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07/08/2024

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 07 de agosto de 2024                                                       Ano 18 - N° 4.196


Sanduíches de queijo disparam, mas, as sobremesas caem

Tendências – Os produtos lácteos são produtos de base para a maioria dos consumidores, a tal ponto que, muitos não hesitam em consumi-los, ao contrário de outras categorias que os consumidores são mais cautelosos em relação às suas necessidades e exigência.

No entanto, a crise do custo das famílias significa que, em média, os consumidores estão agora cozinhando receitas mais simples com menos ingredientes em um esforço de gastar menos. Esse é o desafio para os lácteos, que são geralmente utilizados em receitas com mais ingredientes, resultando em diminuição do consumo de produtos lácteos nessas ocasiões, no último ano.

O consumo total de produtos lácteos de leite de vaca diminuiu 6% em relação ao mesmo período de 2020, em decorrência da redução do orçamento familiar (Kantar, semana 52 encerrada em 12 de maio de 2024). Também, a maioria da população britânica consome leite de vaca (91%) e a importância dos produtos lácteos na preparação de comidas é evidente, já que são encontrados produtos lácteos em 43% de todas as comidas (semana 52 encerrada em 12 de maio de 2024). Então. O que impulsiona o uso de produtos lácteos?

Durante o dia

Leite é a maior categoria dos lácteos quando avaliada em volume e impulsiona o uso total de lácteos durante todo o dia. De acordo com o Kantar, chá e cereais são as principais categorias de utilização de leite (semana 52 encerrada em 12 de maio de 2024) representando 40,5% e 27,1% das ocasiões de consumo do leite, respectivamente, acompanhadas de perto pelo café (24,7%). Ao contrário do leite com café que aumentou seu percentual em comparação com 2020, o uso no chá e com cereais está atualmente, ligeiramente em queda em relação a 2020, levando ao declínio global do leite e, consequentemente, do total de produtos lácteos consumidos ao longo do dia, especialmente no café da manhã.

As próximas categorias presentes em mais ocasiões são: queijo e manteiga, 24% e 15%, respectivamente, ambos com predomínio durante os lanches. Enquanto a utilização do queijo nos lanches permaneceu estável, a manteiga subiu 1,4% na comparação com o mesmo período de 2020. Ambas as categorias também registraram crescimento em jantares, no decorrer do período.

Perfil dos consumidores de lácteos

Enquanto certas categorias lácteas são apreciadas pelos consumidores para certos pratos, as características demográficas dos consumidores têm um papel igualmente importante. A tendência principal é que as famílias tenham mais ocasiões de consumir queijo fresco e beber iogurte do que o consumidor médio, pois essas categorias são populares entre as crianças. O grupo pré-família também tem mais ocasiões de guloseimas na forma de queijo e creme, enquanto grupos demográficos mais velhos são mais propensos a consumir categorias básicas de laticínios, especialmente manteiga. Além disso, a parcela do consumo de laticínios aumenta com a idade. Os consumidores com mais de 65 anos consomem quase o dobro de lácteos em relação às pessoas da faixa etária anterior, de 55 a 64 anos. Fonte: AHDB – Tradução livre: www.terraviva.com.br


Balança comercial de lácteos: julho com nova alta nas importações

No mês de julho as importações de lácteos apresentaram um novo aumento, gerando mais um recuo no saldo da balança comercial de lácteos. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), o saldo registrado no mês chegou a -235 milhões de litros em equivalente-leite, registrando um recuo mensal de 62 milhões de litros em relação a junho, conforme pode ser observado no gráfico 1.

Gráfico 1. Saldo mensal da balança comercial brasileira de lácteos – equivalente leite.

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.

As exportações de lácteos continuaram a avançar no último mês. Com 9,5 milhões de litros em equivalente-leite exportados em julho, a avanço mensal foi de 108%, ficando também acima do resultado obtido em julho de 2023 (+65%), conforme mostra o gráfico 2, sendo esse o terceiro maior resultado mensal para as exportações deste ano.

Gráfico 2. Exportações em equivalente-leite.

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.

As importações de julho seguiram apresentando um expressivo avanço mensal. Ao todo, foram importados cerca 244,0 milhões de litros em equivalente leite, registrando um aumento mensal de 37,2% e um avanço anual de 35,4%, sendo esse o maior valor registrado para as importações de lácteos na série disponibilizada pela COMEXSTAT, como mostra o gráfico 3.

Gráfico 3. Importações em equivalente-leite.

Fonte: Elaborado pelo MilkPoint a partir dos dados do COMEXSTAT.

Em relação às categorias importadas no último mês, todos os produtos de maior relevância apresentaram aumentos em seus volumes importados, com o maior aumento percentual sendo do leite em pó desnatado, com uma alta mensal de 76%, seguido do leite em pó integral (+33%) e dos queijos (+21%).

Outros produtos de menor relevância também tiveram um aumento em seus volumes de importação, como a manteiga, com um aumento de 65% em relação ao mês anterior, e o soro de leite, com uma alta de 18%.

Em relação às exportações, os cremes de leite formaram a categoria de maior relevância, apresentando um aumento de 22% em relação a exportação do mês anterior. Porém, o maior avanço percentual no volume exportado ficou para o leite em pó integral, que apresentou uma expressiva alta mensal e configurou julho com o terceiro maior resultado mensal deste ano. O doce de leite, os queijos e o leite UHT também foram categorias que apresentaram avanços em suas exportações no último mês.

Por outro lado, outras categorias como o leite modificado (-100%), o leite em pó desnatado (-89%) e a manteiga (-69%) apresentaram expressivos recuos em suas exportações mensais.

As tabelas 1 e 2 mostram as principais movimentações do comércio internacional de lácteos nos meses de julho e junho de 2024.

Tabela 1. Balança comercial de lácteos em julho de 2024


Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.

Tabela 2. Balança comercial de lácteos em junho de 2024


Fonte: Elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados COMEXSTAT.

O que podemos esperar para os próximos meses?

Até o mês de junho os preços dos produtos importados seguiram sendo mais competitivos em relação aos produtos locais, porém, no mês de julho observamos o custo de aquisição dos principais derivados lácteos (leite em pó integral, leite em pó desnatado e muçarela) em um patamar mais próximo entre os importados e os locais, em decorrência de um recuo nos preços praticados no atacado brasileiro e do expressivo aumento na taxa de câmbio, mesmo diante de desvalorizações também observadas nos preços praticados no Mercosul.

Somado a isso, o mês de julho também deu início ao período sazonal de maior produção de leite na região Sul do país, aumentando a disponibilidade interna de leite. Dessa forma, esse cenário gera expectativas de que as importações possam apresentar recuos nos próximos meses, apesar de poderem ainda permanecer em patamares que são considerados elevados.

Isso porque apesar do recuo nas produções de leite dos nossos principais fornecedores, Argentina (-13% nos 6 primeiros meses de 2024 em relação ao mesmo período de 2023) e Uruguai (-4% no mesmo período), o consumo na Argentina também recuou fortemente neste ano, mantendo disponível volume para as suas exportações. Além disso, esses países também entram em período sazonal de crescimento na produção, aumentando sua disponibilidade de leite para as exportações ao Brasil.

Um ponto de atenção para os próximos meses é a provável chegada da La Niña, que a depender de sua intensidade, pode gerar dificuldades tanto na produção brasileira de leite como nas produções argentinas e uruguaias, seguiremos acompanhando. (MILKPOINT)

GDT: índice de preços em estabilidade

Os preços internacionais dos principais derivados lácteos apresentaram comportamentos diferentes entre as categorias lácteas no 361º leilão de lácteos da plataforma GDT, realizado no dia 06/08. O GDT Price Index (média ponderada dos produtos) ficou em US$ 3.680/tonelada, como mostra o gráfico 1, com um aumento de 0,5% em relação ao evento anterior.

Gráfico 1. Preço médio leilão GDT

As principais categorias acompanhadas e negociadas durante o evento apresentaram tanto oscilações positivas como negativas. Nesse cenário, o destaque ficou para a categoria do leite em pó integral, que voltou a avançar, obtendo uma valorização de 2,4%, sendo negociado na média de US$ 3.259/tonelada.

A muçarela também registrou alta, sendo negociada na média de US$ 4.580/tonelada, representando um aumento de 8,4%. Em relação às quedas, o leite em pó desnatado apresentou nova desvalorização de 2,7%, sendo negociado na média de US$ 2.539. Da mesma forma, a manteiga apresentou queda de 2,4% sendo negociado na média de US$ 6.489/tonelada.

Confira na Tabela 1 o preço médio dos derivados após a finalização do evento e a variação em relação ao evento anterior.

Tabela 1. Preço e variação do índice dos produtos negociados no leilão GDT em 06/08/2024.


Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2024.

No primeiro leilão de agosto, o volume negociado apresentou alta significativa. Com um total de 35.965 toneladas sendo negociadas, foi gerada uma alta de 56,7% em relação ao volume negociado no evento anterior, como mostra o gráfico 2.

Gráfico 2. Volumes negociados nos eventos do leilão GDT.


Fonte: Elaborado pela equipe MilkPoint Mercado com dados do Global Dairy Trade, 2024.

No mercado futuro de leite em pó integral na Bolsa de Valores da Nova Zelândia, as projeções indicam uma queda nos preços do leite em pó integral em comparação com os valores atuais, entretanto, com valores mais altos do que os contratos futuros realizados no mês passado, conforme mostrado no gráfico 3.

Gráfico 3. Contratos futuros de leite em pó integral (NZX Futures).


Fonte: NZX Futures, elaborado pelo MilkPoint Mercado, 2024.

E como os resultados do leilão GDT afetam o mercado brasileiro?

Vale destacar que o Brasil importa produtos lácteos principalmente da Argentina e Uruguai, que atualmente praticam preços acima do GDT. Isso se dá pela Tarifa Externa Comum (TEC), que chega a quase 30% para importações de fora do Mercosul.

As importações futuras brasileiras continuarão sendo influenciadas principalmente pela competitividade de preços entre os produtos importados e os produtos locais, além da disponibilidade dos nossos principais fornecedores internacionais de lácteos, a Argentina e o Uruguai.

Desta forma, destaca-se a forte crise econômica vivida na Argentina em 2024, a qual tem impactado de maneira direta o setor lácteo do país, forçando muitos produtores a cortarem a produção ou a buscarem capital adicional, sendo que muitos estão operando com prejuízo. Isso fez com que a produção recuasse 13% nos primeiros 6 meses do ano em relação ao mesmo período do ano  anterior, fazendo com que os preços aumentassem em razão dessa diminuição na produção. Vale ressaltar, que apesar da queda na produção, o aumento dos preços também contraiu o consumo, dessa forma mesmo com uma produção menor, a disponibilidade para a exportação se manteve em níveis semelhantes aos anteriores, o que tende a não impactar de maneira tão abrupta o mercado brasileiro.

Em relação à competitividade de preços, mesmo com o dólar em níveis elevados os produtos importados devem permanecer competitivos em relação aos preços praticados no Brasil – apesar dessa diferença entre o produto nacional e o importado atualmente ser menor do que o observado nos últimos meses. Os baixos níveis de preços no mercado internacional, como os observados no GDT, indicam que os vendedores do Mercosul devem continuar priorizando os envios ao Brasil. (MILKPOINT)


Jogo Rápido

Déficit de proteínas em idosos pode agravar quadros respiratórios no inverno
Leite e saúde – O diretor do Departamento de Nutrição da Universidade do Chile e do Comitê Científico de Lácteos, Rodrigo Valenzuela, alertou sobre as consequências do déficit de nutrientes essenciais, entre eles as proteínas, para populações de risco.O especialista – que é autor do livro “Lácteos, Nutrición y Salud”, que compila evidências recentes sobre a matéria – destacou que as pessoas idosas, muitas vezes por problemas econômicos, podem ingerir alimentos com menor teor proteico no lugar de ovos, carne e derivados do leite. Esta última categoria adquire relevância devido ao fato de que as populações consideradas prioritárias no país - idosos, crianças e adolescentes e gestantes - não consomem as três porções sugeridas pelas diretrizes alimentares do Ministério da Saúde. Leia na íntegra clicando aqui. (Fonte: Diario Lechero - Tradução livre: www.terraviva.com.br)


 
 
 

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