Porto Alegre, 23 de março de 2023 Ano 17 - N° 3.866
O 14º Fórum MilkPoint Mercado está sendo realizado hoje (22/03), em Campinas-SP, com o tema central: Competitividade da Cadeia Láctea Brasileira.O evento reúne empresas e agentes do setor para discutir as principais questões relacionadas ao mercado de lácteos no Brasil. Com palestras, painéis e debates, o fórum busca trazer novas perspectivas e soluções para os desafios enfrentados pelos diferentes elos da cadeia produtiva do leite.O primeiro bloco do evento discutiu os cenários do mercado para 2023, analisando as perspectivas para economia, mercado brasileiro de lácteos e mercado internacional. Na primeira palestra, Luiz Otávio Leal, Economista Chefe do Banco Alfa, evidenciou os primeiros sinais da economia brasileira em 2023.Falando de economia mundial, a inflação norte-americana segue sendo um dos principais pontos de alerta para a economia mundial, que deverá colaborar para uma possível recessão econômica global.Além das preocupações com a inflação, a quebra do Silicon Valley Bank - a maior quebra de um banco dos Estados Unidos desde 2008 - trouxe mais um ponto preocupante ao mercado. Frente ao cenário desafiador de inflação e crise dos bancos, o FED (banco central dos Estados Unidos) deverá elevar mais uma vez a taxa de juros norte-americana - o que esfria ainda mais a economia mundial.
Falando do Brasil, a perspectiva para 2023 é de um menor crescimento da economia. A taxa de juros elevada, menor perspectiva de geração de novos empregos e elevado índice de endividamento das famílias indicam um cenário menos favorável para este ano.
Na sequência, Mario Ruggiero, trouxe os resultados avaliados pela Scanntech para o consumo de lácteos em 2022 e o que os indicadores mostram neste início de ano.
Mario mostrou que em 2022 o grupo de lácteos passou por forte elevação de preços, consequentemente, acarretando em diminuição de volume de vendas no comparativo anual para grande parte das categorias. Apesar da retração do consumo para maioria das categorias de lácteos, os queijos se destacaram - com elevação de preços e crescimento da quantidade de vendas.
Além dos queijos, as misturas lácteas também se destacaram. Neste momento de inflação de lácteos e renda das famílias mais comprometidas, as misturas lácteas (que tendem a ter preços inferiores às categorias tradicionais) têm ganhado mais espaço nas compras dos consumidores.
Mario também destacou a importância das estratégias das empresas para posicionamento de seus produtos nos pontos de vendas, visando otimizar as margens e market share (por categoria e por região).
Na terceira palestra do bloco, Andrés Padilla, Analista Sênior do Rabobank Brasil, discorreu sobre o que o mercado internacional de lácteos sinaliza para 2023. Assim como discutido por Luiz Otávio, na primeira palestra, Andrés também falou sobre os desafios para economia global e as perspectivas de recessão econômica no mundo - esfriando o consumo global.
Do lado da oferta mundial, a produção dos principais países exportadores devem voltar a crescer neste ano (após 4 trimestres de queda). Dessa forma, tem-se um mercado mais abastecido, que somado a uma demanda mais fraca, tem causado pressão de baixa nos preços
Do ponto de vista de custo de produção, o milho e a soja devem apresentar pequenas diminuições em seus preços, trazendo maior alívio para produção de leite.
Para o restante de 2023, o mercado mundial deverá seguir sob pressão inflacionária e com baixo crescimento econômico - acarretando em uma demanda mais frágil. Entretanto, aspectos de saudabilidade têm ganhado cada vez mais importância para os consumidores, o que poderá impactar positivamente no consumo de lácteos.
Valter Galan, Sócio do MilkPoint Mercado, palestrou na sequência, abordando os principais aspectos para o mercado lácteo brasileiro e o cenário de preços para este ano.
Valter reforçou sobre a forte queda na produção brasileira de leite em 2022, pontuando também sobre uma forte mudança estrutural na produção no Brasil no período (com menor número de produtores, diminuição do número de vacas e transformações nos sistemas de produção). Entretanto, para 2023 o cenário é mais otimista e espera-se que a produção volte a crescer.
Além da recuperação da produção, as importações para este ano também devem seguir elevadas - colaborando para uma maior disponibilidade total de leite.
Tratando-se de demanda, em linha com o que foi discutido nas palestras anteriores, a elevada inflação dos lácteos e a perspectiva de menor crescimento da economia criam um cenário mais desafiador para o crescimento do consumo. Por fim, Valter mostrou o comportamento dos preços nos últimos anos e os valores projetados para o restante de 2023
Na última palestra do bloco, Vinícius Nardy, Head de Negócios do MilkPoint Mercado, falou sobre a ferramenta Milki, que agrega inteligência de mercado às empresas para otimizarem suas negociações e seus processos de produção.
Vinícius pontuou sobre a importância de ferramentas de gerenciamento, simuladores e comparação de performance em relação ao mercado para gerar maior eficiência nas negociações do mercado lácteo.
Durante a palestra, Vinícius comentou sobre as novidades no aplicativo Milki: o aplicativo ainda se manterá sem barreiras de entrada, possibilitando negociações sem taxas para as empresas e agregando maior inteligência através das negociações que forem realizadas dentro da plataforma.
Os benchmarks também serão um dos destaques da plataforma. Os benchmarks buscam otimizar o desempenho de empresas a partir da análise das melhores práticas do mercado em que está inserida.
Através do benchmark, ao identificar os aspectos industriais em que as indústrias são menos eficientes, as empresas poderão traçar estratégias mais assertivas para otimizar os custos e ampliar os lucros do negócio. (Milkpoint)
Uruguai: exportações de lácteos continuam melhorando
As exportações de lácteos uruguaios melhoraram 14% até fevereiro passado e com preços elevados, quando comparados aos do mesmo período do ano anterior, segundo o Instituto Nacional do Leite (Inale).
Os principais destinos das exportações foram Brasil, Argélia e China. O valor das exportações de leite em pó integral, principal produto de exportação da indústria de lácteos uruguaia, aumentou em 14% em relação ao ano anterior, gerando US$ 102,2 milhões (FOB).
O volume exportado até fevereiro de 2023 cresceu 23% e alcançou 27.414 toneladas. O preço da tonelada do leite em pó integral uruguaio foi de US$ 3.718 (alta de 1%). O Brasil representou 26% dos embarques, a Argélia 29% e a China apenas 12%.
De forma geral e considerando todos os produtos lácteos avaliados, o Brasil representou 33% das compras, outros destinos 31%, Argélia 21%, México 3%, Rússia 4% e China 6%.
Por outro lado, o leite em pó desnatado apresentou queda de 32% no faturamento, já que gerou US$ 7,4 milhões (FOB). Em toneladas, o volume embarcado caiu 47%. Nesse caso, foram colocadas 1.928 toneladas, com preço médio de US$ 4.031 (crescimento de 16%).
As exportações de queijo continuaram fortes, com aumento de 36% no faturamento, para os US$ 20,4 milhões gerados por este item. O volume exportado aumentou 14% e ficou em 4.002 toneladas, com preço médio de US$ 5.111 (aumento de 30%).
No caso do último item avaliado, que é a manteiga, o faturamento chegou a US$ 15 milhões (FOB). Em volume, 11% menos produto foi enviado. Foram colocadas 2.804 toneladas, com valor médio de US$ 5.344 (alta de 12%).
Panorama
A produção de leite em algumas regiões do mundo, como a União Europeia, será menor do que o normal e isso deixa o mercado nervoso.
Os preços do leite na UE estão atualmente passando por uma grande correção, o que resultará em margens mais apertadas nas fazendas a partir do segundo trimestre, observou a consultoria Rabobank em seu relatório de mercado. Por sua vez, na China, maior importador mundial de lácteos, a redução dos estoques já começou e continuará até depois do primeiro semestre de 2023. A China pode começar a comprar mais a partir do segundo semestre de 2023, no mínimo a expectativa é de um leve aumento anual das importações no segundo semestre.
O Brasil ainda está muito forte
Segundo análise do Observatório da Cadeia Láctea Argentina (OCLA), o Brasil continua apresentando preços firmes para o leite em pó integral e as empresas relatam estabilidade no volume vendido. O leite em pó industrial integral fechou a US$ 5,3 o quilo e o leite desnatado a US$ 5,70 o quilo.
As informações são do El País, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.
China: Inovações são identificadas como chave para o setor de lácteos
Mais esforços devem ser feitos nas cadeias de suprimentos e inovações para alimentar o desenvolvimento de alta qualidade da indústria doméstica de lácteos na China, o que fortalecerá o desenvolvimento da agricultura e impulsionará o progresso da vitalização rural do país, disseram os participantes do 14th National People's Congress.
Shi Yudong, representante do NPC e diretor do departamento de pesquisa e desenvolvimento da Mengniu Dairy, disse que a prosperidade da indústria de laticínios do país está no desenvolvimento de cadeias produtivas, especialmente em fazendas e clusters industriais.
Shi disse que a Mengniu Dairy possui mais de 100 fazendas e 250.000 vacas em mais de 10 parques industriais de laticínios em todo o país, gerando mais de 700.000 empregos.
A criação de reservas de matérias-primas lácteas para proteger o abastecimento do mercado e a estabilidade de preços é importante para a indústria de lácteos da China, disse ele.
Com tais reservas coletando as principais matérias-primas lácteas, Shi sugeriu a construção de um centro nacional para o comércio de matérias-primas lácteas para salvaguardar ainda mais o desenvolvimento estável e ordenado da indústria de lácteos do país.
O fato de a China ainda depender fortemente de importações de capim e sementes forrageiras de alta qualidade, o que tem sido um desafio para a indústria doméstica, levou empresas como a Mengniu Dairy a apresentar sugestões sobre o aumento dos esforços para plantar capim bom para melhorar o fornecimento autossuficiente de forragem de capim e a criação vacas de alta qualidade por meio de sistemas atualizados de criação.
Wang Caiyun, também vice do NPC e gerente sênior de P&D da gigante de laticínios Yili Industrial Group Co Ltd, disse que avanços tecnológicos e inovações são fundamentais para aumentar a vitalidade da indústria doméstica de laticínios, que deve desempenhar um papel fundamental na facilitação da vitalização rural.
Por exemplo, Wang e sua equipe desenvolveram uma tecnologia de produção de lactalbumina concentrada, ou proteína de soro de leite - um elemento crucial para produtos infantis e fórmulas para bebês - quebrando o monopólio tecnológico de empresas estrangeiras. “Atualmente, ainda existem muitos obstáculos nas cadeias de produção de lácteos”, disse Wang.
“Fortaleceremos ainda mais a aplicação da pesquisa na produção, particularmente em novas tecnologias de processamento de laticínios e no processamento de matérias-primas lácteas de alto valor agregado, de modo a transformar o valor da produção em lucros reais para produtores para alcançar a vitalização rural”.
Desde 2014, a Yili gastou mais de 110 bilhões de yuans (US$ 15,93 bilhões) em apoio financeiro para seus parceiros agrícolas, com tecnologias para aumentar o volume diário de produção de leite e reduzir os custos agrícolas, disse a Yili.
Os fabricantes de laticínios também investiram em produtos de nutrição e saúde e esforços de marketing para aumentar ainda mais o consumo de laticínios, incluindo o desenvolvimento de produtos lácteos orgânicos, com baixo teor de gordura e baixo teor de açúcar.
As informações são do China Daily, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.
Jogo Rápido
Minimizar custos de produção, proteger o solo e ainda manter a oferta de pasto mais uniforme durante todo o ano. Estas são metas que podem ser alcançadas a partir da adoção de um manejo correto de pastagens - uma das ações apresentada e estimulada na ampla parcela de Bovinocultura de Leite, que pode ser conferida no Espaço Casa da Emater durante a Expoagro Afubra, em Rio Pardo. No local, os extensionistas da Emater/RS-Ascar destacam a importância da produção de leite à base de pasto, que facilita o manejo dos animais, reduzindo ainda a necessidade de mão de obra. "Não é demais lembrar que o alimento básico do ruminante é o pasto, tendo a energia e a proteína oriunda destes um menor custo quando comparado a outros alimentos", salienta o extensionista da Emater/RS-Ascar, Martin Schmachtenberg. Pelo fato de a Instituição trabalhar diretamente com a agricultura familiar, Schmachtenberg destaca haver ainda mais importância quando o assunto é a ampliação do potencial produtivo das pastagens. "Nesse sentido, pensar no melhor aproveitamento da área das propriedades, buscando reduzir os períodos de vazio forrageiro para agricultores que adotam plantios anuais de inverno e de verão também representa impacto no bolso, sem haver necessariamente um grande investimento", frisa.Além do planejamento forrageiro - cálculo feito com a planilha Boviter, os visitantes também podem conhecer alternativas de pastagens permanentes, como tífton, azevém e braquiária. Outro ponto de destaque é o estímulo ao armazenamento de pastagens excedentes nos períodos de maior crescimento vegetativo, o que equaliza a alimentação durante o ano, pela compensação dos períodos de vazio forrageiro. Na parcela também é demonstrada a correta higiene de equipamentos e da ordenha, com orientações para que produtores alcancem os parâmetros estabelecidos pela Instrução Normativa 76 e 77. "A qualidade do leite, afinal, é peça chave para que seja preservada a cor, o sabor e o aroma característicos, com baixa contagem de células somáticas e bactérias, o que garante um produto sem contaminantes para o consumidor", explica. De forma complementar e baseado no lema adotado pela Instituição no Espaço "Água: Fonte de Vida e Essencial para a Produção de Alimentos" é possível conferir um bebedouro com "boia louca", que evita quebras. "A água é um dos ingredientes mais importantes da dieta, tendo um grande volume de consumo diário, sendo fundamental que ela seja limpa e de qualidade", comenta Schmachtenberg. A Expoagro Afubra segue até a próxima sexta-feira (24/03), na localidade de Rincão Del Rey, em Rio Pardo. (Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar na Expoagro Afubra)