Porto Alegre, 02 de agosto de 2023 Ano 17 - N° 3.957
15ª edição do Fórum MilkPoint Mercado abordou cenários de mercado e o futuro da cadeia láctea
Com o tema "O mercado de lácteos no Brasil: o desafio está posto; como se preparar?", a 15ª edição do Fórum MilkPoint Mercado aconteceu neste 1º de agosto, em Goiânia-GO, reunindo as principais mentes do setor lácteo brasileiro para debater sobre o futuro do mercado lácteo.
O primeiro bloco trouxe os cenários de mercado, e contou com a participação de palestrantes debatendo sobre importações, adoção de tecnologias, mercado de grãos, tendências de consumo e sustentabilidade.
Durante a primeira palestra, Vitor Vieira, do grupo Interfood, trouxe o tema “Tendências para o mercado Internacional de leite para o restante de 2023 e início de 2024”, e pontuou sobre a tendência global de produção de leite, com destaque para o aumento da produção nos Estados Unidos e queda na América do Sul.
Vitor também falou sobre a importância da demanda chinesa no mercado internacional de lácteos, e sua recente tendência de alta na captação interna de leite e aumento na produção de leite em pó, diminuindo assim sua demanda através das importações, pontuando que “se os níveis de produção e estoques da China continuarem altos e a economia chinesa não apresentar crescimento, haverá uma contínua pressão de queda nos preços do GDT”.
Sobre a situação brasileira, Vitor completou que “se o consumo [no Brasil] continuar fraco e as importações desacelerarem, pode ser que Argentina e Uruguai não tenham onde colocar esse leite e os preços [do Mercosul] continuem baixando”.
Na segunda palestra do dia, Leonardo Araújo, Gerente Comercial B2B da Rúmina, trouxe como tema “A adoção de tecnologia como resposta às pressões de competitividade na indústria de laticínios” e tratou de questionamentos como “qual a o papel da indústria de laticínios na implementação de tecnologia na cadeia” e “quanto de contato de influencia o laticínio tem como o produtor de leite”, pontuando que a participação da indústria para a adoção de tecnologias é de suma importância para toda a cadeia.
Segundo Leonardo, “a adoção de tecnologias precisa começar rápido, aqui está a chave do negócio”. Leonardo também trouxe algumas respostas desenvolvidas pela Rúmina para responder a esses questionamentos, como tecnologias de gestão e controle de qualidade de leite e disponibilidade de crédito.
O palestrante finalizou sua apresentação concluindo que “a tecnologia muda rápido, sabemos disso, mas é uma escalada. Acreditamos que temos que começar rápido, para não perder essa primeira fase de adoção”.
Na sequência, Leonardo Machado, Assessor Técnico da FAEG, abordou a seguinte temática: “Nova safra do milho e da soja – o que esperar para os preços e custos para o produtor de leite?”, falando sobre o recente aumento da volatilidade de preços do milho e da soja, associada a diferentes fatores, como a pandemia de Covid-19, a invasão da Rússia à Ucrânia, e as recentes variações de produção e área destinada aos cultivos na safra estado-unidense. Leonardo também falou sobre a influência do El Nino sobre a próxima safra, pontuando que “nesta safra o El Nino será presente daqui para frente, um El Nino forte, com aumento de chuvas na região Sul e seca na região Norte, [...] o El Nino pode modificar muito a tendência de preços da safra 2023/24”.
A quarta palestra do bloco abordou “Como tem evoluído as vendas de lácteos em 2023 e quais as perspectivas do mercado para o restante do ano?”, com dados da Scanntech Brasil, trazidos através de sua Diretora de Marketing, Priscila Ariani. Priscila abordou os principais fatores relacionados ao consumo em 2023, como maior nível de famílias endividadas, alto custo de capital, crescimento do PIB acima do esperado (com a economia começando a dar sinais positivos), aumento da renda média e menor taxa de desemprego, ou seja, mostrando que tem fatores impulsionando o consumo, mas tem fatores ainda arrastando as vendas no varejo, “cenário macro melhorando mas ainda não gerando tanta força no consumo”, como abordou Priscila.
A palestrante concluiu que, sobre o varejo, a diminuição da inflação vem puxando o volume consumido neste momento, mas o faturamento do setor permanece sem crescimento no curto prazo.
Na quinta palestra, o Diretor da Labor Rural, Christiano Nascif, falou sobre o tema “Promovendo o verde com sustentabilidade econômica”. Segundo Christiano, “não adianta um produtor trabalhar, uma empresa trabalhar, [a sustentabilidade] é um problema coletivo e a solução deve ser coletiva”.
O palestrante enfatizou que ao mostrar a possibilidade de ganhos financeiros com a adoção de práticas sustentáveis, é possível acelerar esse processo, Christiano também pontuou que “emitir menos CO2 leva mais rentabilidade ao produtor”, mostrando que propriedades menos emissoras de CO2 tem menor área destinada a atividades, maior unidade produtora de leite (vacas em lactação/vacas total), maior produção por vacas em lactação e maior produção por área destinada a atividade. Christiano concluiu que “a mensuração de carbono é essencial para desacelerar o aquecimento global, melhorar a qualidade de vida do planeta, reduzir a pegada de carbono e garantir a sustentabilidade dos sistemas”.
Na última palestra do bloco, com o tema “Cenários para o mercado brasileiro de leite e derivados”, Valter Galan, Diretor Técnico e de Novos Negócios na MilkPoint Ventures trouxe os principais pontos da oferta e demanda que têm sido observados em 2023. Do lado da oferta, Valter pontuou sobre uma produção de leite, que não apresentou crescimento em relação a 2022, e uma disponibilidade de leite muito elevada, principalmente por conta das importações, também em relação a 2022.
Já do lado da demanda, o palestrante falou sobre uma economia que performa um pouco melhor quando comparado ao ano passado e os recentes sinais de queda nos preços praticados no varejo, o que pode gerar um estímulo no consumo.
Para finalizar os cenários de mercado, Valter trouxe as principais perspectivas em relação a 2024, como uma expectativa de inflação mais baixa, PIB com crescimento moderado mas com melhor sensação econômica, juros menores, inflação menor e ambiente mais favorável ao consumo, reforçando que provavelmente o ano inicia com a rentabilidade ao produtor em um patamar melhor do que 2023 iniciou, e com importações possivelmente ainda competitivas.
O 15º Fórum MilkPoint Mercado ocorreu de forma híbrida, contando com participantes presenciais e virtuais no evento, e procedeu a 21ª edição do Interleite Brasil, que também acontecerá em Goiânia nos dias 2 e 3 de agosto de 2023. (Milkpoint)
"Trégua" à espera de ações que diluam a crise no setor de leite
Depois da mobilização em Porto Xavier, na fronteira do Estado com a vizinha Argentina, produtores de leite oferecem uma "trégua" temporária. Com prazo para acabar: 30 dias. Essa foi a decisão dos agricultores presentes no protesto - cerca de 1,8 mil, segundo a Federação dos Trabalhadores. E veio a partir do aceno de novas articulações que podem dar respostas às demandas apresentadas para estancar a crise na atividade.
Um dos pontos solicitados, a formação de estoques via Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), esteve em pauta de reunião interministerial na tarde de ontem. Presidente da autarquia, Edegar Pretto disse à coluna que o "governo está focado em encontrar saídas" e "anunciará em breve as ações para todo o país". O dirigente informou que "a Conab pode e está preparada para realizar a compra pública do leite".
- A assembleia (com os produtores) deu 30 dias e, se o governo não avançar, retomam as mobilizações - afirmou Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária da Assembleia Legislativa do RS, Elton Weber, esteve na mobilização e resumiu:
- O agricultor não quer esmola, quer condições iguais para produzir.
A fala chama a atenção para uma das grandes preocupações do momento para produtores de leite: o aumento expressivo das importações do Mercosul. Com custos mais baixos e subsídios do governo, os países do bloco conseguem ter um valor "imbatível". O resultado aparece nos dados de importação. De janeiro a junho, o volume de lácteos em geral comprado de Argentina, Uruguai e Paraguai somou 137,17 mil toneladas, um acréscimo de 283% sobre igual período do ano passado.
O pedido é para que a União tente restringir essa entrada. Ou via taxação, o que parece pouco provável, ou por políticas de estímulo à produção. Angelo Sartor, diretor tesoureiro do Sindilat, acrescentou:
- Estamos carentes de ações específicas que busquem a retenção do produtor no campo e a operação de tradicionais indústrias de lácteos.
Outra reivindicação é para que haja mudanças nas regras dos financiamentos do Pronaf. Uma reunião agendada para hoje, com o Banco Central e presença de representantes da Contag e do presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar, Heitor Schuch, vai debater o tema. (Zero Hora)
Leite/Europa
A produção de leite na Europa permanece dentro dos padrões sazonais. E, embora a captação semanal esteja dentro da tendência de queda, chuvas recentes e temperaturas mais amenas melhoraram o conforto animal, e reduziram o percentual de perda em algumas regiões. Informantes do Norte Europeu disseram que melhores condições climáticas forneceram aos produtores um primeiro e um segundo corte de forragens de boa qualidade e em quantidade confortável.
O Sul da Europa, no entanto, enfrenta calor e seca, que limitam as forragens e consequentemente o volume de leite. De acordo com o site CLAL, no mês de maio de 2023, o volume de leite de vaca recebido pelas indústrias foi estimado em 13,3 milhões de toneladas, um aumento de 0,6% em relação ao mesmo mês de 2022. No acumulado do ano, até maio, o volume estimado é de 62 milhões de toneladas, o que corresponde ao crescimento de 0,7% na comparação com a produção de janeiro a maio do ano passado. Entre alguns dos principais produtores de leite da UE, o volume entregue e a variação percentual de janeiro a maio de 2023, em comparação com o mesmo período de 2022 foram: Alemanha, 13,8 milhões de toneladas (+2,7%); França, 10,3 milhões toneladas (-2,1%); e Holanda, 5,9 milhões toneladas (+3,4%). No Reino Unido, as informações preliminares indicam produção de 1,4 milhões toneladas em maio de 2023, um volume idêntico ao do ano anterior. No acumulado, de janeiro a maio, a variação em relação ao ano passado foi de + 0,8%, correspondente a 6,6 milhões de toneladas de leite.
O mercado europeu de produtos lácteos está calmo, já que a maioria da população tira férias de verão. Analistas do mercado dizem que o preço ao consumidor está relativamente elevado e as viagens limitam a demanda normal de manteiga e outros ingredientes lácteos. O queijo tem demanda firme pelo menos no setor de food service em destinos turísticos. Com a captação acima das expectativas, grandes estoques e a demanda relativamente calma, os observadores não acreditam que possa haver qualquer recuperação de preços antes do final do verão. E nestas condições, o preço do leite ao produtor volta a ficar sob pressão.
A captação de leite na Europa Oriental diminui dentro dos padrões sazonais, mas, em alguns países há registro de crescimento interanual. Em maio de 2023, a captação de leite na Polônia foi de 1,1 milhão de toneladas, crescendo 3,7% em relação a maio de 2022. E, de acordo com o site CLAL, no acumulado do ano a Polônia chegou a 5,4 milhões de toneladas de leite, o que corresponde a um aumento de 1,5% em comparação com o mesmo período de 2022. (Fonte: Usda – Tradução Livre: Terra Viva)
Jogo Rápido
Bovinocultura de Leite será tema de seminário em Gaurama
A Bovinocultura de Leite será tema do Seminário Leite que acontece em Gaurama, no dia 9 de agosto, promovido pela Emater/RS-Ascar, por meio do Escritório Municipal de Gaurama e Prefeitura, com a parceria de diversas empresas e cooperativas. A atividade acontece no salão paroquial, com abertura às 8h30, com a participação do assistente técnico regional, Vilmar Fruscalso, de lideranças e convidados. Produção a pasto e confinado e Irrigação das pastagens serão os temas das palestras dos extensionistas e agrônomos da Emater/RS-Ascar, Oberdan Scolari e Bruno Utermoehl. O diretor comercial da empresa Delfos Solar, Tammer Teixeira, falará sobre Energia Fotovoltaica e o gerente Agro da agência do Sicredi de Gaurama, Diogo Andre Ody, vai expor sobre linhas de crédito para a atividade leiteira. O evento encerra com almoço, programado para as 12h30. (Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional de Erechim)