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30/12/2024

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 30 de dezembro de 2024                                                Ano 18 - N° 4.294


Evolução do consumo per capita de lácteos no mundo

Compreender a evolução do consumo per capita mundial de lácteos oferece uma visão estratégica para o setor, permitindo prever tendências e se adaptar ao mercado

Ao longo das últimas 3 décadas, o mundo testemunhou acontecimentos marcantes que transformaram a nossa vida cotidiana, desde o lançamento do Google em 1998 até o desenvolvimento das vacinas contra a COVID-19 em 2021. Embora à primeira vista pareçam desconectados da indústria de laticínios, esses eventos influenciaram vários aspectos, desde a cadeia de produção e consumo de leite até as intenções de compra dos consumidores, incluindo o acesso à informação e o impacto de novas tecnologias.

Da mesma forma, a globalização e troca de influências culturais e alimentares, ao longo dos anos auxiliaram na expansão da ingestão de lácteos em locais nos quais o consumo desses produtos não eram tão expressivos. Assim, os avanços tecnológicos possibilitaram inovações no processamento e incremento da oferta de produtos mais diversificados, como por exemplo, os produtos zero lactose, produtos com maior teor de proteínas, menos açúcares, dentre outros.

Essas transformações são impulsionadas principalmente pela crescente preocupação com a saudabilidade dos consumidores, agregação de valor aos derivados lácteos e pelo aumento da demanda em mercados emergentes. Atualmente, consome-se, em média, 181,4 L de leite per capita por ano no mundo, 7% a mais do consumo registrado há 10 anos, equivalente a 169,5 L/hab. ao ano.

Entretanto, esse crescimento não foi homogêneo entre os países do globo, sendo influenciado por aspectos culturais, demográficos e regionais de cada país. As mudanças de contexto ao longo dos anos também geraram variações no consumo devido a crises econômicas, desastres ambientais e à pandemia, que impactaram diretamente a acessibilidade da população a certos produtos e seu poder de compra.

Dessa forma, compreender a evolução do consumo per capita mundial de lácteos ao longo do tempo oferece uma visão estratégica para o setor, permitindo prever tendências de mercado e adaptar as práticas de produção e marketing a diferentes cenários econômicos, culturais e sociais.

Esse estudo utilizou dados do International Farm Comparison Network (IFCN, 2024), no intervalo entre os anos de 1996 a 2023. Essa rede é composta por 127 países membros e os dados obtidos são expressos em litros equivalentes de leite por habitante ao ano, ou seja, todos os derivados lácteos são transformados em litros de leite.

Os dados mostram que houve um aumento de aproximadamente 16% na média de consumo per capita de leite no mundo, equivalente a 0,5% a cada ano ao longo do período analisado. Esse aumento, embora significativo, ocorreu de maneira variada, ao longo dos últimos 30 anos. Entre matérias primas de origem animal, somente entre os anos de 2010 a 2021, o aumento do consumo de leite foi equivalente a 8,75%, enquanto a carne apresentou um aumento no consumo muito similar, de 8,07% ao longo do intervalo citado.

Nesse período, os intervalos de 2009 a 2012 e 1996 a 2000 se destacam com crescimento de 1,06% e 1,02% ao ano, respectivamente, enquanto o período entre 2022 e 2023 apresentou maior decréscimo, equivalente a 0,9% (Figura 1).

Figura 1. Evolução do consumo per capita mundial de leite entre 1996 e 2023.

Fonte: Adaptado de IFCN (2024).

Em 1996, a média de consumo per capita mundial de leite era de 154,8 L/hab., em 2012 esse valor atingiu 164,7 L/hab., e, em 2023, a média foi de 181 L/hab. Ou seja, houve um incremento de mais de 25 litros de leite/hab.ano. Essa variação percentual foi de até 1% ao ano no intervalo de 2018 a 2023. Durante todo o período analisado, o desvio padrão foi superior a 60,35 L/hab., demonstrando a diversidade de culturas e seus níveis de consumo ao redor do planeta.

Os países que registraram os maiores aumentos no consumo foram Vietnã, China, Mianmar, Ruanda e Uganda, impulsionados principalmente pelos baixos valores iniciais da série histórica. Entre os 10 maiores crescimentos, destaca-se o Turcomenistão, que em 1996 apresentava um nível de consumo de 178,7 L/hab. ao ano e, em 2023, alcançou a 3ª posição mundial com 422,9 L/hab. ao ano, com um aumento expressivo de 57,7%. Dentre os países que mais reduziram o consumo per capita de leite ao longo dos anos, tem-se Zimbábue, Afeganistão, Zâmbia, Líbano e Madagascar, com quedas de até 133%.

Entre os anos de 2018 e 2019, observou-se um leve aumento de 0,6% no consumo médio de leite no mundo. Com o início da pandemia de COVID-19, entre os anos de 2019 a 2021 observou-se uma redução de 1%. Após a retomada das atividades presenciais em 2021, observa-se um retorno aos valores encontrados pré-pandemia, seguidos por uma retração de 0,9% entre 2022 e 2023.

Nesse cenário, a evolução do consumo foi marcada por desigualdades significativas, não apenas entre regiões, mas também entre países vizinhos, refletindo influências culturais e econômicas locais como pontos que influenciam no consumo. Dentre os maiores consumidores predominam os países europeus, com destaque para Irlanda, Dinamarca e Suíça, como observado na Tabela 1. Já, entre os menores consumidores, destacam-se países do continente africano, como Madagascar, Gana e Zimbábue e sudeste asiático como Vietnã e Indonésia.

Tabela 1. Ranking do consumo per capita de leite em 1996, 2012 e 2023.

Fonte: Adaptado de IFCN (2024).

Essa discrepância entre os países pode ser observada pelos valores entre os extremos da Tabela 1. Nos anos analisados, a diferença entre os maiores consumidores atingiu níveis até 170 vezes superiores ao último colocado no ranking. Essa diferença se dá por questões intrínsecas de cada país. Em 2023, a média entre os cinco maiores consumidores chegou a ser 40 vezes maior que a média dos cinco menores consumidores de leite no mundo.

O Brasil, ao longo dos últimos 30 anos, manteve um comportamento mediano, se comparado aos demais países do globo, mantendo posições entre 63° e 67° no ranking ao longo do intervalo estudado. Na América Latina, o país também mantém posição intermediária, localizado como 5° maior consumidor de leite per capita, estando atrás de países como Equador, Uruguai, Argentina e Costa Rica, que possuem consumo até 57% maior.

Dessa forma, a evolução do consumo per capita mundial de leite, revela um cenário dinâmico, mas profundamente desigual. O aumento do consumo de leite no mundo ocorreu de forma gradual, e tem oscilado nos últimos 7 anos entre 180 e 185 L/hab. ao ano. Entretanto, isso não se repete em todos os países do globo, havendo alta concentração de níveis elevados de consumo no continente europeu, enquanto regiões da África e da Ásia abarcam países com níveis muito baixos de consumo.

Assim, compreender essa evolução é estratégico, pois permite identificar não apenas tendências do mercado, como também oferecer insights sobre o futuro do leite no mundo, através da inserção e diversificação de mercados e internacionais. No caso do Brasil, que não é autossuficiente na produção de leite, essa análise torna-se ainda mais relevante para planejar políticas de incentivo à produção e melhoria da competitividade do setor para se inserir no comércio internacional. (Milkpoint)


Plantio da soja no RS se aproxima do final

A semeadura da soja no Rio Grande do Sul alcança 96% da área de cultivo projetada pela Emater/RS-Ascar nesta safra 2024/2025, que é de 6.811.344 hectares, com produtividade média de 3.179 kg/ha. De acordo com o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, divulgado nesta quinta-feira (26/12), de maneira geral, o término do plantio da soja ocorre de forma mais lenta devido à sequência de semeadura em áreas previamente ocupadas por outras culturas, como milho e tabaco, ou em regiões de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), onde a retirada dos bovinos ou a colheita de sementes forrageiras acontecem de forma tardia. A implantação da soja deverá ser concluída até a primeira quinzena de janeiro, à medida que as áreas forem sendo liberadas.

Até o momento, as lavouras de soja apresentam excelente desenvolvimento, impulsionado pela alta luminosidade e pelos níveis razoáveis de umidade no solo. As plantas em fase vegetativa (96% da área de cultivo) demonstram emissão expressiva de ramos laterais e fechamento entre as fileiras adjacentes, indicando vigor satisfatório. Em lavouras de cultivares precoces, semeadas na primeira quinzena de outubro, se observa o início da floração (4%). A partir desse estágio, a demanda hídrica aumenta de forma significativa, o que traz preocupação em função da distribuição irregular e dos baixos volumes de chuva ocorridos nas primeiras três semanas de dezembro, especialmente no Centro e Oeste do Estado.

Milho - A semeadura avançou de forma moderada, atingindo 95% da área projetada para a Safra 2024/2025, que é de 748.511 hectares. A finalização da operação ocorre a um ritmo mais lento devido à implantação tardia em pequenas extensões na Região Sul e na Campanha, bem como à prática de plantio em safrinha em outras regiões, em áreas atualmente ocupadas por milho, tabaco e feijão. Essa semeadura deverá ser concluída ao longo do mês de janeiro, à medida que as áreas ocupadas por essas culturas sejam liberadas para nova implantação.

Embora as chuvas das últimas semanas não tenham sido uniformes e significativas em todo o Estado, as condições para o enchimento dos grãos estão adequadas, principalmente devido ao predomínio de temperaturas amenas, que favorecem tanto a preservação da umidade no solo quanto a otimização do processo fotossintético das plantas. O tempo firme contribuiu para a perda de água dos grãos nas lavouras implantadas no início do zoneamento da cultura. Nas áreas tardiamente implantadas foi utilizada irrigação por pivô central, uma vez que estão em fase final de enchimento de grãos, com possibilidade de acúmulo de fotoassimilados.

A colheita do milho foi iniciada no Noroeste do Estado, chegando a 1%. A produtividade obtida está pouco abaixo da projeção inicial, cuja média é de 7.116 kg/ha, mas superior à safra anterior. A operação deverá ser ampliada na primeira quinzena de janeiro, dependendo das condições climáticas, que podem acelerar a perda de água da massa de grãos.

Milho Silagem - A colheita de milho para silagem foi intensificada, assim como a semeadura em áreas recentemente colhidas. Estima-se que 10% da área cultivada, de 357.311 hectares nesta safra, foi colhida, e 15% encontram-se no ponto de ensilagem, indicando a aceleração da operação nos próximos dias. A produtividade continua elevada, e as melhores produções alcançam até 60 mil kg/ha, acima da produtividade média projetada para esta safra, que é de 39.457 kg/ha. A qualidade da silagem está excelente, uma vez que as plantas mantiveram os colmos verdes até o momento do corte, além de apresentarem boa carga de grãos nas espigas. Esses fatores contribuem para elevar a qualidade nutricional, assegurando altos níveis de valor energético e proteico, essenciais para otimizar a alimentação animal.

PASTAGENS E CRIAÇÕES
As chuvas registradas nas últimas semanas, aliadas à elevada incidência de radiação solar, têm favorecido de forma significativa o desenvolvimento vegetativo das pastagens de verão. A frequência e a regularidade das precipitações também impulsionaram o crescimento vigoroso do campo nativo, resultando em maior disponibilidade de forragem de qualidade para a alimentação dos rebanhos. (Seapi editado pelo Sindilat RS)

A partir de fevereiro, nota eletrônica passa a ser obrigatória para produtores rurais com receita bruta superior a R$ 360 mil

Com implementação gradual, medida passa a valer para todos, independentemente do faturamento, somente em janeiro de 2026

O mês de fevereiro de 2025 marca uma nova etapa do avanço gradual da obrigatoriedade da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) e da Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica (NFC-e) para produtores rurais no Rio Grande do Sul, alterando o processo de documentação fiscal para a circulação de mercadorias no setor agropecuário. A alternativa digital, que já é exigida para operações interestaduais, substitui o modelo 4 da Nota Fiscal, conhecida como Nota do Produtor Rural ou “talão do produtor”.

A medida foi aprovada pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) no início de dezembro e publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) desta sexta-feira (27/12).

A partir de 3 de fevereiro de 2025, os documentos eletrônicos devem ser usados nas operações internas praticadas por todos os produtores rurais que, nos anos de 2023 ou 2024, obtiveram receita bruta com valor superior a R$ 360 mil com a atividade rural. A mudança abrange cerca de 50 mil profissionais da área no Rio Grande do Sul – a lista de quem precisará se adequar será publicada neste link. 

Quem já tem o talão impresso para emitir o modelo 4 poderá seguir utilizando o documento até 30 de junho. Em 1º de julho, o uso passa a ser vedado.

Já em 5 de janeiro de 2026, a obrigatoriedade da nota eletrônica começa a valer para todos os produtores rurais do Estado, independentemente do faturamento. A partir dessa data, o modelo 4 não será mais permitido.

“Será uma transição lenta para que os produtores, especialmente os que têm menos estrutura, possam se adaptar. Há algum tempo também já estamos fazendo capacitações junto a sindicatos para auxiliar e tirar dúvidas sobre a emissão da nota eletrônica”, explicou o chefe-adjunto da Seção de Informações Fiscais da Receita Estadual, Geraldo Callegari.

Desde 2021, produtores rurais que registraram faturamento superior a R$ 4,8 milhões no ano de 2017 estão obrigados a emitir as notas eletrônicas em operações internas. A previsão era de que a medida se estendesse para outro grupo a partir de maio de 2024, mas, em razão das enchentes, a entrada em vigor foi adiada. O pedido partiu da Secretaria da Fazenda (Sefaz).

“Um número muito alto de produtores foi afetado pela catástrofe meteorológica vivida pelo Estado gaúcho. Naquele momento, entendemos que não fazia sentido que passasse a vigorar uma nova regra. Isso fez com que esses profissionais, tão essenciais para a nossa economia, ganhassem tempo para reconstruir seus negócios”, afirmou o subsecretário da Receita Estadual, Ricardo Neves Pereira.

Como emitir a nota eletrônica

A NF-e é também chamada de modelo 55 e é utilizada para registrar a venda de mercadorias e a prestação de serviços. Já a NFC-e, ou modelo 65, é específica para o varejo e contempla as vendas diretas ao consumidor final.

Existem diferentes alternativas para fazer a emissão desses modelos. Entre elas, estão aplicativos próprios, aplicativos desenvolvidos por associações/cooperativas ou o sistema Nota Fiscal Avulsa (NFA-e), disponibilizado pela Sefaz. Essa última opção, no entanto, só pode ser utilizada no computador e exige maior conhecimento técnico.

A solução recomendada pela pasta fazendária é o aplicativo Nota Fiscal Fácil (NFF), que pode ser baixado gratuitamente no celular e acessado por meio do login gov.br. A ferramenta permite a emissão simplificada da nota fiscal, deixando toda a complexidade tributária a cargo da Receita Estadual.

Para usar, os produtores devem preencher informações sobre a venda, como o produto, o cliente e dados sobre transporte. É possível, inclusive, gerar um QR Code da nota fiscal off-line, no meio da lavoura, por exemplo. Nesse caso, a nota é autorizada após o restabelecimento da conexão com a internet.

Idealizado pela Receita Estadual e desenvolvido pela Procergs, o NFF foi concebido pelo Encontro Nacional de Coordenadores e Administradores Tributários (Encat), também com parceria do Sebrae Nacional, e é usado em praticamente todos os estados do país. (Seapi)


Jogo Rápido

Lei que limita aumento do salário mínimo é sancionada
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que limita o reajuste do salário mínimo a 2,5% acima da inflação de 2025 a 2030. A medida faz parte do pacote de corte de gastos obrigatórios, proposto pelo governo federal e aprovado pelo Congresso Nacional há cerca de dez dias. Com a nova regra, o vencimento salarial para 2025 deve ficar em R$ 1.518,00 com aumento de R$ 106,00 em relação aos R$ 1.412,00 do salário mínimo atual. O valor só será oficializado nos próximos dias, por meio de decreto presidencial a ser editado. A nova regra de reajuste tem como objetivo adequar o crescimento do salário mínimo aos limites definidos pelo novo arcabouço fiscal. Dessa forma, o salário mínimo crescerá de 0,6% a 2,5% ao ano acima da inflação. A política atual de reajuste continua valendo. Desde 2023, o salário mínimo é corrigido pela soma da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 12 meses até novembro, e do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores. A diferença é que haverá um teto de reajuste em 2,5% acima da inflação. Aprovada pelo Congresso Nacional no último dia do ano legislativo, a lei do salário mínimo deverá gerar economia de R$ 15,3 bilhões nos próximos cinco anos. Segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias, cada R$ 1,00 de aumento do salário mínimo eleva os gastos em R$ 392 milhões, principalmente por causa da Previdência Social e dos benefícios vinculados ao mínimo, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Pela regra anterior, o salário mínimo para 2025 ficaria em torno de R$ 1.528. Isso equivale à inflação pelo INPC de 4,84% nos 12 meses terminados em novembro, mais o crescimento de 3,2% do PIB em 2023. Com o novo teto, a parcela do crescimento do PIB estará limitada a 2,5%, levando ao novo valor de R$ 1.518. O novo salário mínimo só começará a ser pago no fim de janeiro ou início de fevereiro, referente aos dias trabalhados em janeiro de 2025. (Jornal do Comércio)

 
 

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