Porto Alegre, 07 de janeiro de 2025 Ano 19 - N° 4.298
Universidade gaúcha terá centro de inteligência artificial para monitorar qualidade do leite
Instituição de Passo Fundo receberá recursos no ano que vem para fazer investimento
É com um recurso de R$ 7 milhões que a Universidade de Passo Fundo (UPF) vai tirar do papel três projetos neste ano. Um deles, que leva o nome de Laboratório de Serviços de Análise de Rebanhos Leiteiros (Sarle), é a criação de um centro de inteligência artificial para monitoramento da qualidade do leite. Algo que ainda não existe no Brasil.
A ideia, explica Carlos Bondan, coordenador do curso de Medicina Veterinária da UPF e um dos líderes do projeto, é construir um espaço para o monitoramento da qualidade da matéria-prima desde a propriedade até a indústria. Do leite, será possível gerar dados de bem-estar do animal, informações meteorológicas, características do solo e até a alimentação do rebanho.
— O equipamento tem como novidade a possibilidade de identificar componentes que não são do leite, assim, será possível diagnosticar fraudes também — detalha o professor.
No Brasil, ainda não existe essa tecnologia. No entanto, em outros países, como Estados Unidos, Canadá, Uruguai e Argentina, já há.
— Para a profissionalização da cadeia leiteira, nós não podemos ficar para trás nestes avanços tecnológicos — acrescenta Bondan.
O centro de monitoramento será coordenador pelo professor Ricardo Zanella e terá uma equipe multidisciplinar, formada por pesquisadores de diferentes programas de pós-graduação da UPF. O projeto também conta com o apoio de entidades, sindicatos e associações ligadas ao setor bovino e leiteiro, que serão diretamente impactados.
Os outros dois projetos que foram agraciados com o recurso são para a modernização de outros laboratórios e a criação de bolsas de pesquisa. O montante será disponibilizado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). (Zero Hora)
GDT - Global Dairy Trade
Fonte: GDT editado pelo Sindilat RS
Por que tantas fazendas leiteiras no estado do Rio Grande do Sul estão robotizando a ordenha?
Acompanhe como a robotização da ordenha está transformando as fazendas leiteiras no RS, com dados inéditos sobre marcas, regiões e sistemas adotados!
Todo o dia quando recebia uma noticia que mais uma fazenda leiteira iria robotizar a ordenha eu me fazia essa pergunta que utilizei no titulo desse artigo.
Obviamente, como estou dentro da academia, envolvido com alunos de graduação, pós-graduação, pesquisa e atendendo muitas fazendas leiteiras na consultoria eu conseguia trocar ideias com o aluno, filho do produtor que comprou o robô de ordenha, ou o técnico que atendia a fazenda em questão, ou propriamente com a família durante minhas consultorias diárias. Nestas conversas e visitas o que mais me chamou a atenção foi um trecho das falas: “não conseguimos mais dar conta de tudo, falta gente para trabalhar. Contratar funcionários não dá, investimos ou paramos com a atividade”.
De fato, eles tinham razão na fala, os produtores de leite daqui, na maior parte são de descendência italiana e polonesa. Eles são determinados, acordam cedo e se recolhem para dentro de suas casas para descansar depois que escurece, não têm medo do trabalho, independente do dia da semana. E assim construíram suas famílias e fazendas ao longo dos anos. Na média estas fazendas tem 15 a 20 anos de atividade, é uma boa parte das suas vidas!
Os pais já estão com idade avançada (60 anos) e os filhos cresceram (30 anos), alguns ficaram na fazenda para ajudar e outros foram estudar para um possível retorno. Enfim, quem ficou teve que se organizar para poder realizar todas as tarefas que acumularam durante o dia. A ordenha, na maioria das vezes, é designada para as mulheres. Porém, elas têm outros afazeres durante o dia: alimentar as bezerras e higienizar o ambiente, tarefas da casa, café, almoço e janta, que também toma muito tempo.
Poderia citar muitos argumentos aqui para entender melhor todo esse contexto, mas o que resume o investimento na robotização da ordenha é “não conseguimos mais dar conta de tudo, falta gente para trabalhar. Contratar funcionários não dá, investimos ou paramos com a atividade”.
Contatei o professor Marcos Neves Pereira e contei para ele desse crescimento tão rápido dos robôs aqui no RS e decidimos levantar essas informações iniciais dos números de box de robô em atividade para registrar este fato e contribuir para as futuras pesquisas na área de manejo, reprodução e nutrição de vacas nesse sistema de ordenha.
Criamos um formulário, juntamente com dois alunos da graduação do curso de agronomia da Faculdade CESURG Marau e submetemos para as empresas que estavam presentes no estado comercializando os robôs. Eles responderam e nos enviaram de volta com as informações que precisávamos para concluir o estudo.
Segundo nosso levantamento, 206 boxes de Sistemas de Ordenha Robotizada (SOR) estavam em atividade em propriedades leiteiras no RS em julho de 2022. Não tivemos acesso ao número de fazendas envolvidas. Os boxes da marca DeLaval® se destacaram com maior porcentagem de utilização (67,97%), seguido pelas marcas Lely® (21,84%) e GEA® (10,19%) (Figura 1).
Figura 1. Boxes de ordenha robotizada por marca no Rio Grande do Sul em julho de 2022.
FONTE: Zadinello L., Luza J., Pereira M.N., Bordin Tiago. (2023). Flow systems in robotic milking at Rio Grande do Sul state, Brazil. Peer Review. 5. 76-84. 10.53660/1290.prw2817. Via Milkpoint editado pelo Sindilat RS
Jogo Rápido
Ano de 2024 foi favorável ao consumo de leite, ajudando a sustentar os preços ao setor produtivo, diz especialista
De acordo com pesquisador da Embrapa, mesmo com importações elevadas em 2024, cenário de demanda foi diferente de 2023, contribuindo para a manutenção de preços. Assista clicando aqui. (Notícias Agrícolas via Edairy News)