a plataforma uma das três maiores fontes de leads qualificados da empresa no Brasil”, destaca Daniela Marques.
Em 2024, a Nestlé impactou mais de 6 milhões de pessoas através de reviews e divulgações orgânicas realizadas pelos próprios consumidores que receberam amostras de produtos via a plataforma. (Guia da Farmácia via Edairy News)
Jogo Rápido
Fórum Estadual do Leite debate pegada de carbono
Com foco na discussão sobre a pegada de carbono na cadeia leiteira, a 20ª edição do Fórum Estadual do Leite será realizada no dia 12 de março com duas palestras dedicadas ao tema. A “Pegada de carbono na pecuária de leite: estágio do conhecimento e oportunidades”, será debatida por Gustavo Ribeiro, doutor e professor na Universidade de Copenhagen (Dinamarca). Já a “Visão geral do mercado de carbono na Europa”, ficará a cargo de Maria Reis, médica Veterinária e gerente de Marketing da Cargill da União Europeia. “A questão da redução das emissões de carbono dialoga, de um lado, com consumidores cada vez mais atentos e preocupados com o meio ambiente e, de outro, com a adoção das melhores práticas no campo incrementado inovações no setor leiteiro que contribuem também para a melhoria da qualidade da produção”, destaca Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat/RS). Todas as atividades estarão concentradas no auditório central da Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS). A programação terá início às 8h30min com a abertura oficial e também contará com espaço para a discussão dos temas e também com a palestra a "Conjuntura da cadeia láctea no Sul com foco em sólidos", ministrada por Valter Galan, engenheiro Agrônomo e diretor técnico do MilkPoint Ventures em Piracicaba/SP. Fórum é uma realização da CCGL e Cotrijal, com patrocínio de BRDE, Sindilat/RS, Sicredi e Senar, e apoio de Sistema Ocergs, RTC, SmartCoop, FecoAgroRS e Expodireto Cotrijal. (Sindilat)