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03/07/2024

Newsletter Sindilat_RS

Porto Alegre, 03 de julho de 2024                                                         Ano 18 - N° 4.171


Nota de conjuntura do mercado lácteo

Mercado lácteo - No mercado mundial a oferta de leite segue com baixo crescimento. A fraca demanda mundial por lácteos, especialmente com a redução das importações chinesas, tem contribuído para manter os preços de leite em pó relativamente mais baixos.

Segundo o International Farm Comparison Network (IFCN), em 2023 o indicador global de preço ao produtor oscilou ao redor do seu valor histórico de US$ 0,40/kg. A média de 2023 foi 25% inferior ao ano de 2022. Dentre as consequências dos preços mais baixos, houve redução de volumes produzidos nas principais regiões tradicionais exportadoras a partir do mês de julho de 2023, comparativamente a 2022.

Para 2024, observa-se uma recuperação nos preços das comodities lácteas. No período de novembro/2023 e junho/2024, o preço da manteiga teve aumento de 46%. Já no caso do leite em pó integral, essa elevação foi de apenas 15%. A expectativa é de que os preços internacionais continuem no ritmo moderado de crescimento nos próximos meses. No âmbito macroeconômico global, o cenário ainda segue adverso, com baixos crescimentos de PIB, altas taxas de inflação e juros, além de conflitos regionais.

No Brasil, em 2023 houve aumento de 2,9% na captação de leite. Da mesma forma, o primeiro trimestre de 2024 também registrou elevação na comparação com o mesmo período do ano passado.

O preço líquido do leite ao produtor (em valores corrigidos pelo IPCA para abril/2024), teve grande variação em 2023, com seu pico em abril, de R$ 3,00/L e seu ponto mais baixo, de R$2,02/L, em outubro. Desde então, houve importante valorização das cotações, atingindo R$ 2,46/L em abril/2024.

Em relação aos fatores de produção, os preços de insumos pagos pelos produtores, também têm registrado queda. O indicador de preço real da mistura com 70% de milho e 30% de farelo de soja, foi cotado a R$ 1,35/kg em abril, valor 24% abaixo de abril do ano passado. Nos últimos 12 meses até maio, o ICPLeite/Embrapa registrou queda de 3,5%, mostrando menor pressão de custo na comparação anual. Mas é importante ficar atendo, pois tanto a desvalorização cambial como encarecimento do frete internacional podem provocar alguma elevação nos custos.

Do ponto de vista do consumidor, embora os derivados lácteos tenham registrado aumento de preços nos últimos meses, as cotações ficaram abaixo da inflação. Os preços de lácteos no acumulado em 12 meses até maio/2024, recuaram 4,2%, enquanto a inflação, medida pelo IPCA, no mesmo período aumentou 3,9% (Figura 1). Portanto, o leite contribuiu para conter a inflação.

Um ponto de atenção refere-se às importações. Em 2024, de janeiro a maio, a importação total foi de 897 milhões de litros de leite equivalente, com alta de 5,5% sobre o mesmo período de 2023. Caso haja manutenção do volume de compras nos próximos meses, mais o início da safra de leite, o cenário pode se complicar um pouco.

Em síntese, as indicações para 2024 são de uma perspectiva um pouco melhor do que a observada no ano passado. O volume de captação de leite registrou elevação de 2,3% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, ajustado por dia útil. O preço ao produtor vem com tendência de recuperação nos últimos meses, possibilitando melhoria na rentabilidade das fazendas. Os custos de produção seguem mais baixos na comparação com o ano passado. Da mesma forma, os preços ao consumidor tiveram valorização inferior a inflação na comparação de 12 meses, contribuindo para melhores vendas. (Embrapa CILeite)


Agricultura familiar terá R$ 76 bilhões para produção de alimentos

Agricultura familiar terá R$ 76 bilhões para produção de alimentos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, nesta quarta-feira (3), o Plano Safra da Agricultura Familiar 2024/2025, com R$ 76 bilhões destinados ao crédito rural no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O valor é 6,2% superior ao anunciado na safra passada e o maior da série histórica.

“O plano safra exuberante pode não ser tudo que a gente precisa, mas é o melhor que a gente pode fazer”, disse Lula em discurso durante o evento no Palácio do Planalto. O presidente garantiu que o governo vai cuidar para que os produtores não tenham prejuízo e disse que é preciso incentivar a produção para reduzir a inflação dos alimentos.

“[Os preços dos alimentos] aumentam em função de determinadas intempéries, quando tem seca, quando chove demais. Então, a gente tem que incentivar as pessoas a plantarem o máximo possível e garantir que, na hora da colheita, a gente não vai deixar eles terem prejuízo porque plantaram demais. O governo tem que garantir um pagamento correto pra que aquelas pessoas possam fazer os seus produtos chegaram no supermercado”, disse Lula.

“Se a gente fizer isso, se a gente comprar as máquinas, produzir mais leite, mais queijo, plantar mais tomate, mais pepino, mais chuchu, não vai ter inflação de alimento. A inflação de alimento ela se dá quando a gente produz menos do que a demanda, que começa a ter escassez no supermercado e aí cada pessoa pede o preço que quiser. Mas a gente tiver produção correta, não faltará produto no supermercado, ninguém precisa aumentar o preço porque a gente vai ter excesso de comida nesse país”, acrescentou.

Segundo o governo, somadas outras ações anunciadas para a agricultura familiar, como financiamento de máquinas agrícolas de pequeno porte, a ampliação do microcrédito rural e a criação de fundos que ampliam o acesso ao crédito, o volume investido chega a R$ 85,7 bilhões.

O governo federal dará ainda mais incentivos a quem produzir alimentos que vão à mesa dos brasileiros e da biodiversidade. Cerca de dez linhas de financiamento de crédito rural do Pronaf tiveram redução de taxas. Para a produção orgânica, agroecológica e de produtos da sociobiodiversidade a taxa será de 2% no custeio e 3% no investimento. Quem produzir arroz, por exemplo, também encontrará juros reduzidos para o custeio, de 3%, no caso do convencional, e 2% no orgânico.

Neste plano safra, o governo ainda vem com uma nova estratégia nacional para ampliação da produção de arroz da agricultura familiar. São sete eixos principais: crédito, acompanhamento técnico, sementes, beneficiamento, comercialização e contratos de opção com o estabelecimento de um preço mínimo do produto.

O presidente pediu ainda que os sindicatos e organizações orientem os produtores sobre a existência dos créditos e programas e alertou que é preciso fiscalização para garantir que o dinheiro chegue na ponta.

Programa Ecoforte
Outro destaque do evento foi o lançamento do edital do programa Ecoforte para apoiar projetos de 40 redes de agroecologia, extrativismo e produção orgânica, cerca de 30 mil agricultores familiares. Serão destinados R$ 100 milhões para o programa, em projetos com valores entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões. O recursos são fruto de acordo de cooperação da Secretaria-Geral da Presidência e do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) com o BNDES e a Fundação Banco do Brasil.

Ainda, o governo lançou a iniciativa do Campo à Mesa, um edital de R$ 35 milhões para selecionar organizações da sociedade civil que fomentem sistemas de produção agroecológica. Outros dois editais lançados visam o fomento da organização produtiva e econômica de mulheres rurais: Quintais Produtivos, no valor de R$ 30 milhões, e Mulheres Rurais, de R$ 30,2 milhões.

Taxas reduzidas
Este Plano Safra da Agricultura Familiar tem taxas que variam de 0,5% a 6%, com redução para duas linhas de financiamento de custeio e oito de investimento.

As linhas de custeio do Pronaf reduzidas são para produtos da sociobiodiversidade como babaçu, jambu, castanha do Brasil e licuri, de 3% para 2%; e para produção de alimentos como feijão, arroz, mandioca, leite, frutas e verduras, de 4% para 3%.

Já as linhas de investimento que tiveram redução de 4% para 3% são: Pronaf Floresta, Pronaf Semiárido, Pronaf Jovem, Pronaf Agroecologia, Pronaf Bioeconomia, Pronaf Produtivo Orientado e Pronaf Mulher, para as agricultoras com renda familiar bruta anual de até R$ 100 mil.

O Pronaf Mais Alimentos ganhou uma sublinha de financiamento, com redução de 5% para 2,5% para compra de máquinas de pequeno porte. Também nessa linha, tiveram redução de 4% para 3% as atividades de aquisição e instalação de estruturas de cultivo protegido, inclusive equipamentos de automação, construção de silos, ampliação e construção de armazéns e câmaras frias destinados à guarda de grãos, frutas, tubérculos, bulbos, hortaliças e fibras, aquisição de tanques de resfriamento de leite e ordenhadeiras, aquicultura e pesca.

Mecanização
Outro destaque é a linha de crédito para aquisição de máquinas e implementos agrícolas de pequeno porte, específicos para a agricultura familiar, no âmbito do Programa Mais Alimentos. Os juros serão de 2,5%, metade da taxa de juros praticada no programa, para financiamento de máquinas de até R$ 50 mil, como microtratores, motocultivadores e roçadeiras. A linha é destinada à família com renda anual de até R$ 100 mil.

Ao todo, o Mais Alimentos deve destinar R$ 12 bilhões entre recursos equalizados e dos fundos constitucionais para compra de máquinas para a agricultura familiar nesta safra.

Para as máquinas de maior porte, incluindo tratores de até 70 cavalos de potência, o limite será de R$ 250 mil com 5% de juros e 7 anos para pagar.

Microcrédito
As famílias agricultoras de baixa renda, com renda até R$ 50 mil por ano, poderão acessar até R$ 35 mil pelo Pronaf B (Agroamigo ou microcrédito rural), a linha com taxa de juros de 0,5% e desconto de até 40% para quem paga em dia. A ampliação de limite de crédito para as famílias passou de R$ 10 mil para R$ 12 mil e, para as mulheres, de R$ 12 mil para R$ 15 mil.

Uma novidade é a criação de um limite independente para jovens rurais no Pronaf B, no valor de R$ 8 mil. “Dessa forma, a juventude poderá desenvolver projetos produtivos específicos, incentivando a autonomia e a permanência do jovem no campo”, argumentou o governo.

Garantia e cooperativismo
A agricultura familiar também será incluída em três fundos garantidores da União. O governo enviará projeto de lei para apreciação do Congresso para permitir a inclusão dos agricultores familiares e suas cooperativas no Fundo de Garantia de Operações (FGO) para a cobertura das operações contratadas no âmbito do Pronaf.

O FGO é um instrumento financeiro para reduzir riscos para as instituições financeiras e facilitar o acesso ao crédito, especialmente para pequenos produtores que enfrentam dificuldades em oferecer garantias reais. O texto do projeto autoriza o aumento de aporte no fundo por parte da União, bem como explicita os detalhes de como o aporte adicional será implementado nos próximos anos.

No caso das cooperativas da agricultura familiar, elas já poderão contar com a garantia do Fundo de Amparo às Micros e Pequenas Empresas do Sebrae e do Fundo Garantidor para Investimentos do BNDES.

Além da nova cobertura pelos fundos garantidores, as cooperativas também passarão a contar com um programa de fortalecimento, o Coopera Mais Brasil. Para 2024, está previsto o investimento de R$ 55 milhões para o apoio à gestão de 700 cooperativas.

O objetivo principal do governo é fomentar a organização coletiva dos agricultores familiares por meio do fortalecimento das cooperativas, associações e empreendimentos solidários. Entre as principais ações do programa estão o crédito facilitado, o acesso aos fundos garantidores e a assistência técnica para melhoria da gestão das cooperativas e acesso aos mercados.

“O programa irá estruturar e modernizar a gestão dos grupos organizados da produção familiar, estimular a agroindustrialização e impulsionar as práticas de comércio justo e solidário e as redes e arranjos produtivos locais”, explicou o governo.

Acesso à terra
Ainda, o governo disponibilizou recursos para regularização fundiária de imóveis rurais, incluindo todas as etapas do processo, como despesas com serviços de georreferenciamento, tributos, emolumentos e custas cartoriais. O limite de financiamento será de R$ 10 mil, com taxa de juros de 6% e 10 anos para pagamento, com 3 anos de carência.

Durante o evento, Lula também assinou o decreto que institui o Programa Nacional de Florestas Produtivas. O objetivo é recuperar áreas que foram alteradas ou degradadas para fins produtivos, com vistas à adequação e à regularização ambiental da agricultura familiar e à ampliação da capacidade de produção de alimentos saudáveis e de produtos da sociobiodiversidade.

Rio Grande do Sul
Outro decreto assinado altera os limites de aquisição de agricultores familiares e suas organizações no PAA Compra Direta em situações de calamidade, inicialmente para atender o Rio Grande do Sul, e ampliado para outros casos de calamidade. A medida facilita a aquisição para atender demandas emergenciais, como as Cozinhas Solidárias.

Entre as alterações do regulamento estão os limites das modalidades de Compra com Doação e Simultânea e Compra Direta de R$ 15 mil para R$ 30 mil por unidade familiar, por ano, desde que por tempo determinado e para atendimento de situações especiais ou emergenciais, devidamente reconhecidas. No caso de organizações fornecedoras, os limites passarão de R$ 1,5 milhão para R$ 6 milhões.

A medida também faz a suspensão excepcional, até 31 de dezembro de 2024, da aplicação dos limites para a modalidade Compra Direta, nas aquisições de alimentos destinadas ao atendimento das famílias afetadas pela calamidade pública no estado do Rio Grande do Sul.

Agronegócio
Complementando os valores para o setor rural, na tarde de hoje, Lula vai anunciar o Plano Safra 2024/2025 para o agronegócio, com R$ 400 bilhões para o financiamento da agricultura e da pecuária empresarial no país. (Agência Brasil)

 

La Niña deve chegar ao RS no fim do inverno e início da primavera

A tendência atual de esfriamento no Oceano Pacífico deve evoluir para um fenômeno La Niña nos próximos meses, especialmente a partir da segunda metade do inverno e decorrer da primavera. É o que prevê o Boletim trimestral do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), coordenado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). As previsões apresentadas pelo boletim são baseadas no modelo estatístico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

A previsão trimestral indica chuvas ainda acima da média em julho e agosto no norte e parte do centro-leste do Estado, especialmente na faixa nordeste, área mais provável à ocorrência de chuvas volumosas. Demais áreas do sul e oeste com chuva irregulares, próximas da média, com probabilidade de ficar ligeiramente abaixo da média entre o sul oeste, especialmente em agosto.

Para setembro, as chuvas ficam próximas da média na maioria das regiões do Rio Grande do Sul, podendo ficar ligeiramente abaixo no sul do Estado. Pontualmente, devido à passagem de sistemas frontais, ainda há risco de chuva forte localizada.

No trimestre, as entradas de massas de ar de origem polar devem ser frequentes, intercaladas com períodos de aquecimento. Portanto, ondas de calor se alternado com ondas de frio são prováveis. Em média, as anomalias de temperatura devem ficar ligeiramente abaixo do normal no sul e oeste, enquanto as anomalias ligeiramente acima da média devem se concentrar mais no extremo norte-nordeste do estado.

Há chance maior de geadas no Estado em todo o trimestre, tanto em julho e agosto, quanto em setembro, com a possibilidade de ocorrência de geada tardia.

O boletim do Copaaergs é elaborado a cada três meses por especialistas em Agrometeorologia de 14 entidades estaduais e federais ligadas à agricultura ou ao clima. O documento também lista uma série de orientações técnicas para as culturas do período. (Seapi)


Jogo Rápido

Nigéria amplia comércio com o Brasil e favorece setor leiteiro
Após análise das questões sanitárias, a Nigéria autorizou a exportação de leite e derivados do Brasil. Uma outra boa notícia para a pecuária nacional é o embarque de bovinos e bubalinos vivos para reprodução por lá. Para analisar as oportunidades do setor com a abertura deste mercado internacional, ouvimos Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindilat-RS. Assista aqui. (AgroMais via youtube) 

 

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