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10/07/2024

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 10 de julho de 2024                                                         Ano 18 - N° 4.176


Oferta menor e custo maior ao leite

A redução na oferta de leite e o aumento dos custos de produção amargados após a enchente começam a ser percebidos nos supermercados. A alta é evidenciada, principalmente, nos itens beneficiados.Conforme último Boletim de Preços do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa (Cileite), só a muçarela, em nível nacional, subiu 6,3% em junho, ante o mesmo mês do ano passado. Já o leite UHT subiu 3,7% no período.“No mercado consumidor, os repasses seguem ocorrendo, com varejistas buscando melhores margens", destaca o documento, que atribui parte do cenário à tragédia climática gaúcha.

Pasto não germina e insumos demoram a chegar ao campo

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva, relata que muitas vias seguem sem condições de trafegabilidade, tanto para a chegada dos insumos às propriedades como para a coleta da matéria-prima.

O custo ainda é onerado pela falta de estoques de comida para alimentar os planteis.

“A enchente levou o milho da silagem e a silagem que já estava pronta para esta época do ano”, diz Carlos Joel.

Com a terra encharcada tanto pela catástrofe como pela continuidade das chuvas, as novas pastagens, por sua vez, não germinam. E as que brotam não recebem luminosidade suficiente para crescer.

“O produtor não é o culpado. Tem que comprar alimento para o gado e isso tá saindo muito caro. Há uma dificuldade enorme para tratar os animais”, compartilha Silva.

Momento coincide com entressafra de leite no Brasil

Segundo o secretário-executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS), Darlan Palharini, o conjunto de desafios começa com a entressafra de leite no resto do país.

Como terceiro maior produtor nacional da matéria-prima, o Estado contribui com o abastecimento de regiões que, de maio a outubro, enfrentam a seca e a diminuição na oferta de leite e de lácteos.

“Esse período seria, justamente, o ápice da produção leiteira do RS, de Santa Catarina e do Paraná”, lembra o secretário-executivo.

Para os laticínios, os percalços logísticos ainda ampliam o tempo das viagens ao interior e aos centros de distribuição de lácteos. Entre os municípios que ainda apresentam dificuldades, o executivo cita Serafina Corrêa, Casca e os localizados no Vale do Taquari.

“Têm, ainda, muitas pontes ou estradas que estão intransitáveis, fazendo com que a gente tenha que aumentar a rota”, explica Palharini. (Correio do Povo)


Como a análise do solo vai ajudar na recuperação da terra fértil no RS

Equipes do Senar-RS estão a campo coletando amostras que vão apontar os caminhos para a reconstrução das áreas produtivas levadas pela água. Em propriedade no interior de Estrela, no Vale do Taquari, inundação deixou acúmulo de areia, lodo e matéria orgânica

Dentre as frentes que trabalham pela recuperação das áreas devastadas pela enchente no Rio Grande do Sul, uma força-tarefa de mais de 300 profissionais está a campo para elaborar um raio X da condição das terras produtivas no Estado. O objetivo é que o diagnóstico dos solos ajude no processo de reconstrução de áreas que tiveram suas camadas férteis totalmente arrancadas pela água.

Mais de 10 mil análises devem ser coletadas até o fim dos trabalhos, liderados por equipes do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS) e com apoio de técnicos do país todo. As amostras serão analisadas em laboratório da Universidade de Caxias do Sul (UCS), na Serra.

— É como um exame de sangue. Primeiro se faz a coleta, depois a análise laboratorial, a interpretação deste exame e então a recomendação do que precisará ser reposto — compara o superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli, sobre o trabalho que está sendo feito.

Com base na mancha de inundação identificada pela Embrapa, foram mapeados os 120 municípios com a piores condições de solo para se aprofundarem os estudos, integrando a chamada emergência em rota, onde os trabalhos estão concentrados.

São mais de 6 mil locais com dificuldades de solo identificados — estes os “no olho do furacão”, ou seja, onde as águas afetaram desde as lavouras até as casas dos produtores e todas as demais estruturas produtivas desses locais.

Em grande parte das áreas, além do que foi lavado pela água, há acúmulo de matéria orgânica e de sedimentos que vieram de outras regiões, represando nos locais.

O trabalho será fundamental para marcar o recomeço dos produtores na atividade, diz o coordenador da equipe de solos do Senar-RS, Diego Coimbra. Junto com colegas de equipe, o coordenador é um dos que percorre as áreas afetadas para demonstrar não só apoio técnico, mas também suporte emocional aos agricultores:

— Vamos interpretar (os resultados) com os nossos agrônomos e dar uma devolutiva para já providenciar alguma ajuda de correção. Enquanto pudermos, nós vamos ajudar. O que nos interessa é o produtor permanecer aqui.

“Coisa de filme”

Fincada no Vale do Taquari, epicentro das enchentes, a propriedade de Jorge Dienstmann, 52 anos, é uma das mais afetadas pelos últimos episódios climáticos. Em abril, a água acabou por arrastar o que recém havia sido recuperado das inundações de setembro e de novembro do ano passado. No evento mais recente, porém, o impacto sobre solos se mostrou ainda mais severo.

São pelo menos três situações visíveis no terreno da propriedade. Além das destruições em infraestrutura de galpões e aviários, há partes das lavouras que foram tomadas por areia depositada do Rio Taquari, outras com acúmulo denso de lodo e outras em que o solo foi totalmente lavado.

Técnico de campo do Senar, André Makio Kusano veio do Mato Grosso do Sul para auxiliar nas coletas de solo. Enquanto retirava as amostras de terra na área de Dienstmann, relatava com espanto o que via pelas propriedades visitadas:

— O impacto foi absurdo, coisa de filme. Só vendo de perto para acreditar.

Na quarta-feira (3), mais 15 colegas vindos de Estados como Mato Grosso, Alagoas e Goiás se juntaram ao grupo. Ao todo, 35 profissionais de fora do RS vão atuar no trabalho.

A esperança de recuperar a terra é para reerguer a produção. Antes da cheia, o local produzia 500 mil litros de leite e 500 mil aves ao ano. Com a devastação, Dienstmann diz que vai abandonar as atividades pecuárias e focar somente na agricultura. Ele espera estar com as terras prontas já para a próxima safra de verão, que começa a ser preparada ainda na primavera.

— A gente optou por parar (a pecuária) e tocar só com o grão. Somos a quarta geração nesta propriedade. Não era desta forma que era para parar... — lamenta o produtor.

O impacto sobre os solos

Estudo feito por pesquisadores da UFRGS e membros da Associação de Conservação de Solo e Água estima prejuízo de R$ 6 bilhões nas áreas devastadas.

Os danos calculados se dão em solos e nutrientes. A enxurrada atingiu, principalmente, a camada que concentra o maior acúmulo de matéria orgânica, e, portanto, a parte mais fértil desses terrenos. Recuperação das áreas vai exigir correção de solo e adaptação dos modelos produtivos. (Zero Hora)

 

Linha de R$ 15 bilhões do BNDES para empresários do RS será aprimorada, diz Nelson Barbosa

Crédito foi disponibilizado para empresas que estão localizadas em áreas diretamente afetadas pelas inundações, mas empreendedores do Estado reivindicam o atendimento estendido para os negócios afetados indiretamente

O diretor de Planejamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Nelson Barbosa, afirmou nesta quarta-feira (10) que os critérios para concessão do crédito emergencial de R$ 15 bilhões para o Rio Grande do Sul serão aprimorados.

O BNDES disponibilizou nesta quarta-feira as primeiras contratações do crédito emergencial para empresas gaúchas de todos os tamanhos, desde que localizadas em áreas diretamente afetadas pelas inundações. Empreendedores gaúchos, porém, reivindicam que o financiamento seja estendido para os negócios afetados indiretamente pela queda de arrecadação no Estado.

Segundo Barbosa, o critério geográfico segue mantido. Ele não descartou, porém, uma revisão por parte do governo federal. “A linha foi restrita inicialmente à mancha azul da inundação para priorizar os mais afetados. Isso é decisão de governo que vai ser monitorada e aprimorada com as demandas da população”, afirmou.

Barbosa conversou com jornalistas após uma reunião com governadores do Consórcio Brasil Verde, na sede da instituição, no Rio de Janeiro. Ele lembrou que a linha de R$ 15 bilhões, anunciada em 29 de maio, é destinada para a reconstrução do Estado.

O diretor do banco de fomento destacou que o BNDES já adotou outras medidas em prol do Sul, como a suspensão completa de pagamentos por 12 meses e o alongamento, pelo mesmo prazo, dos financiamentos para clientes de cidades gaúchas atingidas.

O crédito emergencial conta com três linhas de financiamento que oferecem condições especiais para os beneficiados. As taxas de juros variam de 0,6% a 0,9% e os prazos de pagamento são de até dez anos com previsão de períodos de carência. (Valor Economico)


Jogo Rápido

Reforma tributária: Relator fará novo parecer com trava para manter alíquota em 26,5%
Reginaldo Lopes (PT-MG) reitera que continuará de fora do texto a inclusão de carne na cesta básica. O relator do principal projeto de regulamentação da reforma tributária, Reginaldo Lopes (PT-MG), confirmou nesta quarta-feira (10) que apresentará um novo parecer com mudanças no texto. Ele, contudo, não quis cravar o horário que o novo documento será apresentado. A previsão é que o texto-base seja votado ainda hoje, no plenário da Câmara dos Deputados. Lopes confirmou que vai incluir no parecer uma trava para garantir que a alíquota padrão de referência da reforma fique em, no máximo, 26,5%, informação revelada pelo Valor nessa terça-feira (9). Ele disse que o dispositivo ainda está sendo desenhado, mas o Valor apurou que a intenção é que o governo faça um corte em itens se a alíquota ficar maior Com isso, a alíquota ficaria sempre em 26,5% ou menos, nunca maior que isso. O Valor apurou também que o valor da alíquota deverá constar no texto, ao contrário do projeto encaminhado pelo governo, que continha somente a metodologia de cálculo. Com isso, caso algum futuro governo queira aumentar a alíquota padrão, terá de aprovar no Congresso Nacional um projeto de lei complementar. O relator também confirmou que não vai atender ao pedido da bancada ruralista para incluir as carnes na cesta básica desonerada, que não paga imposto. Com isso, o tema será apreciado por meio de destaque. Pelo texto do governo, as carnes terão alíquota de 40% da padrão. (Valor Econômico)

 

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