Porto Alegre, 04 de fevereiro de 2025 Ano 19 - N° 4.321
GDT - 04/02/2025
(Fonte: GDT)
CNA discu impactos do acordo Mercosul-UE para o setor lácteo
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou da reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados, na quarta (29), para discutir temas estratégicos do setor, como os desafios e oportunidades do acordo Mercosul-União Europeia.
O presidente da Câmara, Ronei Volpi, que também preside a Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, destacou que o acordo representa grandes potencialidades para o agro brasileiro, com a desgravação tarifária (retirada gradual da tarifa) de 82% do fluxo comercial agropecuário entre ambos os blocos, em um período de dez anos, com a implementação de cotas.O leite em pó por exemplo, terá uma cota inicial de 1 mil toneladas a ser comercializada isenta de tarifas de importação. Qualquer volume excedente terá incidência da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul de 28%. No segundo ano, a cota aumenta em mil toneladas, e assim sucessivamente até atingir a cota máxima de 10 mil toneladas, em dez anos. As cotas foram estabelecidas para os dois blocos, tanto para importação, quanto exportação.
Um ponto de atenção levantado pelo colegiado foi a exigência de que as exportações de lácteos pelo Mercosul sejam provenientes de matéria prima produzida em zonas livres de brucelose e tuberculose.
O assessor técnico da CNA, Guilherme Dias, explicou que nesse primeiro momento, a cadeia láctea brasileira não será beneficiada pelo acordo, uma vez que o Brasil ainda não possui nenhuma área livre das enfermidades. Entretanto, o setor tem trabalhado para elevar a cobertura vacinal e erradicar essas zoonoses.
Neste contexto, Dias ressaltou que o setor deve propor a alteração da regra após o período de três anos da entrada em vigência do acordo. A fundamentação para essa revisão tem como pilar a eliminação de qualquer possibilidade de contaminação de brucelose, tuberculose e outras doenças, após o processamento industrial do leite.
Outra pauta do encontro foi a regulamentação de produtos plant based , que tem sido trabalhada há mais de dois anos pela CNA e outras entidades setoriais, com o objetivo de estabelecer requisitos mínimos de rotulagem, identidade e qualidade para produtos análogos de base vegetal, evitando assim a utilização de termos lácteos em produtos que não sejam produzidos a partir do leite.
“Tanto o regulamento do Riispoa, quanto do Codex Alimentarius, estabelecem que leite e/ou lácteos são aqueles produtos que foram produzidos a partir da secreção mamária de animais mamíferos. A câmara setorial defende que os dispositivos legais vigentes sejam respeitados e cumpridos no Brasil”, disse Guilherme.
Para tanto, a CNA tem trabalhado na aprovação do PL nº 10.556, de autoria da então deputada Tereza Cristina, marco legal que veda a utilização dessas terminologias por produtos que não sejam produzidos a partir da matéria prima leite. Atualmente, a matéria está na Câmara dos Deputados, e a CNA apresentará à Subcomissão de Leite da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural a solicitação para que a matéria tramite em regime de urgência. (As informações são da Assessoria de Comunicação CNA via Milkpoint)
Cresce urgência de se reinventar entre empresas do agronegócio
O cenário de mudanças climáticas e transformação digital faz crescer a urgência das empresas se reinventarem. No agronegócio brasileiro, 44% dos CEOs acreditam que suas empresas não serão viáveis economicamente por mais de dez anos se não se reinventarem, de acordo com a 28ª edição da Global CEO Survey, pesquisa da PwC que ouviu 4,7 mil líderes em mais de cem países, incluindo Brasil. Na edição do ano passado, esse índice era de 31%.
“A necessidade de reinvenção é urgente e a gente tem visto movimentos relevantes de empresas buscando novos negócios, seja revisitando o modelo de negócios, mudando estratégia, buscando parcerias. Os executivos estão sendo pressionados pelas mudanças muito rápidas globalmente. As tecnologias chegando e desafiando negócios. É preciso estar atento para não ser surpreendido pelas mudanças do mercado e acabar ficando de fora”, afirmou Mauricio Moraes, sócio e líder do setor de agribusiness da PwC Brasil e CEO do PwC Agtech Innovation.
Otimismo com economia
Os CEOs do agronegócio demonstram otimismo em relação à economia e ao próprio negócio neste ano. Do total, 66% dos líderes do setor esperam aceleração na economia global nos próximos 12 meses, ante 40% em 2024. O percentual é similar à média nacional de 68%, mas acima da média global, de 58%. Em relação à economia brasileira, 76% dos CEOs do agronegócio estão otimistas, ante 69% em 2024. Entre os CEOs do Brasil, 73% estão otimistas com a economia nacional este ano. Para Moraes, o indicador está ligado em parte ao desempenho do agronegócio esperado para este ano.
“O ano passado foi bastante desafiador para o agronegócio e a visão é que este ano terá uma retomada. Setores como café, cacau e laranja tiveram bons resultados em 2024 e continuam fortes este ano. Há boas perspectivas em relação à proteína animal e açúcar, além da safra recorde de grãos”, afirmou o executivo. Moraes acrescenta que, em relação ao cenário global, há uma expectativa de que a política tarifária do governo Trump nos Estados Unidos possa indiretamente favorecer as exportações brasileiras de grãos. Além disso, há expectativa de uma maior resiliência do setor em relação aos problemas geopolíticos internacionais.
Fatores de risco
Em relação aos próximos três anos, 66% dos CEOs do agronegócio demonstraram confiança, acima dos 55% da pesquisa de 2024 e também acima da média nacional de 54%. Embora haja otimismo, também há preocupações com riscos que podem afetar o agronegócio. Entre os CEOs ouvidos, 56% consideram as mudanças climáticas como maior fator de risco para os seus negócios nos próximos 12 meses, índice bem acima da média nacional, de 21%. Ao mesmo tempo, 47% relataram aumento de receita com investimentos climáticos nos últimos cinco anos, acima da média nacional de 30%.
“O setor produtivo do agronegócio é uma fábrica a céu aberto. É natural que haja uma preocupação maior com riscos climáticos, principalmente com os eventos extremos enfrentados no ano passado, como as enchentes no Rio Grande do Sul e a seca prolongada no Centro-Oeste e Sudeste”, afirmou Moraes. A segunda principal ameaça, na visão dos CEOs do agronegócio, é a qualificação da mão de obra, citada por 38% dos ouvintes. A instabilidade econômica (30%), inflação (22%), conflitos geopolíticos (22%) e riscos cibernéticos (20%) também são citados por parcelas menores dos CEOs.
Moraes destacou a baixa preocupação com os riscos cibernéticos. “Só no Brasil, um terço das empresas, de todos os setores, enfrentaram perdas de pelo menos US$ 1 milhão nos últimos três anos com ciberataques e no agronegócio a ameaça não é diferente”, observou.
Busca pela reinvenção
Diante dos desafios, 44% dos líderes do agronegócio acreditam que suas empresas não serão viáveis economicamente por mais de dez anos se não se reinventarem, ante 31% na pesquisa de 2024. Os dados da pesquisa mostram que a busca pela reinvenção já tem acontecido nos últimos cinco anos. Entre os entrevistados, 54% afirmaram que buscaram uma nova base de clientes, 48% desenvolveram produtos ou serviços inovadores e 44% firmaram parcerias com outras organizações. A busca por novas parcerias aumentou 11 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior. Moraes destacou que essas parcerias envolvem não só fornecedores e prestadores de serviços, mas também união com concorrentes na busca de novos negócios que ajudem a dar sustentabilidade ao negócio.
Dos CEOs do agronegócio, 36% investiram em novas estratégias de crescimento e 34% implementaram novos modelos de precificação. Moraes também ressaltou que 44% dos CEOs do agronegócio afirmaram que suas empresas buscaram diversificar a receita nos últimos cinco anos. “Nesse sentido vimos aumento de investimentos em produção de biogás e biocombustíveis, que também estão entrelaçados com a preocupação com as mudanças climáticas”, afirmou o executivo.
Ele acrescentou que 62% dos CEOs do setor (59% no Brasil) afirmaram que sua remuneração variável está vinculada a métricas de sustentabilidade. Apenas 26% dos CEOs do setor disseram que investimentos climáticos aumentaram seus custos, enquanto quase metade relata aumento de receita.
IA generativa
A pesquisa da PwC mostrou um interesse crescente dos CEOs do agronegócio pela inteligência artificial (IA) generativa em seus negócios. Do total, 52% dos CEOs afirmam que a IA generativa resultou em ganhos de eficiência no uso do tempo dos funcionários e 26% identificaram aumento na receita. Em relação à lucratividade, 24% dos CEOs do agro dizem ter registrado ganhos.
Para este ano, 61% dos CEOs esperam que a IA generativa aumente sua lucratividade nos próximos 12 meses, ante 46% em 2024. “Isso mostra que o setor já está colhendo resultados positivos da IA e começa a projetar uma expectativa de resultados melhores”, disse Moraes. O executivo observou que as empresas relataram ganho de produtividade, com aumento da eficiência nas atividades e melhora na gestão de dados para tomadas de decisões.
Entre os entrevistados, 86% dos CEOs do setor planejam investir na integração da IA com plataformas tecnológicas em 2025, em nível bem acima da média nacional (69%). Em relação ao futuro, 86% dos CEOs do setor de agronegócio disseram que investirão em integração da IA (incluindo a generativa) em plataformas tecnológicas nos próximos três anos. Do total, 82% afirmaram que investirão em IA para melhoria de processos de negócios e fluxos de trabalho e 64% usarão a tecnologia para reformular a estratégia de negócios.
Longevidade dos CEOs
Outro destaque da pesquisa é a longevidade dos CEOs do agronegócio no cargo em relação à média de todos os setores no Brasil. Os dados revelam que 42% dos executivos esperam estar à frente do negócio por seis anos ou mais, um percentual muito maior do que o verificado nas médias do país (32%) e do mundo (30%). Do total, 40% esperam permanecer na empresa por três a cinco anos. E 16% esperam ficar por até dois anos na companhia. (Globo Rural)
Jogo Rápido
Boleto pode ser pago com Pix
Já está disponível a modalidade de pagamento de boletos por meio de Pix. Entrou em vigor a resolução aprovada pelo Banco Central que moderniza o boleto bancário. Agora, os boletos poderão conter código QR específico para o pagamento via Pix. O usuário aponta o celular e conclui a transação. A vantagem é que a operação é compensada instantaneamente sem necessidade de esperar vários dias, como ocorre com parte dos boletos atuais. Outra novidade aprovada pela resolução ainda depende de instrução normativa do Banco Central para entrar em vigor. O boleto de cobrança dinâmico, ou “boleto dinâmico”, permite a transferência de titularidade de papéis quando a dívida é vendida e troca de mãos. (Correio do Povo)