Porto Alegre, 31 de outubro de 2024 Ano 18 - N° 4.255
Governo estadual apresenta plano para guiar desenvolvimento do RS nos próximos anos
Ferramenta que visa alavancar a economia gaúcha definiu 12 segmentos prioritários para o crescimento; a perspectiva menos conservadora prevê triplicar a taxa anual de crescimento do PIB gaúcho
O governo estadual apresentou nesta quarta-feira (30) o Plano de Desenvolvimento Econômico, Inclusivo e Sustentável, instrumento concebido para alavancar a economia do Rio Grande do Sul. A perspectiva do Palácio Piratini é de duplicar e, em cenário otimista, triplicar a taxa anual de crescimento do PIB gaúcho nos próximos anos.
Planejado para orientar o desenvolvimento com projeções que vão até o ano de 2040, o projeto foi estruturado a partir de um estudo da consultoria McKinsey e definiu 12 grupos de produtos e serviços com potencial de impulsionar a produtividade. Nesse rol, os mercados da cadeia agropecuária e da transição energética serão as principais apostas para agregar valor na economia gaúcha.
Os detalhes da ferramenta foram apresentados pela manhã a jornalistas e o lançamento oficial ocorre durante a tarde, na Fundação Iberê Camargo. Além do plano, o governo está criando a Invest.RS, agência que será responsável por atrair investimentos e promover comercialmente o Rio Grande do Sul.
Os estudos para a criação do instrumento começaram antes da enchente de maio e incluíram entrevistas e workshops com empresários e especialistas. A gestão do plano de desenvolvimento será vinculada à estrutura do Plano Rio Grande, idealizado para recuperar o Estado depois do desastre climático de maio.
Na apresentação, o governo frisou que o projeto foi concebido como estratégia de longo prazo, que tenha continuidade em futuras administrações mesmo em caso de mudança na orientação ideológica no comando do governo. O vice-governador Gabriel Souza aponta que será preciso mostrar resultados ainda no governo atual para que a ferramenta se torne consenso no futuro.
— Temos o restante do governo, que são dois anos e dois meses, para fazer o plano mostrar resultados concretos, para que a sociedade tenha um senso de pertencimento e do tamanho desse plano para o Estado e cobre os próximos governantes a mantê-lo em funcionamento — avalia Gabriel.
Na apresentação do plano, Sérgio Canova Júnior, sócio da McKinsey, apontou que um dos principais desafios do Estado será a qualificação do capital humano, visto que o RS tem a pirâmide etária mais envelhecida do Brasil e precisará atrair trabalhadores de outros lugares para ampliar a produtividade.
O governador Eduardo Leite destacou, no evento de lançamento do plano, que a ciência e o trabalho técnico desenvolvido por meio desse programa criam ambiente para um crescimento sustentado, sem as oscilações que a economia gaúcha vem apresentando nos últimos anos. Na visão do chefe do Executivo gaúcho, esse conjunto de ações abre caminho para um avanço estrutural:
— A partir desses cinco habilitadores, com esse diagnóstico, podemos observar quais são os desafios para que a gente possa ter o nosso mapa, nossa jornada, definida para nos levar até onde queremos ir.
Durante a abertura do evento, realizado na Fundação Iberê Camargo, o CEO da CMPC, Francisco Ruiz-Tagle, a diretora da Bebidas Fruki, Aline Eggers Bagatini, e o presidente da Randoncorp, Daniel Randon, dividiram o palco com o governador Eduardo Leite. Os líderes empresariais saudaram o plano e destacaram a necessidade de avançar em pontos como infraestrutura, retenção de talentos e melhorias logísticas para aumento de competitividade no Rio Grande do Sul.
As quatro perspectivas
A estratégia de selecionar produtos e serviços prioritários para o crescimento compreende quatro perspectivas econômicas:
Sustentação - Inclui produções que já são relevantes na economia gaúcha e podem ser alavancadas
Ascensão - Considera as vantagens competitivas do RS para agregar valor em produtos e serviços com demanda em crescimento
Inovação - Visa aproveitar oportunidades atreladas a macrotendências globais nas quais o RS tem potencial
Manutenção - Setores sem grande perspectiva de ascensão, mas que contribuem com geração de emprego e renda e promoção da identidade cultural e regional
Os 12 setores
No estudo para a elaboração do plano, foram mapeados 12 setores estratégicos para alavancar a economia nos próximos anos, que se enquadram nos conceitos das perspectivas econômicas apresentadas acima. Veja quais são eles e alguns produtos e serviços que abrangem:
Cadeia agropecuária - Grãos, carnes, leite, processamento de alimentos, melhoramento genético, produção de sementes de leguminosas e biotecnologia.
Máquinas agrícolas - Tratores, colheitadeiras, máquinas automatizadas conectadas à internet e de agricultura de precisão.
Fertilizantes - Produção de diferentes formas, que vão da convencional, com matéria-prima importada, até a exploração de pedras fosfáticas, fertilizantes verdes, biofertilizantes e nanofertilizantes.
Produtos regionais de nicho - Vinhos, espumantes, azeites e noz pecã.
Silvicultura, papel e celulose - Produção de celulose, papéis e embalagens, produtos de madeira, biomateriais, nanocristais e nanofibras
Produtos de transição energética - Biodiesel, energias renováveis, etanol, biogás, biometano, hidrogênio verde e combustível sintético
Máquinas, equipamentos e semicondutores - Máquinas para indústrias, eletrodomésticos, equipamentos para energias renováveis, semicondutores e novos materiais, como o grafeno
Automotivo e cadeia - Veículos convencionais, como automóveis, motocicletas e ônibus, peças, carros e ônibus elétricos, sistemas eletrônicos e novos materiais.
Cadeia petroquímica - Resinas, polímeros reciclados, fibras sintéticas, produtos plásticos, polímeros verdes, bioplásticos e plásticos degradáveis
Turismo - Serviços tradicionais como alimentação, acomodação e transporte, novos polos e oferta de serviços digitais, inteligentes e automatizados
Saúde - Equipamentos de diagnóstico básicos e por imagem, equipamentos de precisão, equipamentos para terapias (incluindo celular e genética), produção de fármacos, medicamentos e terapias avançadas e materiais médicos.
Produtos e serviços digitais - Prestação de serviços de TI, data centers, desenvolvimento de softwares, soluções setoriais e investimento em inteligência Artificial (IA).
Os cinco habilitadores
O governo identificou que são necessárias iniciativas articuladas em torno de cinco áreas que podem alavancar a competitividade do RS. São elas:
Capital humano - Atrair e reter pessoas, melhorar a qualidade da educação básica e profissional, ampliar e consolidar as escolas em tempo integral.
Inovação - Fortalecer o ecossistema de inovação com foco na aplicação prática, o que pode contribuir para maior conversão em riqueza.
Ambiente de negócios - Facilitar a realização de negócios e a atração de investimentos a fim de ampliar o desenvolvimento econômico.
Infraestrutura - Ampliar cobertura da infraestrutura, diversificar e qualificar a malha logística e atender áreas com menor cobertura.
Recursos naturais - Ampliar produtividade agropecuária com práticas sustentáveis e aumentar resiliência climática e a descarbonização para impulsionar o desenvolvimento sustentável.
Projeção de crescimento
A perspectiva para o crescimento da economia gaúcha a partir da aplicação do plano apontam para um crescimento de até 3% ao ano no PIB gaúcho até 2030. Em um cenário conservador, esse índice seria de 2% ao ano.
Para efeitos de comparação, nos últimos cinco anos a média de avanço anual foi de 1%.
GZH
Redução da emissão de gases eleva produtividade de fazendas de leite
De acordo com a gerente executiva de agricultura regenerativa da Nestlé, Bárbara Sollero, a produção de leite representa cerca de 30% das emissões de gases do efeito estufa da companhia.
Um estudo encomendado pela Nestlé junto a 948 de seus 1,1 mil fornecedores de leite constatou que quanto menor a emissão de gases do efeito estufa, maior a produtividade pecuária das fazendas participantes do seu programa de boas práticas.
Segundo dados prévios do levantamento, o grupo composto por 25% das fazendas com menor emissão produziu, em média, 26 litros de leite por vaca em lactação por dia – praticamente o dobro do registrado entre o quarto de fazendas mais emissoras, com 13 litros por animal em lactação por dia.
De acordo com a gerente executiva de agricultura regenerativa da Nestlé, Bárbara Sollero, a produção de leite representa cerca de 30% das emissões de gases do efeito estufa da companhia. O levantamento, afirma, servirá de base para que a empresa alcance sua meta de reduzir em 20% suas emissões até 2025 e em 50% até 2030.
“O meio pelo qual vamos descarbonizar as nossas operações em agricultura é adotando práticas regenerativas”, assegura a executiva. Dentre as metas da Nestlé, está o de adquirir 30% de sua matéria-prima de fazendas que adotem tais práticas.
Localizada em Santa Rosa de Goiás, a 90 quilômetros de Goiânia, a produtora Célia Rezende está entre os fornecedores considerados referência pela Nestlé. Em pouco tempo, ela passou da categoria de fazendas com práticas de sustentabilidade básicas, como o não revolvimento do solo, para a categoria “ouro”.
“Tirar leite é fácil, mas se adequar custa. Essa foi a nossa maior dificuldade e tivemos que nos adaptar”, comenta a produtora. O resultado foi imediato. Após iniciar o cultivo do próprio milho, integrado com a criação dos animais, ela conseguiu eliminar um custo mensal de R$ 3 mil com alimentação animal e viu produção diária por animal aumentar, em média, 50 litros.
“A partir da hora que paramos de ter esse gasto extra com os animais passamos a ter recursos para investir r melhorar em outras áreas. Então fez, realmente, uma diferença muito grande”, destaca a produtora.
Segundo o levantamento, as fazendas fornecedoras da Nestlé que adotam práticas de agricultura regenerativa tiveram uma produtividade 8% maior no plantio de grãos para silagem com 18% menos emissão. Ainda de acordo com a companhia, os produtores atendidos já conseguiram, ao todo, reduzir em 14% suas emissões no último ano.
“Ao obter o dado dessas fazendas, conseguimos saber exatamente quais as emissões e de onde elas estão vindo para que possamos aprimorar nossa jornada rumo a descarbonização”, completa Sollero. (Globo Rural via Edairy News)
LEITE/CEPEA: Preço ao produtor
Por Natália Grigol
Cepea, 29/10/2024 – Como esperado pelos agentes do setor, o preço do leite captado em setembro seguiu em alta. A pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). Apesar de o preço do leite pago ao produtor acumular avanço real de 36,4% desde o início de 2024, a média de janeiro a setembro deste ano (de R$ 2,58/litro) é 4,7% inferior à do mesmo período de 2023.
A valorização do leite cru em setembro se explica pela maior competição dos laticínios e cooperativas na compra de matéria-prima – num contexto em que a oferta vinha crescendo de forma lenta, devido ao clima mais seco (sobretudo no Sudeste e Centro-Oeste) e aos estoques de lácteos em volumes abaixo do normal.
Mesmo com as adversidades climáticas, a captação de leite em setembro seguiu em alta por conta da estratégia das indústrias em assegurar volume para reabastecer seus estoques. Assim, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea subiu 8,3% de agosto para setembro.
A elevação da captação foi possível devido ao aumento dos preços no campo, acompanhando a valorização dos lácteos em setembro. A pesquisa do Cepea com apoio da OCB mostrou que o leite UHT, o queijo muçarela e o leite em pó se valorizaram 7,6%, 2,7% e 1,3% no atacado paulista em setembro.
Porém, o movimento altista pode não perdurar por muito tempo. O avanço da captação e o recuo nas cotações dos derivados e do leite spot a partir da segunda quinzena de outubro fortalecem a perspectiva de que os preços no campo em outubro possam apresentar viés de queda.
Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de setembro/2024)
Fonte: Cepea-Esalq/USP.
Tabela 1. Preços líquidos nominais do leite cru captado em setembro/24 nos estados que compõem a “Média Brasil”. Preços líquidos não contêm frete e impostos. Valores e variações nominais.
Fonte: Cepea-Esalq/USP.
Tabela 2. Preços líquidos nominais do leite cru captado em setembro/24 nos estados que não estão incluídos na “Média Brasil”. Preços líquidos não contêm frete e impostos. Valores e variações nominais.
Fonte: Cepea-Esalq/USP.
Jogo Rápido
Quem produz o leite brasileiro: dados atualizados e exclusivos de 2024
O setor leiteiro brasileiro tem passado por grandes transformações, exigindo informações atualizadas para decisões estratégicas mais seguras. Ainda há uma lacuna de dados precisos para entender essas mudanças, e quem atua no setor sabe que contar com informações recentes é fundamental para se adaptar e prosperar. Pensando nisso, a MilkPoint Ventures realizou, em 2024, a atualização da pesquisa “Quem Produz o Leite Brasileiro”. O estudo abrangeu 12 estados do país e envolveu 65 empresas, responsáveis por captar 23,4 milhões de litros de leite por dia, representando uma parcela significativa (35%) da produção formal no Brasil. Com a participação de 43 empresas não cooperativas e 22 cooperativas, a pesquisa oferece uma visão detalhada da estrutura produtiva. Além disso, em comparação com os dados de 2023, houve um aumento interessante na amostra de pequenos produtores, dado o perfil das novas empresas participantes, refletindo de forma mais precisa a base produtiva brasileira. Os dados coletados são essenciais para entender as mudanças no setor ao longo da última década. Em comparação com estudos anteriores, como o de 2013, é possível observar o impacto das evoluções econômicas, tecnológicas e sociais no perfil dos produtores. No relatório completo, você encontra: Estratificação do número de produtores e do volume de leite; Crescimento do tamanho médio dos produtores nas últimas pesquisas; Avaliação da eficiência do sistema estabulado na produção; Informações acerca dos índices atuais de qualidade do leite. Essas e outras análises estão disponíveis gratuitamente para quem busca compreender melhor o cenário leiteiro brasileiro. CLICANDO AQUI. (Milkpoint)