Porto Alegre, 24 de janeiro de 2024 Ano 18 - N° 4.072
Remanejo de recursos do Plano Safra traz alívio parcial ao setor do leite
Ministério da Fazenda liberou R$ 707 milhões para linha de crédito emergencial voltada a cooperativas
Sufocado por uma crise histórica que se acentuou em 2023, o setor de leite começou 2024 com sinalizações que podem dar fôlego à cadeia produtiva. Trata-se de um remanejo de R$ 707 milhões do Plano Safra 2023/2024, anunciado pelo Ministério da Fazenda, para encorpar linha de crédito emergencial de capital de giro voltada a cooperativas de produtores de leite.
Apesar de aguardado, o recurso não é suficiente. Na avaliação da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do RS (Fetag), que representa o setor primário do Estado, a medida pode trazer apenas "alívio parcial" no bolso do produtor.
À coluna, o vice-presidente da Fetag-RS, Eugênio Zanetti, reconheceu a medida como "importante", mas ponderou que estaria "longe de resolver o problema":
— É uma linha já existente. O que está sendo feito de diferente é colocar mais crédito no Procap. Isso vai ajudar as cooperativas, mas não sabemos se vai reverter em aumento no preço pago pelo leite ao produtor.
Em nome das indústrias gaúchas do setor, o Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS) manifestou posicionamento similar. Em nota, reconheceu ser positiva a iniciativa, mas reivindicou que "o benefício se estenda também para as demais empresas que não operam em sistema cooperativo, uma vez que também foram prejudicadas pela entrada de grandes volumes de leite importado, principalmente do Mercosul".
Em alta pelo terceiro mês consecutivo, as importações brasileiras de derivados lácteos fecharam dezembro com o maior volume desde setembro de 2016, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP). No acumulado de 2023, as compras bateram recorde da série histórica da Secex, somando 2,25 bilhões de litros em equivalente leite. O aumento é de 68,8% em relação a 2022. O principal derivado lácteo adquirido pelo Brasil no ano passado foi o leite em pó.
Ainda conforme o Sindilat-RS, atualmente, mais da metade do leite captado no Brasil é vendido para empresas privadas não cooperativas.
Chamada de Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias (Procap-Agro Giro) Faixa 2, a linha busca socorrer os produtores afetados pelo baixo preço do leite. Até 30 de junho, eles poderão contrair empréstimos de 8% ao ano e 60 parcelas, com carência de 24 meses para o pagamento da primeira.
O capital de giro às cooperativas fazia parte de uma série de demandas do setor produtivo para amenizar a crise da atividade. No entanto, para Zanetti, as importações são o que mais preocupam a viabilidade da cadeia produtiva.
Preocupada com esse cenário, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), da qual a Fetag-RS faz parte, realizou uma reunião nos últimos dias. Nela, ficou acordado que será solicitado uma agenda com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, para que seja revisto o acordo com o Mercosul de importações e que haja um subsídio por parte do governo federal na produção de leite brasileira.
A criação da linha de crédito pelo Ministério da Fazenda foi aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em dezembro. Duas instituições financeiras, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Brasil, vão operar os financiamentos. O BNDES terá R$ 507,485 milhões para emprestar e o Banco do Brasil, R$ 200 milhões. (GZH)
Secretaria da Agricultura está com inscrições abertas para Mestrado em Saúde Animal
As inscrições para o processo seletivo da próxima turma de mestrado do Programa de Pós-graduação em Saúde Animal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) estão abertas e vão até 9 de fevereiro. São oferecidas 13 vagas, divididas em 13 áreas de atuação. O início das aulas será em abril, em data a ser definida.
As inscrições, gratuitas, podem ser feitas neste link. O processo seletivo será composto por entrevista técnica, e o resultado final deve ser divulgado até 20 de março de 2024.
O curso é gratuito, ministrado no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Saúde Animal Desidério Finamor (IPVDF), em Eldorado do Sul, vinculado ao Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Seapi. Todos os detalhes do processo seletivo estão dispostos no edital de seleção PPGSA 2024.
O Mestrado em Saúde Animal é direcionado a graduados das áreas de ciências agrárias, biológicas, biomédicas ou ambientais, com o objetivo de capacitar, atualizar e aprimorar esses profissionais em aspectos científicos e tecnológicos da área de saúde de animais de produção, focando nas demandas das principais cadeias produtivas da pecuária gaúcha. Para isso, os mestrandos poderão contar com a estrutura e a experiência do IPVDF, há mais de 70 anos uma referência mundial em pesquisa e diagnóstico, além de ser laboratório oficial do governo do Estado para os programas de defesa sanitária animal.
Mais informações disponíveis na página do Programa: www.agricultura.rs.gov.br/ppgsa
Calendário
Inscrições: 2 de janeiro a 9 de fevereiro de 2024
Divulgação das inscrições homologadas e horários das entrevistas (por e-mail): até 23 de fevereiro de 2024
Período de entrevistas (processo seletivo): de 26 de fevereiro a 08 de março de 2024
Divulgação do resultado: até 18 de março de 2024
Prazo para recursos: até 24 horas após a divulgação do resultado
Divulgação final dos selecionados: até 20 de março de 2024
Matrícula: 21 a 28 de março de 2024
Início das aulas: Abril de 2024 (data a definir)
As informações são da SEAPI
Leite/Europa
A produção de leite na Europa Ocidental começou o ano com a expectativa de crescimento sazonal. Fontes da indústria alemã relataram que a produção na primeira semana do ano aumentou 1,3% em relação à última semana de 2023.
No entanto, em comparação com o ano anterior, a produção de leite na primeira semana de janeiro foi 1,4% menor na Alemanha, e 1,8% na França. Além disso, Alemanha, Holanda e França relataram queda na produção de leite nos meses de outubro e novembro de 2023 em comparação com os mesmos meses de 2022, sugerindo que houve uma desaceleração da produção de leite no final do ano. De acordo com o site CLAL, a produção de leite na União Europeia (UE) no mês de novembro de 2023 foi estimada em 10.924.000 toneladas, com queda de 2,3% na comparação interanual. No acumulado do ano, até novembro, a produção esperada é de 133.235.000 toneladas, com aumento de 0,1% em relação a janeiro-novembro de 2022. Entre os principais países produtores da Europa Ocidental, as produções e variações percentuais foram: Alemanha, 29.773.000 toneladas (+1,7%); França, 21.444.000 toneladas (-2,9%); e Holanda, 12.750.000 toneladas (+1,2%). A projeção da produção de leite de vaca em novembro de 2023, no Reino Unido, é de 1.197.600 toneladas, queda de 2,5% em relação a novembro de 2022. No acumulado do ano, janeiro a novembro de 2023, a captação esperada é de 14.059.000 toneladas, 0,1% a mais em relação ao mesmo período de 2022.
Os protestos dos agricultores pelo aumento dos impostos e o corte de subsídios governamentais complicaram a logística de transporte na Alemanha na última semana, provocando enormes engarrafamentos. O governo alemão luta para encontrar uma solução, enquanto trabalha para equilibrar o orçamento federal.
Preliminarmente a produção de leite de novembro de 2023 sugere a continuidade da tendência de alta, em alguns países do Leste Europeu, e outros relataram declínio. De acordo com o site CLAL, os dados disponibilidades indicam que de janeiro a novembro de 2023 a produção e variação percentual em relação ao mesmo período de 2022 são: Polônia, 11.906.000 toneladas, (+1,6%); República Checa, 2.955.000 toneladas (+1,5%); e Hungria, 1.503.000 toneladas, (-3,8%). Embora a produção de leite na Hungria tenha ficado, sistematicamente abaixo, na comparação interanual, em todos os meses do ano, as produções da Polônia e República Checa, ao contrário, mostraram alta interanual consistente no ano todo. Informações online relatam que em novembro a produção de leite na Ucrânia foi de 500.000 toneladas, queda em relação às 565.000 toneladas de novembro de 2022, e de 625.000 toneladas em novembro de 2021. A indústria de laticínios ucraniana está diante de pressões econômicas, incluindo perdas de terras produtivas, de mercado e capacidade de processamento, desde que foi iniciado o conflito com a Rússia, dois anos atrás.
Jogo Rápido
EUA - Aumentam as vendas de leite integral e sem lactose e cai as de alternativas vegetais
Vendas/EUA - De acordo com dados da Circana, divulgados pela Federação Nacional dos Produtores de Leite (NMPF), as vendas de leite integral no varejo atingiram 8 milhões de galões, em 2023, o que representou aumento de 0,6%, em relação ao ano anterior, enquanto as vendas de leite sem lactose cresceram 6,7% na mesma comparação. Alan Bjerga, vice-presidente de comunicações e relações com a indústria da NMPF, disse que 2024 deverá ser um ano promissor para os leites integral e sem lactose. “Como, de um modo geral, as vendas de leite fluido declinaram, o leite integral agora corresponde a 45,4% do volume total de leite fluido vendido, tornando-se o segmento mais popular”, disse ele, acrescentando que o leite sem lactose, em particular, ultrapassou o volume das vendas de alternativas vegetais, como as bebidas de amêndoa que diminuíram 9,8% em 2023, de acordo com a mesma pesquisa. “A redução das vendas das bebidas de amêndoas reflete o comportamento das alternativas vegetais, que registram o segundo ano consecutivo de queda nas vendas. Os consumidores rejeitam o que consideram alegações enganosas de que as bebidas vegetais são substitutos reais aos laticinios”, afirmou. As vendas de alternativas vegetais caíram 6,6%, o que representou 337,7 milhões de galões em 2023. Este também foi o menor nível de consumo de alternativas vegetais, desde 2019, de acordo com a NMPF. “Em um momento de desafios para a indústria, o que o desempenho dos leites integral e sem lactose pode nos dizer? Mostra que, apesar de toda proliferação de alternativas, os consumidores preferem leite mais parecido com leite, em sabor e composição. Eles também gostam de leite acessível com todos os seus benefícios. Qualidade e diversidade são construções promissoras para um futuro próximo. Isso é o que os lácteos podem oferecer, e este ano, o que os consumidores estão escolhendo pode orientar melhor as políticas federais”, acrescentou Bjerga. De acordo com a Mintel, alternativas de amêndoas são as mais consumidas nos Estados Unidos da América (EUA), e 2 de 5 consumidores a adquiriram em 2023. A participação das bebidas de aveia, coco e soja foi idêntica, entre 15 e 20% dos consumidores, em 2023. A Mintel relata que 2 em cada 5 pessoas com mais de 55 anos têm a percepção de que as bebidas vegetais são mais nutritivas, e apenas 1 em cada 5 considera que o leite é mais rico, embora dois terços dos consumidores mais velhos bebam lácteos por estarem mais habituados a eles. “As marcas de laticínios têm a oportunidade de capitalizar a lealdade extrema da Geração X e reafirmá-la, impulsionando a forma como seus produtos comercializam os benefícios do leite para a saúde”, diz a Mintel. (Fonte: Mintel - Tradução Livre: www.terraviva.com.br)