Porto Alegre, 07 de fevereiro de 2025 Ano 19 - N° 4.324
Dinâmica da produção global de leite: 10 maiores países produtores
Nos últimos dez anos, a produção mundial de leite cresceu 27%, considerando o ano de 2013 em relação a 2023, o que representa um crescimento médio de 2,6% ao ano. Sob a ótica da produção por país, somente os dez maiores produtores (Figura 1), juntos, foram responsáveis por quase dois terços (64%) do leite produzido globalmente. Neste período 2013 a 2023, a produção total oriunda desses países apresentou um crescimento de 33% (2,9% ao ano na média), maior, portanto, ao crescimento da produção global.
Figura 1. Países maiores produtores de leite em 2013 e 2023.
Fonte: IFCN (2025); elaboração dos autores.
Em 2023, a produção mundial totalizou 956 milhões de toneladas de leite, considerando-se todo tipo de leite, incluindo leite de búfala estimado em 150 milhões de toneladas (16%). Esse aumento pode ser classificado como moderado, uma vez que, em regiões tradicionalmente relevantes para a produção e exportação de leite, como a União Europeia, a Europa Oriental, a América do Sul e a Oceania, verificou-se uma estagnação ou até mesmo uma redução na produção.
Em termos do incremento em produção entre 2013 e 2013, o destaque foi a Índia com um aumento expressivo de 109 milhões de toneladas, equivalente a 72% no período, consolidando-se como a maior produtora mundial. Esse volume representou 53% do aumento da produção global no período. Os Estados Unidos e a China tiveram incrementos de 18,4 e 10,6 milhões de toneladas, respectivamente.
A oferta de leite evoluiu favoravelmente, em regiões emergentes, especialmente aquelas com produção mais informal, como a Ásia, que atualmente responde por 45% da produção mundial de leite. Por outro lado, França e Brasil mantiveram produção praticamente estável no período, enquanto a União Europeia como um todo enfrentou dificuldades para expandir sua oferta de leite. Esse cenário reforça o protagonismo crescente da Ásia e a necessidade de adaptação das regiões exportadoras tradicionais a um novo equilíbrio no mercado global de lácteos.
A Ásia também se destaca por concentrar 60% do rebanho leiteiro mundial, sendo a Índia com 41%; Paquistão, 7%; China e Turquia, 2%; e Rússia, 1% (Figura 2). Chama atenção o caso da Índia, que possui aproximadamente 140 milhões de vacas ordenhadas (incluindo búfalas), além do Paquistão e do Brasil, ambos com plantéis próximos de 20 milhões de animais. O Brasil foi o país com maior redução de um terço do rebanho leiteiro no período, de mais de 7 milhões de vacas.
Figura 2. Número de vacas ordenhadas nos dez países maiores produtores de leite em 2013 e 2023.
Fonte: IFCN (2025); elaboração dos autores.
Índia e Paquistão reúnem características particularmente distintas das demais regiões países no que se refere a produção de leite. Primeiro pelo número de estabelecimentos, 67 milhões e 7 milhões, respectivamente. Segundo, por utilizar o búfalo como importante fonte de produção leiteira, representando 42% e 63% do total de leite desses Países, respectivamente.
A Índia, que em 2013 tinha uma participação de 20% na produção leiteira mundial, aumentou sua representatividade para 27% em 2023. Atualmente, talvez seja o único país em que vêm o número de vacas continua crescendo, a uma taxa de aproximadamente 1% ao ano. O número de estabelecimentos também vem aumentando nesta mesma proporção, embora a atividade leiteira permaneça predominantemente informal, com produtividade média 1.882 kg/vaca/ano.
Apesar de maiores dificuldades na oferta de leite no mundo, especialmente as regiões exportadoras de lácteos, em todos os dez países maiores produtores houve aumento do indicador de produtividade (Figura 3).
Figura 3. Produtividade das vacas dos países maiores produtores de leite no mundo.
Fonte: IFCN (2025); elaboração dos autores.
A redução do número de vacas ordenhadas em alguns países é atribuída, em grande parte, à substituição de vacas menos produtivas por outras geneticamente superiores. Na União Europeia, o tamanho do rebanho tem diminuído, também, devido a restrições ambientais e políticas voltadas à redução do número de animais. Esse cenário tem gerado insatisfação entre os produtores e protestos em algumas regiões.
Nos Estados Unidos, o abate de vacas aumentou 0,9% em 2023, refletindo o aperto nas margens de lucro. No entanto, o ano de 2025 se mostra mais promissor, com expectativa de crescimento da produção mundial de leite em aproximadamente 2,5% em relação a 2023, impulsionado por melhores preços e custos de produção reduzidos.
Em resumo, apesar dos desafios enfrentados pelo setor lácteo global nos últimos anos, as perspectivas para 2025 são cautelosamente otimistas. O equilíbrio entre oferta e demanda, aliado à gestão eficiente dos custos de produção e às mudanças estruturais no setor, será essencial para a sustentabilidade do mercado de leite nos próximos anos. (Lorildo Aldo Stock e Luiz Antonio Aguiar de Oliveira/Milkpoint)
A previsão para os próximos dias indica possibilidade de chuvas isoladas em algumas regiões e a manutenção do calor intenso em todo o estado. Na quinta-feira (06/02), uma área de instabilidade vinda do Uruguai deverá avançar sobre o território gaúcho, favorecendo a ocorrência de chuvas isoladas no Sul, na Campanha e no Centro do estado. Simultaneamente, a formação de um cavado – uma área alongada de baixa pressão entre o Paraguai e a divisa entre RS e SC – poderá gerar precipitações nas regiões centrais, norte e nordeste do estado. Apesar dessas instabilidades, a interação entre os jatos de baixos níveis – responsáveis pelo transporte de calor e umidade do norte do país para o sul – e um anticiclone posicionado no oceano continuará canalizando ar quente para o Rio Grande do Sul.
Esse padrão persistirá ao longo da sexta-feira (07/02), sábado (08/02) e domingo (09/02), favorecendo a permanência da instabilidade no norte do estado, onde poderão ocorrer temporais isolados de intensidade baixa a moderada. Ao mesmo tempo, a massa de ar quente seguirá atuando, mantendo as temperaturas elevadas e contribuindo para a formação de tempestades localizadas. A tendência para o início da semana aponta para a continuidade do calor intenso, acompanhado da possibilidade de tempestades isoladas.
Na segunda (10/02), terça (11/02) e quarta-feira (12/02), as condições atmosféricas seguirão favoráveis à manutenção da intensa massa de ar quente sobre o estado, favorecendo a formação de instabilidades locais e o desenvolvimento de nuvens de tempestade. Entretanto, a partir de quarta-feira (12/02), há indicação do avanço de uma frente fria, que poderá provocar chuvas mais abrangentes ao longo da próxima semana, além de proporcionar um breve alívio nas temperaturas, amenizando momentaneamente o calor predominante no estado.
O prognóstico para a próxima semana indica a possibilidade de chuvas isoladas, com volumes moderados em algumas áreas da Campanha, Vale do Rio Pardo, Região Metropolitana e partes do Alto Uruguai, onde os acumulados devem variar entre 5 mm e valores inferiores a 100 mm. Para a Fronteira Oeste e Missões, não são esperados volumes superiores a 5 mm. Nas demais regiões, as precipitações devem oscilar entre 2 mm e 20 mm. (As informações são da Seapi/RS, adaptadas pelo Sindilat/RS)
Emater/RS: Informativo Conjuntural 1853 de 6 de fevereiro de 2025
BOVINOCULTURA DE LEITE
As elevadas temperaturas impactaram o bem-estar das vacas e a produção de leite. O estresse térmico é mais evidente em sistemas a pasto, onde os animais reduzem o tempo de pastejo, buscando sombra ou proximidade de corpos hídricos nos períodos mais quentes. Em sistemas confinados, a ventilação e a aspersão de água têm sido estratégicas essenciais para mitigar os efeitos do calor extremo. Em muitos casos, a ordenha matinal foi atrasada, e a da tarde antecipada a fim de preservar o pastoreio. A suplementação com ração e silagem foi realizada em áreas cobertas durante os períodos de maior insolação, minimizando a exposição direta ao sol e garantindo melhor consumo dos alimentos. A sanidade dos rebanhos permanece satisfatória, e prossegue-se o protocolo de controle de ectoparasitos.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na região da Campanha, onde choveu no final de janeiro, há oferta, mesmo restrita, de pastagens. No entanto, a utilização tem sido controlada em piquetes menores, e o tempo de pastejo limitado para preservar as plantas até a ocorrência de chuvas com volumes significativos. Apenas um número restrito de produtores que realizaram a ensilagem de lavouras de milho até o final de dezembro, iniciou o uso da silagem como complemento na dieta das matrizes. A suplementação volumosa nas propriedades ainda depende, em grande parte, do fornecimento de fenos para complementar a ração. Em Alegrete, os produtores de leite enfrentam uma acentuada diminuição na produtividade das matrizes. As pastagens anuais não apresentam rebrote e, em alguns casos, foram completamente perdidas, sem possiblidade de se recuperarem, mesmo que chova novamente. A redução na produção de leite está estimada em 40% em relação ao volume comercializado no mesmo período, em anos normais.
Na de Caxias do Sul, a ocorrência de chuvas favoreceu o manejo alimentar, mantendo forragem de qualidade para os bovinos. A condição corporal dos animais permaneceu adequada em função do manejo nutricional ajustado conforme o estágio de prenhez e lactação. A qualidade do leite atendeu aos padrões exigidos pela legislação federal, e os índices de Contagem de Células Somáticas (CCS) e Contagem Padrão em Placas (CPP) estão dentro dos limites estabelecidos.
Na de Erechim, as chuvas, entre 80 e 100 mm, contribuíram para a recuperação das vazões hídricas, para a melhoria dos açudes e para o rebrote das pastagens. Porém, a oferta de alimentos conservados ainda é necessária devido à redução no crescimento das forrageiras. A alta umidade gerada pelas precipitações aumentou os riscos de mastite e problemas de casco, especialmente em áreas com formação de barro.
Na de Ijuí, a produção de leite segue em leve declínio, influenciada tanto pela sazonalidade quanto pelas altas temperaturas.
Na de Passo Fundo, a situação está estável, mas foram necessários ajustes na alimentação e maior uso de silagens para suprir as exigências nutricionais e preservar a produção e o escore corporal. Houve aumento na infestação por mosca-dos-chifres, bernes e carrapatos, além de casos isolados de TPB, impactando o bem-estar animal. Durante este período de temperaturas elevadas, a produção de leite tende a sofrer leve diminuição. Informativo Conjuntural. Porto Alegre, n. 1853, p. 26, 6 fev. 2025
Na de Pelotas, a falta de energia elétrica, a elevação nos custos dos insumos, a incidência de ectoparasitas (mosca-dos-chifres, carrapatos e cigarrinha-do-milho) e o estresse térmico dos animais demandaram atenção dos produtores.
Na de Porto Alegre, a suplementação alimentar tem garantido a estabilidade na produção e no estado corporal do rebanho. O manejo sanitário segue eficiente, com maior atenção ao controle de ectoparasitas em vacas vazias, terneiras e novilhas.
Na de Santa Maria, a menor oferta de forragem resultou em queda na produção diária de leite. No município de Santa Maria, estima-se redução de 30%.
Na de Santa Rosa, houve queda de 5% a 10% na produção diária de leite em janeiro em decorrência das adversidades climáticas. Também aumentaram os casos de leite instável não ácido (LINA) em função da limitada oferta de volumosos de qualidade e quantidade. As propriedades com irrigação mantiveram as pastagens em boas condições, preservando a produtividade.
Na de Soledade, de maneira geral, ainda há oferta razoável de forragem em propriedades com manejos adequados de nutrição e pastoreio. (As informações são da Emater/RS-Ascar, adaptadas pelo Sindilat/RS)
Jogo Rápido
Curso gratuito Bem-estar animal para a produção sustentável do leite
A capacitação a distância gratuita "Bem-estar animal para a produção sustentável do leite" objetiva preparar técnicos da Assistência Técnica e Extensão Rural para que sejam capazes de avaliar as condições de bem-estar animal e manejo da propriedade e propor soluções que promovam este bem-estar. Os multiplicadores formados atuarão junto a agricultores familiares e demais interessados. Este curso on-line é resultado de uma parceria entre a Embrapa e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. Faça sua inscrição clicando aqui. (Embrapa)